
Uau,
é assim tão simples? O mundo está realmente abarrotado de inimigos que não têm
sentimentos ou obtêm prazer ao abater os outros? Se demorarmos um minuto para
analisá-lo, descobriremos rapidamente que não é tão simples assim. O que está
acontecendo quando os inimigos riem? Eles estão dando um tempo mental - quase
como liberar uma válvula com muita pressão - de se julgarem. A discriminação
relativa a pessoas com sobrepeso inclui considerá-las preguiçosas,
indisciplinadas e pouco inteligentes, uma consideração completamente destituída
de sentido! Mais da metade das pessoas não vê mal em fazer comentários
negativos sobre o peso de uma pessoa. Mas tudo se trata de uma espécie de jogo
psicológico com uma tentativa das pessoas em livrarem-se do que veem nos
outros.
Na
psicoterapia, meus clientes geralmente ficam chocados ao descobrir, ao longo da
terapia, que seus julgamentos sobre os outros refletem simultaneamente o grau
em que eles também se julgam. Todos os dias, eu me pego dizendo: "Você é
muito duro consigo mesmo!" Parece haver um autojulgamento ilimitado por aí
no universo, e é venenoso porque esses “autojulgadores” são duas vezes melhores
em julgar (até odiando) outros por qualquer número de razões (gordo demais, gay
demais, étnico demais, etc.). Quando se trata de pessoas gordas, são alvos
fáceis. Sua “falha” (ou problema) está lá fora, para o mundo ver e julgar.
Tenho uma enorme empatia por quem está acima do peso, porque a situação é
difícil para eles tanto física como emocionalmente, logo, uma ameaça dupla
real. As “falhas” da maioria das pessoas (infidelidade, mau humor, etc.) não
são tão aparentes, então você precisa conhecer a pessoa melhor para realmente
ver suas falhas. Mas com pessoas gordas não há como se esconder. Nessa
perspectiva, é realmente péssimo ficar gordo, não é? Mas a obesidade é a última
fronteira em preconceitos, ainda e por pouco tempo, toleráveis.
Você
sabia que mais de 70% das pessoas obesas relataram ter sido ridicularizadas
sobre seu peso por um membro da família? Ou que mais de 50% dos obesos
acreditam que foram discriminados ao procurar emprego ou promoção? E ainda que
crianças de até 4 anos relutam em fazer amizade com uma criança com sobrepeso? Todas
essas manifestações de preconceito não apenas prejudicam emocional e
psicologicamente o indivíduo gordo - aumentando o risco de depressão,
insatisfação corporal e baixa autoestima -, como também contribuem a existência
do preconceito da obesidade em si.
Argumentando
que "é para seu próprio bem", algumas pessoas usam a culpa e a
vergonha na tentativa de motivar os obesos a perder peso. Isso não funciona! Se
assim fosse, à medida que o estigma aumentasse, a obesidade diminuiria. Em vez
disso, à medida que as taxas de obesidade aumentaram, a discriminação também
aumentou em muito na última década. Em vez de motivar as pessoas a perder peso,
a discriminação de peso aumenta o risco de obesidade em até 2,5 vezes. Isso,
por sua vez, torna os indivíduos mais vulneráveis à intolerância, perpetuando
um ciclo de ganho de peso.
O
viés de peso nos cuidados de saúde é particularmente problemático porque
desencoraja as pessoas com alto risco de problemas de saúde a buscarem ou
receberem cuidados médicos, bem como a discutirem questões de saúde com seu
médico. Depois de visitarem os profissionais de saúde, os pacientes obesos
relatam sentir-se desrespeitados, não levados a sério e ter todos os seus
problemas médicos atribuídos ao seu peso.
A
magreza sugere ser um fator para o sucesso, o que é, na verdade, um grande equívoco.
Mas por que as pessoas com sobrepeso são julgadas com tanta severidade? Nossa
sociedade vê a magreza como um símbolo de trabalho duro, autodisciplina e força
de vontade, valores que passamos a reverenciar principalmente no mundo
ocidental. Nesses termos, presume-se que as pessoas com excesso de peso não
possuam essas virtudes. A mídia parece contribuir para o problema. Nas
histórias sobre obesidade, os meios de comunicação, inclusive na Web, usam
imagens negativas de pessoas obesas que vestem roupas mal ajustadas ou comem
fast-food ou pior, como partes do corpo desumanizadas e isoladas. Assim é que
existem conceitos errôneos generalizados que minimizam as complexidades da
obesidade e isso é difícil de se reverter. Esses equívocos florescem apesar das
pesquisas que documentam as consequências negativas do estigma do peso e o fato
de que muitas causas da obesidade estão fora do controle do indivíduo - por
exemplo: genética, status econômico, educação e a maneira como os pais
conversam com seus filhos sobre peso têm influência na obesidade. A epidemia de
obesidade também pode ser explicada, pelo menos em parte, pela resposta das
pessoas às mudanças em seu ambiente - reduções no trabalho manual, maior
densidade de restaurantes de fast food e acessibilidade de alimentos baratos,
publicidade pesada de alimentos processados pela indústria de alimentos e
preocupações com segurança que tornam os bairros menos acessíveis são alguns exemplos
de influencias ambientais.

Quanto
mais nossa sociedade aprender a sentir empatia pelos outros, menos julgamento
teremos que espalhar entre nós. Você sabe que o problema é sério - nesse caso,
odiar ou discriminar pessoas gordas - quando uma pessoa odeia outra sem nunca
ter se encontrado! Mas é exatamente isso que acontece quando muitos homens e
mulheres encontram alguém obeso: julgamentos rápidos são feitos, e a pessoa
gorda geralmente é sumariamente descartada como preguiçosa ou fraca. Culpar a
vítima liberta todos os outros de responsabilidade, mas com uma epidemia tão
complexa quanto a obesidade, todos temos um papel a desempenhar na prevenção e
tratamento - e isso inclui não discriminar as pessoas com base no seu peso ou
em qualquer outro fator.
Se
você acha que tem opiniões negativas sobre pessoas gordas, ou talvez outro
grupo de pessoas que você decidiu que não gosta particularmente, na próxima vez
que tais pensamentos ou sentimentos surgirem, reserve um momento e dê um passo
atrás. A verdade é simples: se você é duro com os outros, também será duro
consigo mesmo de alguma outra maneira. Então, aqui está minha ideia maluca: não
seja crítico consigo mesmo ou com os outros. E, por favor, deixe as pessoas
gordas em paz! Finalmente, você pode dar um passo à frente se for alguém que
faz um comentário desagradável sobre alguém com excesso de peso: tome uma
posição e defenda essa pessoa. De pouco a pouco todos podem fazer algo para
tornar o mundo um lugar mais gentil e compreensivo.
Você
pode conhecer o meu trabalho pelos conteúdos divulgados nesses locais:
- Blog do Psicólogo (www.blogdopsicologo.com.br)
- YouTube (https://youtube.com/c/CanaldoPsicologo)
- Facebook (https://www.facebook.com/paulocesarpctr/)
- Instagram (@paulocesarpsi)
Um abraço,
Psicólogo Paulo
Cesar
- Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e
casais.
- Psicólogo de linha humanista com acentuada
orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana,
Psicologia Clínica (graduando) e Autismo.
- Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da
Escola Paulista de Medicina.
- Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de
Medicina Reprodutiva.
- Palestrante sobre temas ligados ao comportamento
humano no ambiente social e empresarial.
- Consultório próximo à estação de metrô Vila
Mariana em São Paulo, SP.
- Atendimentos (presenciais e por internet)
de segunda-feira a sexta-feira.