Creio
que o momento atual do Brasil também tem seus impactos positivos para as
pessoas sob a ótica psicológica. Ordem e caos nos acompanham continuamente e tendemos
a aceitar a ordem e evitar o caos a todo custo. Vamos refletir isso.
A
ideia de ordem equivale à de previsibilidade; assim, imaginamos saber o que
podemos esperar. Seguimos nossos caminhos sabendo o quão longe iremos antes de
começarmos a retornar à zona de plena segurança. Isso depende da certeza e dos
resultados anteriores e, podemos dizer que, por essa faixa de ordem ser previsível,
é também conhecida por estado de equilíbrio. Em nossas vidas, a ordem sugere (ilusoriamente)
que conhecemos os parâmetros de nossas experiências, como se os limites fossem
determinados com antecedência. Os altos e baixos emocionais e psicológicos são
familiares a todos. As regras de relacionamento são compreendidas. Vivemos numa
zona de conforto, pois podemos ter certeza do que pode nos ocorrer, mesmo que
essas ocorrências não nos agradem.
O caos, por outro lado, sugere uma ausência de previsibilidade e desencadeia o
desconhecido, que para a maioria das pessoas, é muito problemático, se não
completamente desalentador. É um aventurar-se em território incerto, longe da conhecida
zona de conforto. Às vezes, as transições ou crises da vida nos mostram o caos na
forma de doença, morte, divórcio, perda de emprego, revoltas sociais, mudanças
de paradigmas governamentais, etc. Nessas fases, há a inclusão de sentimentos
crônicos envolvendo insatisfação, recusa e privação, levando freqüentemente a
lutas com comportamentos autodestrutivos. Ganância, inveja, tédio, raiva e
passividade são sintomas desse prolongado apego à privação e recusa. Esses
eventos são impostos a nós e fazemos o melhor que podemos para lidar com eles, muitas
vezes com suporte psicoterapêutico e/ou de famílias e amigos. Ocasionalmente, recorremos
a medicações para nos protegermos da montanha russa do caos. Mas aprender a
navegar no caos em vez de desesperar-se pode fornecer ricas recompensas. Fugir
do caos tende a prejudicar nosso crescimento, pois impede novos aprendizados e
experiências vitais. Embora possa ser muito desafiador e muitas vezes
parecer ameaçador, a verdade é que o caos oferece um tremendo potencial para a
evolução pessoal.
Emoções
inundam e circulam em nossas mentes inconscientes com algum grau de caos. Todos
nós sabemos o que é ser feliz num momento, triste no próximo, sem nenhuma
contribuição consciente de nós. Também sabemos quão difícil pode ser regular
nossos desejos, impulsos e reações emocionais. Tanto a neurociência quanto a
psicologia estabeleceram que nosso cérebro luta poderosamente e muitas vezes
sem sucesso para limitar os efeitos da irracionalidade. Muitas vezes tentamos
aplicar o bom senso e a razão para moderar emoções desagradáveis ou para
conter impulsos autodestrutivos. No entanto, nosso lado emocional, com vida
própria, pode muitas vezes ser imune a solicitações racionais. Ainda assim,
podemos trazer ordem ao caos quando entendemos exatamente com o que estamos
lidando.
Na
ciência, o que chamamos de ordem é conhecido como estado de equilíbrio, com a
previsibilidade que o acompanha. No entanto, há momentos em que as pessoas se
afastam do equilíbrio e abordam o que poderíamos chamar de caos. Em tal estado,
uma pequena flutuação pode lançar a pessoa no caos. Na ciência, isso é
conhecido como um ponto de bifurcação. Este é um termo chique para o ponto de
partida, de onde nos dirigimos para um novo território. Isso é mais comumente
chamado de ponto de inflexão.
Quando
os caminhoneiros decidiram parar seus veículos, criou-se um ponto de inflexão e
várias reflexões (e ações) sobre o país e direitos civis foram iniciadas. Quando sistemas
ou organismos, incluindo pessoas, alcançam tal ponto, o caos se instala. No
entanto, a partir desse caos, há um efeito espiral, que nos leva a uma nova e
mais alta ordem. Entramos em um processo transformador pelo qual podemos
evoluir mais plenamente. Em outras palavras, o caos pode levar a um estado mais
profundo e mais evoluído, que então evoca uma ordem nova e mais elevada. É
simplesmente um processo envolvente em que nos libertamos do controle. Pense
nisso como uma espiral de complexidade, subindo a escada do crescimento
intelectual, emocional, social e espiritual.
Uma
dificuldade nesse processo está no fato de que temos uma visão de mundo
mecanicista newtoniana que valoriza a previsibilidade e evita, se não
completamente, as incertezas e, principalmente, o caos. No entanto, sem aceitar
algum grau de caos, nossas vidas se tornam programadas de uma maneira
determinista que nos impede crescer.

Como psicoterapeuta, vejo o meu papel em tais circunstâncias não automaticamente tentando restaurar a ordem, mas ajudando como um guia através do caos em direção a uma experiência nova e mais evolutiva. Vejo o momento repleto de complexidades e riquezas. Não desejo o caos descontrolado no futuro, mas pequenas ou moderadas doses podem realmente nos levar a níveis mais altos de evolução pessoal. Eu estou, de fato, propondo que você abrace um grau razoável de incertezas, pois o fluxo da vida apresenta oportunidades maravilhosas para o nosso enriquecimento. O caos é simplesmente uma palavra. Podemos fazer bem a nós mesmos em perguntar por que somos tão reativos a isso!
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Um
abraço,
Psicólogo
Paulo Cesar
Psicoterapeuta de
adolescentes, adultos, casais e gestantes.
Psicólogo de linha
humanista com acentuada orientação junguiana e budista.
Palestrante sobre temas
ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
Consultório próximo
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