É
importante que você compreenda e silencie a voz interna que faz críticas sobre
si próprio e que pode se tornar um dificultador da vida sexual!

Provavelmente,
não é surpresa para você o fato de que ter uma autoestima mais alta e uma
imagem corporal mais positiva está relacionada ao aumento da satisfação sexual.
Por outro lado, pensamentos negativos em relação a si próprio aumentam os níveis
de estresse, o que pode diminuir a satisfação sexual. Significa que a boa autoestima,
sentimento de autonomia e empatia foram positivamente associadas ao prazer
sexual, enquanto que pessoas com baixa autoestima também podem perceber seus
parceiros de uma forma mais negativa. O que tudo isso nos diz é que a
capacidade de ver a si mesmo e ao seu parceiro através de olhos gentis e
empáticos tem um grande impacto sobre o quanto se gosta de sexo.
Um
dos principais responsáveis na criação de uma predisposição negativa para o
sexo é a “voz interna crítica” a qual me referi no início desse artigo. Pode se
dizer que se trata de um processo de pensamento destrutivo que sabota a
satisfação sexual. À medida em que se ouve essa “voz”, há uma associação com sentimentos
de autoconsciência, insegurança e vergonha, levando a um comportamento
autolimitado ou mesmo autodestrutivo. Embora a maioria das pessoas saiba que os
“ruídos” dos pensamentos autocríticos pode ser um grande burburinho quando se
trata de sexo, nem sempre se está plenamente conscientes do quanto essa voz afeta
as atitudes de uma pessoa. É interessante comentar que a “voz internas” trazem
críticas sobre a própria pessoa, sobre o parceiro ou sobre sexo em geral -
antes, durante e depois do sexo. Se, por um lado, a presença de tais
pensamentos possam ser esperados (afinal, a sexualidade de uma pessoa é algo muito
pessoal e há, de fato, a possibilidade de sentir-se bastante vulnerável ao
abrir-se a outra pessoa), por outro, é impressionante o grau de crueldade de
muitas “vozes internas” quando trazem emoções antigas e muito dolorosas.
Uma
maneira comum pelas quais as pessoas podem ser muito indelicadas consigo mesmas
com relação à própria sexualidade está nas “vozes internas críticas” que elas
têm em relação a seus corpos. Veja alguns exemplos que ouço com frequência na
condição de psicoterapeuta:
- Eu sou horrível nu - é humilhante tirar a roupa!
- Meus seios são muito grandes ou muito pequenos!
- Meu pênis é muito pequeno, ela não ficará satisfeita – ela vai rir de mim!
- Acho que estou muito velho – ela não se sente mais atraída por mim!
- Ele vai ver o quão feia eu realmente sou!
Há
também um monte de “vozes internas críticas” que surgem antes mesmo da
experiência sexual. Muitos citam pensamentos como:
- Eu realmente acho que ele está atraído por mim? Por que estaria?
- Eu sou muito estranho. Ela vai perder o interesse.
- Ele não vai gostar mais de mim se eu dormir com ele.
- Por que estou pensando em sexo novamente? Será que sou pervertido?
- Cuidado, ele provavelmente está apenas me usando!
- Eu sei que vou me envergonhar.
- Ela preferia estar com outra pessoa.
- Eu não devo procurar o sexo – eu serei rejeitado!
- É nojento querer sexo.
- Eu não sei o que fazer!
Muitas
pessoas têm “vozes internas críticas” durante o sexo, e isso prejudica que elas
se sintam no aqui e agora. São, novamente, ataques a si mesmos, ao seus
desempenhos, seus parceiros ou em relação ao sexo em geral, impedindo-os de
desfrutar da experiência do momento.
- Eu não estou fazendo ela se sentir bem.
- Eu deveria estar fazendo isso ou aquilo.
- Ele provavelmente está sem pensar em mim.
- Eu não estou sendo bacana o suficiente.
- Eu sou muito ruim nisso.
- Ela não parece tão animada.
- Eu estou fazendo algo errado.
- Eu não vou conseguir terminar.
- Eu vou demorar para gozar.
- Não vou dizer a ele o que eu quero senão vou parecer uma aberração.
- Por que ele não sabe o que eu quero?
- Ele acha que sou péssima nisso.
- Ele é tão desajeitado (ou insensível).
- Ela está tão tensa - o que há de errado com ela?
É
claro que esses tipos de pensamentos tornam o sexo menos agradável pois tiram
da pessoa do fluxo livre da experiência e causa aflição, logo, desconectam os
envolvidos e, às vezes, até causa o afastamento um do outro. Muitas vezes,
quando uma pessoa começa a ouvir sua “voz interna crítica” durante o sexo, o
parceiro percebe uma mudança - o sinal da pessoa parecendo distraída ou um
pouco menos entusiasmada pode, então, acionar a “voz interna crítica” do
parceiro: “Espere, o que mudou? O que você fez de errado?".
Muitos
casais comentam que, uma vez que começam a ouvir a “voz interna crítica”, o
sexo se torna mais mecânico, ao invés de uma experiência compartilhada. No
entanto, mesmo quando conseguem repelir seu crítico interior durante o sexo, podem
perceber vozes na cabeça após o sexo. Depois da transa, então, podem ter
pensamentos como:
- Eu não gozei como gostaria.
- Ele parecia que não estava gostando.
- Eu estava muito animado. Ela provavelmente achou que eu estava desesperado.
- Eu sou muito nojento / pervertido.
- Ela não vai querer transar comigo novamente.
- Hoje até que foi bom, mas acho que não será assim da próxima vez.
Quaisquer
que sejam as vozes específicas em relação ao sexo, a solução permanece a mesma.
Para que uma pessoa se sinta livre em relação à sexualidade, tem que desafiar o
seu crítico interno. Aqui estão algumas dicas para você controlar esse crítico que
existe em você:

Explore
as raízes de suas atitudes. Muitas vezes, quando as pessoas começam a listar o
que suas vozes dizem, outras começam a surgir, inundando a sua com comentários
críticos. Às vezes, o ataque começa específico, mas à medida que você continua
escrevendo, atitudes mais profundas e enraizadas sobre a sexualidade começam a
aparecer. Por exemplo, uma mulher começou escrevendo: “O sexo é muito
complicado. Isso não é para mim!”. Quando ela se aprofundou nas vozes que
surgiram, ela escreveu coisas como: “Sexo é perigoso. É sujo. Eu vou ter uma
doença. É nojento querer sexo. Mulheres de bem não deveriam querer sexo”. Embora
ela não estivesse tão consciente dessas “vozes internas críticas” em sua vida
atual, ela reconheceu alguns dos pensamentos como frases exatas que sua mãe lhe
dissera sobre sexo quando ela ainda estava crescendo.
Assim
como nossas “vozes internas críticas”, nossas atitudes sobre sexualidade
geralmente vêm do nosso passado. Sejam elas coisas diretas que são ditas, como
no caso da mulher mencionada, ou atitudes e crenças que foram adotadas, essas
forças ajudam a moldar o senso da própria sexualidade. Fazer conexões de onde as
atitudes negativas vêm pode ajudar a separar esses sentimentos do passado do ponto
de vista real no presente.
Depois
de escrever suas vozes, você deve voltar a cada ataque e responder de uma
perspectiva realista e compassiva. Tente falar consigo mesmo do jeito que você
falaria com um amigo. Desta vez, escreva suas respostas na primeira pessoa para
identificar essas expressões como seu verdadeiro ponto de vista. Por exemplo,
se você escreveu o ataque: “Você é tão desajeitado. Ninguém quer fazer sexo com
você", você pode escrever a resposta, "posso me sentir desconfortável
quando estou ouvindo todas essas vozes, mas na verdade sou uma pessoa
confortável e carinhosa. Quando estou relaxada, gosto de como sou sexualmente”.
Será
muito bom que você descubra sua própria atitude em relação ao sexo: enquanto
você lida positivamente com suas críticas internas, tente ter uma atitude
aberta e acolhedora em relação aos seus sentimentos reais sobre sexo, sejam
eles quais forem. Esta é a hora de deixar de lado todos os "deveres"
e descobrir o que você realmente gosta e deseja. Tente ter uma perspectiva
curiosa, aberta e sem julgamento em relação a si mesmo. Tenha compaixão por
qualquer experiência que possa ter lhe prejudicado em relação à sua
sexualidade. Não permita que seu crítico interno o convença de que você deve
limitar, restringir ou punir a si mesmo com base nessas experiências. Lembre-se
de que sua sexualidade pertence a você. É só sua - para entender, explorar e
desfrutar.

Por
a sua “voz interna crítica” para fora do quarto pode parecer mais fácil de
dizer do que fazer, mas continuar a ter consciência dessas vozes e de como elas
afetam sua sexualidade é algo que pode beneficiá-lo(a) por toda a sua vida. É
algo que pode ajudá-lo(a) a se divertir mais em situações casuais e a desfrutar
de intimidade e proximidade mais duradouras num relacionamento de longo prazo.
Estar vivo e vibrante para a sua sexualidade é também vivenciar uma parte
importante de quem você é. Uma das maneiras mais eficazes de fazer isso é
continuar desafiando seu crítico interno e explorar seus sentimentos reais
sobre sua sexualidade.
Espero
que essas informações sejam úteis para você, esclarecendo alguns aspectos da sexualidade humana.
Você pode acessar meus conteúdos nesses locais:
- Blog do Psicólogo (www.blogdopsicologo.com.br)
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- Instagram (@paulocesarpsi)
Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar
- Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
- Psicólogo de linha humanista existencial com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Psicologia Clínica (graduando) e Autismo.
- Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
- Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
- Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
- Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
- Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.
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