Um dos desafios que muitos de
nós enfrentam é permitir que outras pessoas tenham suas próprias experiências
emocionais negativas. Normalmente, quando as pessoas com quem nos preocupamos
estão tristes, irritadas ou ansiosas, logo tentamos fazê-las se sentirem melhor,
ou pelo menos, de forma diferente. Tentamos fazê-las rir, dizer-lhes que tudo
vai ficar bem, ou fazer algum tipo de favor para que melhorem. Mas numa análise
mais profunda, agindo dessa maneira, na verdade estamos tentando impedir que essas
pessoas tenham suas experiências emocionais pessoais. Os pais, em particular, vivem
um verdadeiro dilema quando seu filho ou sua filha entra na adolescência e
começa a desenvolver seu próprio senso de si mesmo.
Por exemplo, vamos supor que algo aconteceu na vida
de uma adolescente e isso fez com que ela ficasse mal-humorada, cabisbaixa, não-comunicativa
e displicente com os seus estudos. Frente a isso, a mãe ou o pai tenta agradar a
adolescente levando-a para fazer compras, dando-lhe dinheiro para ver um filme,
etc. Se essa estratégia não funciona (normalmente é isso que acontece!), e o humor
da menina não melhora, a mãe e/ou o pai frustra-se e se expressa para a
adolescente: “você tem tantas outras coisas boas acontecendo na sua vida",
“você tem tudo que precisa”, etc. No fim, o que resta são sentimentos de
impotência e incompetência que os pais acabam considerando sobre si mesmos.
Neste ponto, pode ser útil ou mesmo necessário que os
pais dêem um tempo e considerem o que eles estão sentindo nessa situação. Esses
pais estão se lembrando de seus próprios conflitos eram adolescentes? Os pais estão
se sentindo nervosos e preocupados que a adolescente possa ter algum tipo de
dano ou de nunca se sentir bem e esperançosa novamente? Quando os pais são
capazes de identificar os seus próprios sentimentos, torna-se mais fácil
permitir que os filhos vivenciem os seus sentimentos pessoais.
Para que os seres humanos cresçam emocionalmente,
independentemente da idade, eles precisam experimentar todos os tipos de sentimentos,
aprender a identificá-los, expressá-los adequadamente e saber como deixá-los ir
embora. Se, entretanto, emoções e sentimentos são bloqueados, de alguma forma,
por outra pessoa, essa vivência não é realizada e o crescimento torna-se
limitado.
Então,
o que os pais devem fazer numa situação como essa? A importância de apenas
estar presente (ou seja, não ser ausente) frequentemente é ignorada. Servir de
testemunha da dor emocional de outra pessoa já é, por si só, terapêutico. O pai
também pode verbalizar para o seu filho adolescente: "Estou aqui para
ouvir se você quiser desabafar"; ou pode perguntar: "Existe algo que
você gostaria que eu fizesse?”, “O que você gostaria que eu dissesse prá você
quando você está se sentindo assim?”. Às vezes, o adolescente está aberto para compartilhar
seus sentimentos, mas não é capaz de verbalizá-los diretamente aos pais. O pai
(ou a mãe, é claro), então, pode sugerir que o adolescente escreva prá ele
dizendo o que está acontecendo numa carta ou mesmo num email. Isso pode ser muito
benéfico pois permite ao adolescente juntar os seus pensamentos e processar os
sentimentos através do ato de escrevê-los. Pode até acontecer de não ser
necessário que o pai responda à carta ou email. O simples ato de escrever e
colocar os pensamentos e sentimentos "em algum lugar" pode, por si
só, fornecer a ajuda necessária.
Enfim,
a abordagem, de modo geral, é oferecer apoio, mas também permitir que o
adolescente se responsabilize por trabalhar os seus sentimentos. Em outras
palavras, trata-se de, essencialmente, deixar o adolescente ter sua própria
experiência emocional e com ela, conhecer-se, crescer e tornar-se um adulto
preparado para as várias situações que a vida lhe apresentar. Porém, caso
esteja havendo significativo sofrimento do(a) jovem, a psicoterapia será um
recursos recomendado.
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Um
abraço,
Psicólogo Paulo Cesar
Psicoterapeuta de adolescentes, adultos, casais e gestantes. Psicólogo
de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Consultório
próximo ao Shopping Metrô Santa
Cruz. Atendimento de
segunda-feira aos sábados. Marque uma consulta pelos fones 11.5081-6202 e
94111-3637 ou pelos links www.psicologopaulocesar.com.br ou www.blogdopsicologo.com.br
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