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Daqui em diante, você encontrará muitos outros artigos sobre psicologia. A finalidade da Psicoterapia é entender o que está ocorrendo com o cliente, para ajudá-lo a viver melhor, sem sofrimentos emocionais, afetivos ou mentais. Aqui você encontrará respostas sobre a PSICOTERAPIA - para que serve e por que todos deveriam fazê-la. Enfim, você encontrará nesses artigos,informações sobre A PSICOLOGIA DO COTIDIANO DE NOSSAS VIDAS.

PÂNICO – COMO LIDAR COM ISSO?


Você sabia que as pessoas podem superar os ataques de pânico, apoiando-se no próprio medo?

Já escrevi sobre sintomas e mecanismos dos ataques de pânico (clique em Blog do Psicólogo para acessar os artigos), porisso, nesse artigo, gostaria de me deter em como lidar com o pânico.

As pessoas são constantemente “enganadas” pelos ataques de pânico pois eles fazem as
pessoas acreditarem que estão sob ameaças iminentes. Mas por repetidas vezes, nenhuma ameaça real é identificada, e mesmo assim, são enganadas de novo em uma nova manifestação dos sintomas de pânico. Por quê isso acontece? Penso que seja porque uma pessoa que sente pânico não está disposta a manter-se com os sintomas desta forte ansiedade pelo tempo necessário para descobrir o que acontecerá se ela não tentar combater a ameaça ou fugir dela.

Lutar contra isso ou fugir é, absolutamente, normal. Os seres humanos foram “programados” para aceitar um número muitissimo maior de situações e objetos que realmente não representam uma ameaça, afinal de contas, a vida e existência não é um “game” que pode simplesmente reiniciar. Só há certeza científica quanto a vida terrena, por isso faz sentido ser plenamente precavido. Por exemplo, é melhor ficar em dúvida (em 9 vezes em cada 10, do que errar uma vez!) se o que se ouve é a aceleração de um poderoso motor de carro ou o rugido de um leão. Certamente, se para os ouvidos de alguém quase todos os barulhos soarem como o rugido de um leão, poderá haver sérias conseqüências.

Pessoas que vivem sempre em prontidão, em estados constantes de luta ou fuga, e que vivem suas vidas no modo de sobrevivência, possuem maiores probabilidades de desenvolver certos tipos de doenças, ou um agravamento de alguma doença atual. Viver com medo constante e intenso é péssimo para a saúde, felicidade e produtividade.

Sobreviver é permanecer vivo aqui e agora - não viver uma vida longa e feliz.

Infelizmente, de várias maneiras, uma vida de sobrevivência acaba sendo uma vida de pânico. O indivíduo com pânico só quer saber se algo é prejudicial ou  inofensivo e, via de regra, não está interessado em aprender sobre a natureza, função ou mecanismo de ação do que lhe causa medo. Mas esse interesse mais amplo e profundo pode ser precisamente o necessário para saber lidar os ataques de pânico. Ou seja, é preciso se comportar de maneira inconsistente, aguentar o medo que se sente, sem se focar obstinadamente no dano imaginado e na sobrevivência: é preciso sustentar a experiência do medo e examiná-la com interesse, curiosidade e engajamento.

Se você já sabe que seus ataques de pânico não são causados por nenhuma condição médica, preste bem atenção no que vem a seguir.

Tal como a moça da foto, que se esforça e mantém atenção numa direção específica como se quisesse ouvir ou entender melhor, é importante que você se apoie no medo que você sente com um sentimento de admiração. De modo algum isso significa que você tenha que sofrer ataques de pânico, mas também não significa que você deve “entrar de cabeça” no medo e, assim, perder todo o controle. Você deve ficar o tempo todo no “aqui e agora”, enquanto tenta focar o seu medo.

Veja essa analogia: é como um cientista que nunca viu um raio antes, e que, numa noite clara, enquanto dirigia para sua casa, é surpreendido por relâmpagos à distância. O cientista calmamente estaciona o carro, senta-se e espera pacientemente até o próximo relâmpago aparecer. Nos próximos minutos, ele observa a cor desses flashes, sua frequência, localização e assim por diante. O cientista também escuta com interesse, contando os segundos entre um relâmpago e um trovão e observa as suas várias características, como intensidade e tom. É claro que, enquanto tem mais interesse e curiosidade, o cientista tenta, ao mesmo tempo, permanecer firmemente ancorado. Ao contrário, ele seria dominada pelo medo e confusão. Você precisa adotar essa mesma atitude, quando estiver se sentindo preso em suas tempestades internas. Outra forma é lembrar de outras situações ou objetos em sua vida pessoal que realmente despertaram sua curiosidade. Lembre-se da qualidade de sua atenção e de sua atitude em relação a eles. E aja da mesma forma enquanto estiver tendo um ataque de pânico.

Como você já deve ter concluído, a objetividade é uma ferramenta importante para lidar com o pânico. Ao observar uma experiência objetivamente, você se torna capaz de abordar, ao invés de evitar, o que teme; e, como resultado, você ganha um novo nível de controle mental sobre a situação. Uma maneira de observar objetivamente um ataque de pânico é fazer muitas perguntas, como:
  • O que estou sentindo agora?
  • O que estou sentindo no meu corpo?
  • Como estou interpretando esses sentimentos e sensações?
Se o ataque de pânico for particularmente intenso, antes de fazer as perguntas acima, você precisa se controlar. Para fazer isso, tome consciência do tempo presente e da sua localização atual. Algumas pessoas acham que nomear, descrever ou tocar os objetos ao redor os ajuda a por os pés no chão. Outros preferem se concentrar na respiração - mas se você estiver hiperventilando e, como resultado, adotou uma respiração que elimina a ansiedade, concentre-se em outras sensações do corpo, de preferência específicas, mas imutáveis ​​(por exemplo, sensações nos pés).

Depois de se sentir enraizado, mantenha o foco novamente e observe como o fenômeno do pânico e todos os sentimentos, sensações e pensamentos associados se desenvolvem. Relate para si mesmo o que vê e seja o mais preciso e detalhado possível.

Se você fizer isso com bastante frequência, o medo intenso começará a perder seu domínio e os ataques de pânico se tornarão menos intensos e mais fáceis de se lidar. O objetivo é quebrar o medo sem nome e as mudanças somáticas incompreensíveis, nomeando e descrevendo a experiência. Você pode perceber que o que está sentindo e sentindo, embora desagradável, é compreensível e familiar. Por exemplo:  "Estou com muito medo", "sinto o suor escorrendo pela parte inferior das costas", "sinto minha respiração acelerando", "sinto-me muito zangado por causa do ataque de pânico estar acontecendo novamente", "estou pensando que tudo está fora de controle "" Estou pensando que estou ficando louco "" e assim por diante.

Quando você se adota curiosidade e interesse, você identifica e nomeia o que está acontecendo, e vai descobrir que o pânico se torna cada vez menos convincente e capaz de empurrar você para o modo de sobrevivência e se afastar de novas experiências, proximidade com seu corpo e vivendo sua vida.

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Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista.
Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana. Atendimento de segunda-feira aos sábados.
Marcação de consultas pelo tel. 11.94111-3637 ou pelo Whatzapp 11.98199-5612.


INSEGURANÇAS NA ADOLESCÊNCIA

Até as pessoas mais confiantes têm algumas coisas sobre si mesmas que não lhes deixam completamente felizes ou satisfeitas. Isso é algo absolutamente natural, assim como, em alguns momentos, duvidar das escolhas que fizemos ou lamentar o que dissemos, ou ainda, querer melhorar a nós mesmos em alguma área. Na verdade, combater a complacência é essencial para progredir e alcançar novos patamares. Mas, atenção: autoavaliação crítica não é o mesmo que insegurança. Essa surge da falta de autoconfiança e alimenta-se de fraquezas internas, sendo que apenas aqueles que são autoconfiantes podem analisar imparcialmente suas próprias imperfeições. Leva tempo para aprender como se posicionar em sua vida e crescer confortavelmente, e a psicoterapia é um excelente apoio durante a fase de crescimento da adolescência, fase em que as dúvidas são constantes e marcantes.
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Durante a adolescência, as inseguranças são onipresentes e abundantes. Na verdade, superar dúvidas é uma parte importante do crescimento e amadurecimento para tornarem-se adultos. Embora as inseguranças afetem todos os adolescentes, elas se manifestam de maneira diferente e com intensidade variável, dependendo da força de caráter e ambiente de cada pessoa. A adolescência é desafiadora de várias maneiras, pois é o momento de grandes mudanças na vida e, com as mudanças, vem o aprender a tratar a pressão, a preocupação, as incertezas e o medo. Sob tais circunstâncias, às vezes um incidente aparentemente pequeno pode se transformar numa grande ansiedade, o que pode gerar um mecanismo de enfrentamento potencialmente autodestrutivo.
Os adolescentes sofrem pressão proveniente de várias fontes, principalmente de si mesmos. A pressão dos amigos, irmãos, dos pais e da sociedade em geral, combinada com as mudanças hormonais, continuamente tira o chão desses jovens e alimenta suas inseguranças. É o momento em que as crianças de ontem começam a tomar suas próprias decisões, procuram maneiras de se expressar e avaliam seu valor um contra o outro. Um vínculo anteriormente sólido entre um pai e um filho tende a enfraquecer durante esse período e o relacionamento se assemelha mais a uma montanha-russa do que qualquer outra coisa. Enfrentar desafios com um sistema de suporte inconsistente, ou sem ter alguém em quem confiar, é realmente uma tarefa assustadora – uma das razões para o adolescente contar com o apoio especializado de um psicoterapeuta com formação adequada.
A identificação de causas específicas de insegurança na adolescência costuma ser uma tarefa difícil para os pais e para os adolescentes. A maioria desses jovens não compartilha ou discute suas dúvidas com os outros, especialmente os adultos, o que dificulta descobrir o que os incomoda e como a situação pode ser sanada. Dito isto, acrescento que as causas das inseguranças dos adolescentes são incontáveis: ficar sozinho, rejeitado, não fazer parte da turma, ter notas ruins, notas que não agradam a mamãe e o papai, performances não boas na faculdade, cometer erros, falhar na tentativa de alcançar algo e, portanto, decepcionar amigos, pais, professores ou a si mesmo, ter o “tipo errado de” corpo, roupas, hobbies, turmas, e a lista continua...
Sabe-se, por exemplo, que sete em cada dez meninas acreditam que não são boas o suficiente ou se comparam de alguma maneira com outras meninas sobre sua aparência, desempenho na escola e relacionamento com amigos e familiares, sentindo-se inferiorizadas nessas comparações. Essas inseguranças brotam da baixa autoestima - as adolescentes com autoestima diminuída têm maior probabilidade de se envolver em comportamentos inadequados na resolução de conflitos. Mas não são apenas as meninas que são vítimas de inseguranças - os meninos também são afetados. Assim como as mulheres, os adolescentes se preocupam excessivamente com a imagem corporal, o que é um fator de risco para sintomas depressivos entre eles. Se não forem tratadas, as inseguranças dos meninos e meninas podem persistir até o início da idade adulta, um fato alarmante, considerando os potenciais efeitos nocivos das inseguranças dos adolescentes e da baixa autoconfiança: problemas para dormir, agressividade, abstinência, ansiedade e depressão estão entre os problemas com os quais os adolescentes inseguros mais lutam. Frente a uma dificuldade de alto grau, os adolescentes geralmente adotam mecanismos de enfrentamento ruins, como comer desordenadamente ou abuso de substâncias tóxicas, sendo que, na realidade, só pioram as coisas e, em casos extremos, podem até ser letais.
Para garantir tranquilidade e segurança de seus filhos durante a adolescência, os pais precisam tomar medidas preventivas precoces. Ajudar as crianças a criar autoconfiança e instilar um senso de valor próprio desde a tenra idade é fundamental para ajudá-las a combater suas inseguranças mais tarde na vida. Ainda assim, a adolescência é cheia de incertezas e a autoconfiança dos adolescentes pode ser facilmente influenciada, de modo que até a maioria dos jovens autoconfiantes precisa de segurança e credibilidade dos pais de tempos em tempos. Para ajudar os adolescentes a melhorarem a autoestima durante a adolescência e também fortalecer e manter um relacionamento positivo, os pais podem optar por essas sugestões:
Elimine a negatividade nas palavras e pensamentos: Comece com uma conversa pessoal positiva. É muito fácil ficar frustrado com as pessoas que não cooperam e perder a calma com elas - fácil, mas improdutivo. Para entender e apoiar uma criança em dificuldades, você precisa ajudá-la a se abrir sobre coisas que a sobrecarregam. Se você critica seus filhos por todos os detalhes mesquinhos, eles não compartilharão suas preocupações com você pelo medo de serem julgados e censurados. Para manter uma dinâmica positiva entre vocês dois, você deve manter uma perspectiva positiva o tempo todo, mesmo quando seu filho não estiver por perto.
Promova uma comunicação aberta: Se algo está incomodando seu filho, você deveria ser a primeira pessoa a quem eles devem pedir ajuda. Você precisa informar aos adolescentes que eles podem lhe dizer qualquer coisa, que você irá ouvir e não julgará, que tentará entender o problema do ponto de vista deles, e que oferecerá feedback, confiança e conselhos construtivos. em vez de condescendência. Evite coisas como "Que tipo de problema é esse?", "A culpa é sua!" ou "Eu disse isso a você".

Identifique os gatilhos: O que causa a ansiedade, agressão ou reticência do seu filho? De onde vêm seus medos? O que faz você reagir de uma maneira ou de outra no decorrer de uma discussão com seu filho adolescente? Conhecer os gatilhos deles - e o seu - é uma arma poderosa para facilitar uma conversa com os jovens, além de removê-los das "zonas de perigo", reduzindo assim os níveis de estresse.

Ajude os adolescentes a trabalhar em seus objetivos e nas estratégias para alcançá-los: Para combater a incerteza, você precisa confiar em seus objetivos e nos indicadores de progresso. A incerteza pode fazer você se sentir desamparado e preso em um lugar - geralmente ruim - na vida. O senso de conquista é indispensável para criar autoconfiança nos adolescentes. Definir metas realistas, dividi-las em submetas menores e medir o progresso relacionado pode fazer a diferença na atitude e na perspectiva de seu filho em relação ao mundo.

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Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
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PAIS E FILHOS(AS) ADOLESCENTES IRRITADOS

Seu filho(a) adolescente diz que você o(a) incomoda? Você se sente em constante estado de preocupação por seu(sua) filho(a) não ser social o suficiente, inteligente o bastante ou  por não fazer tudo o que você acha que  ele(a)deveria fazer? Você se irrita e exige que o(a) jovem adolescente aja de acordo com o seu conselho? Saiba que você não está sozinho! Muitos pais se sentem frustrados e aborrecidos quando os adolescentes não respondem positivamente aos pedidos de mudanças em seu comportamento - seja um pedido para fazer a lição de casa a tempo, limpar seus quartos, encontrar melhores amigos ou descobrir uma paixão – sendo a principal mensagem por trás da chateação é "Você não é suficientemente bom!"

Sendo um psicoterapeuta de adolescentes e adultos com longo tempo de atuação, logo de cara quero lhe dizer que incomodar os filhos não adianta nada. Adicionar ameaças de punição quando os adolescentes não seguem seus conselhos, piora a situação. Na verdade, incomodar é uma expressão de emoções negativas e pode trazer sérias consequências não boas para os relacionamentos entre pais e filhos.

Na competitiva cultura da era digital de hoje, crianças e adolescentes ouvem constantemente mensagens negativas de colegas que afetam sua resiliência, autoconfiança e esperança no futuro. Na escola, eles podem estar lutando para tirar boas notas, competir nos esportes ou para simplesmente sentir-se aceito. A maioria das crianças, em algum momento do ensino fundamental ou médio, passa a acreditar na mensagem "não sou suficientemente bom", e isso, realmente, não traz nada de positivo para a formação do indivíduo.

O lar deve ser o principal local onde as crianças recebem reforço positivo e apoio sem confronto. Os adolescentes com pais que entendem esses conceitos geralmente negociam seus caminhos durante a adolescência para descobrir que são suficientemente bons conforme suas idades e maturidades e, de fato, gostam de quem são. Nos lares com interações diárias negativas com os pais, a adolescência se torna muito mais desafiadora. Se houver a sensação avassaladora de que nada do que faz é bom, os adolescentes podem ficar entediados, ansiosos, deprimidos e apáticos.

Irritar é um padrão que se desenvolve ao longo do tempo e envolve duas pessoas. As duas pessoas precisam reconhecer e mudar o padrão, mas, obviamente, quando ocorrem infrações às regras da família, as consequências devem existir. Entretanto, a maior parte dos pais irrita-se com ocorrências em duas categorias: Coisas pequenas e Coisas grandes que agora são da responsabilidade de seu(sua) filho(a) adolescente descobrir por si mesmas.

Bem, o fato é que o trabalho psicológico dos adolescentes é “tornar-se você mesmo”, isto é, formar uma identidade separada de seus pais. Por outro lado, o trabalho psicológico dos pais é valorizar esse(a) jovem adulto(a) emergente enquanto sofre com a “perda” de seu(sua) filho(a) compatível. É algo muito difícil para adolescentes e pais, e tudo fica mais difícil quando os pais não permitem que os adolescentes façam seu próprio trabalho de “tornar-se você mesmo”. Os pais geralmente acreditam que têm uma visão melhor do sucesso do que os adolescentes e essa mentalidade leva pais e adolescentes a entrar em águas turbulentas, criando uma condição para a irritação.

Durante os anos que antecederam a adolescência, os pais ocupam papéis que lhes permitem ter maior poder e autoridade sobre seus filhos e filhas. Muitas vezes, essa autoridade é suficiente para fazer com que as crianças cumpram exigências ou sugestões simples. Em algum momento do ensino fundamental e médio, é natural que as crianças desenvolvam suas próprias identidades, sendo parte desse processo a obtenção de um senso de escolha e controle sobre suas próprias vidas.

Irritações sempre criam disputas de poder entre pais e adolescentes, uma disputa onde não há vencedores. Considere o seguinte cenário:
  • Mãe para filho adolescente: “Quando você fará o trabalho de casa da matéria “x”? Você já me disse que o professor é muito exigente e não tolera trabalhos atrasados!
  • Filho para mamãe: “Sim, eu sei. Você não precisa me lembrar. "
  • Mãe para filho: "Bem, claro que preciso lembrá-lo, porque você não está indo bem nessa matéria.
  • Filho: Silenciosamente sai da sala.

Neste exemplo, nem a mãe nem o filho se sentem bem com a interação realizada. Certamente ambos ficaram com raiva e nada foi realizado. Ou o filho age como uma criança obediente e faz sua lição de casa,  ou exercita seu senso de autocontrole e nega (ou atrasa) a execução. Seu cérebro adolescente em amadurecimento lhe dá um impulso natural em direção à negação. A mãe, talvez desconhecendo sua influência instável na vida de seu filho (ou o papel natural da adolescência), fica frustrada. Ela se pergunta: "O que estou fazendo de errado?". A mãe e o filho entram em um padrão de irritação que não é saudável para nenhuma das partes. A mãe repete suas demandas em vários tópicos; o filho exerce seu controle. O padrão é autoperpetuante, com cada um reagindo ao outro de maneiras semelhantes.

A alternativa ao incômodo é desenvolver um relacionamento que fortaleça a comunicação com o filho: "Você é suficientemente bom de acordo com a sua idade e maturidade". Os jovens precisam se sentir ouvidos e compreendidos - para saber que os pais os apoiam e não os julgam. Para os pais, significa deixar de lado a ideia de supervisionar tudo para aprender a respeitar o sentimento emergente de nova identidade de seu(sua) filho(a). Por onde começa? Minha sugestão é iniciar com as seguintes etapas:
  1. Identifique e reconheça o padrão: Se você desenvolveu um padrão de irritação em sua casa, comece reconhecendo sua existência e não colocando culpa nos pais ou no(a) adolescente. Irritar é um problema compreensível e que pode ser alterado. Identificar um comportamento negativo permite substituí-lo por comportamentos positivos.
  2. Inicie uma mudança positiva: Geralmente é o pai que deve iniciar a mudança. Às vezes, isso acontece como resultado de psicoterapia, pois muitas vezes, as mudanças positivas são auxiliadas por terceiros especialistas. Dito isto, muitos pais podem abandonar o hábito de incomodar o adolescente, especialmente quando reconhecerem como isso está afetando a si mesmos e aos filhos(as).
  3. "Encontre-se mais" com seu(sua) filho(a): Nunca é tarde para renegociar um relacionamento saudável com seu(sua) adolescente. Se incomodar é um hábito que envolve mais de uma criança ou afeta toda a família, considere discuti-lo em uma reunião de família. Caso contrário, você pode resolver o problema entre as duas partes mais envolvidas.
  4. Nomeie o problema: Assuma a responsabilidade pelo seu papel de incomodar e nomeie o problema. Informe o seu(sua) filho(a) que você não é perfeito e não espera que ele(a) seja perfeito(a). Compartilhe seus sentimentos sobre si mesmo quando importuná-los. Escute seu(sua) filho(a) adolescente. Entenda como ele ou ela se sente quando são incomodados(as). Fale sobre a autoidentidade emergente de seu(sua) filho(a) adolescente e seus próprios sentimentos sobre a perda do(a) filho(a) que eram antes. O que parecer autêntico e real para a sua situação é o melhor ponto de partida. Convide uma conversa bidirecional com seu(sua) filho(a) adolescente, sem vergonha ou culpa.
  5. Crie um novo plano: Explore como você pode tomar medidas que melhorarão a situação. Por exemplo, mamãe diz: "Eu sei que você é capaz e não vou mais interferir ou lembrá-lo sobre a lição de casa, a menos que você me peça. Isso será difícil para mim, porque se tornou um hábito. Você gostaria de compartilhar uma breve atualização sobre seus trabalhos escolares toda semana, para não me preocupar com você?” Se o(a) filho(a) concordar, também concorde em que dia da semana deve esperar a atualização: "Se não tiver notícias suas nesse dia, tenho sua permissão para perguntar sobre sua atualização no dia seguinte?". Descubra o que seu(sua) filho(a) precisa de você e ofereça-se para atender a sua solicitação de uma maneira que seja agradável. Reúna-se toda semana ou duas nos primeiros meses para garantir que você esteja cumprindo o plano e negociando outras questões que surgirem. Mantenha um senso de humor. Talvez crie um sinal manual secreto para lembrar um ao outro quando comportamentos irritantes estão surgindo.
Quando as famílias se livram dessas irritações, os relacionamentos são infundidos com mais energia e compaixão. Os pais conhecem e apreciam os adolescentes pelo que eles são, não apenas pelo que fazem. Essa mudança de foco ajuda os pais a reforçar os valores familiares que ajudam a criar ambientes de aprendizado saudáveis ​​para seus filhos e para eles mesmos.
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Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
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GORDOFOBIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Você, certamente, não gosta quando alguém lhe trata com preconceito ou qualquer tipo de discriminação, não é verdade? Saiba, então, que uma pessoa mais gordinha sofre muito quando se sente discriminada e tratada com preconceito. A “gordofobia” é algo que se expande neuroticamente e que só aumenta o problema da obesidade. Mas veja, os risos e gargalhadas são indescritíveis quando uma piada sobre gordos é contada, não porque se trata de uma reação a algo genuinamente engraçado ou interessante. Na verdade, o público não ri porque a piada era boa: eles riem porque odeiam pessoas gordas e, pior ainda, porque acreditam que pessoas gordas merecem tanto desprezo.

Uau, é assim tão simples? O mundo está realmente abarrotado de inimigos que não têm sentimentos ou obtêm prazer ao abater os outros? Se demorarmos um minuto para analisá-lo, descobriremos rapidamente que não é tão simples assim. O que está acontecendo quando os inimigos riem? Eles estão dando um tempo mental - quase como liberar uma válvula com muita pressão - de se julgarem. A discriminação relativa a pessoas com sobrepeso inclui considerá-las preguiçosas, indisciplinadas e pouco inteligentes, uma consideração completamente destituída de sentido! Mais da metade das pessoas não vê mal em fazer comentários negativos sobre o peso de uma pessoa. Mas tudo se trata de uma espécie de jogo psicológico com uma tentativa das pessoas em livrarem-se do que veem nos outros.
Na psicoterapia, meus clientes geralmente ficam chocados ao descobrir, ao longo da terapia, que seus julgamentos sobre os outros refletem simultaneamente o grau em que eles também se julgam. Todos os dias, eu me pego dizendo: "Você é muito duro consigo mesmo!" Parece haver um autojulgamento ilimitado por aí no universo, e é venenoso porque esses “autojulgadores” são duas vezes melhores em julgar (até odiando) outros por qualquer número de razões (gordo demais, gay demais, étnico demais, etc.). Quando se trata de pessoas gordas, são alvos fáceis. Sua “falha” (ou problema) está lá fora, para o mundo ver e julgar. Tenho uma enorme empatia por quem está acima do peso, porque a situação é difícil para eles tanto física como emocionalmente, logo, uma ameaça dupla real. As “falhas” da maioria das pessoas (infidelidade, mau humor, etc.) não são tão aparentes, então você precisa conhecer a pessoa melhor para realmente ver suas falhas. Mas com pessoas gordas não há como se esconder. Nessa perspectiva, é realmente péssimo ficar gordo, não é? Mas a obesidade é a última fronteira em preconceitos, ainda e por pouco tempo, toleráveis.

Você sabia que mais de 70% das pessoas obesas relataram ter sido ridicularizadas sobre seu peso por um membro da família? Ou que mais de 50% dos obesos acreditam que foram discriminados ao procurar emprego ou promoção? E ainda que crianças de até 4 anos relutam em fazer amizade com uma criança com sobrepeso? Todas essas manifestações de preconceito não apenas prejudicam emocional e psicologicamente o indivíduo gordo - aumentando o risco de depressão, insatisfação corporal e baixa autoestima -, como também contribuem a existência do preconceito da obesidade em si.

Argumentando que "é para seu próprio bem", algumas pessoas usam a culpa e a vergonha na tentativa de motivar os obesos a perder peso. Isso não funciona! Se assim fosse, à medida que o estigma aumentasse, a obesidade diminuiria. Em vez disso, à medida que as taxas de obesidade aumentaram, a discriminação também aumentou em muito na última década. Em vez de motivar as pessoas a perder peso, a discriminação de peso aumenta o risco de obesidade em até 2,5 vezes. Isso, por sua vez, torna os indivíduos mais vulneráveis ​​à intolerância, perpetuando um ciclo de ganho de peso.

O viés de peso nos cuidados de saúde é particularmente problemático porque desencoraja as pessoas com alto risco de problemas de saúde a buscarem ou receberem cuidados médicos, bem como a discutirem questões de saúde com seu médico. Depois de visitarem os profissionais de saúde, os pacientes obesos relatam sentir-se desrespeitados, não levados a sério e ter todos os seus problemas médicos atribuídos ao seu peso.

A magreza sugere ser um fator para o sucesso, o que é, na verdade, um grande equívoco. Mas por que as pessoas com sobrepeso são julgadas com tanta severidade? Nossa sociedade vê a magreza como um símbolo de trabalho duro, autodisciplina e força de vontade, valores que passamos a reverenciar principalmente no mundo ocidental. Nesses termos, presume-se que as pessoas com excesso de peso não possuam essas virtudes. A mídia parece contribuir para o problema. Nas histórias sobre obesidade, os meios de comunicação, inclusive na Web, usam imagens negativas de pessoas obesas que vestem roupas mal ajustadas ou comem fast-food ou pior, como partes do corpo desumanizadas e isoladas. Assim é que existem conceitos errôneos generalizados que minimizam as complexidades da obesidade e isso é difícil de se reverter. Esses equívocos florescem apesar das pesquisas que documentam as consequências negativas do estigma do peso e o fato de que muitas causas da obesidade estão fora do controle do indivíduo - por exemplo: genética, status econômico, educação e a maneira como os pais conversam com seus filhos sobre peso têm influência na obesidade. A epidemia de obesidade também pode ser explicada, pelo menos em parte, pela resposta das pessoas às mudanças em seu ambiente - reduções no trabalho manual, maior densidade de restaurantes de fast food e acessibilidade de alimentos baratos, publicidade pesada de alimentos processados ​​pela indústria de alimentos e preocupações com segurança que tornam os bairros menos acessíveis são alguns exemplos de influencias ambientais.

Se as pessoas estão tão incomodadas com o estigma de serem obesas, por que elas simplesmente não perdem peso? Como qualquer pessoa com histórico de dieta sabe, é extremamente difícil perder peso e ainda mais difícil mantê-lo. O estigma não motiva as pessoas a fazer escolhas mais saudáveis ​​e representa uma séria ameaça à saúde física e psicológica. Então o que nós podemos fazer? A abordagem oposta - baseada na aceitação - é mais eficaz. Em vez de focar apenas na responsabilidade pessoal, vamos abordar a questão maior e trabalhar na mudança do ambiente de promoção da obesidade. Em vez de dar palestras às pessoas sobre exercícios e perda de peso, vamos enfatizar abordagens mais eficazes, como a Saúde em Todos os Tamanhos.

Quanto mais nossa sociedade aprender a sentir empatia pelos outros, menos julgamento teremos que espalhar entre nós. Você sabe que o problema é sério - nesse caso, odiar ou discriminar pessoas gordas - quando uma pessoa odeia outra sem nunca ter se encontrado! Mas é exatamente isso que acontece quando muitos homens e mulheres encontram alguém obeso: julgamentos rápidos são feitos, e a pessoa gorda geralmente é sumariamente descartada como preguiçosa ou fraca. Culpar a vítima liberta todos os outros de responsabilidade, mas com uma epidemia tão complexa quanto a obesidade, todos temos um papel a desempenhar na prevenção e tratamento - e isso inclui não discriminar as pessoas com base no seu peso ou em qualquer outro fator.

Se você acha que tem opiniões negativas sobre pessoas gordas, ou talvez outro grupo de pessoas que você decidiu que não gosta particularmente, na próxima vez que tais pensamentos ou sentimentos surgirem, reserve um momento e dê um passo atrás. A verdade é simples: se você é duro com os outros, também será duro consigo mesmo de alguma outra maneira. Então, aqui está minha ideia maluca: não seja crítico consigo mesmo ou com os outros. E, por favor, deixe as pessoas gordas em paz! Finalmente, você pode dar um passo à frente se for alguém que faz um comentário desagradável sobre alguém com excesso de peso: tome uma posição e defenda essa pessoa. De pouco a pouco todos podem fazer algo para tornar o mundo um lugar mais gentil e compreensivo.

Você pode conhecer o meu trabalho pelos conteúdos divulgados nesses locais:


Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Psicologia Clínica (graduando) e Autismo.
  • Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
  • Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
  • Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.