(Série: Reeditando artigos interessantes)

O tratamento da depressão não deve ser feito apenas com
medicamentos. Ela é uma doença do organismo como um todo, logo compromete o
físico, o humor e o pensamento. Como altera a maneira que a pessoa vê o mundo e
a realidade, o entendimento das coisas, a manifestação das emoções, a
disposição e o prazer com a vida, é necessário que o paciente submeta-se a uma
psicoterapia para encontrar e resolver as causas da depressão. Os remédios
eliminam os sintomas mas não atuam na causa. É realmente um transtorno sério e
que afeta a inclusive forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em
relação a si próprio e como pensa sobre as coisas.
Sintomas da depressão: sensação de desespero e desânimo que
não passa, sensação de desesperança, sentimentos de culpa, pouca energia,
dificuldade de concentração, inquietação, distúrbios do sono, sensação de
vazio, pensamentos negativos e tristes, dificuldade em manter relacionamentos
normais, falta de interesse pela vida. Outros sintomas incluem síndrome do
pânico, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), anorexia nervosa, chorar muito
ou não conseguir chorar, sentimento de fracasso, etc. É importante mencionar
que não precisa que o paciente apresente todos os sintomas para ser
diagnosticado como depressivo.
A depressão pode ocorrer por causas psicossociais (surgem
após algum evento estressor psicossocial severo, como luto, divórcio, brigas de
casais, mudanças no trabalho, desemprego, doenças de entes queridos, mudança de
cidades, etc.), causas genéticas (hereditariedade) e causas bioquímicas (nota-se
o desequilíbrio de determinadas substâncias, tais como serotonina,
noradrenalina, dopamina, acetilcolina e o sistema do ácido gama-aminobutírico).
Também associados à depressão estão o consumo abusivo de drogas ou álcool e
dietas, assim como as variações hormonais.
É muito importante que você tenha uma orientação adequada
para o diagnóstico e tratamento da depressão com um médico ou um psicólogo
clínico pois ambos tem como objetivo ajudá-lo a entender a depressão e
desenvolver formas de lidar com ela. Mas assim como os medicamentos, uma
psicoterapia não traz resultados imediatos.
Algumas
perguntas facilitam o diagnóstico da depressão, tais como:
• Alguém em sua família sofre de depressão?
• Está tomando algum medicamento?
• Você sofreu alguma alteração ou perda importante em sua
vida?
• Tem tido alterações no sono ou no apetite?
• Tem pensado em morte ou suicídio?
• Tem dificuldade de se concentrar no trabalho?
• Tem sentido mudanças no desejo sexual?
A depressão é uma doença tratável mas poucas pessoas procuram
tratamento. Esse deve ser entendido de uma forma globalizada levando em
consideração o ser humano como um todo, incluindo dimensões biológicas,
psicológicas e sociais. Portanto, o tratamento deve abranger todos esses pontos
e utilizar a psicoterapia, mudanças no estilo de vida e a terapia
farmacológica. Deve-se tratar os pacientes deprimidos contextualizados em seus
meios sociais e culturais e compreendidos nas suas dimensões biológicas e
psicológicas.
As intervenções psicoterapêuticas podem ser de diferentes
formatos, como psicoterapia de apoio, psicodinâmica breve, terapia
interpessoal, comportamental, cognitiva comportamental, de grupo, de casais e
de família. Há vários fatores que influenciam no sucesso tais como motivação,
depressão leve ou moderada, ambiente estável e capacidade para insight. Mudanças no estilo de vida deverão ser debatidas com cada
paciente, objetivando uma melhor qualidade de vida. O uso de antidepressivos produzem, em média, uma melhora
dos sintomas de 60% a 70%, no prazo de um mês.
O tratamento antidepressivo é mais complicado quando são
observados risco de suicídio, melancolia severa, episódios recorrentes, mania
ou hipomania prévia, depressão com características psicóticas, depressão com
características catatônicas, dependência de álcool ou abuso de substâncias,
depressão pós-psicótica e depressão superposta a distúrbios de personalidade.
Nesses casos, ou quando há risco de homicídio, quando falta ao paciente suporte
psicossocial ou quando o paciente não coopera, a prática recomendada é a da
hospitalização.
Independentemente do estilo da psicoterapia, essa tem que
focar sempre a melhoria dos sintomas e a eliminação dos distúrbios funcionais.
A psicoterapia ajudará o paciente a compreender como algumas relações
interpessoais, acontecimentos ou maneiras de pensar, contribuem para o seu
estado clínico. A psicoterapia ajudará também a reverter alguns traços muito
comuns da depressão como imagens negativas sobre si próprio, sentimentos
negativos em relação ao futuro e baixa auto-estima.
Minhas escolhas ao tratar pacientes com quadro de depressão,
levam em conta um conjunto de medidas psicoterapêuticas básicas que, unidas à
farmacoterapia, vêem multiplicados os seus efeitos:
- Prestar prestar apoio ao paciente e ajudá-lo a compreender que uma depressão é transitória. Eliminar possíveis sentimentos de culpa, fazer o paciente perceber a melhoria depende do seu esforço e que seus familiares esperam por isso. Mostrar que as pessoas sabem que ele está doente e que se trata de uma situação em que a vontade está também afetada.
- Recuperar a auto-imagem e a autoestima dos pacientes e reforçar os comportamentos positivos pondo em relevo a atitude a favor da cura.
- Melhorar as relações sociais pois o paciente depressivo tende a isolar-se. Identificar o melhor momento e estimular o paciente a sair, mobilizar-se, fazer amigos e outras acoes que melhorarão a sua autopercepção.
- Gratificar afetivamente e reforçar todas as conquistas, por mínimas que sejam, obtidas pelo paciente.
- As minhas medidas psicoterapêuticas também incluem o que não se deve jazer. Por exemplo: insistir em que o paciente ponha em jogo uma força de vontade supostamente indispensável ou incutir nele uma atitude duvidosa ou vacilante face às vivências depressivas (de culpa ou de morte) de que padece.
Por fim, insisto em reforçar a importância da psicoterapia
para reconhecer e explorar fatores que precipitem a depressão e que envolvam
perdas interpessoais, disputa de funções, isolamento social ou deficiências no
relacionamento social; uma terapia que aposta na
exploração e clarificação desses fatores, encoraja os afetos, analisa a
comunicação, faz um uso terapêutico das relações interpessoais e promove
técnicas de alteração comportamental.
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar
Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de
linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Palestrante
sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
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