
Mas, o
que é a rejeição? Sentimo-nos rejeitados quando não somos incluídos, aceitos ou
aprovados. Envolve a perda de algo que tínhamos ou queríamos, e, como o
abandono, nos faz sentir indesejados e não bons o suficiente.
Posso
dizer sem medo que para algumas pessoas, a dor de ser excluído não é tão
diferente da dor de uma lesão física. A rejeição também tem sérias
implicações para o estado psicológico de um indivíduo e para a sociedade em
geral. A rejeição social pode influenciar a emoção, a capacidade de
aprender e até a saúde física. Além disso, as pessoas ostracizadas às
vezes se tornam agressivas e podem recorrer à violência.
Os
seres humanos têm uma necessidade fundamental de “pertencer”. Assim como
temos necessidades de comida e água, também temos necessidades de
relacionamentos positivos e duradouros. Essa necessidade está profundamente
enraizada em nossa história evolutiva e tem todos os tipos de consequências
para os processos psicológicos modernos. Nas interações sociais, a rejeição
social ocorre quando uma pessoa é excluída da relação, podendo ser rejeição
interpessoal e rejeição romântica.
A experiência de
rejeição pode levar a uma série de consequências psicológicas adversas, como
solidão, diminuição da autoestima, agressividade e depressão. Também pode
levar a sentimentos de insegurança e uma maior sensibilidade à rejeição futura.
Imagino que a maioria das pessoas reconhecem que a necessidade de amor e
pertencimento é uma motivação fundamental e que mesmo os introvertidos precisam
ser capazes de dar e receber afeto para serem psicologicamente saudáveis. O simples
contato com outras pessoas não é suficiente para suprir essa
necessidade. Em vez disso, as pessoas têm um forte impulso motivacional
para formar e manter relacionamentos interpessoais atenciosos. As pessoas
precisam tanto de relacionamentos estáveis quanto de interações satisfatórias
com os outros nesses relacionamentos. Se algum desses dois ingredientes
estiver faltando, as pessoas começarão a se sentir solitárias e
infelizes. Realmente, a rejeição é uma ameaça significativa.
Ser membro de um
grupo também é importante para a identidade social e autoconceito. Talvez
o principal objetivo da autoestima seja monitorar as relações sociais e
detectar a rejeição social. Nessa visão, a autoestima é um sociômetro
que ativa emoções negativas quando aparecem sinais de exclusão.
Estudos mostram
que a maioria das crianças rejeitadas por seus colegas apresenta um ou mais dos
seguintes padrões de comportamento: baixas taxas de comportamento “pró-social”,
por exemplo, revezando, compartilhando, altas taxas de comportamento
agressivo, altas taxas de comportamento desatento, imaturo ou impulsivo, e
altas taxas de ansiedade social. Por outro lado, as crianças queridas
mostram habilidade social e sabem quando e como participar das
brincadeiras dos grupos. Aquelas que correm o risco de rejeição são mais
propensas a se sentirem incomodadas ou a ficar para trás sem participar. Crianças
de minorias, crianças com deficiência ou com características ou comportamentos
incomuns podem enfrentar maiores riscos de rejeição. Crianças que são
menos extrovertidas ou simplesmente preferem brincadeiras solitárias são menos
propensas a serem rejeitadas do que crianças que são socialmente inibidas e
mostram sinais de insegurança ou ansiedade. Crianças rejeitadas são mais
propensas a sofrer bullying na escola e nos playgrounds e tendem a ter
baixa autoestima, além de maior risco de internalizar problemas
como a depressão. Por último, cito que algumas crianças rejeitadas exibem comportamento impulsivo
e mostram agressividade em vez de depressão.
A rejeição
romântica é uma experiência emocional dolorosa que faz com que os indivíduos
rejeitados experimentem uma série de emoções negativas, incluindo frustração,
raiva intensa e, eventualmente, resignação e desespero.
Você
experimentou alguma dessas rejeições comuns na infância ou
adolescência?
- Ser intimidado
- Tentar jogar num time e não conseguir
- Não ter ninguém com quem almoçar
- Ser último escolhido e ouvir frases do tipo “só restou o fulano”
- Não ser convidado, assim como os amigos, para uma festa
- Viver a traição de alguém ou o término de um relacionamento
Infelizmente,
algumas crianças também sofrem rejeição em casa, o que adiciona uma outra
camada de dor. A rejeição dos pais ou familiares pode incluir:
- Ser criticado, dizer que você não é bom o suficiente ou ser chamado de nomes depreciativos
- Ser abusado, negligenciado ou abandonado
- Ser ignorado
- Ouvir que seus sentimentos, ideias ou crenças estão errados ou não importam
- Perceber os pais favorecendo o irmão
- Ser mandado embora porque você era “difícil” ou “problemático”
- Ser dito que você não é talentoso e deve desistir de seus objetivos e sonhos
- Falta de apoio ou desaprovação de sua orientação sexual ou identidade de gênero
Tudo isso é
muito ruim, e quanto maior a frequência e quanto mais jovem é a pessoa
rejeitada, mais impactante é. As crianças pequenas estão ainda desenvolvendo
seu autoconceito e autoestima, por isso são especialmente
vulneráveis. Mesmo que as pessoas não lhe digam abertamente que ela é
inadequada ou não amada, poderá ter essa conclusão porque as crianças pequenas
não têm as habilidades de raciocínio e experiências de vida para entender
completamente todas as razões possíveis da rejeição.
Enfim, e
repetindo, a rejeição dói. Você pode até reconhecer essa dor mas não se culpe.
Ao contrário, fortaleça a sua resiliência. A rejeição é, de fato, uma pílula
amarga para engolir e a maioria de nós já teve uma boa dose disso.
Não importa o
quanto você queira ver o lado bom disso, mas a rejeição não constrói o
caráter. É algo que quebra corações, traz lágrimas e levanta medos, e esse
medo pode ficar e se tornar uma mancha difícil de remover. Aqui, um alerta
especial pois o medo da rejeição, pode tornar-se um obstáculo ao sucesso e à
felicidade. Em suma, a rejeição não é boa, mas deixar o medo da rejeição ditar
o que você realizará em sua vida pode lhe fará sentir-se ainda pior no
futuro. Faça psicoterapia, pois é um, senão o único recurso capaz de
reverter essa situação.
Espero que tenha gostado desse artigo. Há vários outros artigos no Blog do Psicólogo (www.blogdopsicologo.com.br) - acesse-os!
- Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
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