O
conceito de auto-estima talvez seja justificado como parte do direito de
todos à busca da felicidade e de autorrealização. É certo que isso está enraizado em nossa sociedade por conta da ênfase no individualismo e é nutrido pela crença no autoaperfeiçoamento
e no sucesso material. Além disso, a autoestima possui um certo apelo e está validado
pelo senso comum. Considerando a capacidade de escolher, pode-se dizer que a
maioria das pessoas preferiria ter uma autoestima elevada do que baixa, porque
elas ligam isso ao bem-estar pessoal e à eficácia pessoal.
Do
meu ponto de vista, a autoestima pode ter um impacto significativo nos
relacionamentos. Infelizmente sabemos que num grande número de famílias, há membros
bastante inclinados a agir mal com os demais quando estão se sentindo mal
consigo mesmos. Quanto pior eles se sentem em relação a si mesmos, pior eles
tratam os outros, daí são tratados, de volta, de modo ruim, piores acabam se
sentindo sobre si mesmos, pior eles tratam os outros, e assim o ciclo de
infelicidade é estabelecido. Nas famílias de baixa autoestima, os
relacionamentos realmente podem se tornar mutuamente destrutivos. Nas famílias
de elevada autoestima, no entanto, o inverso parece mais provável de ocorrer.
Quanto melhor os membros da família se sentem sobre si mesmos, melhor eles se
tratam, daí são tratados, de volta, de forma melhor, todos tendem a tornarem-se
melhores. Nessas famílias, os relacionamentos geralmente são mutuamente
afirmativos e positivos e os seus membros parecem mais inclinados a fazer o
melhor para os outros, e não o pior. Portanto,
a autoestima positiva não é um tipo de modismo popular ou um “novo babado”. O
funcionamento feliz e saudável de indivíduos e famílias depende em parte de uma boa autoestima, particularmente durante a adolescência dos filhos.
Há
dois grandes momentos relativos à autoestima durante o curso normal da adolescência. O primeiro ocorre no início da adolescência (9-13 anos), quando a distanciamento
do jovem da sua própria infância cria uma perda de contentamento ao não ser
definido e tratado por mais tempo como uma criança. Nesse processo, muitos
componentes do autoconceito, agora considerados "infantis" (interesses principais, atividades preferidas e relacionamentos que dão suporte
à autoestima) podem ser sacrificados em prol do crescimento em direção ao futuro. Muitas "coisas infantis" de significativo valor
psicológico podem ser jogadas fora: brinquedos antigos e hobbies podem ser
abandonados, e até os amorosos avós podem ser colocados à distância.
O segundo momento na autoestima ocorre no final da adolescência, quando são mais independentes (18-23 anos), e quando o jovem é confrontado com a
assustadora realidade da vida livre e autônoma, e se sente oprimido e
diminuído pelo choque do futuro. Não aceitando esse desafio e, às vezes, agindo
dessa maneira, é fácil sentir-se desapontado consigo mesmo, desmoronar-se e até
mesmo se punir, podendo ter pensamentos como: "aqui estou, com 22 anos,
ainda bagunçando, desorientado, e não consigo arrumar minha vida!"
Mas,
o que é autoestima? Não é algo real no sentido de poder ser examinado visualmente,
fisicamente tocado ou observado diretamente. Semelhante a noções como
"inteligência" ou "consciência", a autoestima é um conceito
psicológico abstrato criado para descrever parte da natureza humana de uma
pessoa. Sua existência e utilidade são inferidas através de ações e expressões
consideradas evidências de sua presença.
Assim
como a solução de um problema pode ser considerado evidência de inteligência,
ou, agir de acordo com as crenças éticas pode ser considerado evidência de
consciência, insistir em ser tratado de forma justa e respeitosa pode ser
considerado como evidência de autoestima. Mais especificamente, a autoestima é
composta de duas palavras em uma. Separe-os e o significado fica mais claro.
"Auto" é um conceito descritivo e que especifica a si próprio: por quais características
específicas identifico o que refere-se a mim? "Estima" é um conceito
avaliativo: como eu julgo o valor que tenho? Autoestima, então, refere-se a como
uma pessoa identifica e avalia sua definição de si mesmo.
Considere
a autoestima como identificação... Quando o adolescente compromete sua
identidade apenas com uma parte da vida (ter amigos, competir nos esportes, ter alto desempenho acadêmico, etc.), e os amigos se afastam, ou uma
lesão encerra suas participações nos esportes, ou o desempenho escolar
diminui, a estima desaba: "Eu não sou nada sem meus amigos!",
"Eu sou inútil sem o jogar futebol!", "Eu sou um fracasso se eu
não tirar uma nota A!". Para manter a constância relativa de bem-estar
durante os altos e baixos normais da adolescência, é realmente útil ter
múltiplos pilares de autoestima.
Considere
a autoestima como avaliação... Quando o adolescente é rotineiramente duro
consigo mesmo (insistindo na excelência, criticando-se por seus fracassos, punindo-se por seus erros, etc.), logo, quando suas expectativas não são satisfeitas, quando as suas imperfeições se tornam aparentes, quando comete erros humanos, daí então a estima
desaba: "Eu sou tão estúpido!", "O que há de errado comigo?",
"Eu não posso fazer nada certo!" Para manter a constância de
bem-estar durante os tentativas e erros da adolescência, será de muita valia que se aprenda a tratar-se com tolerância e compreensão.
Particularmente,
numa resposta a uma experiência ruim em que uma tomada de decisão impulsiva ou
insensata acarretou em erros, decepções ou problemas, um adolescente pode fazer uma
autoavaliação bastante severa, dando excessiva importância a passos comuns que, sistematicamente, diminuem a autoestima. Esses passos são (1) fazer uma má
escolha, (2) ter sentimentos negativos, (3) sentir-se culpado, (4) autocriticar-se,
(5) punir-se por agir mal, (6) tratar a situação desfavorável como merecida, e
(7) gastar mais energia em penitências do que em recuperação.
Se
o seu filho ou filha começar a autoagredir-se por fazer escolher imprudentes
ou porque a vida não está indo bem, você pode dizer a eles algo como:
"Machucar-se quando você já está machucando só piora a dor. Quando você
estiver sofrendo, fique um tempo sem se tratar mal – ao contrário disso, trate-se bem! Dessa forma você poderá se motivar a fazer melhor depois, numa outra ocasião".
Há algo mais que mais você pode dizer ao seu filho adolescente sobre a autoestima? Sim! Você pode dizer a ele o seguinte: "quanto mais estreitamente você se define e quanto mais você se avalia
negativamente, mais corre o risco de diminuir a sua autoestima. Nesse estado de infelicidade,
você, evidentemente, corre o risco de tratar mal a si mesmo e aos outros. Então, faça um
favor a si próprio e mantenha sua autoestima elevada, defina-se amplamente e
avalie-se gentilmente; na maioria das vezes, você apreciará o valor e
desfrutará da companhia de quem e como você é".
Existe
realmente essa coisa de ter muita autoestima muito positiva? A resposta é sim, e talvez não seja algo tão bom! As
pessoas que se valorizam muito, frequentemente acreditam que são superiores, e que sempre têm razão, são merecedoras de consideração e tratamento especiais, não
precisam admitir discordância, sabem de tudo (ou pelo menos tudo que vale a pena
conhecer), e que devem ser autorizadas para guiar a vida dos outros. Bem, o fato é que muitos
tiranos, pequenos e grandes, desde a criança autorizada até o cruel déspota,
tiveram uma autoestima extremamente alta porém ao custo de outras pessoas.

Por
fim, uma singela mensagem: se você quer se sentir orgulhoso de si mesmo, você
tem que fazer coisas que possa fazer você se sentir orgulhoso - os sentimentos seguem as
ações.
Espero
que essas informações sejam úteis para você e que lhe ajudem quanto à autoestima dos adolescentes. Há vários outros artigos no
Blog do Psicólogo (www.blogdopsicologo.com.br) que podem ser
interessantes para o seu momento de vida! Clique AQUI para informar-se sobre
relacionamentos abusivos na vida dos adolescentes.
Você
pode me “seguir” pelo Blog, Instagram (paulocesarpsi) ou pelo Facebook
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Um
abraço,
Psicólogo
Paulo Cesar
Psicoterapeuta
de adolescentes, adultos e casais.
Psicólogo
de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista.
Palestrante
sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
Consultório
próximo ao Shopping Metrô Santa Cruz. Atendimento
de segunda-feira aos sábados. Marcação de consultas pelo tel. 11.94111-3637 ou
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