Embora as atitudes em relação à comunidade LGBTQIA+ tenham mudado drasticamente nos últimos
anos, pessoas com essas identidades continuam enfrentando discriminação e
assédio em todo o Brasil. Uma
consequência disso, é o fato do risco de problemas e dificuldades psicológicas ser
muito mais alto entre a comunidade LGBTQIA+ do que no público em geral. Na
verdade, até 60% dessas pessoas desenvolve ansiedade e depressão em suas
vidas, o que permite que se afirme que a ansiedade é um importante problema de
saúde mental na comunidade LGBTQIA+. Estigma, discriminação, microagressão
e diversos traumas contribuem para o estresse e sentimentos de ansiedade, sendo
que as complicações da ansiedade não tratada podem ser graves e podem incluir
até suicídio.
É importante observar que essas altas taxas na comunidade LGBTQIA+ não significam que essas pessoas sejam fracas do que qualquer outra
pessoa. Em vez disso, todos deveriam
ver essa situação como
resultado do preconceito que as pessoas LGBTQIA+ enfrentam todos os dias. Por
exemplo, uma fonte de ansiedade para essa
comunidade é o simples fato de fazer parte de uma comunidade discriminada
e oprimida, seja por raça, gênero, orientação sexual ou
religião: isso causa
estresse e ansiedade. Cada
microagressão ou ato totalmente odioso causa uma certa quantidade de
estresse em toda a comunidade.
Infelizmente, grande parte da
ansiedade na comunidade LGBTQIA+
vem de experiências traumáticas. Supõe-se que cerca de 80% dos adolescentes da comunidade
já foram assediados ou agredidos pelo menos uma vez e cada vez que isso acontece, é mais provável
que uma pessoa considere se machucar. É preciso que se fale que altas taxas de ansiedade andam de mãos dadas com a
depressão – é um risco para a vida! Muitos jovens gays do ensino médio têm muito mais chances de considerar o suicídio do que seus colegas, sendo que quase metade de todas as pessoas “trans” de todas as idades já considerou o suicídio em algum momento.
Um
efeito da constante discriminação, hostilidade e mensagens homofóbicas (apenas
esses a título de exemplo) que não se pode negar é a homofobia internalizada,
ou seja, o(a) homossexual ter a crença de que ser LGBTQIA+
é errado. A meu ver, isso é torturante, uma vez que é uma crença contra sua própria natureza acompanhada de auto aversão, insegurança e
ansiedade. Observe que ser LGBTQIA+ não
garante um diagnóstico de ansiedade ou de saúde mental mais grave, mas as
condições sociais e as mensagens internalizadas certamente garantem níveis mais
altos desses transtornos nesta comunidade.
Você já deve ter percebido a
necessidade do suporte psicológico para sair do quadro de ansiedade. Para
muitos heterossexuais, as famílias fornecem o primeiro apoio psicológico nos
períodos de crise psico-emocional. No entanto, esta via de apoio não é uma
opção para muitas pessoas LGBTQIA+. Nesta população, um grande número de
indivíduos foi expulso de suas casas ou condenado ao ostracismo por suas
famílias.
Um ponto a ser destacado, nesse caso, é que a falta de apoio familiar
e o risco de ser excluído pela família certamente provocam maiores níveis de
ansiedade na população LGBTQIA+. Assim, creio ser indispensável que, no caso de
apoio psicológico, o profissional tenha compaixão e uma compreensão clara dos
muitos fatores em jogo. Somente se houver compreensão compassiva será possível
acessar o íntimo dessas pessoas quando buscarem suporte profissional para o tratamento
da ansiedade.
Claro, o tratamento profissional é
essencial. É difícil lidar com essa situação sozinho. A ansiedade, em
qualquer pessoa, pode causar problemas significativos, tanto para a saúde
física quanto mental. Se não for abordada e tratada, esse quadro provavelmente
não melhorará. Os cuidados profissionais de saúde mental são, portanto,
essenciais para aprender a lidar, gerenciar e reduzir a ansiedade. Estou
dizendo, assim, que o principal componente de um plano de recuperação psicológica
frente a um transtorno de ansiedade é a psicoterapia, com um psicólogo experimentado
e que saiba ajudar os pacientes a falarem sobre seus sentimentos e também estimular
práticas para o controle da ansiedade. A ansiedade é, de fato, um problema de
saúde mental comum, mas é grave. Prá melhorar, é necessário encarar os
próprios demônios!!
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Um abraço,
- Psicólogo Paulo Cesar
- Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
- Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista.
- Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
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