Ó, abre alas, que eu quero passar! Mamãe, eu quero mamar! Você
pensa que cachaça é água? Daqui não saio, daqui ninguém me tira! Atrás do
trio elétrico só não vai quem já morreu!
Carnaval, dias de irreverência e descontração, em que as pessoas se
liberam e adotam posturas e atitudes mais desprendidas e despudoradas,
extravasando suas vontades e desejos sem o medo dos julgamentos.
Não é uma festa brasileira e sim, uma festa pagã grega, que servia para
comemorar as colheitas. Aos poucos, foram acrescentadas as bebidas, as práticas
sexuais, a igreja tentou reprimir, mas a “turma” gostava e se identificava
demais com os festejos..., e assim o carnaval ficou até hoje.
A compreensão do fenômeno “carnaval” é ampla, mas vou lhe contar apenas
alguns sobre os aspectos sociais e psicológicos.
Há um "negócio" psicológico conhecida por “desindividualização”,
entendido como um efeito de massa (portanto, algo coletivo), que é quando a
pessoa vai perdendo a autoconsciência e o medo do julgamento alheio. Claro que
isso pode ter consequências negativas ou positivas.
Penso que a maioria das pessoas, inclusive você, leitor, já esteve num
grupo agindo de um modo diferente do que usualmente agiria se estivesse
sozinho. O “lance” é que as pessoas em grupos tendem a perder parte de próprio
autoconhecimento e autocontenção – Oba, chegando no carnaval!!!

De certa maneira, as pessoas acabam por fazer coisas quando estão em
grupos (ou bandos, diriam os mais críticos) que não fariam sozinhas - porque
elas se sentem menos responsáveis por suas ações como um indivíduo. E este
processo de “desindividualização” pode ter efeitos poderosos. Por exemplo, numa
guerra, os soldados que matam outros seres humanos dizem que não são monstros:
apenas estavam em grupo cumprindo ordens e não eram os únicos a fazê-lo. Muitos
são envolvidos em atos hediondos de violência por causa da “desindividualização”.
Claro que isso é uma consequência negativa do processo, porém, ao "desinvidualizar-se", uma pessoa pode participar de atos festivos mais picantes
do que os atos numa festa, digamos, sob controles. Você está imaginando o que
pode fazer numa festa como o carnaval? Bem, as pessoas se soltam e acabam, por
exemplo, beijando um monte de gente, “plantando bananeiras” ou expondo seus
corpos mais do que o habitual, afinal, não se preocupam com o olhar e
julgamento dos outros.
É justamente pela “desindividualização” que as pessoas se sentem mais
livres (ou menos reprimidas) durante o Carnaval. Cabe a cada um aproveitar os
festejos com responsabilidade, entendendo que o limite para a sua felicidade é
o seu bem-estar.

Além do mencionado, uma coisa muito importante que ocorre no carnaval é
que essa gigantesca reunião com outras pessoas pode ampliar as possibilidades
de futuro, ajudar também a enxergar outras escolhas a serem feitas, celebrar a diversidade de
caminhos existentes e reforçar a esperança de uma vida diferente daquela que se
tem, o que, indiscutivelmente, pode contribuir para o bem-estar emocional. Não
significa negar a realidade – pelo contrário. É poder buscar apoio e formas de
encarar a existência, a vida, entendendo que, ainda que haja percalços e necessidade de
redirecionamentos, a alegria é possível - principalmente, se cada um buscar
renovar suas esperanças em um futuro que está sempre por ser construído.
Ademais, é compartilhar alegrias – assim como as tristezas. É amparar-se em
quem se oferece para estar ao seu lado, para que a esperança se renove e não
deixe de existir em cada novo dia.
Divirta-se! É carnaval!!
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro
Psicoterapeuta de adolescentes, adultos, casais e gestantes – Presencial e Online.Psicólogo clínico de linha humanista existencial e de orientação das Psicologias Analítica (Carl Jung), Relacional e Budista.
Extensão e Certificação em Filosofia & Meditação (PUCRS), Certificação em Racismo e Psicanálise (Achille Mbembe), Pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo (Famart) e Psicologia Clínica (PUCRS).
Associado à ABRAP, SBRA e ABRA (Psicoterapia e Reprodução Assistida).
Colaborador do HSPMAIS – Saúde Suplementar e de Apoio à Pesquisa Clínica (Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina).
Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.