A vida exige de nós o mínimo de equilíbrio. Ao mesmo tempo, as emoções sinalizam ameaças e recompensas. Quer dizer, como uma bússola que nos guia na direção certa, as emoções têm o poder de nos guiar para as ações certas, logo, o controle emocional é uma das maiores conquistas que podemos alcançar. Mas atenção: tem que haver equilíbrio, sendo necessário estar com a cabeça tranquila. A inteligência emocional é uma habilidade cognitiva que nos permite conhecer e controlar as nossas emoções e é através dela que conseguimos regular as nossas emoções e construir relacionamentos mais saudáveis. Mas o que é Autocontrole (ou Regulação) Emocional?
Ter controle emocional é a capacidade que o ser humano possui para compreender seus sentimentos e emoções e, dessa forma, agir de modo mais calculado e razoável, sem se deixar levar por impulsos, pensamentos “soltos” ou influências negativas. A inteligência emocional que nos dá condições de controlar melhor as emoções, ser hábil ao regular as próprias emoções em momentos intensos, sejam eles positivos ou negativos, adquirindo condições de se expressar de maneira adequada nas várias situações da vida.
Quando define-se o autocontrole ou
regulação emocional, considera-se o processo pelo qual as pessoas influenciam
as emoções que têm, quando as têm e como experimentam e expressam seus
sentimentos. Isso pode ser automático ou controlado, consciente ou
inconsciente, e pode ter efeitos em um ou mais pontos no processo de produção
de emoções
Além disso, a definição de
regulação emocional abrange sentimentos positivos e negativos, além de como se pode
fortalecê-los, usá-los e controlá-los. Esse autocontrole envolve três
componentes:
- Iniciando ações desencadeadas por emoções.
- Inibindo ações desencadeadas por emoções.
- Respostas moduladoras desencadeadas por emoções.
Idealmente, o terceiro componente
é a melhor maneira de aproveitar ao máximo os processos regulatórios.
Estudos sobre regulação emocional
indicam que existe uma correlação positiva significativa entre regulação
emocional e controle da depressão. Pessoas com níveis mais baixos de
ansiedade apresentam maior controle emocional e inteligência socioemocional. Os
estudos indicam que as emoções são respostas adaptativas que têm uma base
profundamente enraizada na biologia evolutiva. A maneira como as sentimos
e interpretamos afeta como pensamos, como decidimos e como coordenamos nossas
ações no dia a dia. Por exemplo, uma pessoa que tem estratégias ruins de autocontrole
ou regulação emocional tem maior probabilidade de ser vítima de variações de
humor pois suas ações e padrões de comportamento estariam sempre à mercê de
suas emoções. Diferentemente, uma pessoa com bom autocontrole terá um melhor
equilíbrio e julgamento de seus sentimentos e ações. A regulação emocional
nos permite julgar cuidadosamente quais resultados afetivos adotar e quais
evitar. Quando confrontamos um estímulo provocador, a reação natural do cérebro
é ativar a amígdala, um local do cérebro que regula as respostas de luta ou
fuga. Os processos de regulação emocional nos permitem ganhar tempo antes
de agirmos nos gatilhos de luta ou fuga.
Note que com a regulação
emocional, podemos permitir que o surto inicial de emoções acalme-se e
afaste-se da situação antes de reagir a ela. Em outras palavras, o aumento do
intervalo de tempo entre o estímulo e a resposta restaura as faculdades mentais
que envolvem o pensamento racional e o raciocínio. Como resultado, podemos
nos salvar de colapsos emocionais repentinos ou esgotamento. A
autorregulação é, então, uma pausa entre sentimentos e reações – ela nos
encoraja a desacelerar um pouco e agir depois de avaliar objetivamente uma
situação. Por exemplo, um aluno que grita com os outros e bate nos amigos
por motivos mesquinhos certamente tem menos controle emocional do que uma
criança que, antes de bater ou gritar, conta ao professor sobre seus problemas.
Outro grande aspecto da regulação
emocional é o engajamento de valor. Quando reagimos impulsivamente sem
prestar muita atenção ao que está acontecendo dentro de nós, muitas vezes
podemos nos desviar de nossos valores fundamentais e agir de maneira oposta a
eles. Com o autocontrole adequado, ganhamos o poder de manter a calma sob
pressão, o que nos impede de agir contra nossos valores e ética fundamentais.
Acredito que todos nós temos a capacidade de construir um repertório emocional robusto e evitar que nossa energia mental seja investida em negatividade. Podemos nos fortalecer olhando para dentro e praticando a autoconsciência ou podemos buscar ajuda externa, envolvendo-nos em uma comunicação positiva com os outros. Não há problema em consultar um psicoterapeuta quando nosso enfrentamento interno falha, talvez até seja esse, para alguns, a melhor solução; o foco principal é criar um escudo emocional positivo que possa canalizar nossas emoções para compor o melhor de nós.natural.
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro