
(Série: Reeditando artigos interessantes)
Em meu consultório psicológico, muitas histórias são contadas, sendo, muitas delas, bem similares. É o caso de pessoas que me contam que quando se casaram, tudo parecia bom, tanto durante o namoro como no início do casamento. Até que surgiram marcantes alterações de humor num dos cônjuges, e que fizeram com que a pessoa, em estados de alta excitação ou hipomania, gastasse enormes somas de dinheiro que não possuía. Mas essa mesma pessoa também apresentava sintomas que mostravam o quanto ela estava afundada nas profundezas de uma depressão. Essas variações de humor geraram intenso estresse nos seus casamentos e ameaçaram os equilíbrios financeiros das famílias. Muitos, reconhecendo os riscos, transferiram a propriedade da casa e outros bens para o cônjuge psicológica e emocionalmente equilibrado. Entretanto, infelizmente, muitos dessas histórias relatam que seus casamentos terminaram devido à dificuldade de conviver com uma pessoa com um quadro de Transtorno Bipolar, que tem como principal sintoma, a constante variação do humor.
Quando as pessoas entram num relação,
procuram estabilidade. O transtorno bipolar pode complicar seriamente esse
relacionamento pois o bipolar, se não tratado, conserva uma significativa
propensão a mudanças em seu humor, sua personalidade e em sua forma de
interagir que, com certeza, ameaçará a consistência e a estabilidade procurada
no relacionamento. É certo que nem todos os bipolares experimentam as
distintas fases de humor da mania e da depressão, mas quando esses episódios
ocorrem, eles certamente causarão estragos no relacionamento. Veja, abaixo, os
motivos disso.
Durante a fase maníaca (excitação),
a pessoa pode perder o seu senso de julgamento. Isso significa gastar
dinheiro imprudentemente, tornar-se promíscuo, envolver-se em comportamentos de
risco como uso de drogas e álcool, e até mesmo ter problemas com a
lei. Imagine a sua esposa ou marido, com transtorno bipolar em fase
maníaca: pode ser extremamente prejudicial para o relacionamento pois são
altas as chances de fazer coisas arriscadas ou coisas que representam um real perigo
financeiramente. Por outro lado, há a depressão, a qual pode fazer com que
a pessoa se ausente completamente de tudo - e de todos - em torno dele ou
dela. Se você é parceiro(a) de alguém assim, é muito frustrante e
certamente você vai querer puxá-lo(a) para fora da concha mas não saberá como
fazê-lo.
O transtorno bipolar pode ser
um problema desde a fase de namoro. Ao conhecer alguém por quem se
interessa, é natural querer deixar uma boa impressão. Revelar que possui
transtorno bipolar pode não ser o começo mais auspicioso. Há sempre o medo
de assustar a pessoa e perder a oportunidade de conhecê-lo(a) mais
profundamente. Em algum momento, porém, isso tem que ser revelado, em
especial quando sentir que há uma forte atração mútua e houver o desejo tornar o
relacionamento mais sério. Isto é, quando houver a decisão de namorar, cada um
deve deixar claro o que inclui o pacote.
Saber o que desencadeia os
ciclos de hipomania, mania e depressão e identificar os sinais de alerta de que
o bipolar está entrando em uma ou outra fase do ciclo pode ajudar a pessoa a
evitar situações desconfortáveis em seu novo relacionamento, afinal, quanto
mais ela souber quais são seus ciclos, mais ela pode ser responsável por eles.
Os sinais de alerta podem incluir o sono perturbado e as mudanças no nível
de atividade.
Falando na vida a dois,
sabemos que qualquer coisa, desde o estresse no trabalho até questões de
dinheiro, pode gerar argumentos negativos e colocar pressão sobre um
casamento. Mas quando um(a) parceiro(a) possui transtorno bipolar,
estressores simples podem alcançar proporções épicas. Essa é uma possível
causa das separações de até 90% dos casais envolvendo alguém com transtorno
bipolar. Não há como negar que um casamento ou namoro com alguém com transtorno
bipolar é difícil - mas não é impossível. É necessário muita compreensão e
esforço de ambos para garantir que o casamento sobreviva.
O primeiro passo é
diagnosticar e tratar a condição do bipolar. Pode ser que tenha que usar
estabilizadores de humor e/ou antidepressivos. É indispensável a psicoterapia
com um psicólogo experiente, onde haverá o aprendizado de meios para controlar
os comportamentos que estão estressando o relacionamento do casal. O ideal
seria se o cônjuge não bipolar também fizesse uma psicoterapia pois assim
entenderia por que seu parceiro(a) tem certos comportamentos e aprenderia melhores
maneiras de reagir. Ser envolvido(a) no pode realmente ajudar a tornar o
tratamento para o transtorno bipolar de seu cônjuge um esforço colaborativo,
tendo como uma boa consequência, o fortalecimento do vínculo do casal.
Embora o(a) bipolar queira se
arrastar para o seu casulo autoimposto quando estiver deprimido e sentir que
está no topo do mundo quando entrar na mania, é importante aceitar a ajuda
quando for oferecido. Seria muito interessante fazer um tipo de “contrato”,
pelo qual o casal pode decidir antecipadamente em quais circunstâncias deverá
ocorrer a ajuda ao parceiro(a). Para o cônjuge da pessoa bipolar, saber quando
oferecer ajuda é uma maneira de expressar que reconhece como seu(sua) parceiro(a)
está se sentindo. É também uma forma de mostrar que está atento(a) aos estados
de espírito do cônjuge. Então, quando perceber algo do(a) bipolar, como uma
depressão, por exemplo, poderá fazer perguntas como: "Como você se
sente?", "O que você precisa de mim?". Esta suave oferta vai
ajudar a manter ambos os parceiros no caminho certo.
Aqui estão algumas outras
maneiras que aliviam um pouco do estresse desse tipo de relacionamento:
- Tome sua medicação conforme prescrito, e mantenha todos os seus compromissos com seu médico.
- Frequente regularmente as sessões de psicoterapia e siga as orientações do psicólogo.
- Gerencie seu estresse de melhor maneira que puder, seja escrevendo um diário, fazendo longas caminhadas ou ouvindo música.
- Tente equilibrar o trabalho com atividades mais agradáveis.
- Tenha ciclos de sono regulares.
- Alimente-se de forma saudável e faça exercícios regularmente.
- Evite álcool, drogas e cafeína .
Atenção:
Se você já pensou em se machucar ou em se suicidar, procure ajuda
imediatamente.
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar
Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Atendimentos presenciais e por Skype.
Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana. Estacionamento conveniado.
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