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Daqui em diante, você encontrará muitos outros artigos sobre psicologia. A finalidade da Psicoterapia é entender o que está ocorrendo com o cliente, para ajudá-lo a viver melhor, sem sofrimentos emocionais, afetivos ou mentais. Aqui você encontrará respostas sobre a PSICOTERAPIA - para que serve e por que todos deveriam fazê-la. Enfim, você encontrará nesses artigos,informações sobre A PSICOLOGIA DO COTIDIANO DE NOSSAS VIDAS.

ANCESTRALIDADE E PSICOLOGIA: ENTRE RAÍZES, IDENTIDADE E EXPERIÊNCIA HUMANA

A palavra ancestralidade evoca a ligação invisível que une cada ser humano às gerações que o precederam. Mais do que herança genética, trata-se de uma dimensão simbólica, cultural e psicológica, onde memórias, valores e experiências se perpetuam. A Psicologia, em suas diferentes vertentes, tem se aproximado dessa noção para compreender como o passado coletivo influencia a subjetividade individual.

Tenho um apreço especial por esse tema e, em razão disso, decidi compartilhar essas reflexões com vocês.

Explorar a ancestralidade é, ao mesmo tempo, uma viagem para dentro e para fora de si: uma busca de autoconhecimento e pertencimento, mas também uma forma de dialogar com a história da humanidade e com as narrativas que nos antecederam.

A ancestralidade pode ser entendida como um fio invisível que conecta passado, presente e futuro. Ela se manifesta em traços físicos, mas também em modos de ser, hábitos, crenças e valores que atravessam gerações. Conhecer as histórias de avós, bisavós e antepassados distantes é uma experiência transformadora: ajuda a compreender comportamentos herdados, fortalece a identidade e devolve sentido a fragmentos de si mesmo.

Do ponto de vista psicológico, esse reconhecimento atua como recurso terapêutico. Ao perceber-se parte de uma linhagem, o indivíduo compreende que não é apenas fruto de escolhas pessoais, mas também de trajetórias coletivas. Essa consciência amplia o senso de pertencimento, reduz a solidão existencial e abre espaço para uma reconciliação com a própria história.

A motivação para essa busca é múltipla: pode nascer do desejo de conhecer raízes étnicas, do fascínio pelas semelhanças familiares, ou mesmo da tentativa de preencher lacunas deixadas por guerras, migrações ou perdas. Em qualquer caso, olhar para trás é também resgatar humanidade e reconstruir identidades que, em muitos contextos, foram fragmentadas por processos de colonização, racismo ou exclusão social.

O livro A História Secreta da Raça Humana nos mostra que a ancestralidade não se reduz à genealogia imediata. Ele desafia modelos tradicionais de evolução e sugere que os humanos podem ter habitado a Terra em épocas muito mais antigas do que se admite.

Mais do que uma polêmica científica, essa perspectiva nos convida a reconhecer que a narrativa da ancestralidade é também uma construção simbólica.

Arqueologia, mitos e relatos esquecidos revelam que nossa identidade é feita não apenas de genes, mas também de memórias culturais e espirituais. A ancestralidade, nesse sentido, abarca não apenas os avós conhecidos, mas uma herança humana mais vasta, que atravessa civilizações, continentes e eras.

Cada ser humano é herdeiro não apenas de uma família, mas de uma história cósmica e coletiva, que amplia a percepção de pertencimento e nos coloca em diálogo com a humanidade inteira.

A ancestralidade, muitas vezes entendida como herança coletiva, não se limita a tradições, valores e narrativas transmitidas ao longo de gerações. Ela também se entrelaça de maneira íntima com a experiência singular de cada sujeito. É nesse ponto que a Psicologia encontra um campo fértil de reflexão: como a história herdada dialoga com o modo particular de cada indivíduo existir no mundo?

A tese da mestra e doutora em Psicologia Gisella Mouta Fadda (O Enigma do Autismo), ao investigar adultos diagnosticados como autistas, trouxe contribuições preciosas para esse entendimento. Por meio de uma abordagem fenomenológica, a pesquisa revelou que a vivência da identidade em pessoas autistas se organiza em torno de alguns elementos estruturais:

• a abertura ao encontro com o outro, que permite confirmar a si mesmo;

• a intensidade do corpo vivido, muitas vezes extenuante, que imprime um modo peculiar de habitar o mundo;

• a percepção do passado como presença constante, onde as experiências anteriores não se tornam distantes, mas continuam a pulsar no presente como parte inseparável da existência.

Esses achados ampliam a compreensão de ancestralidade, pois mostram que não herdamos apenas genes e histórias familiares, mas também modos de ser que se atualizam no cotidiano. Cada indivíduo, ao receber esse legado coletivo, o ressignifica a partir de sua própria experiência subjetiva. Assim, a ancestralidade deixa de ser uma linha reta que vem do passado e passa a ser uma teia de camadas, entrelaçada entre memória coletiva e vivência pessoal.

No caso das pessoas autistas, essa integração se torna ainda mais visível: a herança transgeracional - feita de padrões, símbolos e histórias - encontra uma forma singular de expressão no modo como percebem e interpretam o mundo. Essa singularidade não rompe com a ancestralidade; ao contrário, ela a recria em novas linguagens, lembrando-nos de que cada sujeito é, ao mesmo tempo, continuidade e novidade.

Em última instância, isso vale para todos nós. A história pessoal, com suas marcas únicas, conecta-se ao fluxo maior da memória herdada, compondo uma rede complexa de significados que sustenta a existência humana. Reconhecer essa articulação é compreender que a ancestralidade não é apenas aquilo que recebemos, mas também aquilo que, a partir de nossa vivência, entregamos de volta ao mundo como contribuição às gerações futuras.

Olhar para a ancestralidade através da Psicologia é mais do que resgatar o passado: é criar pontes para o futuro. Ao registrar narrativas, valorizar tradições e compreender padrões herdados, deixamos às próximas gerações a possibilidade de uma conexão mais consciente com suas origens.

Em uma sociedade marcada pela globalização e pelo desenraizamento, a reconexão com raízes familiares e culturais pode atuar como um gesto de cura, resistência e autovalorização. A Psicologia Humanista, Existencial e Fenomenológica recorda que o desejo de pertencimento é constitutivo do ser humano. Reconhecer e celebrar a ancestralidade é afirmar que cada vida faz parte de uma história maior, que transcende o indivíduo, mas que nele encontra continuidade.

Por fim, a ancestralidade e a Psicologia se encontram no ponto em que identidade, história e experiência convergem. Enquanto a ancestralidade oferece raízes e pertencimento, a Psicologia fornece instrumentos para elaborar essas heranças no plano subjetivo.

Honrar as histórias que nos antecederam, questionar narrativas oficiais e acolher singularidades de cada existência são caminhos de autoconhecimento e libertação. Ao integrar passado, presente e futuro, reconhecemos que nossas vidas são fios de uma trama muito maior. E, ao honrar nossas raízes, não apenas preservamos a memória, mas semeamos futuros possíveis.

Um abraço,

Paulo C. T. Ribeiro

• Psicoterapeuta de adolescentes, adultos, casais e gestantes – Presencial e Online.

• Psicólogo Orientador Parental

• Psicólogo clínico de linha humanista existencial e de orientação das Psicologias Analítica (Carl Jung), Relacional e Budista.

• Escritor.

• Contatos: www.psipaulocesar.psc.br



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A dedicação dos pais é um fator importante para o desenvolvimento psicoemocional e desenvolvimento infantil. 


 

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QUANDO AMAR JÁ NÃO BASTA, MAS O SOFRIMENTO TAMBÉM NÃO PODE CONTINUAR

Há relações que começam com promessas de eternidade, mas que se perdem no caminho —não por falta de amor, mas por excesso de dor. Relações onde os gestos de carinho foram substituídos por respostas ásperas, onde a cumplicidade cedeu lugar à disputa, onde a intimidade virou território hostil. E o mais doloroso: muitas dessas relações continuam. Continuam por medo por hábito ou por culpa. Continuam por apego à ideia do que um dia foi, ou à esperança de que um dia volte a ser. Mas há um momento em que é preciso olhar no espelho e fazer uma pergunta corajosa: estamos vivendo juntos ou sobrevivendo lado a lado?

O fim de um amor não começa com a ausência. Começa com o excesso de críticas, de gritos, de mágoas não ditas. Começa quando o tom da voz vira arma, quando o toque físico desaparece, quando o olhar foge. Começa no dia em que você sente que precisa se proteger da pessoa com quem deveria se sentir mais seguro.

Muitas vezes, o sofrimento conjugal não vem de grandes tragédias, mas de pequenas violências diárias: a agressividade verbal que se tornou normal, a forma grosseira de se expressar, como se falar com amor fosse fraqueza, a incapacidade de escutar sem interromper, desprezo silencioso que congela qualquer tentativa de aproximação ou a desvalorização da história familiar do outro, como se amar alguém fosse possível sem acolher minimamente de onde ele veio. É assim que o amor se desgasta: não por falta de sentimento, mas por falta de cuidado.

Quando o parceiro se torna o inimigo

Não há nada mais solitário do que dormir ao lado de alguém que virou fonte de sofrimento. Quando o lar se transforma em campo de batalha, o corpo se contrai, a alma se fecha, o afeto se esconde, e, o que era para ser amor vira um jogo de sobrevivência. Um controla, o outro resiste; um cobra, o outro se silencia; um grita, o outro se fecha. E assim, dia após dia, a relação vai morrendo em silêncio, mesmo que por fora pareça viva. Por trás desse ciclo, muitas vezes, existem feridas profundas que podem vir da infância, da relação com os pais, de traumas nunca tratados.

Alguns agem com explosividade porque aprenderam que força é sinônimo de poder. Outros se tornam frios e irônicos porque têm medo de sentir. E há ainda os que repetem padrões herdados: homens que tratam mulheres como extensão de seu ego ferido; mulheres que se anulam esperando que o amor mude quem se recusa a mudar.

Narcisismo, orgulho e ressentimento: o triângulo que destrói

Relações envenenadas pelo narcisismo são especialmente difíceis. Um dos parceiros sente necessidade constante de estar certo, de ser admirado, de controlar o outro. Não aceita crítica, interpreta desacordo como ataque, usa o amor como moeda de barganha.  Ou faz o outro se sentir culpado por existir com desejos próprios. Mas o outro lado da moeda também adoece: quem convive com esse perfil muitas vezes se torna amargo, impaciente, reativo, e ambos se tornam cúmplices de um pacto doentio - o de manter uma relação que fere, com medo de enfrentar o vazio que viria se ela acabasse. Se a isso somam-se as rejeições familiares, o desprezo pelos cunhados ou sogros, a competição velada entre sogras, a crise se agrava. A família, que deveria ser pano de fundo, vira palco de conflitos secundários que alimentam as mágoas principais.

O que sustenta uma relação viva? Penso que o respeito mútuo, a escuta sincera, a disposição para mudar e a coragem para amar com maturidade. Viver a dois é mais do que amar: é escolher cuidar. Cuidar da forma como se fala, de como se olha, de como se reage. É desistir de ter sempre razão para construir uma razão comum. É aprender a pedir desculpas mesmo sem ter certeza se está errado. É parar de apontar o dedo e começar a abrir o coração.

Relacionamentos saudáveis não são aqueles sem conflitos — são os que enfrentam os conflitos com diálogo e não com guerra. Com paciência e não com castigo. Com presença e não com chantagem.

Viver bem é uma escolha que começa no espelho

Escolher viver bem é, antes de tudo, um ato de coragem individual. É olhar para dentro e admitir: “Eu também tenho responsabilidade sobre o que está acontecendo.” É entender que não há mudança real sem autoconhecimento. É reconhecer que continuar num casamento onde há humilhação, agressão verbal ou desprezo não é prova de amor — é negação de si. Viver bem exige rupturas, nem sempre com o outro, mas com velhos padrões:

  • O padrão de reagir sempre com raiva.
  • O padrão de não dizer o que sente.
  • O padrão de repetir as dores que herdamos.

Muitas vezes, a ajuda profissional é o único caminho possível: a psicoterapia individual, por exemplo, para curar traumas, reconhecer falhas, restaurar a autoestima.

Não há vergonha alguma em admitir que não está funcionando. Vergonha é seguir fingindo que está tudo bem enquanto tudo se desfaz por dentro.

E se o amor ainda existir? Se ainda há afeto, se ainda há admiração adormecida, se ainda existe o desejo sincero de reconstruir — então vale lutar. Mas não por um amor idealizado, e sim por um amor real, que se reinventa, que aprende a conversar, aprende a perdoar e a respeitar limites.

Mas se não houver mais amor, mais escuta, mais desejo de permanecer… então talvez seja hora de aceitar que o ciclo se fechou. Separar-se com respeito pode ser mais digno do que insistir numa relação que só sobrevive por medo.

A vida é curta demais para viver mal acompanhado, todos merecem viver uma vida em que sua voz é ouvida r em que seus gestos são valorizados e o amor não dói mais do que cura.

Ninguém nasceu para viver em guerra e ninguém floresce no desrespeito. Ninguém cresce num ambiente onde precisa se esconder para não ser ferido. Se for possível transformar, transforme! Se for necessário partir, parta! Mas não se traia ou aceite uma relação que apaga sua luz, silencia sua alma e adoece seus dias. Viver bem é um direito que só se torna realidade quando vira uma escolha. E nunca é tarde para escolher.

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos, casais e gestantes – Presencial e Online.
  • Psicólogo Orientador Parental
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