Sim, é muito raro alguém não conhecer uma pessoa que tenha grande dificuldade em aceitar e ouvir a opinião alheia. Para essa pessoa, mesmo os conselhos bem-intencionados não são fáceis de ouvir, especialmente se não forem solicitados. Para ela, tudo o que se ouve é interpretado como críticas negativas: seja um colega de trabalho dando alguns conselhos amigáveis sobre como fazer uma tarefa melhor na próxima vez, ou mesmo um amigo que quer dizer algo que será útil para essa pessoa (embora seja doloroso ouvir), ou mesmo um membro da família tentando resolver um desentendimento qualquer - tudo é visto como crítica, oposição ou acusação.
Bem, de modo geral, a verdade é que até podemos gostar de pensar que aceitamos facilmente as críticas, mas, na verdade, a maioria de nós não é tão bom nesse quesito. Muitas vezes, quando ouvimos o que nos parece ser uma crítica, nossas defesas aumentam imediatamente. Nós miramos e rebatemos as críticas para bem longe, além do limite, e simultaneamente (e inconscientemente), revemos os nossos próprios mecanismos de defesa (como culpar outras pessoas, fazer piadas, ficar com raiva, ficar indignado e várias outras maneiras) para aliviar o peso daquilo que está sendo dito ou mesmo evitar ouvir a crítica do outro. Como é um processo inconsciente, é claro que não sabemos o que estamos fazendo, todavia, estamos literalmente nos defendendo da verdade que está sendo apresentada sobre nós mesmos.
Pode ser mais fácil ver isso acontecendo em outras pessoas, quando somos meros “expectadores”, pois estão além de nós mesmos. Há pessoas que são espinhosas e difíceis de se aproximar, há alguns que rapidamente ficam perturbados com a sugestão de desafio, e tem outros tão escorregadios que falar com eles é como correr atrás de um sabonete ao redor da banheira.
Imagino que você esteja até reconhecendo um pouco de si próprio nessas descrições. É claro que, às vezes, as defesas são úteis pois há momentos e lugares em que devemos evitar um desafio ou uma contenda. O problema surge quando não sabemos ou não temos a consciência de que estamos usando essas estratégias defensivas – são essas as pessoas que não aguentam a verdade.
Será que é possível mudar essa atitude?
Quando você for confrontado com novas informações que desafiam a sua posição, é claro que vale sempre a pena ouvir e tentar descobrir se há alguma verdade por trás disso. O fato é que as pessoas não se conhecem tão bem quanto pensam! Da próxima vez, em vez de reagir negativa, agressiva e imediatamente às críticas, pergunte a si mesmo: há algo nisso que pode ser útil para mim?
Se puder fazer isso, você estará sempre aberto às mudanças. E quando alguém está aberto para mudar, cresce constantemente como pessoa, tornando-se mais sábio e mais capaz de navegar pelo mundo e em seus relacionamentos.
Concluindo, gostaria de dizer que o primeiro passo é parar na próxima vez que você tiver essas experiências, manter a calma, segurar o ímpeto de reagir e perguntar a si mesmo se existe alguma verdade nisso, mesmo que seja apenas um pouquinho. Aprenda a ouvir, classifique as informações úteis e deixe essas informações “entrarem em sua mente”. Por mais dolorosa que a verdade possa ser a curto prazo, os benefícios de conhecer melhor a si mesmo se fantásticos e duradouros.
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro
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