ARTIGOS MAIS LIDOS:
Daqui em diante, você encontrará muitos outros artigos sobre psicologia. A finalidade da Psicoterapia é entender o que está ocorrendo com o cliente, para ajudá-lo a viver melhor, sem sofrimentos emocionais, afetivos ou mentais. Aqui você encontrará respostas sobre a PSICOTERAPIA - para que serve e por que todos deveriam fazê-la. Enfim, você encontrará nesses artigos,informações sobre A PSICOLOGIA DO COTIDIANO DE NOSSAS VIDAS.

REFLEXÕES SOBRE A PSICOTERAPIA DE PACIENTES LGBTQIAPN+

Inicialmente, vamos entender o que significam as letras da sigla LGBTQIAPN+: 

Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexo, Assexual, Pansexual, Não-Binário, +. Veja, ao final do texto, mais detalhes sobre essa sigla.

Ao longo de minha carreira como psicoterapeuta tenho atendido pacientes que necessitavam de orientações sexuais ou que apresentavam diversos distúrbios sexuais, conflitos quanto a sua identidade sendo que muitas dessas pessoas, por mais incrível que possa parecer, já pediram ajuda para que deixassem de ser homossexuais!!! Sobre isso, meus amigos, estou plenamente seguro, experiente e confortável para afirmar que transformar um homossexual num heterossexual é inconcebível, ou seja: não há possibilidades de mudar a identidade sexual afirmada de uma pessoa. A aceitação dessa afirmativa vai ao encontro da ideia de que a homossexualidade não pode mais ser vista como uma “doença” ou um “desvio”, um “transtorno”. Ela é, com toda a certeza, uma modalidade própria do amor, uma maneira de amar e se sentir amado, e que tem, contudo, uma dolorosa consequência que é a solidão. Esse é um dos principais focos deste processo terapêutico e sobre o qual, direi algumas palavras.

Com muita frequência esses pacientes revelam seus sofrimentos através de frases como: 

  • “sou homossexual e a minha família não me aceita”
  • “meus pais não me aceitam como sou”
  • “somente minha irmã sabe que sou gay”
  • “me sinto muito infeliz pois sou muito sozinho”

 Esse é o real problema a ser tratado na homossexualidade: a solidão afetiva!

O homossexual conquistou seu espaço na sociedade (a despeito da ainda existente homofobia), mas é uma pessoa solitária. Seu problema não é mais a afirmação da sua identidade sexual, mas sim, conseguir e vivenciar o amor, algo indispensável e importantíssimo para todos nós. Fazer sexo não é problema para homossexuais. Isso é fácil de conseguir, mas a afeição, a ternura, o compartilhamento da sua vida com um companheiro que o ame, dividindo o seu cotidiano lhe faz muita falta e a dor dessa falta é quase insuportável.

A solidão traz uma sensação de abandono e amargura, às vezes até de ser desprezado. Sufoca a alegria de viver e modifica a pessoa em sua beleza interna. Isso machuca muito. Aqui reside um dos pontos importantes na ajuda a esses pacientes. Refiro-me à psicoterapia, que nestes casos, deverá ter como objetivos a confirmação e autoaceitação da sua identidade sexual e a abertura e confiança para experiências interpessoais significativas (não superficiais) que possibilitem o encontro amoroso, aquele encontro que preenche a alma e que faz qualquer pessoa se sentir plena e realizada!

Ampliando a reflexão, vejo a psicoterapia como uma experiência complexa e muitas vezes vulnerável para os clientes, por isso a relação “psicólogo – paciente” é vital para o sucesso do processo. Isso implica em transparência, cuidados e uma aliança de trabalho. O desenvolvimento da relação terapêutica positiva é fundamental para promover a mudança e o crescimento do cliente e transcende as técnicas terapêuticas e a orientações teóricas.

Indo direto ao ponto, a partir de relatos de vários pacientes LGBTQIAPN+, conclui que à medida em que a psicologia desenvolveu mais consciência e aceitação das minorias sexuais, a discriminação aberta deu lugar a formas mais sutis de viés heterossexista. Ou seja, a discriminação desses pacientes está sendo, infelizmente, realizada por “agressões disfarçadas” e sutis como um olhar, um tom de voz ou mesmo com um comentário heterossexual.

Isso é muito grave se a discriminação ocorrer no set psicoterapêutico pois a natureza dessas “agressões disfarçadas” pode deixar as pessoas LGBTQIAPN+ se perguntando se suas dúvidas psicológicas e sentimentos confusos são uma reação exagerada ou "algo errado". Essas pessoas, após sofrerem esse tipo de agressão, podem se sentir estigmatizados, irritados, invalidados e rejeitados pelo psicoterapeuta. Um estresse que, obviamente, pode levar o paciente LGBTQIAPN+ à angústia, depressão, ansiedade e afetar negativamente a sua saúde física.

Suponho que essas “agressões disfarçadas” transmitem vícios do terapeuta, mas o fato é que elas podem minar e danificar a relação terapêutica. Pode estar havendo uma falta de consciência dos preconceitos em relação às minorias sexuais, mas não me cabe discutir a condição do meu colega, focando, contudo, no impacto negativo dessa atitude no tratamento do paciente. A qualidade da relação psicoterapeuta-paciente pode melhorar quando os terapeutas reconhecem as “agressões disfarçadas” que fazem durante a psicoterapia com clientes LGBTQIAPN+. Isso, certamente, cria uma atmosfera de confiança que pode cultivar conversas mais profundas sobre as necessidades dos pacientes.

Dentre as “agressões disfarçadas”, a mais grave, em minha opinião, é a crença de que o(a) paciente LGBTQIAPN+ é um(a) heterossexual necessitando de apoio num momento de dúvida. Supor que todos os indivíduos LGBTQIAPN+ necessitem de psicoterapia também é um posicionamento preconceituoso. Afirmar que ver-se como LGBTQIAPN+ é que causou o problema psicológico do cliente ocorre com alguma frequência. Alguns pacientes me contaram que alguns terapeutas supervalorizaram ou simplesmente não deram a mínima importância às suas orientações sexuais, ou mesmo deixaram evidente suas crenças de que a heterossexualidade é a única orientação normal. Outros terapeutas parecem ter mostrado pressupostos estereotipados sobre a cultura LGBTQIAPN+, e tem ainda aqueles que se prendem à suposição (sem a necessária investigação) de que traumas com o sexo oposto são a causa que leva homens e mulheres heterossexuais mudarem sua orientação sexual.

Atendo pacientes LGBTQIAPN+ há muito tempo e gostaria de dar algumas dicas sobre o que fazer para o processo ser produtivo. O primeiro passo é construir uma relação positiva e, para isso, algumas condições são necessárias. O psicoterapeuta tem que se sentir bem trabalhando com clientes LGBTQIAPN+ e deve ser uma pessoa resolvida em sua própria orientação sexual e identidade de gênero. Ele também deve ser isento de preconceitos e atitudes negativas nem deve, tampouco, sentir-se privilegiado por ser heterossexual. É importante estar consciente da possibilidade de estar prestando cuidados através de uma lente heteronormativa, e que isso pode levar a uma má interpretação dos pensamentos, sentimentos e comportamentos de clientes LGBTQIAPN+. O psicólogo tem que ter uma boa ideia sobre a cultura e o mundo LGBTQIAPN+. Está muito claro que clientes se frustram quando seu psicoterapeuta não conhece o suficiente sobre isso. Esse conhecimento deve ser obtido através de estudos pois apenas ter amigos LGBTQIAPN+ não o torna competente.

Na psicoterapia é indispensável ter ciência da fase do desenvolvimento da identidade de orientação sexual está o seu paciente. Conhecer essa fase ajuda a dar contexto às preocupações apresentadas por ele e o seu grau de autoaceitação como uma pessoa LGBTQIAPN+. Além da orientação sexual, outros fatores como raça, etnia, classe, religião e eventuais deficiências podem agregar complexidade à identidade e apresentação clínica desses clientes. Deve-se criar uma sensação de segurança e confiança na relação terapêutica validando as experiências dos pacientes LGBTQIAPN+ como uma minoria sexual e mostrando que é ciente e que compreende o impacto do estigma sobre a vida deles. Estar ciente dos diversos tipos de agressões que ocorrem na sociedade, é claro, é indispensável para o sucesso do trabalho psicoterápico.

É interessante saber que apenas cerca de 25% de clientes homossexuais, lésbicas, gays, travestis e “trans” preferem um psicoterapeuta que também seja LGBTQIAPN+. Logo, é fundamental que os terapeutas heterossexuais saibam como oferecer terapia favorável a esses clientes, afinal, trabalhar solidária e positivamente pela melhoria da saúde mental e emocional deve ser um objetivo de todos os psicólogos independentemente do cliente. Isto é particularmente importante quando se trabalha com qualquer grupo discriminado, incluindo o grupo LGBTQIAPN+, o que exige que psicólogos desenvolvam a autoconsciência, a competência e as habilidades para trabalhar com clientes minoritários sexuais. Isso inclui trabalhar para descobrir, reconhecer, desafiar e mudar crenças e atitudes heterossexuais para habilitar-se e capacitar-se para essa atividade. A maioria dos clientes que procuram terapia apresenta preocupações que podem ser dolorosas e confusas e os psicoterapeutas de LGBTQIAPN+ devem esforçar-se para aliviar estas preocupações, sem trazer tendências ou pressupostos heteronormativos subjacentes à psicoterapia.

Detalhes sobre os significados das letras da sigla LGBTQIAPN+:

L: Lésbicas - Mulheres que sentem atração sexual e afetiva por outras mulheres.

G: Gays - Homens que sentem atração sexual e afetiva por outros homens.

B: Bissexuais - Pessoas que sentem atração sexual e afetiva por homens e mulheres.

T: Transexuais - Pessoas que assumem o gênero oposto ao de seu nascimento. Uma identidade ligada ao psicológico, e não ao físico, pois nestes casos pode ou não haver mudança fisiológica para adequação.

Q: Queer - Sempre foi usada como uma ofensa para a comunidade LGBTQIA+, no entanto, as pessoas do grupo se apropriaram do termo hoje é uma forma de designar pessoas que não se encaixam à heterocisnormatividade, que é a imposição compulsória da heterosexualidade e da cisgeneridade.

I: Intersexo - Pessoas que não se adequam à forma binária (feminino e masculino) de nascença. Ou seja, seus genitais, hormônios, etc. não se encaixam na forma típica de masculino e feminino.

A: Assexual - Pessoas que não possuem interesse sexual. Por vezes, esse grupo pode ser também arromântico ou não, ou seja, ter relacionamentos românticos com outras pessoas.

P: Pansexual - Pessoas que desenvolvem atração física, amor e desejo sexual por outras pessoas independentemente de sua identidade de gênero.

N: Não-Binário - Pessoas que não se identificam com nenhum gênero, que se identificam com vários gêneros, entre outras.

+ - O mais serve para abranger as demais pessoas da bandeira e a pluralidade de orientações sexuais e variações de gênero.

Vale lembrar que apesar essa versão da sigla, pode sofrer modificações a qualquer momento à medida que os estudos de gênero e sexualidade se aprofundam cada vez mais. A sigla não pretende colocar as pessoas em caixinhas e classificações, mas é uma ferramenta para ajudar a incluir e compreender a pluralidade do ser humano. 

Você pode acessar os conteúdos divulgados nesses locais:


Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista existencial com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo e Psicologia Clínica.
  • Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
  • Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
  • Associado à SBRA - Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida e à ABRA - Associação Brasileira de Reprodução Assistida
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
  • Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.

 

COMO PREPARAR-SE PSICOLOGICAMENTE PARA A REPRODUÇÃO ASSISTIDA?


Cada vez mais, muitos casais optam pela reprodução assistida para conceber um filho por conta de problemas de fertilidade. Na maioria dos casos, o tratamento é indolor, porém, pode vir a ser, física e psicologicamente exigente para quem a ele se submete. A reprodução assistida é uma jornada complexa e, algumas vezes, longa, e certamente não é o inicialmente desejado, por ela optando após o diagnóstico de infertilidade. Nessa jornada serão necessárias várias idas e vindas à clínica, tendo os envolvidos que organizar suas agendas para seguir determinados protocolos, passarão por estimulação hormonal, punção ovariana, transferência de embrião, enfim, um leque de providências que, geralmente, são muito bem conduzidas pelo corpo médico. Aqui quero abordar a montanha russa psicológica gerada pelas incertezas e esperanças durante esse percurso.

Exemplificando, a FIV (fertilização in vitro), também envolve intensos sentimentos e emoções e pode afetar relacionamentos dos pacientes com seus cônjuges, familiares e colegas visto haver um certo estado de pressão psicológica e moral, uma verdadeira fonte de estresse. Nos meios científicos, pode não estar claramente estabelecido se uma ansiedade, como tal, reduz as chances de engravidar, porém, para o bem-estar do casal, é mister aliviá-lo bem como ao estresse a fim de conseguir vivenciar a concepção da forma mais tranquila possível. Nesse sentido, as perguntas que faço são:

  • Como você se prepara emocionalmente para essa jornada?
  • Você está na melhor condição psicológica para ajudar a ciência a obter sucesso ao final do seu tratamento?

Não economize tempo para pensar sobre isso. Viver a procriação de forma medicamente assistida pode ser uma notícia perturbadora, quiçá, traumática para alguns casais, assim, reserve um tempo para refletir até sentir que aceita submeter-se ao tratamento antes de correr para uma clínica. Estou me referindo a uma preparação psicológica essencial para compreender e vivenciar da melhor forma todo o processo que poderá lhe dar o sonho de constituir a sua família.

Quando se inicia um tratamento de reprodução assistida, muitos sentimentos podem passar pelas mentes de um casal: alegria, esperança, culpa, impaciência, medo, decepção, ansiedade, estresse, etc., e tudo isso desgasta os pacientes. O apoio psicológico os ajudará antes, durante e, se necessário, depois do tratamento. Mais precisamente quero dizer que o acompanhamento psicoterápico, quando é preciso, visa dar ao casal a condição mental indispensável para enfrentar o processo, lidar o seu sucesso, aceitar eventuais fracassos, e continuar aproveitando as alegrias da vida. É claro que o apoio de pessoas queridas e dos profissionais de saúde (médicos, biólogos, etc.) é fundamental no curso do tratamento, então, não se deve hesitar em falar com eles o tanto quanto possível para minimizar as tensões.

Gostaria de listar alguns conselhos de cunho psicológico para que a busca de engravidar e dar à luz um bebê saudável através da reprodução assistida seja uma experiência mais do que gratificante.

Para vivenciar melhor essa jornada, será muito bom que a paciente compreenda todo o processo, isto é, saiba quais são as diferentes etapas e os tratamentos que virão. Adotar um estilo de vida saudável, privilegiar uma alimentação equilibrada, manter a boa forma física e o tónus mental e monitorizar a saúde são alguns dos passos. Mal-entendidos e incertezas desempenham um papel importante no início do estresse - sem saber para onde vai, sem saber para que serve este ou aquele exame ou protocolo, ou sem saber se esta ou aquela reação no corpo é normal, há o risco de ter perguntas em mente sem ter as respostas. O médico é um especialista em fertilidade e sabe prestar o apoio à paciente sempre que necessário, então, não ha porque ter vergonha de contar a ele sobre as dúvidas que surgirem.

Reforçando, em primeiríssimo lugar, deve-se adotar um estilo de vida saudável – bons hábitos previnem excessos e assim, será possível alcançar um bem-estar diariamente. Isso ajuda, sobremaneira, a reduzir o estresse durante o tratamento de reprodução assistida. Não fumar, não usar bebidas alcoólicas ou outras substâncias toxicas, haja vista que afetam o sistema nervoso além do fato que diminuem as possibilidades de engravidar. Melhor não ficar em ambientes com fumaça pois o tabagismo passivo é, igualmente, nocivo à saúde.

Não havendo contraindicação médica, praticar exercícios suaves e moderados, bem como usar as diversas práticas de relaxamento para cultivar o bem-estar mental. Massagens (suaves), acupuntura, ioga, osteopatia, e outras terapias alternativas podem desbloquear a energia concentradas, liberar tensões, controlar emoções e reduzir o nível do estresse. Deve-se, entretanto, antes de iniciar, perguntar ao médico se a prática escolhida é compatível com o tratamento de fertilização aplicado.

Sentimentos e emoções negativas podem ocorrer durante a jornada de fertilização. Converse com o psicólogo sobre essas sensações como o medo do fracasso do tratamento, o cansaço e/ou desânimo para com os protocolos médicos, a raiva e tristeza decorrentes do diagnóstico de infertilidade, etc. O alívio de ser compreendido minimizará a ansiedade ao tratamento e ajudará o casal a focar as necessidades essenciais ao equilíbrio psicológico como serenidade e confiança.

A jornada da reprodução assistida, como citado, além das etapas que focam o corpo, envolvem também muitas emoções. É importante ter consciência que os sentimentos que surgem são perfeitamente normais: raiva, culpa, frustração, ciúme, injustiça, e estresse são relativamente comuns nas mulheres envolvidas na reprodução assistida. Frente a isso, é primordial aprender a lidar com esse turbilhão de emoções sem retê-las ou negá-las. Por exemplo, frente à ocorrência de sentimentos de raiva e injustiça, deve-se reconhecer que são emoções legítimas. Um aconselhamento ou terapia psicológica proporciona um espaço seguro para cuidar desses sentimentos, compreendê-los e liberá-los gradativamente. Compartilhar com outras pessoas que tenham experiências semelhantes é também terapêutico e dá a sensação de que não é a única pessoa nessa corrida de obstáculos. Outras técnicas podem ser aprendidas com o profissional de psicologia.

Aprender a esperar será necessário e isso é algo de elevada delicadeza emocional. O casal vai esperar pelo resultado de uma transferência logo, o melhor é que compreendam que será uma espera carregada de emoções - veja a importância de um bom preparo psicológico para controlar a ansiedade e manter o equilíbrio emocional durante esta fase esperada e temida. De fato, a jornada da reprodução assistida, às vezes, pode minar a autoconfiança – na mente e no corpo – podendo pesar na autoestima. É essencial restaurar essa confiança! A psicoterapia, o aconselhamento psicológico ou mesmo afirmações positivas podem ajudar nesse caso.

Neste percurso, embora sejam um casal, a maior parte dos procedimentos e exames recai sobre a mulher, causando nela, sentimentos de solidão e sensação de incompreensão. Por sua vez, o seu companheiro, em boa parte dos casos, se sente fora do processo, assim, a comunicação do casal entre si é um pilar para que se passe pela reprodução assistida com mais tranquilidade. Quando as preocupações e esperanças são compartilhadas, cria-se um espaço de intimidade e apoio mútuo, ficando mais fácil superar os desafios emocionais desta fase da vida. A escuta ativa (prestar total atenção ao que a outra pessoa está expressando, sem interrupção ou julgamento), é excelente para fortalecer a conexão emocional e mostrar o mútuo engajamento e prontidão para que se compreendam. Acrescento a criação de momentos para o namoro e tempo para se dedicar aos amigos e familiares.

Enfim, mesmo que os envolvidos se sintam fortes e capazes de cuidar de todos os aspectos psicoemocionais sozinhos, não se deve negligenciar sobre esse tema. A infertilidade e o sofrimento psicológico podem estar associados por diversos motivos, logo, ter uma rede de apoio (amigos, família, colegas) e contar com o cônjuge é sempre uma boa medida. Quando a infertilidade causar um sofrimento psicológico marcante e importante (ansiedade, depressão, paranoias, etc.), a recomendação é considerar uma psicoterapia, processo pelo qual pode permitir que se aborde a dor da infertilidade de um novo ângulo, a fim de compreender os nós significativos tecidos ao longo da vida.

Você pode acessar os conteúdos divulgados nesses locais:


Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista existencial com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo e Psicologia Clínica.
  • Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
  • Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
  • Associado à SBRA - Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida e à ABRA - Associação Brasileira de Reprodução Assistida
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
  • Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.

 

POR QUE É IMPORTANTE DAR UM SENTIDO À VIDA?

Qual o sentido de sua vida? Quem sou eu? De onde vim? Prá onde vou? O que devo fazer na vida? Essas são perguntas que a humanidade se faz desde o início da história. O vazio existencial que a vida moderna nos trouxe está alinhado com a falta de respostas a essas perguntas, em especial, a pergunta "O que devo fazer na vida?" ou "Qual o sentido de minha existência?"

Um dos motivos que levam uma pessoa a iniciar uma psicoterapia são as reflexões e as dúvidas sobre a velha e boa questão do sentido da vida. E é preciso que seja dito que a consequência terapêutica dessa reflexão é o imediato confronto com a realidade da vida bem como a percepção de que podem existir dificuldades para a aceitação de alguns aspectos da própria realidade. Mas não há como escapar: a vida sempre nos interroga, e é a ela devemos sempre responder, portanto, somos, cada um de nós, responsáveis por nossas vidas e assim devemos ser durante as nossas existências.

Conversar sobre o sentido da vida na psicoterapia também costuma trazer reflexões sobre a finitude de uma pessoa - não a que encerra a vida, mas sim, uma finitude que, necessariamente, represente algo que dá sentido à existência humana. É inevitável falar sobre a morte no decurso da terapia e muitos manifestam que acreditam que, em última análise, tudo carece de sentido já que a morte, no fim, tudo destrói! Será que é realmente assim?

Particularmente não concordo com esse pensamento. Meu argumento é que se fossemos imortais poderíamos, com razão, adiar cada uma das nossas ações até o infinito e nunca teria a menor importância realizá-las agora. Quero dizer, com isso, que a finitude, a temporalidade, não é apenas uma nota essencial da vida humana, mas é, igualmente, constitutiva do seu sentido, estando fundada em seu caráter irreversível. Por essa razão, entende-se mais facilmente a responsabilidade que uma pessoa tem pela vida quando a referimos à temporalidade, à vida que só vive uma única vez. Por outro lado, nunca poderíamos avaliar a plenitude de sentido de uma vida humana com base na sua duração uma vez que não se avalia uma biografia pela sua extensão ou pelo número de páginas, mas sim pela riqueza do seu conteúdo, constatando-se, nessa avaliação, a grandeza das pessoas que perdemos.

Amigos, inevitavelmente todos sofrem perdas de entes amados. Observo que muitos pacientes após a perda, ficam inseguros e sem saber se as suas vidas (após uma importante perda), ainda conservam algum sentido. Considero que nessa situação, é necessário a pessoa se convencer da própria capacidade de continuar a viver, compreendendo, inclusive que parte do sentido da vida está, precisamente, em superar interiormente a infelicidade, em crescer com ela.

É mais fácil compreender a vida como um valor, algo que sempre tem um sentido, se estivermos em condições de dar a ela (vida) um conteúdo, uma meta, uma finalidade, enfim, se nos vemos diante de uma missão. Nada há de mais apropriado para que uma pessoa vença ou suporte dificuldades objetivas ou transtornos subjetivos do que ter a consciência de uma missão a cumprir na vida. Tal missão torna o seu titular insubstituível e confere-lhe à vida, o valor de algo único.

Pensemos alguns sofrimentos como a fome, a humilhação, o medo e a profunda raiva das injustiças. Essas são minimizadas graças às imagens sempre presentes de pessoas amadas ou ao sentimento religioso, a um amargo senso de humor ou até mesmo às visões curativas de belezas naturais como uma árvore ou um pôr do sol. Mas esses momentos de conforto não estabelecem o desejo de viver a menos que ajude a pessoa a ver um sentido maior no seu sofrimento aparentemente destituído de significado. Na vida, há sofrimento, e sobreviver é encontrar sentido na dor. Se há, de algum modo, um propósito na vida, deve havê-lo também na dor e na morte. Mas pessoa alguma pode dizer à outra o que é esse propósito - cada um deve descobri-lo por si mesmo e aceitar a responsabilidade que sua resposta implica. Se tiver êxito, continuará a crescer apesar de todas as indignidades.

O psicoterapeuta busca ajudar as pessoas a alcançar essa capacidade exclusiva dos humanos, ou seja, ele atua para despertar no paciente o sentimento de que o mesmo é responsável por algo perante a vida, por mais duras que sejam as circunstâncias. Na psicoterapia, a pessoa ouve certas coisas que, às vezes, são muito desagradáveis de se ouvir. Uma dessas coisas é concentrar-se no futuro, ou seja, nos sentidos a serem realizados pelo paciente em seu futuro e, ao mesmo tempo, tirando do foco de atenção todas aquelas formações tipo círculo vicioso e mecanismos retro alimentadores que desempenham papel tão importante na criação das neuroses. Com isso, quebra-se o auto centrismo típico do neurótico, ao invés de fomentá-lo e reforçá-lo constantemente. O paciente é confrontado com o sentido de sua vida e o reorienta para si mesmo. Tornar-se consciente desse sentido pode contribuir significativamente para sua capacidade de superar a neurose: concentrar-se no sentido da existência humana, bem como na busca da pessoa por esse sentido.

A busca de sentido na vida da pessoa é a principal força motivadora no ser humano. Por essa razão costumo falar de uma vontade de sentido a contrastar com o princípio do prazer, no qual repousa a psicanálise Freudiana, e contrastando ainda com a vontade de poder, enfatizada pela psicologia Adleriana através do uso da busca de superioridade.

Além do comentado, como uma mágica “transcendental”, uma vez atingida a compreensão do caráter de missão de vida, ela se torna tanto mais plena de sentido quanto mais difícil for. E se, às vezes, nós duvidarmos do sentido da vida, deveremos ter sempre em mente que a primeira e mais imediata incumbência está em descobrir a própria missão e avançarmos na vida no que ela tem de único e irrepetível. Vale lembrar esta citação de Goethe: “Como pode uma pessoa conhecer-se a si mesma?” Nunca apenas pela reflexão, mas sim pela ação. Tenta cumprir o teu dever e logo saberás o que há em ti. Mas, o que é o teu dever? "A exigência do dia”.

Concluindo, gostaria de reforçar um ponto que muito interessa à análise existencial e à psicoterapia e que deve estar presente no trabalho psicoterápico. Esse ponto é fazer com que se experimente e vivencie a responsabilidade pelo cumprimento da missão pois quanto mais aprendermos o caráter de missão que a vida tem, tanto mais nos parecerá repleta de sentido as nossas vidas.

Você pode acessar os conteúdos divulgados nesses locais:

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista existencial com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo e Psicologia Clínica.
  • Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
  • Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
  • Associado à SBRA - Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida e à ABRA - Associação Brasileira de Reprodução Assistida
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
  • Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.

 

SENTIR-SE SEMPRE CULPADO É UM RISCO À SAÚDE MENTAL

Atendo muitas pessoas que se sentem culpadas por tudo, ou por quase tudo, e que sofrem por isso. Porisso, gostaria de abordar esse assunto para que as pessoas com a tendência de se culparem, reflitam a respeito disso.

Vamos refletir sobre “o que é a culpa?”.

Em psiologia, a culpa é uma vivência emocional que ocorre com alguém ao acreditar ou perceber (e não importa se é verdade ou não) que maculou seus valores ou sua moral de alguma forma. A culpa existe porque tem uma função relacionada à evolução humana e ligada às regras que criamos para nós mesmos. Quando alguém decide, conscientemente, respeitar uma regra, é com o objetivo de obter algum benefício como segurança, antecipação dos fatos, facilitação das interações sociais, para não prejudicar os outros (e lidar com retaliações), por interesses pessoais e outros. Visto dessa forma, sentir-se culpado tem, então, uma função informativa de que houve transgressão de uma regra. Vendo-se culpado, o indivíduo sente-se constrangido e experimenta uma sensação de angústia quanto à sua responsabilidade por um resultado negativo. Além disso, o fato da informação (acima citada) ser experimentada como algo desagradável provoca uma reflexão sobre a transgressão: se a informação for neutra ou agradável, é provável que a pessoa não se mobilize para rever o que ela fez. Como todas as emoções conscientes, a culpa se origina de um processo de autoavaliação e introspecção e pode envolver a percepção de como os outros o valorizam. Observe, também, que a culpa gera um questionamento: “a norma ainda é adequada ou está obsoleta?”, “Se é adequada e, portanto, errei ao transgredi-la, o que posso fazer para compensar o meu erro e evitar uma nova transgressão?”

Existem muitos modelos psicológicos sobre o conceito de culpa, com muitas terminologias diferentes para conceitos semelhantes. O mais comum é classificação da culpa em quatro tipos: criminal, político, moral e metafísico. Há quem identifique duas formas principais que são a deontológica (culpa que resulta da quebra de valores pessoais ou morais) e a altruísta (culpa empática por causar dano a outra pessoa). Um grande grupo de psicólogos levam em conta uma terceira forma de culpa, a culpa existencial, regularmente mencionada e definida como sentir culpa por não corresponder às suas expectativas e propósito de vida.

Num contexto psicológico, a culpa é considerada a resposta emocional mais proativa a uma ocorrência ou ação realizada, em oposição à vergonha, e que está ligada à empatia, o que, por sua vez, leva a pessoa a olhar além de si mesma e a considerar como seu comportamento pode impactar os outros. É uma emoção natural e que pode ser um motivador positivo na aprendizagem humana, logo, nos traz progresso ao revelar que o nosso comportamento pode ter causado um problema e nos faz agir para corrigi-lo. quer dizer, sua função é promover pensamentos sobre uma situação-problema para que adotemos comportamentos de melhor qualidade. Contudo, não podemos deixar de reconhecer que a culpa, com muita frequência, tem um efeito paralisante pois nos dá a impressão de que não conseguimos seguir em frente como se fosse algo que nos puxa para trás, e seu incômodo pode levar a um forte sentimento de desamparo - “não sei mais o que fazer”, “acho que nunca vou superar isso”, “não sou tão resiliente quanto pensava”. Mais grave ainda, a culpa crônica ou persistente pode indicar a existência de um problema de saúde mental.

A culpa, na maioria das vezes, é acompanhada de problemas de ordem psicológica. É muito comum, nos casos em que a culpa é muito frequente, que poucas pessoas tenham a disposição para reavaliar o mérito da regra violada e de julgar se ela ainda está adaptada às circunstâncias atuais. Isso nos leva a necessidade de distinguir entre a culpa “emocional”, que corresponde ao “sentimento de culpa”, e a culpa “julgamento”, que considera a culpa de uma forma racional. Quer dizer, a culpa “emocional” tem a única função de informar à pessoa que talvez tenha sido cometida uma falta enquanto a culpa “julgamento” corresponde à responsabilização quanto ao ocorrido. A título de exemplo, a culpa crônica ou persistente pode estar ligada a transtornos de ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), disforia ou sensação de insatisfação com a vida ou acontecimentos ou distúrbios alimentares

A culpa irracional excessiva tem sido associada a doenças mentais, como ansiedade, depressão, disforia (sentimentos de insatisfação constante) e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Afora o fato de fazer com que esses pacientes acreditem que são um fardo para seus entes queridos e para as pessoas ao seu redor.

A culpa é um sentimento que pode ser uma consequência da pessoa acreditar que não disse o suficiente, não fez o suficiente ou não se esforçou o suficiente quando teve a oportunidade, sendo que ela pode se manifestar através do isolamento social, evitando tópicos, lugares ou pessoas, irritando-se consigo mesmo, envolvendo-se em conversas internas negativas e praticando a autossabotagem. Alguém com complexo de culpa experimenta medos e crenças constantes sobre fazer algo errado. Essas pessoas tendem a agir de forma desproporcionalmente responsável quando erros acontecem, e podem, ademais, ficar paranoicos ou presumirem que simplesmente não têm competência ou capacidade para realizar determinadas tarefas e ações.

Vale dizer que os sentimentos de culpa não se limitam ao exposto acima. Outros distúrbios psicológicos causam culpas inexplicáveis ou persistentes e emoções conscientes semelhantes, como vergonha e arrependimento. Ainda que cada indivíduo tenha a sua própria experiência com a culpa, os sinais comuns são a baixa autoestima, tentativas excessivas de reparação, sentimento de incapacidade de encarar alguém, rubor facial, ansiedade, dificuldade para dormir, náusea, dores de cabeça, humor deprimido, não querer encontrar pessoas ou ir a lugares ou eventos ligados à causa da culpa, variações de ânimo, explosões emocionais, alterações de apetite e outros.

Gostaria de mencionar que os efeitos emocionais e interpessoais da culpa podem motivar a uma mudança de comportamento para evitar se sentir culpado novamente, concluindo-se que, frequentemente, está associada a efeitos emocionais como raiva, tristeza, temor, vergonha, constrangimento, nojo, desgraça, sentimento de inferioridade, etc. Também pode impactar seus relacionamentos interpessoais, sendo que os efeitos sociais comuns da culpa incluem cancelamento do outro, agressão, vingança, transferência de culpa e violência. Importante citar que o sentimento de culpa independe dela ser real ou imaginária. É uma emoção que surge da lacuna entre o que idealmente queremos ser e as ações que, na verdade, realizamos. Uma pessoa, apenas como menção, pode sentir-se culpada por não ter feito o suficiente, por não ter feito as coisas certas, por não estar suficientemente presente ou mesmo por não ter paciência.

O que não se pode negar é que o sentimento de culpa merece ser analisado psicologicamente! Por exemplo, sentir-me culpado por querer que o sofrimento do meu parceiro pare talvez seja um sinal de que cheguei aos meus limites e que é hora de fazer uma pausa! Devemos, portanto, estar atentos a este sentimento de culpa e explorar o que ele realmente esconde, o que pode revelar e o que significa. O perigo é que é algo que pode tornar-se muito pesado e impedir a pessoa de avançar, de caminhar em direção ao bem-estar.

Esse é um tema realmente importante para a psicologia humana e, por isso, escreverei outro artigo a respeito. Finalizando a abordagem deste, quero dizer que o sentimento de culpa pode ser superado tomando a decisão de viver plenamente a vida, sem nos submeter à vontade dos outros e sem nos deixarmos pisotear, sem abandonar os nossos objetivos pessoais para agradar aos outros, mas vivendo plenamente e ouvido os próprios desejos. Se você estiver se sentindo culpado por alguma coisa, avalie o impacto que ela teve sobre você! Cada emoção tem impacto em cinco áreas diferentes da nossa vida: sentimentos, respostas corporais, expressão facial, pensamentos e comportamentos. A culpa tende a ser menos intensa que outras emoções; é algo desagradável, mas bastante frequente e com tendência a perdurar. Podemos ficar pensando muito sobre o que fizemos (ou não fizemos) e o que fazer a respeito, e esses pensamentos podem girar e girar em nossas mentes, distraindo-nos de outras coisas e dificultando o sono ou o relaxamento. A multidão de pensamentos e ideias, e o sentimento desagradável, fazem-nos querer afastar-nos dos outros e abster-nos de partilhar os nossos erros. Se for difícil lidar com esse turbilhão, fale com um psicólogo. O sentimento de culpa pode realmente lhe arrastar para baixo, impedindo-lhe de atingir todo o seu potencial. Se você sentir que está dominado por uma forte culpa e que ela o está bloqueando, não hesite em falar com um psicólogo que o ajudará a compreender esse sentimento e a se perdoar para superá-lo.

Talvez você não esteja conseguindo se convencer totalmente de que uma certa culpa é injustificada e que existem maneiras de evitar que ela seja opressora. Ela é, sim, uma emoção energizante pois nos leva a agir. Sem dúvidas, a forma mais eficaz de reduzi-la é desfazer o comportamento, fazer reparações, expiar ou pedir desculpa.

Você pode acessar os conteúdos divulgados nesses locais:

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista existencial com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo e Psicologia Clínica.
  • Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
  • Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
  • Associado à Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida e à Associação Brasileira de Reprodução Assistida
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
  • Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.

OS EFEITOS DAS “RESOLUÇÕES DE ANO NOVO” NA SAÚDE MENTAL

As festividades de Ano Novo costumam trazer alegrias durantes as celebrações, mas também podem provocar profundas reflexões de ordem psicológica sobre esse período e fazes futuras.


Com certeza, é seguro afirmar que o ano novo é um intricado conjunto de emoções, expectativas e pressões. Para muitos, significa renovação, e é uma boa oportunidade de deixar prá trás os desafios do ano anterior e estabelecer novos objetivos. Isso, reiteradamente, está concatenado com sentimentos de esperança e otimismo, onde as perspectivas para a vida no período parecem ilimitadas.

Entretanto, mesmo sendo algo que tenha o seu valor, as resoluções de Ano Novo podem trazer junto uma considerável pressão e estresse sobre a pessoa. Por exemplo, a definição de metas ambicionas pode gerar sensações de decepção se essas metas não forem alcançadas, especialmente quando estão relacionadas ao aperfeiçoamento pessoal e/ou profissional. Os estudos já comprovaram que um enorme número de metas (criadas nas “resoluções de Ano Novo”) são deixadas de lado logo após serem estabelecidas, e isso, claro, é um pavimentado caminho para a frustração e a sensação de fracasso.

Importante citar, também, que após as festas de Natal, pode haver um agravamento dos sentimentos de solidão daqueles que vivem afastados das pessoas queridas ou que estão passando por momentos de dificuldades pessoais, logo, se trata de uma fase que evidencia as diferenças entre o ideal de celebração e a realidade da situação pessoal de cada indivíduo.

Mas é um bom momento para uma reflexão pessoal e boas resoluções, enfatizando que será melhor se compreender e aceitar os vários impactos psicológicos associados a essa época visto que a probabilidade dessas intenções não serem cumpridas, o que é muito comum, seja uma decisão de deixar de fumar, de praticar uma atividade física, mudar de emprego ou outras. Então, fica a pergunta: qual é o sentido de tomá-los logo no início do ano novo? Especialmente porque podem ser particularmente angustiantes. Muitas pessoas, inclusive, sabem que não são capazes de mantê-las – o que coloca o ego em xeque.

Um bom aconselhamento é não impor a si próprio objetivos inatingíveis ou demasiado demais - você pode, por exemplo, querer voltar ao esporte, mas não se imponha a ideia de correr 10 km todos os dias a partir da primeira semana de janeiro.

Abordar as resoluções com uma perspectiva equilibrada é sempre o melhor, reconhecendo tanto os potenciais positivos como os desafios. Isto envolve celebrar os sucessos passados ​​e ao mesmo tempo permanecer realista em relação às metas futuras, ou seja, tenha práticas de gratidão e autocompaixão para obter experiências mais saudáveis e gratificantes.

É bem normal querer mudar muitas coisas na vida e, de fato, o novo ano é a tradicional oportunidade de assumir um compromisso consigo mesmo e implementar esta grande mudança, mas lembre-se que dependendo de como define as metas, isso pode ser uma verdadeira fonte de ansiedade. Assim, é interessante “dar tempo para atingir as metas, e o tempo é excelente aliado. E para ter ainda mais chances de conseguir isso, seja metódico: escreva o seu objetivo principal de forma sucinta e precisa e divida-o em objetivos menores para serem distribuídos ao longo do tempo como uma espécie de um plano de ação. Uma boa resolução de Ano Novo não deve ser uma obrigatoriedade! É angustiante a ideia de que se tem uma obrigação, que devemos “e que ‘devemos”. É mais sensato perguntar-se: por que quero tomar esta resolução e fazer esta mudança? Isso permitirá que a pessoa invista ainda mais nas decisões que são mais importantes. 

Enfim, deve-se considerar ser recompensado pelos sucessos no caminho para alcançar a sua resolução, por menores que sejam, logo, parabenize-se, aprecie o progresso que você fez. É através de pequenos passos que os grandes objetivos são alcançados.

Você pode acessar os conteúdos divulgados nesses locais:

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista existencial com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo e Psicologia Clínica.
  • Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
  • Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
  • Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.

UMA VISÃO PSICOSSOMÁTICA DA INFERTILIDADE

A definição de "infertilidade" refere-se à incapacidade de um casal conceber após um ano de vida sexual “normal”. Não há como negar que há um “sem número” de casais em idade fértil enfrentando infertilidade.

Nos tempos idos, a infertilidade era geralmente vista como um problema feminino. Isso foi revisto e agora prefere-se considerar que o casal é infértil, pois sabe-se que as causas da infertilidade podem ocorrer tanto em homens como em mulheres. Cada vez mais aumenta o conhecimento sobre essas causas, porém ainda existe o que é chamado de “infertilidade inexplicável”, responsável por significativo percentual do grupo de casais inférteis.

De fato, a procura por tratamento de infertilidade está aumentando dia a dia. Muitas novas tecnologias de tratamento de infertilidade estão sendo desenvolvidas, tais como inseminação artificial, fertilização in vitro, implantação espermatozoides, óvulos e embriões. No entanto, é necessário cuidar do impacto e do ajustamento psicológico das pessoas que pretendem alcançar a meta de ter uma família com filhos.

Será que os exames e o tratamento da infertilidade podem compor uma crise emocional para os casais? Creio que seja possível que, ao tomarem conhecimento dos pormenores da infertilidade, esses pacientes experimentem uma variedade de sentimentos e choques emocionais, os quais podem incluir a surpresa inicial e sua negação, a raiva, um isolamento, a culpa e a tristeza. É certo que alguns superam tais sentimentos e emoções, muitos com suporte psicoterápico, mas outros casais podem ficar presos em qualquer desses estágios. Além disso, sabemos que a “infertilidade” impacta a qualidade do casamento (mesmo não tendo sido identificados os fatores de risco que afetarão o relacionamento conjugal). Por exemplo, quanto mais tempo a infertilidade masculina for a causa e quanto maior for o tempo para iniciar o tratamento, maior será o impacto no relacionamento conjugal.

Deve-se considerar, também, que durante os procedimentos, o casal enfrenta um significativo teste, pois para cooperar com o tratamento da infertilidade, precisam se submeter a muitos exames médicos e devem ter uma vida sexual planejada, o que pode levá-los a uma diminuição da função, do desejo e do prazer sexual, alguns podem sentir impotência e incapacidade de atingir o orgasmo, ou mesmo, perceberem a confirmação da infertilidade.

A infertilidade gera muito estresse para um casal, sendo que, por óbvio, as mulheres sofrem mais. Um importante percentual delas acredita que a infertilidade é o que de mais infeliz aconteceu em suas vidas, enquanto apenas um pequeno grupo de homens pensa assim. O nível de estresse enfrentado pelos casais inférteis também muda com as diferentes fases do tratamento; a ansiedade e alguma hostilidade são mais comuns no início da avaliação e do exame. À medida que o tratamento começa, a ansiedade aumentará gradualmente, mas por outro lado, as expectativas e esperanças de um tratamento bem-sucedido também aumentarão. Num estado emocional tão misto de ansiedade e esperança, estes casais inférteis estão cheios de conflitos e lutas. É bem comum a paciente apresentar sintomas de melancolia, podendo evoluir a uma depressão, especialmente se menstruar representando uma falha de todo o procedimento. Estudos mostram que após falha no tratamento de fertilização in vitro, 25% das mulheres foram classificadas como deprimidas leves a moderadas (usando a Escala de Depressão de Aaron T. Beck), enquanto cerca de 10% dos homens foram classificados como levemente deprimidos.

Além do impacto emocional das opiniões socioculturais sobre a infertilidade bem como das emoções internas e externas da família, o custo do tratamento é também um encargo financeiro óbvio e uma das fontes de estresse - preparações hormonais, medicamentos orais e outros. Os medicamentos hormonais podem produzir efeitos colaterais como aumento do estresse, insônia e mau humor. Quanto à depressão, às vezes é difícil de distinguir se é causada por medicamentos, conflitos internos, estresse ou pressão familiar, mas qualquer que seja o motivo, é algo que deve ser levado à sério, merecendo o tratamento adequado, o que pode incluir tratamento medicamentoso e psicoterapia. 

Considerando o estresse e os problemas mentais e emocionais enfrentados pelos casais inférteis, os médicos desempenham um papel importante explicando detalhadamente as possíveis causas da infertilidade, a avaliação do processo de tratamento, possíveis dificuldades, efeitos colaterais dos medicamentos e probabilidade de sucesso. Em consequência, os pacientes terão menos preocupações e medos em relação ao tratamento e a ansiedade poderá ser minimizada. É realmente importante que esses médicos compreendam e avaliem o estado mental da paciente e façam o encaminhamento ao psicólogo ou psiquiatra sempre que necessário.

O tratamento da saúde mental dos casais inférteis centra-se principalmente na consulta para avaliação psicológica e na psicoterapia, em primeiro lugar, ficando o tratamento com medicamentos em segundo plano. Isto porque há a preocupação (de pacientes e médicos) com os efeitos colaterais das drogas recomendadas. O lado bom é que aquelas cujos sintomas não são graves respondem bem à psicoterapia ou ao aconselhamento psicológico.

Quanto ao tipo de tratamento psicológico recomendado, isto depende de uma avaliação completa dos sintomas, história pregressa e presente, avaliação da vida familiar e social, avaliação da vida sexual, etc. Com base nisso, decide-se que tipo de tratamento psicológico o paciente necessita: terapia conjugal, terapia sexual, psicoterapia individual de longo ou curto prazo, psicoterapia de grupo, etc. Além disso, pode ser de grande ajuda participar de grupos de autoajuda nas redes sociais, partilhando experiências, dores e pressões enfrentadas durante a jornada em busca de fertilidade, motivando um ao outro. 

Para muitos casais inférteis, é difícil contar aos seus parentes e amigos sobre o sofrimento interno e a pressão que estão enfrentando, porque a maioria das pessoas ao seu redor irá aconselhá-los apenas a relaxar e ter fé (de acordo com suas crenças religiosas), mas há a necessidade de compreender todos os detalhes do processo, por isso, os grupos de autoajuda se tornam um bom lugar para expressarem os seus sentimentos.

No final do tratamento, caso seja definitivamente incapaz de dar à luz um filho, o casal infértil se depara com uma decisão: aceitar que não pode ter um filho e assim continuar ou recorrer à adoção. Com certeza, essa é também uma escolha difícil. Um outro ponto de conflito é quando há uma decisão unilateral e o casal opta pela interrupção do tratamento, sendo muito frequente o autoquestionamento sobre se os esforços foram suficientes e se haverá futuro arrependimento. Numa fase, o foco da vida girava em torno de receber tratamento para infertilidade e dar à luz um filho, mas com a desistência, ajustar o foco da vida constituirá num novo desafio. Nessa situação, o papel do psicólogo inclui ajudar esses casais a esclarecer os seus pensamentos e ajustar as suas emoções, e a psicoterapia é uma boa via para essa ressignificação, e que terá, certamente, um bom impacto na qualidade de vida dessas pessoas.

Concluindo, os médicos possuem excelentes objetivos para o tratamento da infertilidade: primeiro, ajudar os pacientes a encontrar e tratar as causas da infertilidade, fornecer informações corretas e, finalmente, ajudar o casal a decidir quando interromper o tratamento. Os psicólogos também podem ajudá-los a se ajustarem e continuarem avançando quando confrontados com o impacto da infertilidade na vida. É um suporte relevante que os ajudará a superar o estresse e o estado emocional durante o processo de tratamento. No final, eles poderão ser capazes de dar à luz ou podem aceitar filhos adotados, além da possibilidade de ajudá-los a planejar e viver uma vida sem filhos.

Você pode acessar os conteúdos divulgados nesses locais:

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista existencial com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo e Psicologia Clínica.
  • Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
  • Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
  • Associado à Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida e à Associação Brasileira de Reprodução Assistida
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
  • Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.