
Eu tinha uma outra postura antigamente, ainda
com grande influência dos tempos de faculdade, postura aquela que fazia com que
eu abordasse o tema da felicidade através da velha questão grega e filosófica,
onde felicidade, vida boa e sabedoria se integram; logo ví que, para os objetivos
de um trabalho psicoterapêutico, aquela visão e postura antiga não tinham
aplicação. Afinal de contas, de que serviria “filosofar” sobre o assunto, sem ajudar
o paciente a encontrar algo prático, como é a própria vida, para ser feliz?
A felicidade é uma meta, mas sei que o sistema em
que vivemos dificulta sobremaneira que se atinja essa meta. A estruturação do
trabalho, o sistema econômico, a injustiça social, os dramas familiares, além
de todas os transtornos mentais leves ou não, realmente atuam deixando para as
pessoas a impressão que não é possível (muitas vezes, nem aceitável) que sejam
felizes. Aquele que consegue alcançar a felicidade, drástica e apressadamente é
chamado de sábio – apenas por ter encontrado o caminho da felicidade!!!! Aqui
cabe uma pergunta bem pertinente ao mundo moderno: e se a felicidade for obtida
por conta de uso de antidepressivos, euforizantes, ansiolíticos, enfim, por
pílulas que se oferecem para que a humanidade se sinta permanentemente (e sem
nenhum efeito secundário, sem viciar, sem dependência !!!), num estado de
completo bem-estar, de completa felicidade, isso seria ser verdadeiramente um
sábio (e feliz)?
Bem, meus amigos, se ser sábio significa ser
feliz, concluo que isso não se consegue de qualquer maneira ou a qualquer
preço, logo não é uma felicidade qualquer, em especial, como é a felicidade dessas
pílulas “mágicas”. Não é uma felicidade obtida à custa de drogas, ilusões ou
diversões. Creio que o papel do psicólogo, nesse casa, é trabalhar pela adesão
aos medicamentos porém apenas temporariamente e conforme o caso pois uma pessoa
dever a sua felicidade a um remédio é algo inconsistente, falso e preocupante.
Evidentemente o mesmo se aplica a uma felicidade que proviesse apenas de um
sistema eficaz de ilusões, mentiras ou esquecimentos.
Durante a psicoterapia, é importante que o
paciente aprenda que o essencial é não mentir, e antes de mais nada não se
mentir. Não se mentir sobre a vida, sobre nós mesmos, sobre a felicidade. E se
a pessoa não estiver feliz, entender e aceitar essa condição evitando um tipo
de felicidade malograda ou outros tipos de armadilhas. Há de se compreender a
idéia de que a felicidade depende, em muito, das nossas ações e da nossa
abertura para o amor. Você já percebeu que muitos infelizes não se abrem para a
experiência amorosa, seja essa um amor romântico ou apenas fraternal?
Depois de um bom tempo de experiência como
psicoterapeuta, vejo que o que falta à uma pessoa para ser feliz é “saber
viver” em seu sentido profundo, um “saber viver” que nos faz entender que não
há ciência tão árdua quanto a de saber viver bem e naturalmente esta vida. É
quase uma forma de arte ou de aprendizado: o de aprender a viver, apenas isso. Então,
ser feliz é uma questão de vontade! E, mais do que a atitude positiva diante do
amor, o paciente precisa ser disposto a experimentar mudanças sempre, com um
bom sentido de “aqui e agora”. Melhor será se der vazão à sua atividade
criadora e buscar a realização do próprio potencial.
E eu sou feliz? Bem, já tive muitos problemas
como qualquer pessoa normal mas não diria que eles tenham reprimido o meu potencial
para ser feliz. Neste momento, não vai nada mal e a alegria me parece
imediatamente possível. Cedo tomei consciência de que não havia nascido em um
“berço de ouro” e tive que trabalhar muito, apostando sempre na psicologia,
ciência que adoro. Tive sorte, estive doente e continuo vivo e contente de
assim estar. Ora, a não ser por algum novo problema ou mesmo uma angústia
particular, sou um amante da vida (isso inclui minha família e amigos queridos)
e me apraz viver e lutar pela vida - pela boa vida - e buscar novos
conhecimentos. Se isso não é felicidade, então o que é a felicidade?
Use
computador para ver todo o conteúdo do blog.
Um abraço,
Psicólogo
Paulo Cesar
Psicoterapeuta
de adolescentes, adultos, casais e gestantes. Psicólogo de linha humanista com
acentuada orientação junguiana e budista. Consultório próximo ao Shopping Metrô Santa Cruz. Atendimento
de segunda-feira aos sábados. Marque uma consulta pelos fones 11.5081-6202 e
94111-3637 ou pelos links www.psicologopaulocesar.com.br ou
www.blogdopsicologo.com.br
Oi Paulo!
ResponderExcluirÓtimo texto!! Que sejamos todos realizados e felizes!
Abs!
Narciso