A decisão pela FIV geralmente ocorre após tentativas infrutíferas de
engravidar. Muitas pessoas relataram sentir pressão tanto da sociedade quanto
pelo anseio de serem pais, resultando em um processo decisório repleto de
expectativas e inseguranças. De fato, pode haver um conflito interno entre a
esperança e o medo de não alcançar o resultado almejado que pode afetar a
estabilidade emocional antes mesmo do tratamento começar. É uma jornada que
pode evocar sensações de impotência, culpa, desamparo e ansiedade. Ademais, o
procedimento não assegura um êxito imediato, e cada etapa do tratamento traz novas
expectativas, podendo causar frustração na eventualidade de não
ocorrer a gestação.
O estresse emocional associado à FIV pode elevar o risco de transtornos
de ansiedade e depressão. A ansiedade, nesses casos uma companheira frequente,
é alimentada pela incerteza sobre o resultado do tratamento, pelos
procedimentos médicos e pelas possíveis complicações. A seu lado, a esperança
de realizar o sonho de ter um filho surge como um farol, acendendo um misto de
emoções positivas e negativas. É uma montanha-russa emocional, com altos e
baixos intensos. A ansiedade, a esperança, a tristeza e a culpa são sentimentos
comuns nesse processo, assim como o isolamento social.
É comum que mulheres que não obtiveram sucesso na FIV se sintam
culpadas, acreditando que não fizeram o bastante ou que seus corpos estão
falhando. Esse sentimento pode ser intensificado por crenças culturais e
sociais que responsabilizam a mulher pela gestação. Uma autocobrança excessiva
pode levar à exaustão emocional, intensificando a dor do processo. O mesmo pode
acontecer com os homens que possuem dificuldades reprodutivas, muitas vezes
escondendo seus sentimentos devido à pressão social. Observe, portanto, que
além das expectativas e ansiedades relacionadas à gravidez, a FIV acarreta uma
carga emocional elevada para os casais que buscam essa alternativa para
construir a família, impactando a autoestima, autoimagem e a qualidade de vida
dos casais.
A infertilidade pode
afetar profundamente a autoestima e a identidade de mulheres e de homens. Em
várias culturas, a capacidade de ter filhos está associada à feminilidade e à
masculinidade, gerando, com frequência, sentimentos de inadequação e fracasso.
Para algumas mulheres, a dificuldade de engravidar pode ser vista como uma
falha pessoal, resultando em culpa e angústia. Nos homens, a infertilidade pode
ser vivenciada como uma ameaça à sua virilidade ou que pode impactar a
autoconfiança e a saúde emocional.
Desenvolver
resiliência emocional é essencial para lidar com as frustrações e manter a
esperança quanto ao futuro, seja enfrentando novos ciclos de FIV ou
considerando outras possibilidades de parentalidade, como a adoção. Sendo
resiliente, não se isolará socialmente, algo que acontece com muitos casais,
inclusive porque nem todos compreendem as dificuldades e os desafios inerentes
ao processo de fertilização in vitro.
O processo de FIV
pode fortalecer ou abalar um relacionamento. Enquanto alguns casais encontram
maior cumplicidade ao enfrentar juntos os desafios, outros vivenciam conflitos
devido ao estresse, às pressões externas e à diferença na maneira como cada um cuida
da situação. A rotina do tratamento pode variar a intimidade, seja pelo
desgaste emocional, seja pelas exigências médicas que impõem momentos
específicos para relações sexuais. O diálogo aberto e o apoio mútuo são
essenciais para evitar o distanciamento emocional.
O acompanhamento
psicológico durante a FIV em muito auxilia o casal podendo contribuir na
elaboração e manejos das emoções intensas e construir estratégias para
enfrentar as dificuldades. Além disso, muitas pessoas encontram apoio na
espiritualidade, uma fonte de conforto e força para fortalecer a esperança ou
para ressignificar suas experiências.
A experiência da FIV
é única para cada casal, sendo influenciada por fatores como histórico de vida,
apoio social, personalidade e características do tratamento. Trata-se de um
recurso valioso em todas as fases do tratamento, visto que o psicólogo, além de
fornecer apoio emocional e orientação para lidar com as demandas do tratamento
de FIV, também pode oferecer:
- Ambiente
seguro para o casal expressar angústias, medos e esperanças.
- Estratégias
para lidar com o estresse: Técnicas de relaxamento, mindfulness e outras
abordagens para lidar com o estresse e a ansiedade.
- Apoio
emocional: Acompanhamento contínuo, oferecendo apoio emocional e incentivando a
resiliência.
- Melhora
da comunicação: Auxílio na interação do casal, favorecendo a resolução de
conflitos e o fortalecimento dos laços.
- Preparação
para a parentalidade: Apoio ao casal nos desafios e alegrias da paternidade.
A Fertilização in
Vitro é um processo que vai muito além da biologia, afetando profundamente a
esfera psicoemocional dos envolvidos. É essencial considerar e validar os
sentimentos que emergem nesse percurso, buscando suporte emocional e
psicológico para reduzir o impacto do estresse, da ansiedade e da frustração.
A preparação para a parentalidade também é um aspecto importante do acompanhamento psicológico, pois ajuda o casal a construir expectativas realistas e a desenvolver habilidades e estratégias de enfrentamento para lidar com os desafios da maternidade e da paternidade.
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar
- Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
- Psicólogo de linha humanista existencial com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo e Psicologia Clínica.
- Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
- Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
- Associado à SBRA - Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida e à ABRA - Associação Brasileira de Reprodução Assistida
- Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
- Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
- Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.
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