(Série: Reeditando artigos interessantes)

Vejo
frequentemente no consultório: a pessoa anseia por algo, sente a dor e a perda,
sofre, e tudo o que ela precisa para aliviar esse descontentamento sempre
esteve defronte seus próprios olhos, mas ela não consegue perceber. É melancólico, porém exige-se que o processo terapêutico toque esse tema tão logo
seja percebido, fazendo o paciente entender que esse triste estado pessoal,
esse profundo descontentamento é real - porém é causado pela sí próprio. Toda
a dor que se causa a si mesmo e aos outros, como ódio, humilhação, manipulação,
etc., é causada por aquele que a sente. Sai do coração da pessoa, da confusão
que está dentro dela.
Em
termos psicoterapêuticos, é imprescindível que o paciente veja exatamente qual
é o problema sob pena de perpetuá-lo, não só com ele mesmo mas também nas
gerações vindouras: a pessoa não percebe e não assume o seu próprio dilema,
transfere aos filhos a confusão que reina em sua mente e em seu coração, e
assim segue, geração após geração, fazendo a mesma coisa. Ou seja, esse
processo tem que ser interrompido, e ponto final!
A
chave para interromper esse sofrimento está dentro de cada um de nós, mas isso
não significa que estaremos livres de problemas, nem que, se apenas nos
comportarmos corretamente, as coisas sairão conforme nossos desejos. A vida de
nenhuma pessoa foi, é ou estará livre de dificuldades, mas enxergar a natureza
dos problemas, o que eles são e de onde eles vem, ajudará bastante a manter-se
o mais próximo possível do equilíbrio e da saúde mental.

A
esta altura, você já deve ter notado que estou trazendo um fato que as pessoas
não gostam de aceitar, que é a caracterização da vida humana pela insatisfação.
Você já percebeu que normalmente nós temos, num dia, mais insatisfações que satisfações?
Isso é um dado da realidade, no entanto, não é por isso que nos deixamos
abater. Não aceitar esse fato é negar a realidade, ou uma tentativa de
encobrir, atenuar, reinterpretar os fatos.
No
tratamento psicoterapêutico atravessa-se pela difícil etapa que é a
aceitação de que a insatisfação que vivemos se origina em nós mesmos, pois
surge da ignorância quanto à nossa situação de fato, de nosso desejo de que a
realidade seja algo que não é, ou seja, o nosso anseio, nosso desejo, nossa
sede de algo que não é parte da realidade é o que nos deixa insatisfeitos.
Portanto, temos que descobrir e aceitar a origem das nossas insatisfações, para
então criarmos condições de dar um ponto final às suas formas mais profundas e
existenciais.
Enfim,
num processo psicoterapêutico apoiado na psicologia budista, a pessoa embarca
numa jornada envolvendo movimento e direção, partindo para a própria
intimidade, para o próprio Eu. Uma jornada para o despertar e para o “aqui e o
agora” e assim, poder viver a vida estando plenamente presente. Para tanto, há
de se compreender que a vida é passageira e aceitar essa condição, e, em
seguida, entender que já somos (de alguma forma) seres completos, íntegros,
faltando apenas ver que cada um é o próprio porto, o próprio refúgio, a própria
salvação.
Espero que tenha gostado desse artigo. Há vários outros artigos no Blog do Psicólogo (www.blogdopsicologo.com.br) - acesse-os! CLIQUE AQUI para ler um artigo sobre relacionamentos abusivos na adolescência.
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar
Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista.
Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
Consultório próximo ao Shopping Metrô Santa Cruz. Atendimento de segunda-feira aos sábados. Marcação de consultas pelo tel. 11.94111-3637 ou pelo whatsapp 11.98199-5612
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