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Daqui em diante, você encontrará muitos outros artigos sobre psicologia. A finalidade da Psicoterapia é entender o que está ocorrendo com o cliente, para ajudá-lo a viver melhor, sem sofrimentos emocionais, afetivos ou mentais. Aqui você encontrará respostas sobre a PSICOTERAPIA - para que serve e por que todos deveriam fazê-la. Enfim, você encontrará nesses artigos,informações sobre A PSICOLOGIA DO COTIDIANO DE NOSSAS VIDAS.

GESTOS DE EQUILÍBRIO


Em nossa sociedade, quase todo mundo tem medo da morte, mas para apreciar plenamente a vida, precisamos enfrentar essa realidade. A impermanência e a morte são partes integrantes do estar vivo e conscientizar-se disso pode vibrar dentro de pessoa e despertá-la. Nascer como ser humano é um privilégio muito raro e é importante que apreciemos nossas vidas.

Com a compreensão da impermanência, muitos dos aspectos da vida que comumente achamos fascinantes já podem nos parecer menos atraentes. Porém, com essa compreensão, mais facilmente podemos largar nossos apegos e medos, assim como a nossa pequena casca de proteção. Pensar na impermanência da vida nos desperta - damo-nos conta de que nesse exato momento estamos de fato vivos e que à vida devemos responder!

Nossos padrões de hábitos são muito difíceis de quebrar e, quando o tentamos, sempre aparecem obstáculos pois nossos desejos e apegos nos induzem a repetir os mesmos modelos destrutivos. Nossas necessidades emocionais não somente nos habituaram às coisas materiais, como também à nossa identidade pessoal. Mas, enquanto não nos soltarmos dos nossos apegos à personalidade e à auto-imagem, será difícil ver esses padrões de vida, quanto mais mudá-los.
Às vezes renunciamos a coisas importantes: nosso dinheiro, nosso lar, etc....., sem muita dificuldade. Mas os apegos emocionais, tais como o elogio, a censura, o ganho e a perda, o prazer e a dor, as palavras bondosos e as ásperas, são muito sutís. Estão além do nível físico. Eles existem na personalidade ou na auto-imagem e não estamos dispostos a deixá-los partir.

Nossos apegos exercem uma influência magnética, que nos retém num lugar como se estivéssemos na prisão. É difícil dizer se essa força controladora provém de nossos atos passados, do nosso medo da morte ou de alguma origem desconhecida; o fato é que sentimos que não podemos nos mover e, assim, toda a sorte de frustração e mais sofrimento. Entretanto, à medida em que crescem nossa compreensão e nossa percepção, vemos a importância de trabalhar as nossas emoções, apegos e negatividades, e vemos também que a solução final vem de dentro. Nesse momento, em que despertamos para nossa penosa condição, começamos a mudar nossas atitudes mais íntimas com algum progresso verdadeiro, pois as mudanças estão dentro de nós. Quando observamos com cuidado, os nossos sentidos e sentimentos, aprendemos a aceitar-nos, a apreciar-nos e a estar abertos para os outros. Através da integração e do equilíbrio de nossas mentes e dos nossos corpos é possível atingir a paz interior e a alegria que é o amor.

Freqüentemente, sentimo-nos desconfortáveis no presente e aflitos porque o que quer que esteja acontecendo é um tanto ou quanto inesperado. Achamos difícil relacionar-nos aberta ou diretamente com as situações. Enquanto focalizamos o passado ou o futuro, nunca lidamos com o presente e, assim sendo, ele nunca nos dá uma satisfação verdadeira. Quando encontramos dentro de nós inspiração, abertura e equilíbrio, nossa vida se torna genuinamente feliz e digna de ser vivida, e podemos então, encontrar felicidade até no nosso trabalho, pois a base do caminho espiritual é o desenvolvimento em nós mesmos, do que é verdadeiramente equilibrado, natural e significativo.

O desfrutar a vida pode ser extremamente importante para nós; porém, freqüentemente, projetamos a satisfação no futuro, de modo que nossas vidas se enchem de sonhos vazios. Isso não quer dizer que devamos deixar de fazer planos inteligentes para o futuro, mas que devemos viver mais plenamente no presente, e assim, cresceremos na direção de nossas metas futuras até alcançá-las. Quando nos abrimos para a nossa experiência presente, compreendemos que, exatamente agora, podemos defrutar as nossas vidas.

Por Psicólogo Paulo Cesar - Extraído do livro do autor Tartang Tulku
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"Encaro essa vida como o percurso de uma essência real; a alma apenas deixa sua corte para ver o país. Os céus tem em sí uma representação da terra e se a alma se tivesse contentado com idéias, não teria viajado para além do mapa. Mas os padrões excelentes lhes explora a simetria, ela a forma. Assim, sua descendência reproduz o original..." (Thomas Vaughn)

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Psicólogo Paulo Cesar

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O BEM DA AMIZADE - COMENTÁRIOS

Comentários do Dr. Rubem Vilas Boas acerca dos textos "O Bem da Amizade1e2"

Paulo,

Venho questionando, a tempo, de quanto é importante uma rede de relações em todos os seguimentos de uma sociedade, a saber: trabalho, academia, clube, condomínio, família etc. Não tenho dúvida sobre os benefícios oriundos das relações. Como disse, somos seres por excelência sociáveis e precisamos estar em grupos de convivência para nos sentirmos integrados, plenos, valorizados, amados e felizes. Este sentimento de pertencimento nos faz vivos e nos dá apoio para enfrentarmos com menos sofrimento as demandas da vida, em todos os estágios do desenvolvimento humano e principalmente na meia idade e nos seguintes quando as limitações por conta da decadência física e seus desdobramentos se impõem e constatamos que aquela autonomia que tínhamos na juventude está indo embora. Estas relações despontam para outras de im portância maior, sem desconsiderar qualquer que não chegou a graduação máxima. Estou falando, agora, da AMIZADE. A amizade é um bem preciosismo e é inafiançável, é algo conquistado e que vai acontecendo e se firmando ao longo da vida. Costumo dizer que a amizade é a relação mais importante. Via de regra vemos a toda hora namoro, caso, casamento, acabando – alguns duram e chegam até o fim das vidas, mas não constitui a maior prevalência. Diferentemente a amizade quando se estabelece, é cultivada e compreendida, nos acompanha até os últimos dias de existência. Mas parece que a sociedade pós-moderna não está tão ligada na importância das relações. A dinâmica de uma vida atribulada onde o tempo é escasso e estamos correndo para dar cumprimento a nossas demandas e a outras questões de várias ordens fazem com as relações se percam e nos sentimos privados de desfrutá-las. A rede social enfraquece e o isolamento se estabelece. Então o tempo vai escorrendo e nos mostrando que contamos os amigos nos dedos e a constatação de estarmos em déficit de contatos nos faz perder o prazer e a essência de estarmos efetivamente vivos e gozando da melhor saúde física, mental, espiritual e emocional.
Abração
Atenciosamente
Rubem Vilas Bôas
psicólogo
tels.: (71) 8803 8808/ 9211 9586/ 3240 7375
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana” C. G. Jung



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O BEM DA AMIZADE 2

Os benefícios da interação social e do círculo de amigos e parentes na meia idade
da redação do site Maisde50.com.br
02/03/2012


Paulo César destaca ainda que "a sensação de proteção que a amizade nos proporciona, nos dá força em recuperações. Os sentimentos positivos derivados de uma boa vida social elevam, também, a resposta imunológica, tornando as pessoas mais resistentes. Esses são apenas alguns exemplos de tantas consequências positivas que a vida social causa num indivíduo. Estejam os amigos próximos fisicamente ou não, a importância de manter essas relações é muito grande – embora aquele que se encontre mais próximo tenha mais influência no seu bem-estar".
Para você entender melhor o bem que a família e os amigos fazem, o psicanalista Paulo César Ribeiro preparou uma lista com quatro dicas simples e bem práticas.
1. Manter contato com as pessoas pelo menos seis horas por dia
Parece muito? A dedicação e o interesse pelo outro serão pedras fundamentais para que se aproveite ao máximo as suas relações sociais. Esse contato aumenta a sensação de bem-estar e diminui as preocupações e o estresse isso pode ser conseguido com um bate-papo no café, almoço com os colegas do trabalho, conversas ao telefone, enviar e-mails e torpedos etc.

2. Absorver a positividade dos seus amigos
Devemos dar preferência aos amigos que mantenham uma "positividade" das interações. Os amigos têm o grande poder de mudar nossas percepções, especialmente quando estamos “pra baixo”. Pode-se também aproveitar a rede de relacionamento e formar grupos de melhoria da saúde: grupo de atividade física, de controle da obesidade, etc. Especificamente para o lazer, podemos pensar nos grupos de dança e os de viagens.

3. Aceitar e valorizar a si mesmo
Com o envelhecimento, podemos nos afastar dos nossos amigos e das pessoas com quem antes convivíamos. Isso pode ocorrer com mulheres e com homens, porém é mais frequente com elas. Isso decorre das variações hormonais e de mudanças no estado de humor das pessoas: depressão, apatia, etc. bem como da autoestima de cada um. Quanto mais a mulher se valoriza e se aceita, menos se afastará dos seus amigos.

4. Olhar para dentro de si
Muitas relações, inclusive as com familiares próximos, podem ser fonte de muito estresse e desgaste emocional. Nesses casos, ao invés de serem positivas para a nossa saúde, essas relações podem até prejudicá-la. Sempre recomendo o “olhar pra dentro”. Temos que nos descobrir e ter um bom autoconhecimento para sabermos separar as nossas fantasias da realidade. Se uma pessoa consegue realizar essa distinção, estará sempre equilibrada, em todos os sentidos.

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O BEM DA AMIZADE 1

Os benefícios da interação social e do círculo de amigos e parentes na meia idade
da redação do site Mais de 50.com.br
02/03/2012


O seu vizinho é um mala, seu marido tá sempre reclamando e os filhos, volta e meia, te deixam de cabelo em pé. A vida em sociedade nem sempre é fácil, mas é a partir dela que construímos a nossa personalidade e os nossos valores. Poucas pessoas conseguem fazer essa relação ou valorizam o quanto essas relações significam, embora elas sejam importantíssimas, inclusive para a manutenção da nossa saúde física e mental. Entenda os benefícios da interação social e descubra como tirar proveito até nas situações mais complicadas.

Buscar um grupo para fazer parte e interagir faz parte do instinto do ser humano. De acordo com o psicanalista Paulo César Ribeiro, "uma das características do ser humano é o seu instinto gregário. E isso é ótimo, foi assim que a humanidade conseguiu sobreviver. A vida em sociedade permite o amplo aprendizado, consigo próprio e com os outros, sobre as melhores formas de expressar e exercitar o que nos interessa, respeitando a tipicidade do grupo e a sua cultura. Precisamos do outro para saber se crescemos, o outro é que nos informa, direta ou indiretamente, a nossa própria evolução e adequação social".

Se olharmos para trás, não conseguiremos contar a quantas relações sociais tivemos ao longo da vida. Para a psicanalista e doutora em Comunicação e Semiótica Fani Hisgail, "como o bem supremo que é, a vida acontece naturalmente em sociedade e é importante que a pessoa tenha convívio social. Ter 50 anos hoje ainda é estar na metade da vida. Ainda tem muita estrada pela frente e é preciso viver em grupo. Só assim, é possível definir a sua identidade e lidar com questões complexas, como vida, morte e envelhecimento. Conviver é fundamental".

Além da observação indireta de crescimento pessoal, a vida sociedade ainda pode trazer grandes benefícios para a nossa saúde, principalmente depois dos 50. Paulo César comprova isso com base científica. "Há estudos que mostram que pessoas mais idosas com um amplo círculo de amigos tinham 22% menos chance de morrer do que os indivíduos com poucos amigos. Em Harvard, outra pesquisa indicou que os bons laços de amizade mantêm a saúde cerebral durante o envelhecimento. Outra pesquisa, também com pessoas acima dos 50, mostrou que a memória dos socialmente ativos era melhor do que entre os mais solitários", mostra.

A família, os vizinhos e colegas de trabalho são partes fundamentais da nossa vida social, mas nenhuma delas tem tanto valor quanto a amizade. Fani diz não acreditar que "as pessoas conheçam o real significado de uma amizade. Os seres humanos ainda não evoluíram o suficiente para pensar no que é a amizade. Esse é o estágio de relação social mais difícil de atingir na vida. 'Amigos se contam nos dedos', já diziam. A amizade é essencial em todas as fases da vida e pessoas que chegaram à maturidade sem amigos de verdade devem prestar muita atenção, pois alguma coisa há de errado".

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POR QUE FAZER PSICOTERAPIA?


Não me parece exagero dizer que o mundo civilizado elege aquilo que é concreto ou palpável como indicativo ou referencial para definir aquele que possa ser chamado ou não de bem sucedido na vida. O ser humano vem dedicando seu interesse quase que exclusivo a essa modalidade de conquista. Assim me parece caminhar o sujeito humano civilizado.

A humanidade parece enfrentar um período da historia onde a infertilidade (para não dizer esterilidade) na produção do pensamento é algo preocupante. O bem material se tornou tão valorizado que sufoca a cada dia a capacidade de reflexão do homem. Lembro-me então do saudoso Raul Seixas quando cantava sobre…


“As mensagens que nos chegam sem parar, ninguém pode notar, estão muito ocupados para pensar…”.Raul Seixas, S.O.S.

Como poderia então um sujeito se dispor a momentos onde a concretude das coisas simplesmente perde o valor e dentro de uma sala, deitado num divã, propor junto com seu analista, pensar e tentar através da reflexão entender sua dor, ou de alguma forma aliviar o peso de perceber sua angustias? Essa angustia que com nome de dor, a cada dia se torna mais localizada no corpo físico e longe dos conflitos psicológicos, ou pelo menos sem chance de associação entre uma e outra. Poderíamos dizer: cada dia mais perto do corpo (concreto) e mais distante da alma (subjetivo).

A tecnologia se desenvolve assustadoramente para dar conta dessa dor que surge no corpo. Medicamentos são desenvolvidos cada vez mais eficazes para amenizar essa dor e o homem ganha assim status e onipotência de um Deus. A aceitação do próprio corpo que poderia ser um bom exercício de reflexão sobre si mesmo foi substituída por um avanço espantoso na medicina estética que coloca próteses de silicone para introduzir o que se imagina faltar e retira o que não é desejável. A “casca” do ser humano fica cada vez mais bela, por pequenas fortunas. A evolução medica cura as mais variadas formas de câncer (muitas delas adquiridas pelo consumo de substancias que ele próprio criou). Na psiquiatria elaboram-se antidepressivos e ansiolíticos cada vez mais desenvolvidos, que a cada dia se aplica menos em nome de uma patologia fisiológica, mas em nome de uma psiquiatria estética, onde talvez fosse uma oportunidade de certo trabalho psicoterapeutico, no sentido de restabelecer a capacidade de pensamento e reflexão da própria vida.

Cria armas cada vez mais elaboradas para destruição em massa; promove-se catástrofes na natureza de grandes proporções, como derramamento de óleo no mar, desmatamento e destruições de rios com descarga de esgoto. Como escreve Freud em 1930, no texto O mal estar nas civilizações:
“… As épocas futuras trarão com elas novas e provavelmente inimagináveis grandes avanços nesse campo da civilização e aumentarão ainda mais a semelhança do homem com Deus…”.

Mas, esse desejo sendo realizado sem que se desenvolva a capacidade de pensamento, caracteriza um modo perigoso de caminhar. O indivíduo se vê impelido a buscar uma garantia concreta para o amanhã. Contudo, na busca pelo material a rivalidade e a competição são conflitos sempre presentes. Em uma sociedade onde a família e suas tradições são cada dia menos valorizadas, fica também ameaçado o ambiente de acolhimento e segurança para se sonhar, imaginar e pensar. Desenvolver o aparelho pensador.

Penso que esse modelo de ser humano que somos hoje, necessita urgentemente resgatar sua capacidade de pensar – a principal habilidade que o difere dos outros animais. Pois, ao colocar essa capacidade em prática, também passa a valorizar o subjetivo. Aquilo que ainda não é, mas pode vir a ser. Esquecemos completamente de que tudo aquilo que podemos constatar pelos órgãos dos sentidos é passageiro, mas aquilo que não se pode perceber pelo sensorial é eterno.

A psicanálise assim como as psicoterapias busca, sobretudo, reconstruir essa capacidade de pensamento e imaginação, propõe a produção de pensamento pelo pensamento, esse que constrói o amanhã. O amanhã que é sempre incerto e que na verdade ainda não existe, mas nos preocupa no que poderá nos trazer. O devir. O amanhã só existe hoje se pudermos imaginá-lo e pensá-lo em suas reais possibilidades. Na relação analítica, ou seja, naquilo que se constrói entre terapeuta-paciente, o sujeito tem chance de se conhecer em seus desejos e seus medos (que andam lado a lado). Nesta descoberta podemos criar um modo de ser mais adequado para vivermos em um mundo que também se adequará a nós. Falo antes de tudo de um movimento de expansão da capacidade de reflexão e pensamento.

Fonte: Prof. Renato Dias Martino – Psicoterapeuta e Musico

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FAMÍLIA É UM PRATO DIFÍCIL DE PREPARAR

(Extraído do livro "O Arroz de Palma", de Francisco Azevedo)


Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e no Ano Novo.

Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir. 

Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio. Mas a vida, (azeitona verde no palito) sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. 

O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida. 

Fulana sai a mais inteligente de todas. Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade. Sicrano, quem diria? Solou, endureceu, murchou antes do tempo. Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante. Aquele o que surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente. 

E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia. Como saiu no álbum de retratos? O mais prático e objetivo? A mais sentimental? A mais prestativa? O que nunca quis nada com o trabalho? 

Seja quem for, não fique aí reclamando do gênero e do grau comparativo. Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte da sua vida. 

Não há pressa. Eu espero. 

Já estão aí? Todas? Ótimo. Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados. 

Logo, logo, você também estará cheirando a alho e cebola. 

Não se envergonhe de chorar. Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza. 

Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco. Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias, que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa. Atenção também com os pesos e as medidas. 

Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre. 

Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido. 

Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional. Principalmente na hora que se decide meter a colher. Saber meter a colher é verdadeira arte. 

Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na
hora errada. O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem. Tudo ilusão. 

Não existe “Família à Oswaldo Aranha", "Família à Rossini”, Família à “Belle Meunière” ou “Família ao Molho Pardo” em que o sangue é fundamental para o preparo da iguaria. 

Família é afinidade, é “à Moda da Casa”. E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito. Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada, seriam assim um tipo de “Família Diet”, que você suporta só para manter a linha. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir. 

Enfim, receita de família não se copia, se inventa. A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia- a -dia. A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel. Muita coisa se perde na lembrança, principalmente na cabeça de um velho já meio caduco como eu. 

O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer. Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas. Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo. 

Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.

Psicólogo Paulo Cesar
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COMO SABER SE SOU ALCOÓLATRA?


(Série: Reeditando artigos interessantes)

Poucas coisas são mais gostosas que voltar para casa, tirar o sapato e tomar uma cerveja. Disso todo mundo já sabe, mas, o que ninguém fala por aí é que cada vez mais profissionais ligados à área da saúde apontam que álcool e tabaco, justamente as drogas legalizadas do Brasil, como os principais problemas de nossa saúde pública. E você, que adora uma bebida (e às vezes gosta de dar trabalho para os amigos), saberia dizer se é um alcoólatra?

Ao contrário do que muitos imaginam, beber muito não significa necessariamente ser alcoólatra e sim aquela pessoa que é dependente da bebida (não consegue viver um dia sem ela), assim como qualquer outra droga. "Normalmente a gravidade é avaliada a partir do padrão de uso do álcool pelo indivíduo, e pelas consequências percebidas para a vida, família e o trabalho da pessoa”, diz a psiquiatra e coordenadora do Grupo de Apoio ao Tabagista (GAT), Célia Lídia da Costa.

Segundo o grupo Alcoólicos Anônimos, existe uma série de "sintomas" que indicam que alguém pode ser viciado em álcool, como tentar parar de beber por uma semana (ou mais) sem conseguir o objetivo; a bebida ter causado incidentes em casa; pensar que poderia aproveitar melhor a vida se não bebesse; faltar no serviço nos últimos doze meses por causa da bebida; afirmar que para quando quiser, mas não conseguir. Não é preciso se identificar com todos estes fatos, mas se o perfil desta pessoa se enquadra em algumas dessas situações, seu caso deve ser levado em consideração.

Sílvio Magalhães, coordenador de mídia do AA, explica que o alcoolismo é uma doença de tratamento semelhante ao do diabetes quanto ao aspecto de que não há cura, mas sim um controle constante. "Uma de nossas recomendações é a de que este alcoólatra mude sua rotina radicalmente, sem levar consigo a lembrança do álcool. É uma grande oportunidade para se começar uma nova vida", explica. As reuniões têm duração média de duas horas, são gratuitas e abertas a quem estiver a passar por este problema.

psicólogo Paulo César Ribeiro também aponta como um dos principais sintomas do alcoólatra justamente a negação de que está se tornando um dependente da bebida. "É difícil encontrar a linha que separa o alcoólatra social do dependente e o receio de ser estigmatizado reforça a necessidade de negar que está fazendo uso contínuo de bebidas alcoólicas. Mas, deve-se estar atento deve estar atento a qualquer modificação do comportamento, tais como frequentes explosões temperamentais com manifestação de raiva, atitudes hostis, falta de diálogo e perda de interesse no cônjuge", enumera.to ao aspecto de que não há cura, mas sim um controle constante. "Uma de nossas recomendações é a de que este alcoólatra mude sua rotina radicalmente, sem levar consigo a lembrança do álcool. É uma grande oportunidade para se começar uma nova vida", explica. As reuniões têm duração média de duas horas, são gratuitas e abertas a quem estiver a passar por este problema.

"O álcool parece atuar sobre os canais existentes nas membranas de células do cérebro.
Através destes canais, o álcool aumenta ou diminui a atividade elétrica do cérebro, e esse efeito altera todas as funções cerebrais. Normalmente, sem o álcool, os canais são abertos ou fechados pela ação de neurotransmissores (substâncias produzidas no próprio cérebro) ou por necessidades dos neurônios. Quando o álcool se liga ao receptor no canal (chamado GABA), ele promove uma inibição da atividade cerebral. O resultado é relaxamento e sedação", explica Célia.

Além desse aspecto, o álcool é uma droga muito ligada a um preenchimento de tristeza, solidão e depressão por parte do alcoólatra. "Trata-se de um comportamento que busca o prazer ou busca a evitação da dor. Ocorre, porém, que depois de um tempo, a pessoa não consegue mais o resultado pretendido com o uso do álcool e ao tentar abster-se, os sintomas desagradáveis se manifestam e para evitá-los, a pessoa mantém o uso do álcool", aponta Paulo César.

O que acontece com o organismo de um alcoólatra?

"O uso prolongado e excessivo de álcool promove uma diminuição da massa do cérebro, que fica mais leve e encolhido do que o cérebro de pessoas sem história de alcoolismo, acarretando na perda de funções intelectuais superiores como o raciocínio, capacidade de abstração de conceitos e lógica, além de afetar a memória e a coordenação motora", explica Paulo César.

Ele também aponta outros graves problemas corporais que atingem o trato digestivo, coração, músculos, sangue, glândulas hormonais. "Pancreatite e afecções sobre o fígado (cirrose, por exemplo) são conseqüências nefastas e comuns. Patologias cardíacas, diminuição da função sexual masculina e da libido também são sintomas bastante frequentes do alcoolismo".

Medidas para reduzir o alcoolismo

Acontece que ao contrário da indústria tabagista, que sofreu uma série de revezes em termos de publicidade, as bebidas alcoólicas continuam a ser vendidas como um produto ligado a diversão. "As propagandas vendem mais do que o próprio produto. Elas vendem idéias ou mensagens que incentivam as pessoas a comprá-lo; as empresas que produzem bebidas alcoólicas gastam muito tempo e dinheiro criando a imagem de que consumir bebidas alcoólicas pareça ser atraente”, diz.

Em 2007, o Governo Federal lançou a Política Nacional sobre o Álcool, que carrega como meta a diminuição do consumo de bebidas alcoólicas no Brasil e evitar que o álcool seja consumido com tanta facilidade por menores de 18 anos. "Pela proposta, as bebidas com teor alcoólico acima de 13%, como uísque, por exemplo, só poderão ter publicidade veiculada na TV entre 21h e 6h. No caso das cervejas e das bebidas mais leves, só poderá haver propagandas entre 8h e 20h", lembra.

Os números assustam: cerca de 10% da mortalidade do Brasil se dá em consequência do abusivo consumo de bebidas alcoólicas – seja em acidentes de trânsito ou por doenças e complicações de saúde geradas pelo vício. Outro dado alarmante vem do 2º Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas, promovido pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad). Ele aponta que 12,3% das pessoas, com idades entre 12 e 65 anos, são portadores de alcoolismo. E se o número de fumantes tem diminuído nos últimos anos no Brasil, ainda que aos poucos, não se pode dizer o mesmo sobre o álcool.

Fonte: Texto escrito por Carlitos Massarico – Site ÁreaH (um site destinado ao público masculino)

Espero que tenha gostado desse artigo. Há vários outros artigos no Blog do Psicólogo (www.blogdopsicologo.com.br) - acesse-os! CLIQUE AQUI para saber mais sobre o alcoolismo.

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Psicólogo Paulo Cesar
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A PAZ NO MUNDO

(Geraldo Eustáquio de Souza)

A paz no mundo começa dentro de mim, quando eu me aceito, de corpo e alma e reconheço meus defeitos, com paciência e calma...
e em vez de me fragmentar em mil pedaços, eu me coloco inteiro no que penso, sinto e faço,
passageiro no tempo e no espaço, sem nada para levar que possa me prender,
sem medo de errar e com toda vontade de aprender.





A paz no mundo começa entre nós, quando eu aceito o teu modo de ser sem me opor ou resistir e reconheço tuas virtudes sem te invejar ou me retrair,
e faço das nossas diferenças a base da nossa convivência e em lugar de te dividir em mil personagens, consigo ver-te inteiro, nu, real, sem nenhuma maquiagem,
companheiros da mesma viagem no processo de aprendizagem do que é ser gente.

A paz no mundo começa quando as palavras se calam e os gestos se multiplicam,
quando se reprime a vergonha e se expressa a ternura,
quando se repudia a doença e se enaltece a cura,
quando se combate a normalidade que virou loucura e se estimula o delírio de melhorar a humanidade,
de construir uma outra sociedade com base numa outra relação em que amar é a regra, e não mais a exceção.


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Psicólogo Paulo Cesar

Psicoterapeuta de adolescentes, adultos, casais e gestantes. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Consultório próximo ao Shopping Metrô Santa Cruz. Atendimento de segunda-feira aos sábados. Marque uma consulta pelos fones 11.5081-6202 e 94111-3637 ou pelos links www.psicologopaulocesar.com.br ou www.blogdopsicologo.com.br  

AUTOESTIMA: NÃO A PERCA!


Por Paulo Cesar T. Ribeiro

No Wikipédia encontra-se uma definição para auto-estima que refere-se à avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau (Sedikides & Gregg, 2003). Ainda segundo esse site, a auto-estima envolve tanto crenças autossignificantes (por exemplo, "Eu sou competente/incompetente", "Eu sou benquisto/malquisto") como emoções autossignificantes associadas (por exemplo, triunfo/desespero, orgulho/vergonha). Particularmente, gosto da definição que afirma que auto-estima é a capacidade de valorizar a si próprio, reconhecer e aceitar os próprios dons, capacidades e desenvolver o amor-próprio. Isso implica na capacidade de confiar em si próprio, de se sentir capaz de enfrentar os desafios da vida e saber expressar de forma adequada para si e para os outros as próprias necessidades e desejos. Esse conceito tem estreita ligação com o conceito de assertividade, o qual é definido como a capacidade de se expressar franca e sinceramente, sem negar os direitos dos outros, contudo, sabendo defender o próprio espaço sem recuar e, também, sem agredir. Uma conseqüência bastante comum nas relações com uma pessoa de boa auto-estima é que este não deixa dúvidas sobre o que quer e o que não quer em seus relacionamentos.

A auto-estima funciona como se fosse o sistema imunológico da consciência, protegendo a pessoa contra os momentos difíceis que passa na vida, fornecendo resistência, força para agir, capacidade de regeneração, reforço do instinto de sobrevivência e aumentando a disposição para criar e manter relacionamentos saudáveis. Começa a se formar ainda na infância, através dos relacionamentos primários que vivencia. Assim, é fácil concluir que as experiências do passado exercem significativa influência no grau da auto-estima do adulto.
Neste artigo, interessa-me mais alertar sobre as nefastas conseqüências da baixa auto-estima para a vida de uma pessoa. Muitas experiências decepcionantes, frustrações, situações de perda, ou a falta de reconhecimento por aquilo que realiza são comuns causadores da perda da auto-estima. Alie-se a isso, a qualidade de vida das grandes cidades, onde poucos se importam com o próximo e onde há um predomínio do egoísmo nas relações interpessoais, uma verdadeira transformação do ser humano para uma condição de supervalorização do material em detrimento do ser.
A perda da auto-estima está sempre associada à “instalação” de um padrão desfavorável de pensamentos sobre si mesmo e que pode ter, como conseqüências dramáticas, o agravamento da ansiedade, o sofrimento pela distimia e pela depressão, o abandono escolar, condenações criminais, problemas no trabalho, problemas de dinheiro e superficialidade nos relacionamentos.

A pessoa mantém um padrão desfavorável sobre si mesmo que afeta a sua auto-imagem. Ele não gosta deste padrão mas insiste nele porque aprendeu a receber como respostas, aquilo que chamamos de “ganhos secundários” (aprovação social, por exemplo). Como disse, isso é conseqüente das relações primárias e por estas mesmas relações esse quadro é mantido, acarretando num hábito, ou seja, um comportamento que se repete indefinidamente. Uma vez criado o hábito, o padrão de auto-concepção positivo ou negativo vai influenciar os eventos nos quais a pessoa presta atenção, o tipo de percepção que vai tomar consciência, as memórias que vai lembrar e o que ele vai pensar. O padrão mental afeta até os novos pensamentos e as respostas que a pessoa vai dar, sempre na direção de manter o padrão desfavorável e, conseqüentemente, a baixa auto-estima. Em outras palavras, a pessoa pensa negativamente a respeito de si mesmo, e faz de tudo para provar a si mesmo que ele está certo ao avaliar-se negativamente, criando uma verdadeira prisão mental onde o sofrimento psicológico é inevitável. Pior ainda, trata-se de um quadro que refina-se a cada repetição, lançando mão de vários mecanismos de defesa (negar, racionalizar, projetar, compensar, chamar a atenção, etc.) que impedem a pessoa de enxergar-se como verdadeiramente é. Algumas pessoas experimentam a psicossomatização, ou seja, expressam no corpo, sob forma de doença física, uma dor emocional. Outros ainda acabam por se submeterem a diversos vícios tais como beber, comer, usar drogas, comprar compulsivamente, navegar na internet, jogar, etc. Claro que isso significa que a pessoa vai estar envolvido com a auto-agressão, a auto-destruição, associação a pessoas auto-destrutivas e até mesmo, suicídio. A pessoa vive, por assim dizer, de experiências negativas e que são reforçadoras da baixa auto-estima. Assim, freqüentemente expõe-se aos traumas, acumula situações inacabadas, cultiva a procrastinação e evita os demais.

Para melhorar, uma pessoa com esse hábito tem que exercitar a assertividade para perceber que sua imagem pessoal é diferente do que ele percebe a si mesmo. Isso eleva a auto-confiança que, por sua vez, cria um desejo de transformar as características negativas em positivas. A terapia é fundamental nesses casos, porém, se não houver a vontade de quebrar esse circulo vicioso, nada acontecerá.

Fica a mensagem: viver a vida de forma positiva, respeitando-se e aos demais, valorizando-se e cultivando uma boa auto-imagem, Isso, seguramente, será uma proteção contra a perda de algo tão importante como a estima pessoal.

ALCOOLISMO - SAIBA MAIS SOBRE ESSE TRANSTÔRNO

(Série: Reeditando artigos interessantes)

Alcoolismo é o conjunto de problemas relacionados ao vício de ingestão excessiva e regular de bebidas alcoólicas. Existe a dependência, a abstinência, o abuso (uso excessivo, porém não continuado), intoxicação por álcool (embriaguez), síndromes amnéstica (perdas restritas de memória), demencial, alucinatória, delirante, de humor, distúrbios de ansiedade, sexuais, do sono e distúrbios inespecíficos. Por fim, o delirium tremens, que pode ser fatal.

O fenômeno da Dependência: O comportamento de repetição obedece aos mecanismos básicos do reforço positivo e o negativo. O reforço positivo refere-se ao comportamento de busca do prazer: quando algo é agradável a pessoa busca os mesmos estímulos para obter a mesma satisfação. O reforço negativo refere-se ao comportamento de evitação de dor ou desprazer. Quando algo é desagradável a pessoa procura os mesmos meios para evitar a dor ou desprazer, causados numa dada circunstância. No começo, a busca é pelo prazer que a bebida proporciona. Depois de um período, quando a pessoa não alcança mais o prazer anteriormente obtido, não consegue mais parar porque sempre que isso é tentado surgem os sintomas desagradáveis da abstinência, e para evitá-los a pessoa mantém o uso do álcool.

Tolerância e Dependência: A tolerância e a dependência ao álcool são dois eventos distintos e indissociáveis. A tolerância é a necessidade de doses maiores de álcool para a manutenção do efeito de embriaguez obtido nas primeiras doses. Se no começo uma dose de uísque era suficiente para uma leve sensação de tranqüilidade, depois de duas semanas (por exemplo) são necessárias duas doses para o mesmo efeito. Nessa situação se diz que o indivíduo está desenvolvendo tolerância ao álcool. Normalmente, à medida que se eleva a dose da bebida alcoólica para se contornar a tolerância, ela volta em doses cada vez mais altas. Aos poucos, cinco doses de uísque podem se tornar inócuas para o indivíduo que antes se embriagava com uma dose. Um indivíduo que antes se embriagava com uma dose de uísque e passa a ter uma leve embriaguez com três doses está tolerante apesar de ter algum grau de embriaguez. O alcoólatra não pode dizer que não está tolerante ao álcool por apresentar sistematicamente um certo grau de embriaguez. O critério não é a ausência ou presença de embriaguez, mas a perda relativa do efeito da bebida. A tolerância ocorre antes da dependência. Os primeiros indícios de tolerância não significam, necessariamente, dependência, mas é o sinal claro de que a dependência não está longe. A dependência é simultânea à tolerância. A dependência será tanto mais intensa quanto mais intenso for o grau de tolerância ao álcool. Dizemos que a pessoa tornou-se dependente do álcool quando ela não tem mais forças por si própria de interromper ou diminuir o uso do álcool. O alcoólatra de "primeira viagem" sempre tem a impressão de que pode parar quando quiser e afirma: "quando eu quiser, eu paro". Essa frase geralmente encobre o alcoolismo incipiente e resistente; resistente porque o paciente nega qualquer problema relacionado ao álcool, mesmo que os outros não acreditem, ele próprio acredita na ilusão que criou. A negação do próprio alcoolismo, quando ele não é evidente ou está começando, é uma forma de defesa da auto-imagem. O alcoolismo, como qualquer psicodiagnóstico, é estigmatizante. Fazer com que uma pessoa reconheça o próprio estado de dependência alcoólica, é exigir dela uma forte quebra da auto-imagem e conseqüentemente da auto-estima. Com a auto-estima enfraquecida a pessoa já não tem a mesma disposição para viver e, portanto, lutar contra a própria doença. É uma situação paradoxal para a qual não se obteve uma solução satisfatória.

Aspectos Gerais do Alcoolismo: A identificação precoce do alcoolismo geralmente é prejudicada pela negação dos pacientes quanto a sua condição de alcoólatras. Além disso, nos estágios iniciais é mais difícil fazer o diagnóstico, pois os limites entre o uso "social" e a dependência nem sempre são claros. Quando o diagnóstico é evidente e o paciente concorda em se tratar é porque já se passou muito tempo, e diversos prejuízos foram sofridos. Para se iniciar um tratamento para o alcoolismo é necessário que o paciente preserve em níveis elevados sua auto-estima sem, contudo, negar sua condição de alcoólatra, fato muito difícil de se conseguir na prática. Deve-se estar atento a qualquer modificação do comportamento dos pacientes no seguinte sentido: falta de diálogo com o cônjuge, freqüentes explosões temperamentais com manifestação de raiva, atitudes hostis, perda do interesse na relação conjugal. O Álcool pode ser procurado tanto para ficar sexualmente desinibido como para evitar a vida sexual. No trabalho os colegas podem notar um comportamento mais irritável do que o habitual, atrasos e mesmo faltas. Acidentes de carro passam a acontecer. Quando essas situações acontecem é sinal de que o indivíduo já perdeu o controle da bebida: pode estar travando uma luta solitária para diminuir o consumo do álcool, mas geralmente as iniciativas pessoais resultam em fracassos. As manifestações corporais costumam começar por vômitos pela manhã, dores abdominais, diarréia, gastrites, aumento do tamanho do fígado. Pequenos acidentes que provocam contusões, e outros tipos de ferimentos se tornam mais freqüentes, bem como esquecimentos mais intensos do que os lapsos que ocorrem naturalmente com qualquer um, envolvendo obrigações e deveres sociais e trabalhistas. A susceptibilidade a infecções aumenta e dependendo da predisposição de cada um, podem surgir crises convulsivas. Os transtornos de ansiedade, depressão e insônia podem levar ao alcoolismo. Tratando-se a base do problema muitas vezes se resolve o alcoolismo. Já os transtornos de personalidade tornam o tratamento mais difícil e prejudicam a obtenção de sucesso.

Problemas Clínicos: Diversos são os problemas causados pela bebida alcoólica pesada e prolongada. Fugiria ao nosso objetivo entrar em detalhes a esse respeito, por isso abordaremos o tema superficialmente.

Sistema Nervoso - Amnésias nos períodos de embriaguez acontecem em 30 a 40% das pessoas no fim da adolescência e início da terceira década de vida: provavelmente o álcool inibe algum dos sistemas de memória impedindo que a pessoa se recorde de fatos ocorridos durante o período de embriaguez. Induz a sonolência, mas o sono sob efeito do álcool não é natural. Entre 5 e 15% dos alcoólatras apresentam neuropatia periférica. Este problema consiste num permanente estado de hipersensibilidade, dormência, formigamento nas mãos, pés ou ambos. Nas síndromes alcoólicas pode-se encontrar quase todas as psicopatologias: estados de euforia patológica, depressões, estados de ansiedade na abstinência, delírios e alucinações, perda de memória e comportamento desajustado.

Sistema Gastrintestinal - Grande quantidade de álcool ingerida de uma vez pode levar a inflamação no esôfago e estômago o que pode levar a sangramentos além de enjôo, vômitos e perda de peso. Esses problemas costumam ser reversíveis, mas as varizes decorrentes de cirrose hepática, além de irreversíveis, são potencialmente fatais devido ao sangramento de grande volume que pode acarretar. Pancreatites agudas e crônicas são comuns nos alcoólatras constituindo-se uma emergência à parte. A cirrose hepática é um dos problemas mais falados dos alcoólatras; é um problema irreversível e incompatível com a vida, levando o alcoólatra lentamente à morte.

Câncer - Os alcoólatras estão 10 vezes mais sujeitos a qualquer forma de câncer que a população em geral.

Sistema Cardiovascular - Doses elevadas por muito tempo provocam lesões no coração provocando arritmias e outros problemas como trombos e derrames conseqüentes. É relativamente comum a ocorrência de um acidente vascular cerebral após a ingestão de grande quantidade de bebida.

Hormônios Sexuais - O metabolismo do álcool afeta o balanço dos hormônios reprodutivos no homem e na mulher. No homem o álcool contribui para lesões testiculares o que prejudica a produção de testosterona e a síntese de esperma. Já com cinco dias de uso contínuo de 220 gramas de álcool os efeitos acima mencionados começam a se manifestar e continua a se aprofundar com a permanência do álcool. Essa deficiência contribui para a feminilização dos homens, com o surgimento, por exemplo, de ginecomastia (presença de mamas no homem).
Hormônio Antidiurético - Esse hormônio inibe a perda de água pelos rins, o álcool inibe esse hormônio: como resultado a pessoa perde mais água que o habitual, urina mais, o que pode levar a desidratação.

Fonte: Psicosite


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Psicólogo Paulo Cesar
Psicologia Clínica e Sexualidade Humana. 

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