
Será que o germe do fracasso já não está presente na forma
como essas decisões foram tomadas? Sabemos que ao se fazer uma resolução,
geralmente escolhe-se o que é visto como bom ou melhor, mesmo que não seja o
que a pessoa realmente queira. Por exemplo:
- eu acho que seria bom para a minha saúde, mas não necessariamente para o meu humor, que eu parasse de fumar.
- eu acho que seria melhor para a felicidade de minha família, mas não tanto para a minha própria, que eu passasse mais tempo brincando com as crianças e as acompanhasse ao parque.
Em ambos os casos, mais parece que novas obrigações foram
criadas e que não são atrativas para a pessoa, mas assim ela age porque
considera necessário ou preferível quando comparado a outros comportamentos.
Pessoalmente, acho estranho resoluções que sejam tomadas com base na suposição de que é possível mudar a maneira de viver com uma decisão simples acompanhada de um esforço suficiente. A psicologia descobriu, há muito tempo, que a mudança pessoal é muito mais complexa e exigente. Esta visão simplória de desenvolvimento quase nunca funciona e as poucas vezes em que ela é eficaz, decorre da influência de outros fatores poderosos como o medo de um desastre.
Pessoalmente, acho estranho resoluções que sejam tomadas com base na suposição de que é possível mudar a maneira de viver com uma decisão simples acompanhada de um esforço suficiente. A psicologia descobriu, há muito tempo, que a mudança pessoal é muito mais complexa e exigente. Esta visão simplória de desenvolvimento quase nunca funciona e as poucas vezes em que ela é eficaz, decorre da influência de outros fatores poderosos como o medo de um desastre.
Não é incomum as pessoas mudarem suas vidas ou hábitos
radicalmente, mesmo que elas enfrentem grandes desafios para isso. Devemos
reconhecer que essas mudanças são possíveis e que, mesmo que as resoluções
sejam normalmente condenadas ao fracasso, grandes mudanças ocorrem, muitas
vezes, com base em decisões voluntárias. Quantas pessoas, por exemplo, decidem
se divorciar mesmo sabendo de antemão que esta escolha vai trazer-lhes um monte
de problemas e confrontos dolorosos, além de uma situação financeira e social
complicada. Apesar destes obstáculos significativos, essas pessoas optam
pelo divórcio e não deixam a "resolução" perder força depois de
alguns dias.
Mas analisando com cuidado... será que isso seria mesmo uma
resolução? Bem, deveria se tratar de uma decisão muito complexa
que poderia até ser considerada um projeto. Mas ficou sendo, com o passar dos tempos, algo mais simples. Penso que os estudiosos em comportamento humano consideram que a diferença mais importante entre uma decisão do tipo "projeto" e uma simples resolução está na qualidade do motivo básico para a decisão. No
caso de "boas intenções de ano novo", é decidido por dever porque
isso é "o que deve ser". Nas decisões do tipo “projeto”, "escolhemos
o que gostamos", não porque seja fácil ou bom, mas porque é uma
necessidade praticamente óbvia. Decide-se que este é o único caminho que levará
à uma eventual satisfação e recusa-se a continuar tolerando o inaceitável.
O melhor é que mudança se torne um projeto de longo prazo,
sendo o primeiro passo apenas o começo de uma viagem. O programa não é
totalmente elaborado com antecedência; conhece-se o ponto de partida, sabe-se
que muitos obstáculos vão surgir no caminho, porém espera-se alcançar, ao final
da viagem, uma maior satisfação na vida.
Se tais projetos mais exigentes podem ser concluídos e resoluções
muito mais fáceis são rapidamente esquecidas, isso se deve principalmente ao
motivo básico, isto é, às forças vitais por elas responsáveis. O projeto é
baseado em um profundo desejo de mudança e a um importante sonho. Esta é a sua
força vital. Quero dizer, um projeto é baseado numa melhoria realmente
desejada: eliminar o sofrimento inaceitável enriquecendo um aspecto importante
da vida. Ao projeto deve-se adicionar um tipo de satisfação que a pessoa nunca mais vai querer modificar.
Essa satisfação desejada é fundamental pois fornece a força necessária para o
projeto. Pode ser também um sonho, uma aspiração que pouco a pouco vai sendo
levada a sério até que se decida transformá-lo em realidade. Esta dimensão
ajuda a tolerar os obstáculos que são uma parte necessária da viagem.
Os grandes objetivos são facilmente alcançados através de
uma abordagem de longo prazo. Não se pode confiar numa decisão simples! Vários
estudos e escolhas devem ser feitos considerando possíveis desvios e revezes. Prevê-se
reavaliações, ambivalências e sucesso parcial. É a força do desejo que suporta
todo este processo, sendo que o que permitirá aceitar os erros e as inevitáveis
fraquezas é a extensão da perspectiva do projeto, a visão de longo prazo.
Para alcançar algo, não basta o esforço de vontade. A busca
pela satisfação é bússola e combustível para tais empreendimentos, por isso não
é de surpreender que um projeto que realmente seja importante e que visam satisfações
importantes sejam mais eficazes do que uma simples "resolução de ano
novo", apesar da força de vontade. Para quem tomou as "resoluções de
ano novo com boas intenções", uma pequena barreira será um pretexto para se
libertar do dever imposto a si próprio. Para quem está ativamente engajado num
projeto querido por seu coração, o obstáculo é uma oportunidade de novas
avaliações para esse mesmo projeto.
Desejo que no ano de 2024, você se torne responsável por projetos
de desejos e sonhos, em vez de simples "resoluções de ano novo com boas
intenções". Que você use o balanço de fim de ano para dar vida a projetos
que irão levá-lo à grandes satisfações na vida.
Você pode acessar os conteúdos divulgados nesses locais:
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar
- Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
- Psicólogo de linha humanista existencial com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo e Psicologia Clínica.
- Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
- Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
- Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
- Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
- Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.