Você sabia que as pessoas podem superar
os ataques de pânico, apoiando-se no próprio medo?
Já escrevi sobre sintomas e
mecanismos dos ataques de pânico (clique em Blog
do Psicólogo para acessar os artigos), porisso, nesse artigo,
gostaria de me deter em como lidar com o pânico.
As pessoas são constantemente “enganadas”
pelos ataques de pânico pois eles fazem as
pessoas acreditarem que estão sob ameaças
iminentes. Mas por repetidas vezes, nenhuma ameaça real é identificada, e mesmo
assim, são enganadas de novo em uma nova manifestação dos sintomas de pânico. Por
quê isso acontece? Penso que seja porque uma pessoa que sente pânico não está disposta
a manter-se com os sintomas desta forte ansiedade pelo tempo necessário para
descobrir o que acontecerá se ela não tentar combater a ameaça ou fugir dela.
Lutar contra isso ou fugir é, absolutamente,
normal. Os seres humanos foram “programados” para aceitar um número muitissimo
maior de situações e objetos que realmente não representam uma ameaça, afinal
de contas, a vida e existência não é um “game” que pode simplesmente reiniciar.
Só há certeza científica quanto a vida terrena, por isso faz sentido ser
plenamente precavido. Por exemplo, é melhor ficar em dúvida (em 9 vezes em cada
10, do que errar uma vez!) se o que se ouve é a aceleração de um poderoso motor
de carro ou o rugido de um leão. Certamente, se para os ouvidos de alguém quase
todos os barulhos soarem como o rugido de um leão, poderá haver sérias
conseqüências.
Pessoas que vivem sempre em prontidão,
em estados constantes de luta ou fuga, e que vivem suas vidas no modo de
sobrevivência, possuem maiores probabilidades de desenvolver certos tipos de
doenças, ou um agravamento de alguma doença atual. Viver com medo constante e
intenso é péssimo para a saúde, felicidade e produtividade.
Sobreviver é permanecer vivo aqui
e agora - não viver uma vida longa e feliz.
Infelizmente, de várias maneiras,
uma vida de sobrevivência acaba sendo uma vida de pânico. O indivíduo com
pânico só quer saber se algo é prejudicial ou inofensivo e, via de regra, não está
interessado em aprender sobre a natureza, função ou mecanismo de ação do que
lhe causa medo. Mas esse interesse mais amplo e profundo pode ser precisamente
o necessário para saber lidar os ataques de pânico. Ou seja, é preciso se
comportar de maneira inconsistente, aguentar o medo que se sente, sem se focar
obstinadamente no dano imaginado e na sobrevivência: é preciso sustentar a
experiência do medo e examiná-la com interesse, curiosidade e engajamento.
Se você já sabe que seus ataques
de pânico não são causados por nenhuma condição médica, preste bem atenção no
que vem a seguir.
Tal como a moça da foto,
que se esforça e mantém atenção numa direção específica como se quisesse ouvir
ou entender melhor, é importante que você se apoie no medo que você sente com
um sentimento de admiração. De modo algum isso significa que você tenha que
sofrer ataques de pânico, mas também não significa que você deve “entrar de
cabeça” no medo e, assim, perder todo o controle. Você deve ficar o tempo todo
no “aqui e agora”, enquanto tenta focar o seu medo.
Veja essa analogia: é como um cientista
que nunca viu um raio antes, e que, numa noite clara, enquanto dirigia para sua
casa, é surpreendido por relâmpagos à distância. O cientista calmamente estaciona
o carro, senta-se e espera pacientemente até o próximo relâmpago aparecer. Nos
próximos minutos, ele observa a cor desses flashes, sua frequência, localização
e assim por diante. O cientista também escuta com interesse, contando os
segundos entre um relâmpago e um trovão e observa as suas várias
características, como intensidade e tom. É claro que, enquanto tem mais interesse
e curiosidade, o cientista tenta, ao mesmo tempo, permanecer firmemente
ancorado. Ao contrário, ele seria dominada pelo medo e confusão. Você precisa adotar
essa mesma atitude, quando estiver se sentindo preso em suas tempestades
internas. Outra forma é lembrar de outras situações ou objetos em sua vida
pessoal que realmente despertaram sua curiosidade. Lembre-se da qualidade de
sua atenção e de sua atitude em relação a eles. E aja da mesma forma enquanto
estiver tendo um ataque de pânico.
Como você já deve ter concluído,
a objetividade é uma ferramenta importante para lidar com o pânico. Ao observar
uma experiência objetivamente, você se torna capaz de abordar, ao invés de
evitar, o que teme; e, como resultado, você ganha um novo nível de controle
mental sobre a situação. Uma maneira de observar objetivamente um ataque de
pânico é fazer muitas perguntas, como:
- O que estou sentindo agora?
- O que estou sentindo no meu corpo?
- Como estou interpretando esses sentimentos e sensações?

Depois de se sentir enraizado, mantenha
o foco novamente e observe como o fenômeno do pânico e todos os sentimentos,
sensações e pensamentos associados se desenvolvem. Relate para si mesmo o que
vê e seja o mais preciso e detalhado possível.
Se você fizer isso com bastante
frequência, o medo intenso começará a perder seu domínio e os ataques de pânico
se tornarão menos intensos e mais fáceis de se lidar. O objetivo é quebrar o
medo sem nome e as mudanças somáticas incompreensíveis, nomeando e descrevendo
a experiência. Você pode perceber que o que está sentindo e sentindo, embora
desagradável, é compreensível e familiar. Por exemplo: "Estou com
muito medo", "sinto o suor escorrendo pela parte inferior das
costas", "sinto minha respiração acelerando", "sinto-me
muito zangado por causa do ataque de pânico estar acontecendo novamente",
"estou pensando que tudo está fora de controle "" Estou pensando
que estou ficando louco "" e assim por diante.
Quando você se adota curiosidade
e interesse, você identifica e nomeia o que está acontecendo, e vai descobrir
que o pânico se torna cada vez menos convincente e capaz de empurrar você para
o modo de sobrevivência e se afastar de novas experiências, proximidade com seu
corpo e vivendo sua vida.
Espero que
tenha gostado desse artigo. Há vários outros artigos no Blog do Psicólogo (www.blogdopsicologo.com.br) - acesse-os! CLIQUE
AQUI para ler sobre como manter o foco no “aqui
e agora”.
Um abraço,
Psicólogo
Paulo Cesar
Psicoterapeuta
de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com
acentuada orientação junguiana e budista.
Palestrante
sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
Consultório
próximo à estação de metrô Vila Mariana. Atendimento de segunda-feira aos
sábados.
Marcação de consultas pelo tel. 11.94111-3637 ou pelo Whatzapp
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