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A SUA FAMÍLIA É DISFUNCIONAL?

Noções básicas sobre padrões disfuncionais de
relacionamento na família

Não é incomum as pessoas usarem a palavra "disfuncional" ao se referirem às famílias que, infelizmente, apresentam determinados problemas psicológicos que necessitam algum ajuste; mas, será que todos sabemos, afinal, o que é uma família funcional?

A resposta a essa questão deve, antes, apresentar os 3 pilares do que seria uma "família funcional", que são os seguintes:
  1. A família funcional incentiva o crescimento ideal de todos os seus membros e oferece um espaço seguro onde os indivíduos podem mais ou menos ser eles mesmos. As famílias promovem o senso de unidade e pertencimento (o "nós"), respeitando a separação e a diferença de membros individuais (o "eu").
  2. Os pais fazem e aplicam regras que orientam o comportamento da criança, mas não regulam a sua vida emocional e intelectual. Os membros individuais da família sentem-se à vontade para compartilhar seus pensamentos e sentimentos sobre assuntos emocionalmente carregados, sem dizer aos outros o que pensar e sentir e sem ficar muito nervoso com as diferenças.
  3. Os pais são calmamente conectados à sua própria família de origem e nenhum membro da família precisa negar ou silenciar um aspecto importante do eu para pertencer e ser ouvido.
As condições acima caracterizam a família IDEAL, porém, essa não é a realidade! Confesso que em minha longa jornada de prática clínica, ainda não conheci essa família.

Embora a expressão “família disfuncional” seja usado na cultura popular, os profissionais de saúde mental a definem como aquela onde as relações entre os membros da família não são propícias à saúde emocional e física. Abuso sexual ou físico, dependência de álcool e drogas, problemas de delinquência e comportamento, distúrbios alimentares e agressões extremas são algumas condições comumente associadas a relacionamentos familiares disfuncionais. É um conceito baseado numa abordagem sistêmica para diagnóstico e tratamento em saúde mental, onde os sintomas do indivíduo são vistos no contexto de relacionamentos com outros indivíduos e grupos, e não como problemas exclusivos do cliente.

Não existe uma definição estrita de "família disfuncional" e, especialmente no uso popular, o termo tende a ser uma regra para muitos distúrbios relacionais diferentes que ocorrem dentro do sistema familiar e de seus subsistemas (pais, filhos...). Os psicólogos e psiquiatras reconhecem, cada vez, mais a terapia familiar e de casais (além da psicoterapia individual - sempre necessária nesses casos) como métodos eficazes de tratamento de diversos distúrbios psicológicos, especialmente quando as crianças estão envolvidas.

Podemos observar comportamentos bem típicos de "famílias disfuncionais". Seguem alguns exemplos:
  • Culpar, não assumir a responsabilidade por ações e sentimentos pessoais, e invalidar os sentimentos de outros membros da família.
  • Manter, entre os membros da família, limites muito frouxos ou muito rígidos. Por exemplo, os pais podem depender excessivamente da criança para obter apoio emocional (limites frouxos) ou impedir que a criança desenvolva autonomia tomando todas as decisões para a criança (limites rígidos).
  • Desempenhar (os membros da família) papéis definidos: cuidador, herói, bode expiatório, santo, garota ou menino mau, pequeno príncipe ou princesa, os quais servem para restringir sentimentos, experiências e autoexpressão.
  • Identificar alguém da família como mentalmente comprometido, que pode ou não estar em tratamento, mas cujos sintomas são um sinal do conflito familiar interno. Muitas vezes, os problemas deste membro familiar funcionam para disfarçar os problemas familiares maiores. Por exemplo, um garoto pode ser considerada um valentão e um causador de problemas na escola e rotulada de "criança problemática", quando na verdade pode estar expressando conflitos e problemas que são originados em casa.
As "famílias disfuncionais" também costumam apresentar alguns padrões, sendo os que descrevo abaixo aqueles que ocorrem mais frequentemente:
  • Um ou ambos os pais têm vícios ou compulsões (por exemplo, drogas, álcool, promiscuidade, jogos de azar, excesso de trabalho e/ou consumo excessivo) que têm fortes influências nos membros da família.
  • Um ou ambos os pais usam a ameaça ou aplicação de violência física como principal meio de controle. As crianças podem ter que testemunhar a violência, podem ser forçadas a participar da punição de irmãos ou podem viver com medo de explosões explosivas.
  • Um ou ambos os pais exploram os filhos e os tratam como posses cujo objetivo principal é responder às necessidades físicas e/ou emocionais dos adultos (por exemplo, proteger os pais ou animar os que estão deprimidos).
  • Um ou ambos os pais são incapazes de fornecer ou ameaçam retirar cuidados financeiros ou financeiros básicos para seus filhos. Da mesma forma, um ou ambos os pais falham em fornecer apoio emocional adequado aos filhos.
  • Um ou ambos os pais exercem um forte controle autoritário sobre os filhos. Freqüentemente, essas famílias aderem rigidamente a uma crença específica (religiosa, política, financeira, pessoal). A conformidade com as expectativas de função e com as regras é esperada sem nenhuma flexibilidade.
As famílias são disfuncionais também porque são ansiosas. Sempre há alguém que envia “ondas de choque emocional” no seio familiar ao longo da vida, mostrando sinais e sintomas de um sistema ansioso. Essa ansiedade gera triângulos – à medida que a ansiedade aumenta, as pessoas falam sobre outros membros da família ("Estou tão preocupado com a bebida do seu irmão!"), e não diretamente sobre eles. Os membros da família tomam partido, perdem a objetividade e se concentram um no outro de maneira preocupada ou culpada.

Existem variações na frequência com que interações e comportamentos disfuncionais ocorrem nas famílias bem como variações nos tipos e gravidade da disfunção. No entanto, quando padrões como os acima citados são a norma e não a exceção, eles sistematicamente estimulam o abuso e/ou a negligência. Com isso, os filhos podem:
  • Ser forçados a tomar partido em conflitos entre pais.
  • Sofrer experiências de “mudança de realidade” na qual o que é dito contradiz o que realmente está acontecendo (por exemplo, um pai ou mãe pode negar algo que a criança tenha observado, por exemplo, quando um pai ou mãe descreve um jantar briguento como um “bom momento”).
  • Ser ignorados, diminuídos ou criticados por seus sentimentos e pensamentos.
  • Ver os pais como inapropriadamente intrusivos, excessivamente envolvidos e protetores.
  • Ver os pais como inadequadamente distantes e não envolvidos com eles.
  • Ter demandas excessivas impostas quanto ao uso do tempo, escolha de amigos ou comportamento, ou, ao contrário, podem não receber qualquer orientação.
  • Sentir que há rejeição ou tratamento preferencial.
  • Ser impedidos de comunicação completa e direta com outros membros da família.
  • Ser autorizados e/ou encorajado a usar drogas ou álcool.
  • Ficar “trancados” fora de casa.
  • Tornarem-se agressivos fisicamente uns com os outros.
Se você identifica a sua família como disfuncional, saiba que a mudança começa com você. Você pode registrar, para si mesmo, algumas coisas para serem trabalhadas por si mesmo ou na psicoterapia - particularmente, acredito que a psicoterapia é sempre o melhor caminho! Essas coisas devem incluir:
  • A identificação das experiências dolorosas ou difíceis que aconteceram durante a sua infância.
  • Fazer uma lista de seus comportamentos, crenças etc. que você gostaria de mudar.
  • Ao lado de cada item da lista, anotar o comportamento, crença, etc. que você gostaria de fazer/ter.
  • Escolher um item da sua lista e começar a praticar o comportamento ou crença alternativo. Escolha o item mais fácil primeiro.
  • Quando você conseguir fazer o comportamento alternativo com mais frequência do que o original, escolher outro item da lista e praticar a nova alteração.
Ao fazer mudanças em sua vida, lembre-se de parar de tentar ser perfeito ou de tentar tornar a sua família perfeita. Você não está no controle da vida de outras pessoas, logo, não tem o poder de fazer os outros mudarem.

Sua família é o que o destino lhe entregou, e você pode apenas mudar a sua parte nos padrões que lhe causam dor, isto é, na forma como você navega nos relacionamentos familiares. E não desanime se você voltar aos velhos padrões de comportamento: as mudanças podem ser lentas e graduais; contudo, a boa notícia é que à medida que você pratica comportamentos novos e saudáveis, eles começarão a fazer parte do seu dia-a-dia.


Você pode conhecer o meu trabalho pelos meus conteúdos nesses locais:
Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Psicologia Clínica (graduando) e Autismo.
  • Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
  • Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
  • Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.

EMPRESAS E CHEFES “TÓXICOS” FAZEM MAL AO TRABALHADOR

Muitos dos meus pacientes são pessoas que não estavam lidando bem com seu chefe ou com a pressão das empresas onde trabalhavam, o que cabe, portanto, perguntar a você, leitor, o seguinte: “a sua empresa é daquelas que, face à pressão por resultados imediatos, pouco tem focalizado a atenção ao fato de que as pessoas se sentem ansiosas, inseguras, desgastadas e perplexas em muitos momentos de suas vidas? Ou faz parte do rol de empresas que entende que, por serem constituídas de pessoas, podem se tornar (corporativamente) ansiosas, deprimidas, sofrerem de pânico, fobias, e outros transtornos psicológicos?”

Apesar das pessoas estarem se tornando cada vez mais conscientes a respeito de suas escalas de prioridades e também mais preocupadas com a autoestima, autoconfiança, culto ao corpo, felicidade e plenitude na vida, o fato é que um grande número de empresas e uma boa parcela dos chefes nessas empresas ainda não aprenderam que não há linhas divisórias entre o ser humano e o profissional, o que é um dificultador para aspectos como qualidade de vida e felicidade, os quais deveriam ser nas empresas, tão importantes quanto tecnologia e métodos de auditoria, quando se pensa em resultados e produtividade.
Inicialmente, vamos falar dos chefes. Sim, é verdade, o seu “chefe tóxico” pode estar prejudicando a sua saúde mental! Esses chefes são, infelizmente, uma das principais causas de infelicidade no local de trabalho. Milhares de funcionários deixam seus empregos para se afastarem de um gerente incompetente (relacionamento interpessoal ou tecnica), e muitos outros, sentindo-se assediados psicologicamente, procuram um tratamento psicoterápico – por depressão, nervosismo, bullying ou outros motivos. Se você for um funcionário com um chefe ruim, sabe bem o que isso pode fazer com seus níveis de estresse e satisfação no trabalho. Interessante, porém triste, são as constatações de que funcionários de chefes narcísicos e psicopatas são os que mais mostram sinais de depressão, de envolvimento com bullying e falta de cooperação no trabalho.

Creio que seja importante dizer que há chefes tóxicos do tipo que não são muito bons em suas atividades técnicas. Outros, especialmente se narcísicos ou psicopatas, frequentemente mostram comportamentos destrutivos e prejudicam os outros em benefício próprio. Denotam apreciar dor e o sofrimento de outras pessoas, portanto, com reais indícios de que são pessoas más e abusivas. Uma pessoa com tendências narcísicas e psicopatas é alguém que mostra um forte desejo de poder e falta empatia pelos outros. Num chefe, isso pode se manifestar querendo levar vantagens sobre seu time, ficar com o crédito pelo trabalho realizado por um membro da equipe, ser um profissional excessivamente crítico e intimidador. Essas pessoas estão focados principalmente em chegar ao topo da pirâmide e não estão preocupados com quem eles podem prejudicar nesse caminho.

Do ponto de vista da saúde física, está claro que ser subordinado a um chefe tóxico pode levar a outros tipos de problemas de saúde: grande risco de pressão alta, estresse crônico, problemas de sono, ansiedade, problemas de abuso de substâncias tóxicas, ataques cardíacos e outros problemas de saúde.

Assim é que posso dizer, com segurança, que ansiedade e estresse não são patrimônios exclusivos de executivos atarefados; além disso, posso dizer, também, que a competitividade acabou substituindo a colaboração, o que é um paradoxo se levarmos em conta que vivemos na época do trabalho em equipe. Isso e muitas outras variáveis aumentam o grau de ansiedade (temor indefinido experimentado como expectativa do pior) dos profissionais nas empresas como também as frustrações. Vejo as empresas dando “tiros nos pés” pois apesar de quererem profissionais comprometidos e engajados com seus resultados, mantém ambientes hostis onde a ansiedade é apenas o ponto de partida a um atalho que conduz ao tédio. Essa ansiedade gerada nas empresas (inclusive com ataques de pânico), conduzem a um certo cansaço psicológico que plana sobre um sentimento de vazio e neutralidade perante tudo quanto rodeia o trabalhador. O quadro agrava-se com a depressão pois essa é uma doença do organismo como um todo, que compromete o físico, o humor e, em conseqüência, o pensamento. Como altera a maneira como a pessoa vê o mundo, sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida, pode-se dizer que altera, da mesma forma, a empresa onde trabalha. Ela traz muitas outras manifestações comportamentais que podem prejudicar o esforço pelos resultados empresariais, tais como “fracassomania”, inveja, oposição neurótica, estresse, paranóia, hostilidade, intolerância às críticas, necessidade de poder, inimizades, etc. Há, ainda, os “fantasmas” do corpo que tanto influenciam a autoestima e a vaidade humana.

Não se pretende tomar por depressão qualquer sintoma conseqüente às dificuldades e frustrações do dia-a-dia, aos aborrecimentos a que todos estamos sujeitos ou as reações às queixas dos chefes sobre as performances dos funcionários. É uma doença afetiva (ou do humor), e não, simplesmente, um "baixo astral" passageiro. Também não é sinal de fraqueza ou de falta de pensamentos positivos, mas as conseqüências podem ser muito negativas para as empresas, como alguns exemplos abaixo: 
  • A autoimagem e a autoestima destes trabalhadores costumam estar francamente deterioradas a ponto de não se verem capazes de realizar suas tarefas ou novos desafios.
  • O profissional depressivo tende a isolar-se afetando a comunicação interna e a qualidade do trabalho em equipe.
  • A depressão pode evoluir para a síndrome de pânico ou outras fobias paralisando o funcionário nas situações de maior pressão.
  • O funcionário poderá apresentar transtorno somatomorfo, ou seja, manifestará no corpo, em forma de doenças, a ansiedade ou a depressão, podendo ser frequentemente afastado de suas atividades.
  • A ansiedade é um quadro que poderá evoluir para o consumo excessivo de álcool e/ou drogas.
  • Muitas vezes somam-se os sintomas de persecutoriedade, ou seja, de ser perseguido e isso pode alterar negativamente o clima entre os funcionários e gerar sérios conflitos individuais ou grupais. 
Enfim, não apenas importante, é imprescindível cuidar da saúde psicológica dos trabalhadores. Sentimentos como raiva, tristeza ou frustração, quando ignorados, podem drenar a vitalidade dos profissionais e, também, minar a competitividade de uma empresa. O sofrimento é um subproduto inevitável da rotina dos negócios - administrar mudanças, liderar projetos, criar produtos ou buscar resultados sempre levará os profissionais a algum nível de sofrimento.

Cuide de si mesmo, fazer psicoterapia é uma boa opção nesses casos, e busque outras soluções para as dificuldades que está vivendo. Se você trabalha numa empresa problemática ou tem um chefe ruim, fique bastante atento pois tudo isso pode ser um veneno que mina a sua autoestima e afeta a sua confiança, tendo como conseqüências, a perda de produtividade à vontade de parar de trabalhar.

Espero que tenha gostado desse artigo. Há vários outros artigos no Blog do Psicólogo (www.blogdopsicologo.com.br) - acesse-os! CLIQUE AQUI para ler sobre a depressão.

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar
Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana. Atendimento de segunda-feira aos sábados.
Marcação de consultas pelo tel. 11.94111-3637 ou pelo Whatzapp 11.98199-5612.


A RIGIDEZ MENTAL DIFICULTA O CRESCIMENTO PESSOAL


Você sabia que a sua maneira de pensar, se for rígida, pode lhe prejudicar?

Albert Einstein disse que: "a mente que se abre para uma nova ideia nunca retorna ao seu tamanho original". No entanto, abrir a mente é um exercício complicado, muito mais difícil do que estamos dispostos a admitir.

Na verdade, a rigidez mental começa a ser construída desde o nascimento. Cada aprendizado não apenas abre novas portas, mas também fecha muitas outras. À medida em que crescemos e formamos a nossa própria visão de mundo, adotamos estereótipos, crenças e preconceitos muito difíceis de serem removidos. No entanto, a rigidez mental não se refere apenas a ideias, mas, sobretudo, ao modo de pensar.

Minha experiência em psicologia clínica me dá segurança para afirmar que a rigidez mental nos transforma em prisioneiros, diminui nossa adaptabilidade, criatividade, espontaneidade e positividade porque continuamos ligados a velhos padrões que nos impedem de crescer intelectualmente e emocionalmente. Assim, podemos dizer que as pessoas mentalmente rígidas são aquelas que:
  • Pensam que há apenas um "caminho certo" para fazer as coisas.
  • Supõem que a perspectiva deles seja a única correta e que o resto esteja errado.
  • Não estão abertos à mudança porque têm medo disso.
  • Apegam-se ao passado e se recusam a seguir em frente.
Mas se alguma coisa caracteriza pessoas com rigidez mental é o desejo de estar certo a todo custo. Eles não percebem que esse desejo é extremamente prejudicial, porque a chance de estar errado e cometer erros é, verdadeiramente, a maravilhosa, senão a principal ferramenta para aprender e crescer.

Não podemos crescer, não podemos assimilar novos conhecimentos, tanto ao nível intelectual quanto emocional, se não percebermos que o que sabíamos ou pensávamos antes estava errado, ou pelo menos, era insuficiente. Estar errado se torna, então, um tipo de libertação, enquanto a rigidez mental e o desejo de estar certo apenas escondem o medo do que aconteceria se fôssemos mais livres, se ousássemos admitir nossos erros e ir além.

Com efeito, uma das principais características das pessoas que têm alguma flexibilidade mental é precisamente a capacidade de entender que decisões erradas não são “más decisões”, posto que, em última análise, qualquer decisão é boa se seguida por outra decisão da qual podemos tirar proveito. A flexibilidade mental implica em reconhecer e aceitar que qualquer decisão que tomamos sempre abre diante de nós um mundo de possibilidades. Portanto, flexibilidade mental significa estar disposto a cometer erros, não ter medo deles e estar disposto a abraçar e tentar entender coisas novas ou pontos de vista diferentes dos atuais.

A pessoa, que desenvolve uma maneira muito rígida de pensar, está de alguma forma se protegendo. De fato, a rigidez mental também pode ser entendida como resistência psicológica. A certa altura, quando uma ideia é contrária ao seu modo de pensar, a pessoa experimenta uma sensação estranha e confusa que o paralisa e o faz se aproximar de diferentes razões. Portanto, muitas pessoas simplesmente rejeitam o argumento, sem analisá-lo. No entanto, a boa notícia é que isso acontece porque algo dentro sinaliza que há um problema, algo que deve ser resolvido, mas o processo é doloroso. Realmente, em muitos casos, perceber que algo em que você acredita cegamente há anos não é verdade, ou pelo menos não completamente, pode ser extremamente doloroso e dar lugar a uma crise existencial.
Mas a flexibilidade mental é uma habilidade que pode ser desenvolvida e aprendida, e é muito bom que seja assim. Veja, abaixo, algumas dicas:

Desperte a sua vontade de crescer: A curiosidade continua sendo uma das ferramentas mais poderosas que temos à nossa disposição para crescermos como pessoas. Em vez de simplesmente aceitar as ideias, pergunte-se “por quê?”. Quando você questiona o que sempre deu como certo, não apenas encontrará novas respostas, mas também descobrirá um novo mundo, muito maior do que o que você conhecia antes.

Concentre-se em suas emoções: Quando você estiver tentado a rejeitar completamente uma ideia, veja como se sente. Se você se sentir desconfortável com o que está ouvindo, é provável que seja uma reação que oculta uma resistência inconsciente. Pergunte a si mesmo do que você tem medo. Se você responder honestamente, perceberá muitas coisas interessantes. De fato, quanto mais medo você sente, mais resistente será.

Seja empático: Quando você não concordar com as ideias, modos de pensar e atitudes dos outros, em vez de rejeitá-las completamente, tente se colocar no lugar da outra pessoa para entender de onde vêm essas ideias. Se você rejeitar o que não conhece ou não gosta, continuará sendo a mesma pessoa que antes, mas se tentar entender os outros, você dará um passo adiante e crescerá um pouco.

Não procure a verdade absoluta: A premissa mais importante para se livrar da rigidez mental consiste em evitar buscar a verdade absoluta, simplesmente porque ela não existe. Toda vez que assumimos uma verdade absoluta, paramos de procurá-la e, em consequência, começamos a morrer um pouco todos os dias na direção do que buscamos. Portanto, é importante manter não apenas uma maneira positiva de ver as coisas como manter a mente aberta.

Aceite os erros: Ter alguma flexibilidade mental significa não ter medo de erros, significa
estar disposto a aproveitar novas oportunidades, mesmo que isso signifique cometer erros. Significa entender a vida como um aprendizado contínuo, onde o erro não é um passo atrás, mas um passo em direção à nossa evolução, porque nos permite ser livres dos velhos padrões e maneiras arcaicas de fazer as coisas.

Esse texto foi desenvolvido a partir de material obtido na internet.

Espero que tenha gostado desse artigo. Há vários outros artigos no Blog do Psicólogo (www.blogdopsicologo.com.br) - acesse-os! CLIQUE AQUI para ler sobre a impotência sexual masculina.

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar
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A GENTILEZA AJUDA A SER FELIZ

Você sabia que ser gentil pode fortalecer seus relacionamentos e lhe dar uma sensação de satisfação na vida?

A gentileza é definida como uma qualidade de ser amigável, generoso e atencioso, logo, afeto, bondade, carinho, preocupação e cuidado são palavras associadas à essa qualidade. Embora a gentileza possa dar a alguns a conotação de ingenuidade ou fraqueza, com certeza não é esse o caso. Ser gentil requer coragem e força, e é uma habilidade interpessoal.

Tenho certeza de que você já ouviu falar na teoria da evolução de Darwin e suas conclusões sobre a sobrevivência do mais forte. Em seus estudos, ele percebeu que a sobrevivência do mais apto é geralmente associada ao egoísmo, o que significa que sobreviver - um instinto básico - significa cuidar de si mesmo. Mas Darwin, na verdade, não via a humanidade como biologicamente competitiva e interessada em si mesma. Ele acreditava que somos uma espécie profundamente social e solidária, afirmando inclusive que a simpatia e o cuidado com os outros são instintivos. Hoje em dia já sabemos que dedicar recursos a outras pessoas, em vez de ter cada vez mais para si, traz um bem-estar duradouro. A gentileza e a bondade são, de fato, indicadores importantes de satisfação e estabilidade para as relações humanas, sejam profissionais, de amizade ou amorosas.

Existem diferentes maneiras de ser gentil. Uma maneira é estar atento e proativo ao ver pessoas necessitadas. Um senso de comunidade é criado quando as pessoas são gentis com aqueles que precisam de ajuda. Estar atento, nesse caso, significa perceber quando os outros estão sofrendo. Uma palavra gentil, um sorriso, abrir uma porta ou ajudar a carregar uma carga pesada também são atos de gentileza. Comemorar com alguém que você ama, elogiar alguém honestamente, enviar um e-mail agradecendo por algo, dizer a um amigo como ele é especial para você, ajudar um vizinho idoso, tirar uma foto para um turista, compartilhar casualmente a comida, recusar-se a fofocar e doar roupas velhas e coisas que você não precisa são outras formas de, bondosamente, praticar a gentileza.

Dar passagem a outro motorista no trânsito é, praticamente, uma necessária forma de ser gentil numa cidade como a nossa. Ceder o seu lugar a alguém no ônibus, trem ou metrô também são bons exemplos de como ser gentil, mas quero lembrar que idosos, gestantes e passageiros com criança de colo, com deficiência ou mobilidade reduzida têm prioridade para sentar-se e isso é regulamentado por lei.

Algo que sempre me agrada é encontrar pessoas abertas a celebrar, de todo coração, os sucessos dos outros. Acredito que esse tipo de resposta aos sucessos das pessoas pode informar mais sobre o tipo de relacionamento que uma pessoa pratica do que como como ela responde ao ouvir do outro sobre suas dificuldades. Nunca minimize o sucesso de alguém, não deixe de prestar atenção e nunca fale de problemas ligados ao sucesso dos outros pois ser gentil é ser abertamente feliz pela outra pessoa.

Mas gentileza também é dizer a verdade de uma maneira suave, polida, quando isso for útil para o outro. Receber feedback preciso de maneira amorosa e atenciosa é uma parte importante de um relacionamento confiável, sendo a coragem de dar e receber feedback verdadeiro, um componente essencial de crescimento e do pensamento flexível.

Essa maravilhosa qualidade sobre a qual estou falando inclui ser gentil consigo mesmo. Você se trata gentilmente? Você cuida bem e conversa gentilmente consigo mesmo?

Se você queria saber o segredo de um bom relacionamento, agora já sabe: ser gentil! É algo realmente muito simples e que une não apenas a humanidade, mas também os relacionamentos românticos. A gentileza faz com que se supere a negatividade e, daí, a felicidade surge. Isso é verdade em qualquer tipo de relacionamento - com chefes, colegas de trabalho, amigos, familiares e estranhos, mas é especialmente verdade nos relacionamentos românticos, onde as pessoas querem se sentir seguras e geralmente se deixam vulneráveis ​​emocionalmente.
Existem muitas maneiras de ser gentil e muitas oportunidades de praticar. Talvez a bondade seja mesmo um valor agregue mais satisfação e que fortaleça seus relacionamentos, porém, ainda quero deixar algumas outras dicas.

Um dos aspectos mais fundamentais da gentileza, em qualquer relacionamento, envolve simplesmente prestar atenção. Seja gentil, respondendo à necessidade de atenção das pessoas, afinal, todos querem ser valorizados e notados, principalmente pela pessoa mais importante para você.

Nas conversas com outras pessoas, é sempre bom, além de prestar atenção, certificar-se que um assunto foi concluído antes de passar para outro. Deixar o outro falar e manter um tom de voz moderado é indiscutivelmente um modo gentil de manter um bate-papo agradável. Não queira estar certo o tempo todo, logo aceite a opinião alheia, mesmo que completamente oposta à sua.

Não se preocupe com as pequenas coisas. Repreender e criticar alguém por erros insignificantes se tornou quase um clichê humorístico, mas é, infelizmente, uma das principais fontes de crueldade nos relacionamentos interpessoais, sobretudo nos relacionamentos amorosos. Imagine isso ocorrendo num casamento: ficar constantemente mostrando ao cônjuge que ele ou ela não faz as coisas como você faria ou gostaria que fosse feito. Trata-se de focar nos aspectos negativos de uma pessoa em vez dos positivos, o que tende a piorar à medida que os relacionamentos prosseguem e os parceiros se sentem mais à vontade para criticar um ao outro. Apenas deixe para lá! Comente e reconheça o bem que eles fazem, afinal, fazer o bem gera o bem!

Uma das gentilezas mais difíceis que você pode conceder é ser gentil durante um conflito. Eu sei que num conflito pode surgir uma enorme vontade de gritar ou, pelo menos, de dizer que o outro é um grande idiota. Não faça isso embora o impulso de atacar seja muito humano! Se necessário, reserve um momento para relaxar antes de continuar a conversa. Um conflito tem que ser apenas uma conversa e não uma luta, e, acima de tudo, seu objetivo não deve ser vencer, mas chegar a um acordo.

Muitos esquecem que o toque tem um maravilhoso efeito. Um toque gentil no ombro durante um momento difícil, um tapinha nas costas depois de um trabalho bem-feito ou um abraço amoroso quando seu parceiro chega do trabalho causam efeitos poderosos nas pessoas. O toque físico é especialmente importante quando as tensões estão altas. Como aprendemos, devemos lembrar de ser amorosos mesmo em meio a conflitos e poucas coisas podem dissolver a raiva de uma pessoa como um toque de amor. Mesmo na vida cotidiana, aproveite a oportunidade para mostrar pequenas gentilezas, segurando a mão de seu companheiro enquanto faz compras, sentando-se perto ou dando beijos inesperados.

A única gentileza que pode ser muito difícil de praticar mas que é necessária é o perdão. Rancores e mágoas são péssimos agentes nas relações humanas. Se ficamos rancorosos podemos nos tornar agressivos e/ou passivos, e adotamos uma postura contra a pessoa - isso é cruel. Perdoar é ser gentil. Isso não significa esquecer ou ignorar ingenuamente as transgressões, para que elas aconteçam repetidamente. Significa deixar de lado a ideia de vingança, liberar seu domínio sobre as emoções negativas para que a positividade possa tomar seu lugar novamente. Significa estar disposto a se reconciliar e não sentir raiva.

Assim como todos têm suas próprias forças, temos também as nossas fraquezas. Quando conseguir discernir as fraquezas do outro e intervir para facilitar a vida dele, você fará uma grande gentileza. Talvez a pessoa tenha problemas com números e orçamentos, ajude-o então. E se sua esposa está cansada ​o tempo todo? Ajude-a em todas as tarefas possíveis, inclusive as profissionais. Conheça bem a outra pessoa e seja diplomático.

Há um tipo de bondade que muitas pessoas não querem ouvir: responsabilidade. Sim, responsabilidade é uma gentileza. Imagine um ente querido exigente consigo mesmo, que nunca gasta demais, que avisa quando chegar tarde em casa. Imagine uma parceira que reserva um tempo para conhecê-lo bem o suficiente a fim de não comprar aquela fruta estranha da qual você tem alergia e que se lembre que você adora brownie em seu aniversário. Você acha essa companheira muito gentil, não acha? Ser responsável significa muitas coisas, e, entre elas, significa que você cumpre suas obrigações, planeja o futuro e está disposto a considerar como sua vida - e a de seu amor - podem ser melhoradas. Responsabilidade também é evitar o jogo de culpas - quando as coisas dão errado, as pessoas responsáveis ​​não apontam o dedo: elas examinam a situação e vêem como pode ser resolvida.

Finalmente, o último tipo de gentileza que quero me referir é aquele que realmente ajuda a elevar os relacionamentos - a inclusão. Quando se trata de tomada de decisão, é fácil que os relacionamentos se tornem rapidamente unilaterais com o parceiro mais dominante assumindo. Mas se você tem uma personalidade dominante, pode melhorar muito seu relacionamento, incluindo seu companheiro querido nas decisões que toma como casal. Peça-lhes as suas opiniões sobre coisas pequenas, deixe-o saber o quanto essas opiniões são importantes para você e o quanto você valoriza os pensamentos dele. Por outro lado, se você é do tipo que evita decisões e declara coisas como "prá mim, tudo bem, você decide ”, isso pode causar estresse no seu parceiro, pois ele é forçado a tomar todas as decisões e isso é cansativo! Pense sempre na unidade.

O que menciono nesse artigo é apenas o começo. Conhecendo o básico, busque outras formas de melhorar seus relacionamentos através da gentileza. E lembre-se: essas dicas são aplicáveis ​​não apenas aos relacionamentos românticos, mas a todos os tipos de relacionamentos em sua vida. Certifique-se de ser sempre gentil e perceberá mudanças positivas em sua vida. Acima de tudo, porém, seja gentil com quem você ama - eles merecem mais do que qualquer outro.

Espero que tenha gostado desse artigo. Há vários outros artigos no Blog do Psicólogo (www.blogdopsicologo.com.br) - acesse-os! CLIQUE AQUI para saber o que é a psicoterapia e como ela funciona.

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar
Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
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AUTOSSABOTAGEM – NÃO FAÇA NADA CONTRA SI MESMO!

Um comportamento é autossabotador quando cria problemas na vida cotidiana e interfere na consecução dos objetivos de alguém. Infelizmente, as pessoas nem sempre estão conscientes de que estão se sabotando, ainda assim, é possível superar quase qualquer forma de autossabotagem. A psicoterapia é um excelente recurso para a interrupção de padrões arraigados de pensamento e ação (como a autossabotagem), ao mesmo tempo em que fortalece os processos de deliberação e autorregulação, ajudando, além disso, a reconectar a pessoa com seus objetivos e valores.

Há muitas razões pelas quais uma pessoa age de maneira prejudicial ao seu próprio bem-estar. Algumas pessoas, é claro, passam boa parte de suas vidas lutando contra poderosos desejos por comida, bebida, jogos de azar e outras tentações que surgem, com custos dolorosos para a saúde ou relacionamentos. Mas as forças que levam à autossabotagem também podem ser mais sutis, como um acúmulo de crenças disfuncionais e limitantes que fazem as pessoas se subestimarem em suas capacidades, suprimir seus sentimentos ou atacar as pessoas próximas a elas. Um aspecto importante sobre lidar com o comportamento contraproducente é identificar de onde ele pode estar vindo.

Independentemente de já ter me referido a isso como um comportamento autodestrutivo, quero acrescentar que a autossabotagem pode interferir nos seus melhores planos e metas fazendo com que uma pessoa, ao invés de focar seus bons objetivos, acaba dando um tiro no próprio pé.

Autossabotagem é, de modo simplista, qualquer ação que atrapalhe a intenção de alguém. Por exemplo:
  • Quanto a uma dieta: As calorias do bolo de aniversário no escritório obviamente não são consideradas.
  • Quanto ao prazo para concluir uma tarefa: Achar que estará mais concentrado e disposto após assistir o próximo episódio da série preferida no Netflix.
  • Quanto a terminar um relacionamento: A pessoa só fará isso depois de reorganizar os móveis da sala, e amanhã, também...
São várias as formas de autossabotagem, sendo a procrastinação, automedicação, o uso de drogas ou álcool, comer demais quando estressadas e conflitos interpessoais os mais amplamente utilizados e reconhecíveis. Essas ações podem ser especialmente perigosas porque são muito sutis – a pessoa pode não perceber o biscoito extra que está comendo ou a dose extra de whiskey que pediu antes de sair. São ações que podem até acalmá-lo e ajudar a relaxar, porém, à medida que essas ações tornam-se mais frequentes. a autossabotagem aumenta e cria um enorme muro de autodefesa difícil de superar.

O fato é que todas as pessoas almejam metas na vida: perder 10 quilos, ser promovido, ter um segundo encontro com alguém em quem está interessado ​​ou tirar férias num lugar paradisíaco. Em outras palavras, o indivíduo estabelece uma meta que é intimamente desejada e repete essa meta para si próprio e, muitas vezes, em voz alta para os outros. Pode escrever esse objetivo em post-its, listas de tarefas, calendários e, talvez, até selecione cuidadosamente uma imagem para colocar num quadro, no espelho do banheiro, na geladeira ou na tela o computador para se inspirar. E não acaba nisso! A pessoa compartilha esse objetivo com os amigos e familiares e declara que este é o ano em que fará isso acontecer. Apesar de todo estratagema usado, esse mesmo indivíduo cria dificuldades para seguir em seu próprio caminho! Para entender de onde vem a autossabotagem, é necessário aprender alguns conceitos-chave sobre o comportamento humano e aumentar a consciência do que pode estar causar interferência em segundo plano.

O ser humano está essencialmente programado para buscar objetivos, porque alcançá-los o faz sentir-se bem. Um dos problemas é que, quando se trata de autossabotagem, a bioquímica humana não discrimina necessariamente entre o tipo de sensação de bem-estar que se experimenta quando se persegue os objetivos e os sentimentos. Obter recompensas e evitar ameaças são como dois lados da mesma moeda. Eles não são sistemas independentes e há uma interação constante no cérebro para tentar equilibrar os dois impulsos. Quando se equilibra a obtenção de recompensas e a prevenção de ameaças, tudo está bem – a pessoa se sente bem consigo mesmo e garante o bem-estar físico e psicológico. No entanto, quando esses dois desejos estão fora de controle, a pessoa é preparada para autossabotar-se. Especificamente, a busca de evitar ameaças às custas de obter recompensas afasta a pessoa dos objetivos desejados. A autossabotagem ocorre quando a sua unidade para reduzir ameaças é maior que a sua unidade para obter recompensas.

Um outro problema é quando a pessoa se sente indigna de sucesso ou felicidade. Numa reviravolta irônica, alguns indivíduos muito motivados se esforçam para trabalhar mais do que precisam e almejam objetivos inalcançáveis, porque acham que precisam compensar um sentimento autoimposto de inadequação. E mais, quando os frutos de seus esforços resultam a coisas boas - um ganho material ou um aumento no status ou no poder - eles transformam situação tornando-a pior para si mesmos. Isso ocorre porque essas pessoas gostam de se sentir coerentes consigo mesmas, isto é, tendem a sincronizar as ações com as crenças e valores pessoais. Se ela, então, acumula vitórias e realizações e, ainda assim se considera ineficiente, inútil, incapaz ou não merecedora, aciona o gatilho interno para se sentir coerente – se é um inútil ou não merecedor do que conquistou, então tem que perder alguma coisa. Uma frase para isso pode ser: “Se é ruim fracassar, é pior ainda ter sucesso”.
Uma outra coisa que gera autossabotagem é quando alguém crê que é melhor controlar o próprio fracasso do que enfrentar a possibilidade de ser pego de surpresa. Esse sujeito acredita que a autossabotagem pode não ser bonita, mas é melhor do que perder o controle da vida.
Veja agora essa situação! A pessoa é promovida para uma nova posição ou obtém resultados acadêmicos bem mais altos que os colegas, e passa a sentir que precisa ter uma queda e, finalmente, isso acontece. Pode ser que ela tenha receio de que, ao ser percebida por causa de seus triunfos, seja chamada de falsa ou acusada de ter enganado alguém. Ou seja, ela pode fazer o mínimo possível e esperar que passe despercebida, ou pode se esforçar muito, porém se preocupando constantemente em ser “descoberta” a qualquer momento. De uma forma ou de outra, isso leva essa pessoa à procrastinação e à dispersão da atenção - se ela se depara com uma tarefa que pode fazê-la se sentir uma farsa, é muito mais tentador atualizar o Instagram novamente, pesquisar roupas ou perceber que não há tempo como o “aqui e agora” para iniciar um projeto alternativo de trabalho.

Tem gente por aí que parece gostar de ser bode expiatório, isto é, uma pessoa arbitrariamente escolhida para carregar, sozinha, a culpa por todos os malfeitos de uma situação, embora não seja responsável por nenhum deles. Se as coisas não forem resolvidas (ou quando não puderem ser resolvidas), pode-se culpar a ação em vez de nós mesmos. Claro que ela me deixou (afinal, eu nunca estava por perto). É claro que fui reprovado nas aulas (mal estudei para os exames). Embora essas razões possam ser verdadeiras, elas são mais frívolas e mais fáceis de aceitar e engolir do que as razões mais profundas que, secretamente, a pessoa acredita ser a causa. Claro que ela me deixou (porque eu não sou digno de ser amado). É claro que eu fui reprovado nas aulas (eu sou incapaz de entender o material de estudo). Essa, portanto, é outra forma de autossabotagem.

Como já citei acima, as pessoas gostam de ser coerentes consigo mesmas. Até tendem a querer a coerência sobre o próprio contentamento. Se a pessoa está acostumada a ser esquecida ou frequentemente se sente esquecida, maltratada ou explorada, é estranhamente reconfortante adiantar-se e se colocar nessa posição.

Por que às vezes superestima-se uma ameaça permitindo, assim, que ela impeça o indivíduo de continuar o seu caminho em direção ao objetivo? Alguns elementos que podem influenciar nisso são o autoconceito baixo ou instável, as crenças limitantes internalizadas, o medo da mudança ou do desconhecido e a necessidade excessiva de controle. São influências que representam aspectos da personalidade e como a pessoa se relaciona com o mundo. Pense nisso como um sistema operacional que funciona em segundo plano e que impulsiona as crenças e o comportamento. Normalmente essas influências surgem quando jovens e, por serem constantes ao longo do tempo, tendem a ficar fora de consciência. É útil pensar sobre essas influências para poder ver com mais facilidade como elas interferem nas decisões, ideias sobre si mesmo, como se comporta, como se sente em determinadas circunstâncias e, particularmente, como motivam a autossabotagem. Aprender a identificá-los ajuda a avaliar a tendência de se autossabotar por superestimar uma ameaça. E o conhecimento é o primeiro passo para impedir os padrões de comportamento que impedem uma pessoa a viver a vida que deseja.

Apesar de tudo que descrevi e de minha profissão, fico sempre tocado quando percebo que alguém pensa na autodestruição pelo medo do sucesso. No fundo, o desespero por realizações não é realmente um medo de ambição e ou de valor próprio - é um medo de fazer o melhor e não ter sucesso, de se decepcionar e ser humilhado publicamente, pois teme que o seu melhor possa não ser bom o suficiente.

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Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista existencial com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo e Psicologia Clínica.
  • Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
  • Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
  • Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.