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O MEDO DA PANDEMIA DO CORONAVIRUS

A ameaça de contágio pode distorcer nossas respostas psicológicas às interações comuns, levando-nos a nos comportar de maneiras inesperadas.

Eis que estou de volta a escrever. Depois de um tempo sem fazer isso, dedicando-me apenas à produção de vídeos informativos, decidi retomar essa atividade que tanto gosto focando um tema que está tocando muita gente: o medo da pandemia.

Se as pessoas não sentissem medo, não seriam capazes de se proteger de ameaças legítimas. O medo é uma resposta vital ao perigo físico e emocional que tem sido fundamental ao longo da evolução humana, mas especialmente nos tempos antigos, quando homens e mulheres enfrentavam regularmente situações de vida ou morte. Muitas pessoas, contudo, experimentam crises ocasionais de medo ou "nervosismo" antes de determinados eventos e quando o medo é persistente e específico a certa ameaça e prejudica a vida cotidiana, essa pessoa pode ter o que é conhecido como uma fobia específica.

Segundo alguns pesquisadores, homens e mulheres podem ter evoluído para carregar um instinto inato de evitar o perigo, o que proporcionaria uma vantagem de sobrevivência. Todos, em algum momento, se preocupam. Por mais de um ano e meio, a pandemia deu a todos nós uma boa causa: “O que acontecerá se eu ficar doente?” “E quanto aos meus entes queridos?” "Quanto tempo isso vai durar?" “Será que vou morrer?”. Veja, assim, que a preocupação aumenta o nível de estresse.

Preocupar-se em tais circunstâncias extremas, como temos estado nos últimos meses, é uma reação esperada aos eventos atuais muito reais e altamente preocupantes. Mas se preocupar é produtivo?

Lembro-me quando eu estava numa pós-graduação, o que me disse um professor: “Preocupar-se apenas produz mais preocupação”. Ele dizia que preocupar-se e continuar a se preocupar mantém a pessoa exausta e desamparada. Embora se preocupar seja uma reação natural e esperada num momento estressante, permanecer preocupado é improdutivo. Mas como parar de se preocupar? 

Digamos que você esteja pensando em um parente ou amigo distante que está sofrendo de sérios problemas de saúde e comece a se preocupar com eles. Assim que você perceber que está se preocupando, pare. Imagine um sinal de “Pare” ou ouça um alarme e simplesmente interrompa o pensamento preocupante e pergunte-se: "Essa preocupação está me levando a algo produtivo?" A resposta será “Não!”

Em seguida, volte ao presente. A preocupação está sempre relacionada ao passado ou ao futuro. Você gostaria de ter feito algo diferente ontem ou está com medo do que virá amanhã? A preocupação nos tira do presente. O passado se foi e o futuro ainda não chegou. O presente é o campo de ação. Agora mesmo. Voltar ao presente é simples. Tão simples, na verdade, que ilude muitas pessoas, e quando você voltar ao presente, perceberá que sua preocupação não apenas diminuiu, mas pode até mesmo - por um momento - ter desaparecido.

Feito isso, procure ajudar outra pessoa. Pense em alguém que você conhece - um amigo, um parente, um colega de trabalho, alguém que tem um medo similar ao seu. Pense no que você pode fazer por ele para tornar a vida dele um pouco mais fácil, para ajudar a reduzir o estresse. Considerar outra pessoa é uma das atividades mais curativas para os seres humanos em todas as culturas, desde tempos imemoriais. “Ame o seu próximo como a si mesmo”, “Estenda a mão a alguém - “Devemos ser doadores, não recebedores”.

Ao fazer essas coisas, você usará bem seu tempo e suas energias. Em vez de ser sugado para o poço de areia movediça da preocupação, você estará enfrentando o seu desafio.

Reforçando, quero dizer que o medo é uma reação normal ao perigo: ele nos permite orientar nossas escolhas e nossas ações para evitar correr riscos excessivos para nossa saúde e nossas vidas. No entanto, sabemos que nem todos os seres humanos têm a mesma sensibilidade ao perigo: alguns tendem a subestimá-lo e vão em frente independentemente do risco, enquanto outros são muito mais reservados - alguns, até paralisados ​​- pelo medo.

No caso de uma epidemia como o do coronavírus, observamos esta gama de reações em resposta a vários sinais de perigo: um vírus potencialmente fatal que pode afetar a todos nós sem que percebamos imediatamente ("onde está o inimigo?"), que é transferido por ações que são centrais em nossas vidas diárias (por meio do ar que respiramos e pelo contato com outras pessoas), e que apresenta uma série de incertezas inerentes a um novo vírus. Nada alimenta mais a ansiedade do que a incerteza. 

Os seres humanos são únicos porque entendem a inevitabilidade e imprevisibilidade da morte. Lidamos com nossos medos evitando o pensamento da morte e suprimindo-o em nosso inconsciente. No entanto, a pandemia da COVID-19 com a extensa cobertura da mídia sobre morte e morrer torna isso difícil. Acabamos por lidar com essa situação encontrando consolo nas visões de mundo familiares, sejam elas religiosas, políticas ou culturais. Na direção ao familiar, nos sentimos seguros, e isso leva a uma redução da ansiedade. Qualquer pessoa ou qualquer coisa que ameace a cultura / tradição familiar é indesejável e a proteção agressiva das crenças culturais e da autoestima de uma pessoa ocorrerá. Isso levou ao endurecimento das tradições e crenças fundamentalistas e ao agravamento das linhas de falha pré-existentes na sociedade. Os protestos contra as ordens de autocuidado, as tensões geracionais diversas, a segmentação de certos grupos raciais e étnicos são todos parte desse processo. Nosso comportamento de acumulação é consequência de nossas tentativas extrinsecamente orientadas de preservar a autoestima.

Paradoxalmente, o medo da morte também é um grande motivador para a sobrevivência. Uma visão de mundo unificada, ou seja, uma resposta institucional, política ou religiosa coordenada que promove um comportamento positivo e facilita uma resposta coordenada entre estados / países / religiões pode ajudar a aliviar esse medo. As comunidades estão se reunindo para desencorajar preconceitos e discriminação e criar um ambiente pró-social que promove o cuidado e a compaixão. O “fique em casa, fique seguro, salve vidas” dá sentido e propósito à isolamento social. As práticas higiênicas fazem parte da resposta de alívio da ansiedade no nível individual. Tentativas intrinsecamente orientadas para perseverar a autoestima resultaram em indivíduos criando obras de arte / música e ajudando outros financeiramente e em espécie. 

Para concluir, digo que o medo da morte é universal. Desastres, ataques terroristas ou pandemias reiteram a certeza existencial da morte. A escolha de como vamos aliviar esse medo depende do meio sociocultural e das características de nossa personalidade. Nossa visão de mundo, nossa autoestima intrinsecamente orientada e uma conexão interpessoal que estimula a empatia e a compaixão nos ajudam a administrar esse medo positivamente e a manter a equanimidade psicológica. 

E você sente os outros medos? Quero dizer aqueles outros medos que ocorrem porque não há dedicação plena para manter a sua atenção no momento presente? Por exemplo:

Você já sentiu medo...

  • De amar?
  • De conhecer novas pessoas?
  • De um trabalho novo?
  • De repetir uma experiência ruim?

Use o dia de hoje para refletir a respeito disso e tente mudar a forma de “se relacionar com o medo”. Repense e, ao invés de você ser um medo ambulante, torne-se o dono dele, transformando o medo em algo que não o impeça de viver e de ser feliz!

Um abração!

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Atendimentos presenciais e online.
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório no local.
  • Atendimento de segunda-feira aos sábados.
  • Marcação de consultas pelo tel./ whatsapp 11.94111-3637
  • Sessões presenciais e através da internet

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