Em pleno século XXI, caracterizado por muitas modernidades, inclusive no ambiente de trabalho, as empresas deveriam colocar o bem-estar de seus funcionários no centro de suas preocupações. Entretanto, não é isso que, infelizmente, observa-se, sendo ainda os transtornos mentais, um tabu dentro das organizações. Não é um fenômeno exclusivo do Brasil pois, em todo o mundo, cada vez mais pessoas enfrentam esses desafios.
Posso, sem medo de estar longe da verdade, estimar que cerca de um em cada cinco adultos sofre de problemas de saúde mental em um ano com sintomas que duram um considerável tempo. Além disso, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mulheres estão particularmente em risco, com taxas mais altas de transtornos mentais como depressão, ansiedade, etc.
Em termos financeiros, esses transtornos mentais no trabalho custam à economia global mais de US$ 1 trilhão em perda de produtividade anual. Há, também, uma pesquisa realizada na Europa (uma contribuição da União Europeia para o consórcio World Mental Health Surveys Initiative - EUWMH), mostrando que funcionários com problemas de saúde mental implicam numa média de 3,1 dias de absenteísmo por mês, em comparação com 1 dia por mês para funcionários comuns. Não creio que seja muito diferente em nosso país!
Há anos, desde quando ainda fazia uma carreira executiva em multinacionais, venho alertando sobre o problema da saúde mental afetando a produtividade e, consequentemente, os resultados organizacionais. Considero que, hoje, esse seja um assunto indiscutível, visto que a aceita-se com mais realismo o fato da saúde mental afetar a eficácia de um funcionário no local de trabalho. O que agora eu questiono é: Por que as empresas ainda não atuam objetivamente para a diminuição significativa desse tipo de problema, considerando que trabalhadores e empresa podem ganhar ou perder com essa condição? Sendo bastante didático, lembro que boa saúde mental do trabalhador traz bom resultado em termos de produtividade e uma saúde mental comprometida influencia negativamente nos índices organizacionais, até mesmo em questões financeiras.
E
como agem os funcionários frente a essa situação?
Bem,
muitos trabalham como se nada tivesse acontecido, porém recomendo que observem
a si próprios e analisem suas condições.
Quando atendo trabalhadores que entram em “pane” por causa de suas atividades profissionais,
observo que, inicialmente, os sintomas variam: um dia, a pessoa está totalmente
funcional e no dia seguinte pode ser difícil para ela sair da cama, seja qual
for os setores onde trabalham - saúde, varejo, hotelaria, administração, indústria,
atendimento ao cliente, educação, etc.
Alguns
recorrem ao abuso de substâncias ou à automutilação para aliviar a
tensão. Outros tentam esconder seus sintomas no trabalho, mas o resultado
final é mais fadiga e estresse. Eles também admitem estar distraídos em
seus deveres.
Algumas
pessoas se obrigam a trabalhar quando não se sentem bem, mesmo quando percebem
que precisam tirar uma folga. Por outro lado, para outros, o trabalho
salva vidas já que isso permite que eles se desconectem de seus problemas,
concentrando-se em suas tarefas; pode até ajudá-los a superar suas dificuldades
durante um período contudo se assim continuarem, o preço será alto demais.
Apesar disso, os participantes admitem que, com o tempo, todos percebem que
precisam cuidar de si mesmos, em vez de ignorar seus sintomas, lembrando que continuar
trabalhando em condições ruins afeta negativamente seu desempenho no trabalho a
longo prazo.
A
sua saúde mental tem um grande impacto na qualidade da sua atividade, no ritmo
com que executam as suas tarefas e no número de erros cometidos. Eles
também experimentam grandes quedas de energia, fazendo com que se sintam mais
lentos.
No
entanto, algumas estratégias permitem que os participantes combinem com sucesso
as demandas de seu trabalho e seu bem-estar. Felizmente, há quem aceite
sua condição em vez de combatê-la.
Em
outros indivíduos, bons conselhos e acompanhamento médico e psicológico têm um efeito positivo na
eficiência do trabalho. As atividades de atenção plena (yoga, meditação)
também ajudam a regular certos sintomas. Desarmar as situações com humor é
outra técnica para manter um bom relacionamento com os colegas e ao mesmo tempo
dar indicações sobre o estado de saúde.
Por
fim, resta a estratégia de compensação: compensar a perda de qualidade ou
reatividade no trabalho durante certos momentos difíceis, trabalhando mais nos
períodos em que se sente melhor.
Os
indivíduos afetados também podem regular ou reduzir seus sintomas se, dentro de
suas empresas, se sentirem ouvidos e apoiados. Por exemplo, se seus
empregadores permitirem que eles tirem uma folga ou recebam tratamento
adequado.
Infelizmente, muitos funcionários que sofrem não se atrevem a falar sobre esses problemas. A realidade é que muitas empresas não estão preparadas para enfrentar essas dificuldades ou não oferecem esquemas de trabalho que ajudem seus funcionários a cumprir suas exigências profissionais. Torna-se, portanto, urgente estimular o desenvolvimento de uma maior consciência sobre todos os sofrimentos mentais, incluindo os que não são necessariamente visíveis. A comunicação transparente e o apoio gerencial são essenciais para melhorar a vida profissional e a inclusão dessas pessoas mais vulneráveis.
É
fundamental mostrar que é possível melhorar a saúde mental com ações
práticas. A troca de sentimentos, pensamentos e sensações em uma conversa já
pode aliviar a pessoa em sofrimento. Também deve-se encaminhá-la para os
profissionais especializados, para melhor diagnóstico da situação.
A
verdade é que sofrimentos ligados à atividade profissional atingem muita gente
em nossa sociedade; são sofrimentos que se revelam em forma de ansiedade,
depressão, Burnout, despersonalizações, angústias, crises de relacionamentos e
muitas outras formas. É imprescindível que as empresas precisam melhorar esse
realidade.
Existem
vários caminhos e o mais importante é entender o diagnóstico da sua empresa, ou
seja, o que precisa ser melhorado na sua realidade – as causas estão
dentro delas e os sintomas de seus empregados são uma consequência de problemas
como preconceito e assédio, carga de trabalho excessiva, estabelecimento de metas
inalcançáveis, estimulação de muita competitividade, falta de reconhecimento, ausência
de qualidade de vida, inexistência de plano de carreira, inoperância de políticas
relacionadas à flexibilidade, desconsideração da importância de um programa de
qualidade de vida, despreocupação com ambiente “não diverso” e sem qualquer tipo
de inclusão, e atém mesmo, por causa de lideranças com comportamentos
inadequados e abusivos
Concluindo,
espero que as empresas brasileiras, e também em todo o mundo – façam mais
investimentos em saúde mental. Isso é investir na sua empresa!
Quando
falo sobre sofrimentos psicológicos no trabalho estou me referindo a muitos
fatores que podem interferir no bem-estar emocional, no humor e na capacidade
cognitiva dos trabalhadores. Há muito que está ao alcance das empresas e que
podem ser feitas hoje. As mudanças por um ambiente mais saudável se iniciam com
pequenas e grandes ações. Desde mudar a forma de agir e pensar da sua
organização até oferecer apoio psicoterapêutico como um benefício
corporativo
Se
quiser, você pode contar comigo nessa jornada – veja os dados de contato ao
final desse artigo. O importante é levar os cuidados com a saúde mental para a
sua empresa!
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Um
abraço,
Psicólogo
Paulo Cesar
- Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
- Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista.
- Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
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