À
medida em que o jovem adolescente segue a sua jornada de amadurecimento, ele
passa a pressionar seriamente os seus pais com a intenção de obter mais liberdade para crescer, ora buscando mais independência, ora tentando diferenciar-se por
suas características e pelo desenvolvimento da sua individualidade. Em contrapartida,
os pais estão sempre ponderando se devem manter as coisas como sempre
foram desde a infância ou se deixam as coisas mudarem, dando mais espaço e
reconhecimento aos filhos.
Este
conflito recorrente assume muitas formas como, por exemplo, os pais se
questionarem: “Devo proibir ou permitir?”, “Devo intervir ou ignorar?”, “Devo
falar ou calar a boca?”, “Devo proteger ou deixar correr o risco?”, “Devo duvidar
ou confiar?”, “Devo insistir ou ceder?” e assim por diante. Mas qual o grau de
controle e influência um pai ou uma mãe deve exercer, afinal, agir pouco pode
ser negligente e agir demais pode ser opressivo?
Na
verdade, o que o adolescente precisa dos pais é um mix de “segurar e largar”. Os pais não tem as respostas certas o tempo todo, e com isso, tem dúvidas
continuamente: "E se eu apenas o deixasse tentar?", "Será que eu
deveria ter dito não?".
O
fato é que é assim que cresce o adolescente – apesar disso e em parte disso! Isto é, cresce
“apesar e por causa” do que os pais decidiram controlar ou não controlar, e essa
mistura costuma ser boa o bastante para o jovem definir como cuidará de si
mesmo sendo um adulto jovem funcionalmente independente e totalmente
individual. É claro que os pais podem ser criticados por seus filhos por cometerem erros numa direção ou outra. As críticas mais comuns são acusar a mãe de ser superprotetora, ou acusar o pai de que ele não o
ajuda, quando na verdade, o pai escolheu deixar que o filho tomasse suas
próprias decisões. Abençoados
os pais porque eles podem ser "culpados" em ambos os casos, mas vamos refletir um
pouco sobre as suas ações (ou “culpas”).
Pais
responsáveis costumam manter uma estrutura familiar permeada de regras e
expectativas saudáveis, para que os membros de sua família vivam em segurança. É neste ambiente que o adolescente cresce e no qual, muitas vezes, faz
pressão para a mudança e para desenvolver-se. Esses pais optam por fornecer
orientação, estrutura e supervisão constantes. As tensões, evidentemente, podem tomar vulto a ponto dos pais afirmarem coisas como “educar, ser pai ou mãe, não é
um concurso de popularidade e nós podemos decidir algo conforme o que acreditamos ser o
melhor para você; sabemos que você pode inclusive não gostar pois você quer o contrário
da nossa decisão. No entanto, nós prometemos estar sempre onde temos que estar, ser
flexíveis onde pudermos e sempre dar ouvidos a tudo o que você tem a dizer. Ouvi-lo
será sempre muito importante, porque a uma de nossas missões é criar meios para que todos nós,
pais e filho, permaneçamos comunicativa e carinhosamente ligados, à medida em que
a adolescência nos separa gradualmente, como é o que esperamos que ocorra”.
Dar
liberdade ao filho também é importante. Os pais estimulam os filhos dando-lhes mais
responsabilidade e independência para a tomada de decisão. Eles fazem isso conscientemente,
especificando o que eles exigem do adolescente antes de se dispuserem a colocar
aquele jovem ansioso em risco e com mais liberdade pessoal. Se quiserem, fica a sugestão abaixo, uma espécie de "contrato de liberdade", a qual pode ser adotada pelos leitores, e que abrange os seguintes pontos:
- Credibilidade - dar informações adequadas e precisas aos pais.
- Previsibilidade – manter as promessas e acordos firmados com os pais.
- Prestação de Contas – reconhecer e assumir as consequências das escolhas feitas com os pais;
- Responsabilidade – cuidar das suas tarefas e “negócios” em casa, na escola e no mundo;
- Mutualidade - viver numa “mão-dupla”, dando e recebendo, na relação com os pais;
- Disponibilidade – estar disposto a discutir as preocupações dos pais quando elas surgirem;
- Civilidade – comunicar-se com os pais com palavras educadas, afetivas e respeitosas.
Quanto
mais o jovem se apega aos pontos acima, mais inclinado a conceder liberdade
os pais provavelmente se tornam. No outro extremo, se o adolescente mentir, quebrar
compromissos, culpar os outros, agir de forma não responsável, não se mostrar disponível
para falar e usar linguagem ofensiva, é mais provável que os pais endureçam,
restringindo o espaço e liberdade dos filhos.
Para
que não se pense que o conflito “segurar o filho adolescente X deixá-lo viver
a vida” só está nas mentes dos pais, peço que considere o início da adolescência (9 -13
anos). Não mais se contentando mais em ser tratado como uma criancinha, e
querendo não fazer mais parte do grupo para o qual a “velha definição” se aplica,
o jovem pode, ao mesmo tempo, sentir-se verdadeiramente dividido e ambivalente.
Ela ou ele quer parar de agir como uma criança, mas ainda quer se apegar às atividades preferidas da infância, interesses e coisas que causarão tristeza se
perdê-las. Ou, pense no adolescente do último estágio (18 – 23 anos), o qual deseja não
ter mais as restrições familiares e agir de forma independente - ela ou ele
também está dividido e ambivalente, pois ainda quer manter o apoio dos pais e também sente falta de algumas conveniências confortáveis que a vida em casa
proporciona.
É
bom lembrar que se preocupar demasiadamente em apoiar ou não as escolhas dos adolescentes pode
fazer com que os pais ignorem uma outra questão importante. Como poderão, na intenção
de promover uma crescente capacidade de autogestão dos seus filhos, discutir
produtiva e continuamente com eles sobre as escolhas que fazem, compreendê-los e praticar um bom aconselhamento? O controle parental certamente é importante, mas a comunicação é ainda mais importante.
Finalmente,
é fundamental que os pais tomem cuidado se houver o controle for exercido a todo e qualquer custo, pois
o esforço pode não valer a pena:
- ao insistir no controle absoluto, os pais podem fomentar uma dependência doentia no adolescente em crescimento: "aprendi a fazer o que quer que eu seja forçado a contar".
- quando os pais perdem seu próprio equilíbrio emocional para obter o controle, o adolescente pode acabar assumindo esse controle: "eu sei como usar a resistência para deixar meus pais realmente chateados".
- ao colocar sua vontade contra a vontade do adolescente e vencer uma luta pelo poder, eles podem criar um grande e constante disputa. O adolescente pensará: "eu posso ter perdido essa batalha, mas serei cada vez mais forte para insistir contra eles e vencer a guerra!"
Você
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Um
abraço,
Psicólogo
Paulo Cesar
Psicoterapeuta
de adolescentes, adultos e casais.
Psicólogo
de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista.
Palestrante
sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
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