Que
menina não passou por alguma situação em que se sentiu avaliada através dos
olhares dos outros? O que, talvez, muitos não entendem é o quanto isso pode ser
dramático para as pessoas, especialmente para as jovens adolescentes. E isso
não ocorre apenas quando há o interesse por um relacionamento romântico, mas
sim, em todas as interações humanas.
Infelizmente
vivemos numa sociedade onde a mídia, principalmente a televisiva, impõe um
padrão de beleza de forma cruel, e que causa distúrbios psicológicos de toda
ordem. Em nosso país, a valorização de um específico modelo de corpo é um
verdadeiro absurdo, pois a imagem corporal imposta não corresponde à realidade da
vida das mulheres brasileiras, seja por características biológicas, por falta
de tempo e dinheiro para “se cuidar” ou mesmo por que não querem ser diferentes
do que são. Entretanto, por força da mídia, uma garota que não seja magra e com
o corpo sarado, com a pele e cabelos perfeitos, pode ter sua autoestima severamente
diminuída, gerando sentimentos de medo, insegurança, frustração, angústia,
ansiedade e, até mesmo, depressão. Em muitos casos, as garotas podem apresentar
fobia social e transtornos alimentares. Alie-se a isso, o fato de que esse padrão
transforma as meninas em insaciáveis consumistas, todas em busca do ideal de
beleza e aparência. As garotas adolescentes são o alvo principal desse bombardeio
midiático e capitalista, mas os garotos também o são, ainda que num menor grau.
Para
seu conhecimento, outros comportamentos típicos da jovem com baixa autoestima
são a necessidade de aprovação (quer ser reconhecida; quer agradar a todos),
dependência financeira e emocional, inveja, ciúmes excessivos, sentimento de
incapacidade para realizar as coisas, dúvidas do próprio valor, não confiar em
si e em ninguém, autoproibição para errar, perfeccionismo, raiva,
agressividade, comodismo, vergonha, dificuldade para desenvolver-se
psicologicamente e sentimento de inferioridade. Muitos casos de autoflagelação
(cortar-se; arranhar-se; machucar-se) também estão associados a essa questão.
É
cada vez maior a procura por academias e clínicas de estética e não há problema
algum em querer se manter bonita e saudável. Observa-se, contudo, exageros,
seja por exercícios levam à exaustão, seja pela privação de alimentos que pode
causar doenças como anorexia e bulimia, ou através de cirurgias estéticas que
já levaram à morte tantas moças famosas e anônimas.
O
que fazer? Qual é o ponto em questão?
O
ponto é que a cultura e a mídia seguirão impondo o que é ou deve ser
visualmente desejável, independentemente de nosso próprio desenho intuitivo ou
o que realmente queremos ou achamos atraente. O “photoshop” é mágico e faz as “correções”
na imagem, mas a vida real não é assim. As meninas querem e tentarão quase
qualquer coisa para terem o ideal. O problema é que nunca há um ponto final
porque o ideal é inalcançável. No final das contas, vem a frustração pela percepção
de que o excesso de preocupação com a beleza é desnecessário, uma vez que o
conceito de beleza é relativo e muda frequentemente por conta dessa mesma
cultura.
Procurar
o ideal do corpo não é como identificar uma profissão que se quer seguir. O
corpo está determinado pela genética e não há como ir contra isso. A garota
pode pagar por um monte de produtos de beleza e cirurgia plástica para melhorar
e embelezar a aparência para sentir-se atraente em nossa cultura, mas existem
limitações. Produtos e cirurgia não podem mudar o tamanho do quadril, a altura
ou a mudança como nossos corpos usam e armazenam gordura. Produtos e cirurgia
podem melhorar, mas não criam autoestima – esse é o ponto principal.
Os
sentimentos gerados pela ditadura da beleza também geram, com frequência,
graves problemas na vida pessoal e na carreira profissional. Por exemplo, a
garota fica suscetível a se envolver em relacionamentos instáveis e
infrutíferos; por medo de perder o relacionamento e medo de não conseguir conquistar
outro, acaba ficando em posição de submissão. Na vida profissional, como ela
não confia em si mesma, acaba criando obstáculos para os desafios que surgem –
ela tem medo de se arriscar por achar que não vai conseguir.
Quero
dizer a vocês, jovens garotas, e também aos seus pais e mães, que a verdade é
que não há fórmulas mágicas para melhorar a autoestima. A única solução é o
autoconhecimento. Compare a vida de uma garota com essas dificuldades a um
guarda-roupa bagunçado, onde é muito difícil encontrar uma roupa limpa
(qualidades). É preciso achar as roupas que devem ser lavadas, as que não
servem mais (livrar-se de mágoas que ocupam espaço na vida da garota levando-a
a sofrer). Depois disso, é necessário encontrar as roupas que estão ali,
novinhas sem nunca terem sido usadas (potencial). Pode ser trabalhoso, mas o
autoconhecimento permite à pessoa ver as coisas com mais clareza, encontrando as
qualidades muitas vezes reprimidas, negadas pela própria pessoa e/ou pelos
outros. Mas tem que querer fazer essa mudança, senão não adianta.
Algumas
mudanças de postura contribuem para melhorar a autoestima feminina, como fazer algo
que gosta; aceitar críticas construtivas; abandonar a coitadinha guardada em si;
não afogar as mágoas comendo; realizar práticas espiritualizadas; fazer
exercícios físicos; fazer psicoterapia e escolher ser feliz. Não se enquadre em
modelos já estabelecidos, pois a beleza está nos olhos de quem vê. Não é uma
ciência exata como, por exemplo, a matemática, em que dois mais dois é igual a
quatro e não há questionamentos. Ao contrário, o conceito de beleza é subjetivo
e são as imperfeições que formam a perfeição relativa.
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar
- Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
- Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Psicologia Clínica (graduando) e Autismo.
- Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
- Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
- Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
- Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
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