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Mudar é o modo natural das coisas, logo, é um sofrimento
resistir à transformação, além do que, se não houver impermanência, não pode
haver progresso para melhor. À vista disso, é fundamental a conscientização de
que as coisas se transformam e são impermanentes. Por exemplo, para todo e
qualquer casal haverá um fim do relacionamento, mesmo que seja por motivo de
morte de um dos cônjuges. Algumas pessoas acham que podem administrar os seus
relacionamentos lendo livros ou descobrindo que homens são de Marte e mulheres
de Vênus na tentativa de manterem seus relacionamentos para sempre, mas, na
verdade, aprendem apenas umas pouquíssimas e evidentes causas das desarmonias,
ainda que isso possa ajudar na obtenção de alguma paz temporária com seu
parceiro(a). Não obstante, ficam sem que sejam assimilados diversos fatores
psicológicos ocultos em seus relacionamentos.
Um dos tópicos que um psicólogo adepto da Psicologia Budista empenha-se com frequência, é a compreensão e aceitação da profundidade que guarda a frase de Gautama, de que “a despedida é uma dor tão doce...” Realmente, os momentos de despedida são, muitas vezes, os mais profundos num relacionamento por causa das condições que acabam por proporcionar muita intensidade na conexão entre ambos.
Vejam o caso de um casal em que um dos parceiros sofre uma doença terminal. Num caso assim, não há a ilusão do “prá sempre!”, e isso é surpreendentemente libertador. Neste casal, o cuidado e o carinho que passam a dar, um ao outro, é absolutamente incondicional e a alegria é fortemente experimentada no “aqui e agora”. Diante disso, o amor e o apoio ocorrem sem qualquer esforço e com plena satisfação, pois os dias do(a) parceiro(a) estão contados.
Acontece que, na verdade, os nossos dias estão sempre contados. As pessoas, infelizmente, não tem amplo entendimento e aceitação de que tudo o que nasce, morre, e que as coisas e pessoas deixam de existir mais cedo ou mais tarde. Instala-se, assim, uma condição neurótica uma vez que, no nível emocional e em razão da resistência à idéia da impermanência, as pessoas fundamentam-se na crença da permanência e se esquecem por completo da interdependência na vida. A consequência é o surgimento de vários tipos de estados negativos tais como a paranoia, a solidão, culpas diversas, raivas, etc., podendo até mesmo se sentirem usados, ameaçados, maltratados, ignorados - como se esse mundo fosse injusto apenas com eles.
Situações como essa justificam que um dos principais objetivos da Psicologia Budista seja, exatamente, a eliminação dos estados ilusórios a partir da ampliação do estado de consciência de cada paciente, o qual poderá viver a própria realidade, dela apropriando-se e assumindo plenamente a responsabilidade por suas decisões. E para encerrar esse pequeno artigo, proponho uma reflexão sobre uma famosa frase de Buda, o Desperto: “Tudo o que somos é o resultado do que pensamos. Se uma pessoa fala ou age com mau pensamento, o sofrimento a segue, como as rodas seguem os pés do boi que puxa o carro. Se uma pessoa fala ou age com pensamento puro, a felicidade a segue, como a sombra que nunca a abandona.”
Para ver todo o conteúdo do blog, use um computador ou, se estiver usando um celular, mude a configuração para o "modo computador". Um abraço, Psicólogo Paulo Cesar