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AUTOSSABOTAGEM – NÃO FAÇA NADA CONTRA SI MESMO!

Um comportamento é autossabotador quando cria problemas na vida cotidiana e interfere na consecução dos objetivos de alguém. Infelizmente, as pessoas nem sempre estão conscientes de que estão se sabotando, ainda assim, é possível superar quase qualquer forma de autossabotagem. A psicoterapia é um excelente recurso para a interrupção de padrões arraigados de pensamento e ação (como a autossabotagem), ao mesmo tempo em que fortalece os processos de deliberação e autorregulação, ajudando, além disso, a reconectar a pessoa com seus objetivos e valores.

Há muitas razões pelas quais uma pessoa age de maneira prejudicial ao seu próprio bem-estar. Algumas pessoas, é claro, passam boa parte de suas vidas lutando contra poderosos desejos por comida, bebida, jogos de azar e outras tentações que surgem, com custos dolorosos para a saúde ou relacionamentos. Mas as forças que levam à autossabotagem também podem ser mais sutis, como um acúmulo de crenças disfuncionais e limitantes que fazem as pessoas se subestimarem em suas capacidades, suprimir seus sentimentos ou atacar as pessoas próximas a elas. Um aspecto importante sobre lidar com o comportamento contraproducente é identificar de onde ele pode estar vindo.

Independentemente de já ter me referido a isso como um comportamento autodestrutivo, quero acrescentar que a autossabotagem pode interferir nos seus melhores planos e metas fazendo com que uma pessoa, ao invés de focar seus bons objetivos, acaba dando um tiro no próprio pé.

Autossabotagem é, de modo simplista, qualquer ação que atrapalhe a intenção de alguém. Por exemplo:
  • Quanto a uma dieta: As calorias do bolo de aniversário no escritório obviamente não são consideradas.
  • Quanto ao prazo para concluir uma tarefa: Achar que estará mais concentrado e disposto após assistir o próximo episódio da série preferida no Netflix.
  • Quanto a terminar um relacionamento: A pessoa só fará isso depois de reorganizar os móveis da sala, e amanhã, também...
São várias as formas de autossabotagem, sendo a procrastinação, automedicação, o uso de drogas ou álcool, comer demais quando estressadas e conflitos interpessoais os mais amplamente utilizados e reconhecíveis. Essas ações podem ser especialmente perigosas porque são muito sutis – a pessoa pode não perceber o biscoito extra que está comendo ou a dose extra de whiskey que pediu antes de sair. São ações que podem até acalmá-lo e ajudar a relaxar, porém, à medida que essas ações tornam-se mais frequentes. a autossabotagem aumenta e cria um enorme muro de autodefesa difícil de superar.

O fato é que todas as pessoas almejam metas na vida: perder 10 quilos, ser promovido, ter um segundo encontro com alguém em quem está interessado ​​ou tirar férias num lugar paradisíaco. Em outras palavras, o indivíduo estabelece uma meta que é intimamente desejada e repete essa meta para si próprio e, muitas vezes, em voz alta para os outros. Pode escrever esse objetivo em post-its, listas de tarefas, calendários e, talvez, até selecione cuidadosamente uma imagem para colocar num quadro, no espelho do banheiro, na geladeira ou na tela o computador para se inspirar. E não acaba nisso! A pessoa compartilha esse objetivo com os amigos e familiares e declara que este é o ano em que fará isso acontecer. Apesar de todo estratagema usado, esse mesmo indivíduo cria dificuldades para seguir em seu próprio caminho! Para entender de onde vem a autossabotagem, é necessário aprender alguns conceitos-chave sobre o comportamento humano e aumentar a consciência do que pode estar causar interferência em segundo plano.

O ser humano está essencialmente programado para buscar objetivos, porque alcançá-los o faz sentir-se bem. Um dos problemas é que, quando se trata de autossabotagem, a bioquímica humana não discrimina necessariamente entre o tipo de sensação de bem-estar que se experimenta quando se persegue os objetivos e os sentimentos. Obter recompensas e evitar ameaças são como dois lados da mesma moeda. Eles não são sistemas independentes e há uma interação constante no cérebro para tentar equilibrar os dois impulsos. Quando se equilibra a obtenção de recompensas e a prevenção de ameaças, tudo está bem – a pessoa se sente bem consigo mesmo e garante o bem-estar físico e psicológico. No entanto, quando esses dois desejos estão fora de controle, a pessoa é preparada para autossabotar-se. Especificamente, a busca de evitar ameaças às custas de obter recompensas afasta a pessoa dos objetivos desejados. A autossabotagem ocorre quando a sua unidade para reduzir ameaças é maior que a sua unidade para obter recompensas.

Um outro problema é quando a pessoa se sente indigna de sucesso ou felicidade. Numa reviravolta irônica, alguns indivíduos muito motivados se esforçam para trabalhar mais do que precisam e almejam objetivos inalcançáveis, porque acham que precisam compensar um sentimento autoimposto de inadequação. E mais, quando os frutos de seus esforços resultam a coisas boas - um ganho material ou um aumento no status ou no poder - eles transformam situação tornando-a pior para si mesmos. Isso ocorre porque essas pessoas gostam de se sentir coerentes consigo mesmas, isto é, tendem a sincronizar as ações com as crenças e valores pessoais. Se ela, então, acumula vitórias e realizações e, ainda assim se considera ineficiente, inútil, incapaz ou não merecedora, aciona o gatilho interno para se sentir coerente – se é um inútil ou não merecedor do que conquistou, então tem que perder alguma coisa. Uma frase para isso pode ser: “Se é ruim fracassar, é pior ainda ter sucesso”.
Uma outra coisa que gera autossabotagem é quando alguém crê que é melhor controlar o próprio fracasso do que enfrentar a possibilidade de ser pego de surpresa. Esse sujeito acredita que a autossabotagem pode não ser bonita, mas é melhor do que perder o controle da vida.
Veja agora essa situação! A pessoa é promovida para uma nova posição ou obtém resultados acadêmicos bem mais altos que os colegas, e passa a sentir que precisa ter uma queda e, finalmente, isso acontece. Pode ser que ela tenha receio de que, ao ser percebida por causa de seus triunfos, seja chamada de falsa ou acusada de ter enganado alguém. Ou seja, ela pode fazer o mínimo possível e esperar que passe despercebida, ou pode se esforçar muito, porém se preocupando constantemente em ser “descoberta” a qualquer momento. De uma forma ou de outra, isso leva essa pessoa à procrastinação e à dispersão da atenção - se ela se depara com uma tarefa que pode fazê-la se sentir uma farsa, é muito mais tentador atualizar o Instagram novamente, pesquisar roupas ou perceber que não há tempo como o “aqui e agora” para iniciar um projeto alternativo de trabalho.

Tem gente por aí que parece gostar de ser bode expiatório, isto é, uma pessoa arbitrariamente escolhida para carregar, sozinha, a culpa por todos os malfeitos de uma situação, embora não seja responsável por nenhum deles. Se as coisas não forem resolvidas (ou quando não puderem ser resolvidas), pode-se culpar a ação em vez de nós mesmos. Claro que ela me deixou (afinal, eu nunca estava por perto). É claro que fui reprovado nas aulas (mal estudei para os exames). Embora essas razões possam ser verdadeiras, elas são mais frívolas e mais fáceis de aceitar e engolir do que as razões mais profundas que, secretamente, a pessoa acredita ser a causa. Claro que ela me deixou (porque eu não sou digno de ser amado). É claro que eu fui reprovado nas aulas (eu sou incapaz de entender o material de estudo). Essa, portanto, é outra forma de autossabotagem.

Como já citei acima, as pessoas gostam de ser coerentes consigo mesmas. Até tendem a querer a coerência sobre o próprio contentamento. Se a pessoa está acostumada a ser esquecida ou frequentemente se sente esquecida, maltratada ou explorada, é estranhamente reconfortante adiantar-se e se colocar nessa posição.

Por que às vezes superestima-se uma ameaça permitindo, assim, que ela impeça o indivíduo de continuar o seu caminho em direção ao objetivo? Alguns elementos que podem influenciar nisso são o autoconceito baixo ou instável, as crenças limitantes internalizadas, o medo da mudança ou do desconhecido e a necessidade excessiva de controle. São influências que representam aspectos da personalidade e como a pessoa se relaciona com o mundo. Pense nisso como um sistema operacional que funciona em segundo plano e que impulsiona as crenças e o comportamento. Normalmente essas influências surgem quando jovens e, por serem constantes ao longo do tempo, tendem a ficar fora de consciência. É útil pensar sobre essas influências para poder ver com mais facilidade como elas interferem nas decisões, ideias sobre si mesmo, como se comporta, como se sente em determinadas circunstâncias e, particularmente, como motivam a autossabotagem. Aprender a identificá-los ajuda a avaliar a tendência de se autossabotar por superestimar uma ameaça. E o conhecimento é o primeiro passo para impedir os padrões de comportamento que impedem uma pessoa a viver a vida que deseja.

Apesar de tudo que descrevi e de minha profissão, fico sempre tocado quando percebo que alguém pensa na autodestruição pelo medo do sucesso. No fundo, o desespero por realizações não é realmente um medo de ambição e ou de valor próprio - é um medo de fazer o melhor e não ter sucesso, de se decepcionar e ser humilhado publicamente, pois teme que o seu melhor possa não ser bom o suficiente.

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Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista existencial com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo e Psicologia Clínica.
  • Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
  • Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
  • Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.

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