Paulo
Cesar Teixeira Ribeiro
Como se
diz por aí, “casar é fácil, difícil é se separar!”.... E sim, é verdade que os
sentimentos e emoções vivenciados numa separação de casal podem tão intensos
que chegam a desestruturar uma pessoa, normalmente aquela que tem mais
dificuldade em lidar com a perda.
O
casamento pode ser considerado, psicologicamente, um espaço no qual o mundo
interno de cada um é reencenado e as necessidades e ansiedades se expressam na
expectativa de respostas e soluções. Sempre existem fantasias inconscientes de
cada cônjuge sobre como deve ser o casamento, sendo o amor o responsável pela
ilusão de encontrar, na realidade, a resposta para o desejo experimentado no
mundo inconsciente. Essa é uma visão psicológica da vida conjugal.
Claro que
ninguém se casa pensando em se separar. Ao contrário, as expectativas e o olhar
no futuro vislumbram apenas coisas positivas, além disso há ainda o
companheirismo, cumplicidade, amizade, apoio mútuo, lealdade, prazer e a
vontade de ter filhos e a vontade de formar a própria família. Porém, quando o
casamento acaba, uns “se resolvem” facilmente e outros se vêem sozinhos, ficam
deprimidos, não conseguem aceitar a nova realidade e lida com o novo status na
vida. De fato, essa pessoas podem ficar tão estressadas que poderão sofrer,
além da depressão que mencionei, de transtornos como ansiedade, síndrome do
pânico, hostilidade, medo, raiva, abuso de álcool ou drogas, e, é claro, crises
existenciais profundas. Esse artigo está endereçado a quem sofre intensamente a
perda do amor. Essas pessoas se apegam fortemente às outras e a incluem em suas
próprias identidades, mesmo que seus relacionamentos sejam destrutivos. Mas no
dia em que o casamento ou o namoro termina é preciso descobrir sozinho o que
fazer, e não há rito predeterminado para isso. É hora de descobrir por conta
própria o que fazer, para onde ir, para quem e com quem contar, e, acima de
tudo, como reorganizar a própria vida e retomar a rotina.
Para
digerir tudo isso é importante falar sobre o que sente, pensa. Isso faz parte
da busca pelo entendimento do que se passou, favorecendo a reconstrução de uma
nova identidade, a recuperação da autoestima, deixar de chorar por algo que
aconteceu e tocar a vida para frente. O tempo é importante, sendo que uns levam
mais, outros menos tempo, mas é fundamental parar para elaborar o que ocorreu,
o que foi sentido, o que foi e que não foi vivido. Com o tempo, a pessoa
consegue refazer seus planos, abandonando os antigos projetos, e perceberá que
a felicidade e as inúmeras possibilidades que nos levam a ela, está em nós e
que só depende de nós mesmos alcançá-la e apropriar-se dela. Nesse estágio,
posso afirmar que o “ex-sofredor” aceitou a separação. Aceitar não é se
conformar, não é passar a gostar do que aconteceu, não é concordar com o que
aconteceu. Aceitar é combinar com você mesmo que você não vai mais entrar nessa
briga interna a respeito do acontecido e vai seguir com a vida.
Aprendi
ao atender clientes em separação ou divórcio, que é praticamente inevitável o
entorpecimento causado pelo choque e que não deixa a “ficha cair”. A isso,
costuma seguir a raiva e as tentativas de manter a relação, quando então, vendo
o insucesso da tentativa, entra em desespero, reconhecendo finalmente a perda e
a impossibilidade da voltar. Por fim, vem a tão desejada recuperação, com a
tristeza dando lugar a sentimentos positivos e a pessoa avaliando o que fará
para viver bem a nova vida.
Algumas
dicas que sugiro para superar essa difícil fase são as seguintes:
• Fale
sobre sua perda e sua dor. Não evite o assunto pois falar sobre ele faz bem. O
psicólogo pode ser a pessoa com quem você fará o desabafo.
• Em
hipótese alguma, aceite o sentimento de culpa. Simplesmente analise o que
aconteceu.
• Elabore
os sentimentos negativos como a raiva pois é importante percebê-los e
expressá-los.
• Não se
isole.
• Evite
decisões importantes ou grandes mudanças no primeiro ano após a separação.
•
Exercite lembrar-se de eventos positivos de sua vida em que não houve a
participação do outro.
• Se tem
algo do que se foi em sua casa, empacote tudo, devolva ou guarde fora do seu
campo de visão.
• Passe
as datas importantes com seus amigos queridos e familiares.
• Não
queira mostrar aos seus amigos que você está infeliz.
•
Re-adeque-se à realidade da vida e ao trabalho.
• Não
tenha expectavas ilusórias.
• Pare de
se perguntar “Por que isso aconteceu comigo”? e faça perguntas que olham o
futuro como “O que devo fazer para ser feliz?”
Será
muito positivo se você procurar uma ajuda profissional, mas não aceite quem diz
que tudo será resolvido numa única ou poucas sessões, ou mesmo num alegre e
único momento grupal. Estalar os dedos e dizer "vai, seja feliz" é
uma atitude irresponsável. Vai acontecer que na primeira emoção/frustração mais
marcante você poderá ver no chão o pseudo-equilíbrio instalado pela cura
imediata. Saiba que a maioria das pessoas que fazem psicoterapia não são
doentes: são pessoas comuns enfrentando problemas, passando por crises e muitas
delas sofrendo uma perda. Com o psicoterapeuta você poderá dividir seu
sofrimento, sua revolta, seu medo, suas lembranças dolorosas, sua culpa e seus
conflitos, e será compreendido e orientado nas decisões a serem tomadas. As
sessões de terapia, seguramente, farão você se sentir melhor!
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Um abraço,
Psicólogo
Paulo Cesar
Psicoterapeuta
de adolescentes, adultos, casais e gestantes. Psicólogo de linha humanista com
acentuada orientação junguiana e budista. Consultório próximo à estação Vila Mariana do metrô. Atendimento
de segunda-feira aos sábados. Marque uma consulta pelo celular whatsapp 11 94111-3637.