PAULO C. T. RIBEIRO - Psicólogo de adolescentes, adultos, casais e gestantes. Formado na Univ. de Guarulhos, especializado na área clínica, com certificação em Racismo e Psicanálise (Achille Mbembe), extensão e certificação em Filosofia e Meditação (PUCRS), pós graduações em Sexualidade Humana, Autismo (Famart) e Psicologia Clínica (PUC RS) e com diversos cursos de aperfeiçoamento e atualização.
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PAIS DE CRIANÇAS ATÍPICAS
ADULTOS EM TERAPIA: REFLEXÕES SOBRE EXISTÊNCIA E PSICOTERAPIA
Um livro de cabeceira prá quem gosta de Psicologia: ADULTOS EM TERAPIA - Reflexões Sobre Existência e Psicoterapia. uma obra que une sensibilidade, reflexão e profundidade simbólica:
Um mergulho afetuoso e lúcido nos dilemas emocionais da vida adulta: ansiedade, culpa, relações, sexualidade e feridas da infância sob a luz acolhedora da psicoterapia humanista.
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QUANDO AMAR JÁ NÃO BASTA, MAS O SOFRIMENTO TAMBÉM NÃO PODE CONTINUAR
Há relações que começam com promessas de eternidade, mas que se perdem no caminho —não por falta de amor, mas por excesso de dor. Relações onde os gestos de carinho foram substituídos por respostas ásperas, onde a cumplicidade cedeu lugar à disputa, onde a intimidade virou território hostil. E o mais doloroso: muitas dessas relações continuam. Continuam por medo por hábito ou por culpa. Continuam por apego à ideia do que um dia foi, ou à esperança de que um dia volte a ser. Mas há um momento em que é preciso olhar no espelho e fazer uma pergunta corajosa: estamos vivendo juntos ou sobrevivendo lado a lado?
O fim de um amor não começa com a ausência. Começa com o excesso de críticas, de gritos, de mágoas não ditas. Começa quando o tom da voz vira arma, quando o toque físico desaparece, quando o olhar foge. Começa no dia em que você sente que precisa se proteger da pessoa com quem deveria se sentir mais seguro.
Muitas vezes, o sofrimento conjugal não vem de grandes tragédias, mas de pequenas violências diárias: a agressividade verbal que se tornou normal, a forma grosseira de se expressar, como se falar com amor fosse fraqueza, a incapacidade de escutar sem interromper, desprezo silencioso que congela qualquer tentativa de aproximação ou a desvalorização da história familiar do outro, como se amar alguém fosse possível sem acolher minimamente de onde ele veio. É assim que o amor se desgasta: não por falta de sentimento, mas por falta de cuidado.
Quando
o parceiro se torna o inimigo
Não
há nada mais solitário do que dormir ao lado de alguém que virou fonte de
sofrimento. Quando o lar se transforma em campo de batalha, o corpo se contrai,
a alma se fecha, o afeto se esconde, e, o que era para ser amor vira um jogo de
sobrevivência. Um controla, o outro resiste; um cobra, o outro se silencia; um
grita, o outro se fecha. E assim, dia após dia, a relação vai morrendo em
silêncio, mesmo que por fora pareça viva. Por trás desse ciclo, muitas vezes,
existem feridas profundas que podem vir da infância, da relação com os pais, de
traumas nunca tratados.
Alguns
agem com explosividade porque aprenderam que força é sinônimo de poder. Outros
se tornam frios e irônicos porque têm medo de sentir. E há ainda os que repetem
padrões herdados: homens que tratam mulheres como extensão de seu ego ferido;
mulheres que se anulam esperando que o amor mude quem se recusa a mudar.
Narcisismo,
orgulho e ressentimento: o triângulo que destrói
Relações envenenadas pelo narcisismo são
especialmente difíceis. Um dos parceiros sente necessidade constante de estar
certo, de ser admirado, de controlar o outro. Não aceita crítica, interpreta
desacordo como ataque, usa o amor como moeda de barganha. Ou faz o outro se sentir culpado por existir
com desejos próprios. Mas o outro lado da moeda também adoece: quem convive com
esse perfil muitas vezes se torna amargo, impaciente, reativo, e ambos se
tornam cúmplices de um pacto doentio - o de manter uma relação que fere, com
medo de enfrentar o vazio que viria se ela acabasse. Se a isso somam-se as
rejeições familiares, o desprezo pelos cunhados ou sogros, a competição velada
entre sogras, a crise se agrava. A família, que deveria ser pano de fundo, vira
palco de conflitos secundários que alimentam as mágoas principais.
O
que sustenta uma relação viva? Penso que o respeito mútuo, a escuta sincera, a
disposição para mudar e a coragem para amar com maturidade. Viver a dois é mais
do que amar: é escolher cuidar. Cuidar da forma como se fala, de como se olha,
de como se reage. É desistir de ter sempre razão para construir uma razão
comum. É aprender a pedir desculpas mesmo sem ter certeza se está errado. É
parar de apontar o dedo e começar a abrir o coração.
Relacionamentos
saudáveis não são aqueles sem conflitos — são os que enfrentam os conflitos com
diálogo e não com guerra. Com paciência e não com castigo. Com presença e não
com chantagem.
Viver
bem é uma escolha que começa no espelho
Escolher
viver bem é, antes de tudo, um ato de coragem individual. É olhar para dentro e
admitir: “Eu também tenho responsabilidade sobre o que está acontecendo.” É
entender que não há mudança real sem autoconhecimento. É reconhecer que
continuar num casamento onde há humilhação, agressão verbal ou desprezo não é
prova de amor — é negação de si. Viver bem exige rupturas, nem sempre com o
outro, mas com velhos padrões:
- O padrão de reagir sempre com raiva.
- O padrão de não dizer o que sente.
- O
padrão de repetir as dores que herdamos.
Muitas
vezes, a ajuda profissional é o único caminho possível: a psicoterapia
individual, por exemplo, para curar traumas, reconhecer falhas, restaurar a
autoestima.
Não
há vergonha alguma em admitir que não está funcionando. Vergonha é seguir
fingindo que está tudo bem enquanto tudo se desfaz por dentro.
E se o amor ainda existir? Se ainda há
afeto, se ainda há admiração adormecida, se ainda existe o desejo sincero de
reconstruir — então vale lutar. Mas não por um amor idealizado, e sim por um
amor real, que se reinventa, que aprende a conversar, aprende a perdoar e a
respeitar limites.
Mas
se não houver mais amor, mais escuta, mais desejo de permanecer… então talvez
seja hora de aceitar que o ciclo se fechou. Separar-se com respeito pode ser
mais digno do que insistir numa relação que só sobrevive por medo.
A
vida é curta demais para viver mal acompanhado, todos merecem viver uma vida em
que sua voz é ouvida r em que seus gestos são valorizados e o amor não dói mais
do que cura.
Ninguém
nasceu para viver em guerra e ninguém floresce no desrespeito. Ninguém cresce
num ambiente onde precisa se esconder para não ser ferido. Se for possível
transformar, transforme! Se for necessário partir, parta! Mas não se traia ou aceite
uma relação que apaga sua luz, silencia sua alma e adoece seus dias. Viver bem
é um direito que só se torna realidade quando vira uma escolha. E nunca é tarde
para escolher.
Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro
- Psicoterapeuta de adolescentes, adultos, casais e gestantes – Presencial e Online.
- Psicólogo Orientador Parental
- Contatos: www.psipaulocesar.psc.br
QUANDO A POLÍTICA INVADE O AMOR
RELAÇÕES, IDEOLOGIAS E O DESAFIO DA CONEXÃO
Sabe quando uma conversa aparentemente inocente sobre política se transforma em um silêncio pesado? Quando um comentário atravessa o peito, não por falar de economia, direitos ou costumes, mas por tocar algo íntimo - quem somos, no que acreditamos, o que esperamos da vida e do outro?
A política, muitas vezes, é apenas a superfície. Por baixo dela estão valores, histórias de vida, feridas antigas e sonhos para o futuro. Cada escolha política carrega um pouco de nós: o que aprendemos na infância, os medos que carregamos, os traumas que moldaram nossa visão de mundo e as esperanças que nos movem.
Quando duas pessoas se encontram, esses mundos internos também se encontram. Às vezes, criam um terreno comum onde o diálogo flui leve, construindo pontes. Outras vezes, colidem - e é aí que percebemos que uma divergência de ideologias pode ser muito mais do que um desacordo racional: pode tocar camadas profundas da identidade.
Imagine um casal em que uma pessoa valoriza intensamente a liberdade individual, enquanto a outra luta com igual paixão pela igualdade social. Na superfície, parece apenas um embate sobre modelos políticos. Mas, em profundidade, fala sobre pertencimento, segurança e significado. Para um, sentir-se livre é prioridade; para o outro, garantir que ninguém seja deixado para trás é essencial. Não há “certo” ou “errado” nesse cenário - são formas diferentes de buscar paz. Porém, quando defendemos algo vital para nossa identidade, qualquer discordância pode soar como rejeição. Não rejeição da ideia, mas de quem somos. E, quando isso acontece, o que parecia uma discussão sobre política se transforma numa defesa da própria essência.
As redes sociais trouxeram novas camadas de complexidade. Um simples “curtir” pode ser interpretado como uma declaração pública de valores. Uma postagem vira gatilho. Amigos, família ou grupos próximos reforçam crenças diferentes e, de repente, sentimos a pressão de escolher lados. O ambiente digital nos expõe constantemente, criando uma vitrine onde cada gesto pode ser interpretado como posicionamento político - e essa exposição pode desgastar os vínculos. Não se trata apenas de opiniões: o que está em jogo, muitas vezes, é o pertencimento, a necessidade de se sentir visto, aceito e respeitado por quem amamos.
Há uma camada ainda mais sutil: a escolha do parceiro também pode refletir partes inconscientes de nós mesmos. Um parceiro mais progressista pode simbolizar a liberdade que alguém aprendeu a reprimir. Já um parceiro mais conservador pode representar a estabilidade que falta na própria história.
Quando
brigamos sobre política, talvez
estejamos brigando com partes nossas que
projetamos no outro. Ele se torna um espelho dos nossos próprios conflitos internos. Na terapia, essa percepção pode ser transformadora: entender o que aquela diferença desperta dentro de nós pode abrir espaço para diálogos mais honestos e menos defensivos.
Muitos casais aprendem a “dançar” com as diferenças. Criam pontes, estabelecem diálogos respeitosos, reconhecem que pensar diferente não significa amar menos. Descobrem que o segredo não está em convencer o outro, mas em ouvir, compreender e sustentar o vínculo apesar dos contrastes. Por outro lado, há quem perceba que o abismo é grande demais. Quando valores fundamentais - como ética, liberdade, crenças religiosas ou educação dos filhos - se chocam de forma irreconciliável, pode ser necessário admitir limites. Não significa fracasso; significa maturidade para reconhecer quando projetos de vida seguem caminhos distintos. Nesses casos, a terapia de casal pode ser um espaço valioso, ajudando não apenas a decidir juntos o que fazer, mas a atravessar o processo com menos dor, mais clareza e respeito.
Perguntas que Valem a Reflexão:
- O
que, para mim, é realmente inegociável?
- O
que me incomoda na visão do outro: a ideia em si ou o que ela desperta
dentro de mim?
- Como
posso ouvir sem precisar convencer?
- Quais sonhos compartilhamos que podem ser maiores do que nossas diferenças?
Essas perguntas não trazem respostas prontas, mas criam um espaço de diálogo mais profundo - primeiro conosco mesmos e, depois, com o outro.
No fim, o amor não pede uniformidade de pensamento. Ele pede respeito, escuta e empatia. Pede que possamos enxergar no outro alguém inteiro, com razões, dores e esperanças próprias.
Ideologias mudam. Contextos históricos se
transformam. Mas a qualidade do vínculo que construímos - se baseada em
presença, cuidado e acolhimento - pode permanecer.
Talvez a pergunta mais importante não seja “De
que lado você está?”, mas “Que vida queremos construir juntos, apesar
das diferenças?”. Se conseguirmos responder a essa pergunta com
sinceridade, descobriremos que, antes de sermos de direita ou de esquerda,
somos, acima de tudo, seres humanos em busca de conexão, pertencimento e amor.
Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro
- Psicoterapeuta de adolescentes, adultos, casais e gestantes – Presencial e Online.
- Psicólogo Orientador Parental
- Contatos: www.psipaulocesar.psc.br
O DESAFIO DE SER TRANSPARENTE: A CORAGEM DE SER VISTO
"Transparência não é mostrar tudo o que somos, mas permitir que a luz atravesse o suficiente para que possamos respirar fora das nossas próprias sombras."
Viver
sem se mostrar por inteiro é como habitar atrás de um vidro fumê: os outros
percebem sua presença, ouvem sua voz, acompanham seus movimentos, mas não têm
acesso ao que acontece dentro de você. Essa barreira, invisível mas eficaz,
raramente é fruto do acaso. Pode ter surgido numa infância em que falar de si
significava abrir-se ao julgamento ou ao ridículo; pode ter sido reforçada por
relações em que a vulnerabilidade foi punida com abandono ou traição; ou
aprendida em famílias que viam a expressão emocional como fraqueza,
incentivando, direta ou indiretamente, a contenção.
Nessas
circunstâncias, esconder-se não é um vício, mas um recurso. Serve para proteger
a imagem, evitar conflitos e impedir que outros toquem em feridas antigas. Essa
reserva pode trazer até uma sensação de poder: decidir o que o outro sabe, o
que permanece segredo e qual distância se mantém nas relações. O problema é
que, quando essa proteção se torna permanente, ela cobra um preço alto. O vidro
que protege também isola: impede a entrada da luz, empobrece a troca afetiva e
fragiliza os vínculos. Relações profundas dependem de entrega; sem ela, a vida
relacional se mantém na superfície e não sustenta nos momentos de crise. Surge
então uma solidão paradoxal: estar acompanhado e, ao mesmo tempo, permanecer
invisível.
Superar
a opacidade exige muito mais que uma decisão racional. É um processo que começa
com a disposição para olhar para si mesmo sem disfarces, identificando quando e
como as barreiras se formaram. Esse mapeamento não serve para culpar o passado,
mas para compreender que a proteção de ontem pode ser a prisão de hoje. O passo
seguinte é aprender a dosar a abertura. Transparência não é exposição
indiscriminada; é revelar partes verdadeiras de si, com consciência sobre o
contexto e sobre as pessoas envolvidas. Esse discernimento impede que o ato de
se mostrar gere novas feridas.
Também
é preciso desenvolver tolerância à vulnerabilidade. Mostrar-se significa
aceitar que o outro pode não reagir como gostaríamos. Essa tolerância nasce
quando entendemos que uma reação negativa não define nosso valor. Aqui, a
paciência é indispensável: o hábito de se proteger levou anos para se
consolidar, e abandoná-lo exige tempo, pequenas experiências de sucesso e
repetição.
Praticar
a escuta e a reciprocidade é igualmente essencial. Quanto mais genuinamente
ouvimos e acolhemos os outros, mais natural se torna oferecer o mesmo de nós.
Relações transparentes são sempre uma via de mão dupla: a abertura de um
estimula a abertura do outro.
Acontece
que romper o padrão implica também abrir mão de hábitos e crenças que sustentam
a armadura, tais como a ilusão de controle absoluto sobre como os outros nos
percebem, o medo constante de julgamento, que transforma qualquer interação em
ameaça, o perfeccionismo relacional, que exige respostas ideais antes de se
abrir e a c crença de que a proteção emocional precisa ser total, quando, na
verdade, ela pode ser flexível e seletiva.
A
mudança costuma começar em espaços protegidos. Pode ser com alguém que já tenha
demonstrado cuidado genuíno ou, de forma estruturada, no contexto da
psicoterapia. A relação terapêutica oferece um território seguro para
experimentar novas formas de se mostrar, receber validação e aprender a
sustentar a vulnerabilidade. Aos poucos, a barreira perde densidade e o que
antes era medo se converte em liberdade.
Ser transparente exige coragem porque implica
abrir mão da armadura que, por anos, foi sinônimo de segurança. É aceitar que a
vulnerabilidade não enfraquece — ela humaniza. Ao assumir esse risco,
descobre-se que a autenticidade é mais sólida do que qualquer defesa. No fim, a
transparência não é apenas permitir que o outro nos veja; é, sobretudo, a
chance de nos enxergarmos por inteiro. E, quando isso acontece, algo dentro de
nós finalmente respira.
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro
- Psicoterapeuta de adolescentes, adultos, casais e gestantes – Presencial e Online.
- Psicólogo Orientador Parental
- Psicólogo clínico de linha humanista existencial e de orientação das Psicologias Analítica (Carl Jung), Relacional e Budista.
PROCRASTINAÇÃO: QUANDO ADIAR SE TORNA UM PESO SILENCIOSO
O curioso é que, apesar de parecer
inofensiva, a procrastinação raramente é apenas uma questão de organização ou
disciplina. Ela tem raízes mais profundas, afetivas e subjetivas, e pode se
tornar um peso silencioso que corrói por dentro.
É comum associar o ato de procrastinar à preguiça ou falta de força de vontade. Mas, na verdade, a procrastinação frequentemente funciona como um mecanismo de defesa: ela nos protege, de forma disfarçada, de algo que nos gera ansiedade, frustração ou medo. Muitas vezes, o que está em jogo não é a tarefa em si, mas o que ela simboliza emocionalmente. Por trás da hesitação, pode haver o medo de fracassar, o receio de ser julgado, a sensação de não estar à altura, ou até mesmo uma forma inconsciente de rebeldia diante de exigências externas. Outras vezes, há uma sensação de vazio e desconexão — como se aquilo que se está adiando simplesmente não fizesse sentido algum.
Procrastinar, então, não é um ato de desleixo, mas de conflito interno. E ele se expressa em pequenos gestos cotidianos: uma gaveta organizada em vez de um relatório iniciado, uma maratona de vídeos no lugar de um compromisso enfrentado, uma sequência de desculpas mentais que, no fundo, só revelam o quanto a pessoa está em sofrimento. Quando isso se torna hábito, o impacto emocional é devastador.
A procrastinação constante alimenta a culpa, fragiliza a autoestima, gera ansiedade e enfraquece a confiança em si mesmo. A pessoa passa a duvidar da própria capacidade de realizar, de sustentar compromissos, de se mover na direção do que deseja — e, com o tempo, começa a se identificar com esse sentimento de incapacidade.
O ciclo é cruel: quanto mais se adia, maior a tensão, maior a autocrítica, maior o mal-estar. E quanto mais intensa essa espiral, mais difícil se torna romper com ela. O tempo parece escapar entre os dedos e, junto dele, escapa também a sensação de autonomia, de autoria sobre a própria vida.
Por isso, a superação da procrastinação não passa apenas por técnicas de produtividade ou agendas bem planejadas. Essas ferramentas podem ser úteis, claro, mas sozinhas não alcançam o cerne da questão.
O processo mais profundo envolve acolher as emoções que estão por trás do adiamento. É necessário reconhecer o medo de errar, de decepcionar, de não ser aceito. É preciso confrontar a vergonha, abrir espaço para a vulnerabilidade, trabalhar a autocompaixão. E, acima de tudo, é importante resgatar o valor da ação imperfeita: começar, mesmo com dúvidas; fazer, mesmo sem inspiração; caminhar, mesmo que devagar.
Há um ponto de virada no tratamento da procrastinação que começa quando o sujeito compreende que não precisa esperar motivação para agir. A motivação, muitas vezes, nasce da ação — e não o contrário. Um pequeno movimento já é suficiente para interromper o ciclo, quebrar a rigidez da espera, reconectar-se com o presente. Nesse processo, o papel da psicoterapia é fundamental. Um espaço terapêutico acolhedor e livre de julgamentos permite que a pessoa compreenda seus bloqueios sem culpa, reformule suas crenças limitantes, reconheça seus potenciais adormecidos e se reencontre com sua própria capacidade de escolha.
Procrastinar é humano. Mas viver em constante adiamento é uma forma silenciosa de se abandonar. E ninguém merece viver assim. O tempo não para — mas nós podemos parar por um instante, olhar com mais cuidado para o que temos evitado, e dar um primeiro passo. Talvez ele não leve imediatamente ao destino final, mas certamente nos afasta da inércia. E isso já é uma forma de libertação.
Se esse texto lhe tocou, talvez esteja na hora de se olhar com mais carinho. A procrastinação, quando acolhida com consciência, pode se tornar uma oportunidade de reencontro com o sentido da ação e com o valor de ser quem se é — mesmo imperfeito, mesmo inseguro, mesmo em processo.
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro
- Psicoterapeuta
de adolescentes, adultos, casais e gestantes – Presencial e Online.
- Psicólogo
Orientador Parental
- Psicólogo clínico
de linha humanista existencial e de orientação das Psicologias Analítica
(Carl Jung), Relacional e Budista.
- Extensão e
Certificação em Filosofia & Meditação (PUCRS), Certificação em Racismo
e Psicanálise (Achille Mbembe), Pós-graduações em Sexualidade Humana,
Autismo (Famart) e Psicologia Clínica (PUCRS).
- Associado à
ABRAP, SBRA e ABRA.
- Colaborador do
HSPMAIS – Saúde Suplementar e de Apoio à Pesquisa Clínica (Serviço de
Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina).
- Palestrante
sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e
empresarial.
- Contatos: www.psipaulocesar.psc.br
TUDO COMEÇA NO PENSAMENTO
O autoconhecimento é o ponto de partida desse processo. Conhecer-se implica reconhecer os padrões mentais que moldam nossas crenças mais íntimas. Muitas vezes, funcionamos no "piloto automático", repetindo velhas formas de interpretar a vida, sem perceber que essas interpretações criam expectativas limitantes. Só ao trazer consciência a esses padrões é que podemos reconfigurá-los de maneira consciente.
O Poder do Autoconhecimento no Desenvolvimento Profissional
No ambiente profissional, essa dinâmica é ainda mais evidente. Profissionais que desenvolvem autoconhecimento não apenas aprimoram suas habilidades técnicas; eles elevam sua inteligência emocional, sua capacidade de liderança, sua empatia e sua habilidade de resolução de problemas. Eles se tornam agentes ativos de sua própria evolução, moldando a carreira de acordo com seus valores e aspirações.
Ao entender a cadeia de transformação que parte do pensamento e se desdobra até a realidade concreta, o profissional deixa de ser refém de fatores externos. Torna-se protagonista de sua trajetória, capaz de aprender com os erros, adaptar-se às mudanças e buscar crescimento contínuo.
A transformação pessoal e profissional não é fruto de fórmulas mágicas ou mudanças superficiais. Ela nasce da profunda tomada de consciência sobre como nossos pensamentos moldam nossa vida. Mudar o pensamento é plantar novas sementes. Cuidar dessas sementes — por meio do autoconhecimento, da reflexão e da prática consistente — é garantir que os frutos, mais cedo ou mais tarde, sejam colhidos.
A grande revolução é silenciosa: ela começa na mente, floresce na atitude, transforma o comportamento, aprimora o desempenho e, finalmente, renova a vida.
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro
ANORGASMIA: UM OLHAR PSICOTERAPÊUTICO SOBRE A DIFICULDADE DE ALCANÇAR O ORGASMO
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro
VOCÊ SE SENTE UMA FRAUDE? ENTENDA A SÍNDROME DO IMPOSTOR
Se você frequentemente percebe que suas
ações ou conquistas não estão à altura das expectativas, pode estar vivenciando
o fenômeno conhecido como síndrome do impostor. Esse é um conceito psicológico
que se refere a um padrão de comportamento caracterizado pela dúvida acerca de
suas próprias realizações, acompanhada de um temor constante de ser descoberto
como uma fraude ou como alguém que não possui as competências necessárias.
Atualmente, é comum encontrarmos
profissionais que vivenciaram experiências análogas às mencionadas acima e que,
em decorrência disso, apresentam níveis reduzidos de autoconfiança. Ademais, é
importante ressaltar que independentemente do nível hierárquico ou da posição
ocupada, qualquer indivíduo pode vivenciar a síndrome em questão.
Você já teve a oportunidade de refletir
sobre como as inovações tecnológicas podem influenciar a dinâmica do seu
trabalho?
Como você pode reconhecer a presença da
síndrome do impostor em sua vida? Por favor, analise os pontos a seguir.
- Você se encontra na iminência de realizar uma apresentação e, em seu íntimo, nutre a crença de que todos ao seu redor poderão perceber a sua ansiedade e a sensação de apreensão que a situação provoca em você.
- Finalmente, a tão desejada promoção foi conquistada, e sua narrativa sugere que talvez haja poucos candidatos ou que, de fato, você não merece essa promoção. É compreensível sentir-se inseguro quanto à capacidade de atender às expectativas.
- Essa dúvida pode gerar uma pressão interna significativa e impactar seu bem-estar emocional. Vamos explorar essa sensação juntos e entender como ela se manifesta em sua vida.
- Durante uma reunião de grande importância, sua mente se projeta em um cenário em que o diretor adentra o ambiente a qualquer instante, toca em seu ombro e comunica que você não possui as qualificações necessárias para o cargo, apesar de ser a pessoa com mais experiência presente na sala.
Adicionalmente,
aqueles que experienciam a síndrome do impostor tendem a apresentar traços de
perfeccionismo, bem como um pronunciado receio do fracasso, o que
frequentemente leva à subestimação de suas próprias realizações. Esse tipo de
situação pode ser profundamente impactante, gerando um estado de debilidade
emocional, que se manifesta por meio de estresse, ansiedade e sentimentos de
vergonha, além de contribuir para a diminuição da autoestima.
É fundamental que você reflita sobre os
resultados concretos que suas ações têm produzido. Por exemplo, considere como
suas iniciativas podem ter contribuído para a simplificação de processos,
promovido melhorias nos lucros, reduzido custos, aprimorado o gerenciamento de
riscos ou proporcionado benefícios que foram percebidos. Essa análise é
essencial para compreender o impacto real de suas decisões e ações. É
fundamental que você inclua essas conquistas em seu currículo, pois elas servem
como um importante reforço do valor que você agrega à sua função.
Veja o que você pode fazer no dia a dia
profissional para minimizar a síndrome
É importante considerar algumas
estratégias que podem ser implementadas no cotidiano profissional para reduzir
os impactos da síndrome. Essas práticas podem ajudar a promover um ambiente
mais saudável e equilibrado, contribuindo para o bem-estar e a produtividade. Alguns
exemplos abaixo:
- É fundamental empreender uma reflexão profunda acerca dos seus valores e examinar a congruência deles com o ambiente em que você se encontra. Pergunte-se: até que ponto suas crenças e princípios estão alinhados com as normas e expectativas do contexto ao seu redor? Essa análise pode revelar insights importantes sobre seu bem-estar emocional e social. Você acredita no potencial do seu empreendimento? Você se sente rodeado por colegas profissionais que o estimulam e o inspiram em sua jornada?
- É fundamental reconhecer suas preferências pessoais, pois isso pode fornecer uma compreensão mais profunda sobre suas motivações e desmotivações no ambiente profissional. Pergunte a si mesmo: quais elementos do meu trabalho me energizam e me envolvem, e quais aspectos me geram frustração ou desânimo? Essa reflexão pode ser um passo crucial para alinhar suas atividades profissionais com suas necessidades e valores pessoais, promovendo assim uma maior satisfação e realização na carreira.
- Que comportamentos você considera inaceitáveis? Avalie as circunstâncias que estão ao seu redor e tome decisões conscientes sobre as ações que você pode implementar para transformar aquilo que está ao seu alcance.
- Reflita sobre suas competências e conhecimentos: suas habilidades encontram-se em consonância com as demandas atuais? É importante considerar se elas estão atualizadas e se atendem às exigências do contexto em que você se insere. É fundamental avaliar se você busca adquirir uma experiência mais aprofundada em algum campo específico.
- Essa necessidade pode ser um indicativo do desejo de se desenvolver profissionalmente e pode até mesmo refletir suas aspirações e objetivos de carreira. Que tal refletir sobre quais competências ou conhecimentos você gostaria de aprimorar? Caso você identifique a necessidade de um aperfeiçoamento em suas habilidades ou um aumento na sua experiência, é fundamental estabelecer um plano estratégico que delineie as etapas a serem seguidas para alcançar esses objetivos.
O cenário profissional está em constante transformação e, para se manter relevante e competitivo, é fundamental que você atualize suas habilidades de maneira contínua.
Busque um mentor: Em estado de solidão, é difícil avançar em direção aos nossos
objetivos. Um mentor pode ser encontrado tanto em seu ambiente organizacional
quanto fora dele. É fundamental que eles compreendam as nuances da indústria e
ofereçam um olhar objetivo, especialmente em momentos em que a percepção do que
está ao seu redor se torna nebulosa. Essas são as pessoas que estarão ao seu
lado, prontas para apoiá-lo e oferecer orientação nos momentos de incerteza
sobre os próximos passos a serem tomados.
- · Reconheça suas realizações: Registre suas realizações. Tente transformar essas ideias em algo concreto e palpável. É importante que você também reconheça os resultados intangíveis, que se manifestam por meio de melhorias evidenciadas, como o reconhecimento por parte dos colaboradores e a presença de uma equipe motivada, entre outros aspectos. Embora nem sempre sejam passíveis de quantificação, essas experiências ou fatores podem ter uma importância significativa.
- Autocuidado é essencial: é importante manter uma alimentação equilibrada, garantir um sono reparador e zelar pela sua saúde física através da prática regular de atividades físicas. Além disso, reservar momentos para a meditação pode ser altamente benéfico para o bem-estar emocional e mental. Utilize afirmações construtivas e valorize suas qualidades.
Certamente, essas orientações poderão
auxiliá-lo a reconhecer quando suas questões interiores começam a se tornar
complicadas e a prejudicar sua autoconfiança, levando a uma recorrência da
problemática conhecida como síndrome do impostor em sua mente
É importante que você se recorde de seu
valor intrínseco e da sua adequação. Você possui habilidades e qualidades que o
tornam uma pessoa plenamente suficiente. Na próxima oportunidade em que alguém
reconhecer e valorizar seu esforço e dedicação, uma resposta adequada seria:
"Agradeço sinceramente!".
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro
VOCÊ É AUTOCONFIANTE AO SER CRITICADO?
Sim, é muito raro alguém não conhecer uma pessoa que tenha grande dificuldade em aceitar e ouvir a opinião alheia. Para essa pessoa, mesmo os conselhos bem-intencionados não são fáceis de ouvir, especialmente se não forem solicitados. Para ela, tudo o que se ouve é interpretado como críticas negativas: seja um colega de trabalho dando alguns conselhos amigáveis sobre como fazer uma tarefa melhor na próxima vez, ou mesmo um amigo que quer dizer algo que será útil para essa pessoa (embora seja doloroso ouvir), ou mesmo um membro da família tentando resolver um desentendimento qualquer - tudo é visto como crítica, oposição ou acusação.
Bem, de modo geral, a verdade é que até podemos gostar de pensar que aceitamos facilmente as críticas, mas, na verdade, a maioria de nós não é tão bom nesse quesito. Muitas vezes, quando ouvimos o que nos parece ser uma crítica, nossas defesas aumentam imediatamente. Nós miramos e rebatemos as críticas para bem longe, além do limite, e simultaneamente (e inconscientemente), revemos os nossos próprios mecanismos de defesa (como culpar outras pessoas, fazer piadas, ficar com raiva, ficar indignado e várias outras maneiras) para aliviar o peso daquilo que está sendo dito ou mesmo evitar ouvir a crítica do outro. Como é um processo inconsciente, é claro que não sabemos o que estamos fazendo, todavia, estamos literalmente nos defendendo da verdade que está sendo apresentada sobre nós mesmos.
Pode ser mais fácil ver isso acontecendo em outras pessoas, quando somos meros “expectadores”, pois estão além de nós mesmos. Há pessoas que são espinhosas e difíceis de se aproximar, há alguns que rapidamente ficam perturbados com a sugestão de desafio, e tem outros tão escorregadios que falar com eles é como correr atrás de um sabonete ao redor da banheira.
Imagino que você esteja até reconhecendo um pouco de si próprio nessas descrições. É claro que, às vezes, as defesas são úteis pois há momentos e lugares em que devemos evitar um desafio ou uma contenda. O problema surge quando não sabemos ou não temos a consciência de que estamos usando essas estratégias defensivas – são essas as pessoas que não aguentam a verdade.
Será que é possível mudar essa atitude?
Quando você for confrontado com novas informações que desafiam a sua posição, é claro que vale sempre a pena ouvir e tentar descobrir se há alguma verdade por trás disso. O fato é que as pessoas não se conhecem tão bem quanto pensam! Da próxima vez, em vez de reagir negativa, agressiva e imediatamente às críticas, pergunte a si mesmo: há algo nisso que pode ser útil para mim?
Se puder fazer isso, você estará sempre aberto às mudanças. E quando alguém está aberto para mudar, cresce constantemente como pessoa, tornando-se mais sábio e mais capaz de navegar pelo mundo e em seus relacionamentos.
Concluindo, gostaria de dizer que o primeiro passo é parar na próxima vez que você tiver essas experiências, manter a calma, segurar o ímpeto de reagir e perguntar a si mesmo se existe alguma verdade nisso, mesmo que seja apenas um pouquinho. Aprenda a ouvir, classifique as informações úteis e deixe essas informações “entrarem em sua mente”. Por mais dolorosa que a verdade possa ser a curto prazo, os benefícios de conhecer melhor a si mesmo se fantásticos e duradouros.
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro