“Olá, Dr. Paulo Cesar,
Considerando que minha filha de 11 anos está tendo dificuldades com o sono, muitas vezes de forma a nos incomodar, acordar ou até nem dormir sozinha, mas sim sempre com a mãe, qual a orientação básica nesse caso? Ela alega medo, mas no geral é mais apego à mãe, e vice-versa, talvez em excesso.Abraços
Jxxx Rxxxxxo”
Achei por bem não deixá-lo sem uma resposta, a qual foi a que segue abaixo:
Caro Jxxx Rxxxxxo
Recomendo focar a atenção, nesse momento, mais na necessidade de corrigir o comportamento da sua filha e menos na busca de motivos. Mais tarde, o casal deve conversar mais profundamente sobre isso.
Vamos tentar primeiro, interromper esse ciclo vicioso, coisa difícil de fazer pois quanto mais tempo se deixa a criança dormir na cama dos pais, mais difícil será convencê-la a dormir sozinha, mais birras e lágrimas os pais terão de enfrentar.
Você sabia que metade das crianças que dormem com os pais, mesmo assim não quer ir dormir e acorda várias vezes por noite? Além disso, que os pais se sentem obrigados a se deitar ao lado dela para que adormeça, o que pode demorar entre 30 e 60 minutos? O resultado final é que, com o passar do tempo, nem a criança dorme o suficiente nem o casal, sem falar da falta de privacidade.
Regras: A criança que dorme na cama dos pais busca conforto e segurança, o que
demonstra o amor e a confiança que tem
Deixe bem claro que cada membro da família tem o seu próprio quarto e cama para dormir e que a criança já é muito crescida para dormir com os pais. Esclareça que não deve sair do seu quarto durante a noite a não ser que tenha de ir ao banheiro. Tenha paciência e cada vez que ela sair do quarto, leve-a de volta com carinho. Poderá ser um processo cansativo, mas a persistência e paciência serão “ferramentas de trabalho”.
Noites intranquilas: Se a criança já dorme com os pais há bastante tempo, o regresso à sua própria cama não vai ser fácil, como inicialmente mencionado; mas também não é impossível! Estejam preparados para assistir a algumas birras e muitas lágrimas, ou seja, é aqui que tem de ser mais resistente e, sobretudo, inflexível. Se a criança sair do quarto, obrigue-a a voltar e não vá embora até ela se deitar; repita as vezes que forem necessárias.
Se a criança for para a cama dos pais durante a noite, assim que perceber a sua presença leve-a de volta para o seu quarto e relembre-a das regras. Evite deitar-se com a criança. Se o fizer, faça-o numa cama ao lado ou poltrona e durante escassos minutos, avisando-a antecipadamente desse prazo. Caso contrário, a criança pode pensar que precisa da sua presença para adormecer… todas as noites.Quarto da criança: A decoração do quarto da criança tem que ser agradável e apropriada à sua idade – se ela se sentir bem no seu quarto, isso fará da hora de dormir um prazer, em vez de um pesadelo. Uma luz de presença ou autocolantes colocados nas paredes ou teto e que brilham no escuro são ainda uma boa aposta para um ambiente relaxado.
O tamanho da cama também deve ser adequado à criança, ou seja, nem todos se sentem confortáveis em camas muito grandes, podem até sentir medo. Se for este o caso, pode encostar a cama à parede, colocar uma grade de proteção ou então “enfeitá-la” de forma mais infantil – o mais importante é que a criança não tenha dificuldade em entrar ou sair da cama.
Recompensa: Quem não gosta de receber um presente por algo bem-feito? As crianças adoram, por isso junte o útil ao agradável e implemente um sistema de recompensas para cada noite que a criança dormir sozinha na sua cama – pode ser um novo livro para a sua coleção, o fato de poder tomar o pequeno-almoço enquanto vê o seu DVD preferido ou uma guloseima no fim do dia.
Um final
feliz: Faça o que fizer, não desista. Se ceder às
lágrimas da filha ou ao seu próprio cansaço, deixando que ela fique na sua cama
“mas só esta noite”, coloca novamente em marcha o ciclo vicioso que você está
tentando quebrar. Embora estas possam parecer dolorosas, ao apoiar-se na
disciplina e nas regras, reconquistará em pouco tempo a sua privacidade e
noites descansadas para toda a família.
Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro
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