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Prólogo do livro SALMO 133 NA MAÇONARIA - UNIÃO, EGO E FRATERNIDADE

 Queridos Irmãos,

Com alegria, informo a vocês que escrevi o livro Salmo 133 na Maçonaria - União, Ego e Fraternidade, uma leitura psicológica e simbólica para o mundo contemporâneo, fruto do diálogo entre minha vivência maçônica e a Psicologia.

Neste trabalho, o Salmo 133 é lido não apenas como ideal de união, mas como um espelho simbólico dos desafios reais da convivência fraterna, do ego e da maturidade emocional..

É um livro de 256 páginas em tamanho 16x23 cm, considerando os capítulos e apêncides, e para que tenham uma ideia do tom e da proposta da obra, compartilharei a seguir o Prólogo

Ao final, deixarei os links para quem desejar adquirir o livro.

Fraternalmente,
Paulo Cesar T. Ribeiro


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SALMO 133 NA MAÇONARIA - UNIÃO, EGO E FRATERNIDADE

Prólogo do livro 

 

Há textos que atravessam séculos como se fossem parte da respiração humana. O Salmo 133 é um deles. Curto como um sussurro e profundo como uma montanha, ele sobreviveu não apenas porque é belo, mas porque diz algo essencial sobre o destino humano: nascemos para o encontro, mas não sabemos como habitá-lo.

O tempo, ao passar, faz escolhas. Há textos que se tornam monumentos, outros que se reduzem a vestígios, outros ainda em ruínas que visitamos por curiosidade histórica. O Salmo 133 não pertence a nenhuma dessas categorias. Ele é um rio subterrâneo que atravessa séculos silenciosamente, brotando vez ou outra em pequenas superfícies de água pura, mas cujo curso profundo não se revela a quem apenas recita palavras. Seu poder não está na letra, mas na atmosfera que cria, na forma como toca o espaço psicológico entre os seres, na vibração que produz quando é lido não como poesia religiosa, mas como um estado interior.

Em um século marcado pela cultura do espelho, onde a predominância do ego é confundida com força e o vínculo fraterno se tornou uma commodity emocional descartável, o Salmo 133 ressurge não como uma citação antiga, mas como um antídoto existencial para a fragmentação contemporânea.

É por isso que ele sempre esteve presente no coração da Maçonaria, mesmo quando não se falava explicitamente dele. Incorporou-se ao rito sem anúncio, como se tivesse intuído que ali encontraria uma morada adequada: um espaço simbólico onde a fraternidade é menos um ideal e mais uma construção laboriosa do espírito.

O maçom que avança em silêncio pelo Templo talvez não perceba que, antes de atravessar qualquer grau, ele atravessa um estado de consciência. E este estado foi anunciado por Davi quando escreveu: “Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em “união”. A frase parece simples demais para inaugurar um caminho iniciático, mas sua simplicidade esconde um paradoxo: a “união” é sempre uma obra difícil.

E mais: ela é “suave”. Mas essa suavidade não é fraqueza. Ela é a força que se expressa sem violência; a potência que se manifesta sem atrito.

A “união” é “suave” porque só pode surgir quando a aspereza do ego foi polida pelo ritual, quando o impulso natural de predominância foi substituído pela humildade da presença. Ela não se impõe; ela acontece quando o espírito encontra disciplina interna suficiente para escutar, acolher e sustentar o vínculo.

O rito a evoca simbolicamente no encontro de olhares, na contenção da palavra, no gesto de respeito mútuo, na tentativa de suspender - ainda que por instantes - as turbulências do ego. Ao entrar no Templo, o irmão não se torna automaticamente unido a ninguém; ele se coloca diante de um estado que precisa aprender a habitar, e este estado é, em essência, o Salmo 133 respirando através dele.

O portal ritual do Salmo 133 não é uma porta física ou um limite explícito; é um movimento de consciência. A “união” que ele celebra não é espontânea, nem sentimental, nem ingênua. Ela é construída como se se erguesse uma ponte entre territórios que, por natureza, não se compreendem de imediato.

O ego humano raramente deseja a “união”; ele deseja predominância, reconhecimento, segurança. A fraternidade, enquanto experiência psíquica, é um chamado contra a gravidade natural da psique, e o rito torna visível essa luta interior. Por isso o azeite que escorre sobre a “cabeça” de Aarão é uma metáfora adequada: a “união” exige um movimento vertical que desce sobre nós, uma descida suave que penetra as zonas onde a alma resiste, onde preferiríamos permanecer isolados, protegidos, intactos. A “união” ritual é um “óleo” que encontra fissuras e nelas repousa.

Entrar no Templo é, portanto, fazer o gesto de se deixar alcançar por essa descida. Não é raro que os irmãos, mesmo os mais antigos, experimentem uma espécie de apaziguamento interior ao adentrar o espaço sagrado. Este apaziguamento não é mera associação afetiva ou nostalgia fraternal: é o reconhecimento, ainda que inconsciente, de que colocamos o pé em um território que suspende a lógica ordinária do mundo.

As tensões da vida profana não desaparecem, mas se reorganizam diante de algo mais amplo. O Salmo 133 age como um campo sutil, um convite à diminuição do ruído interno para que a percepção da presença do outro possa emergir com mais nitidez. Em outras palavras, ele prepara o psiquismo para o encontro.

E é desse encontro que nasce a verdadeira ritualidade. Nada no rito é apenas decorativo. Os símbolos - o compasso, o esquadro, a pedra bruta, o malhete - não falam de objetos, mas de estados psíquicos. Cada um deles aponta para um processo de transformação em que a “união” é o horizonte, não o ponto de partida.

Um irmão não se torna fraterno porque conheceu outro irmão; ele se torna fraterno porque permitiu que algo dentro dele fosse polido, reorientado, afinado. O Salmo não descreve uma “união” já conquistada: descreve uma “união” a ser continuamente reencenada. A cada reunião, a cada gesto, a cada silêncio compartilhado, o Templo se torna laboratório de um modo de ser que o mundo exterior raramente incentiva.

Talvez seja por isso que, para muitos maçons, a sensação de “voltar para casa” ao entrar no Templo não seja apenas emotiva, mas simbólica. A casa dos irmãos que o Salmo implicitamente menciona não é um lugar: é um estado. E como todo estado interior, ele precisa ser cultivado.

Não existe fraternidade madura sem vigilância constante, sem cuidado com as palavras, sem humildade diante dos próprios limites, sem a consciência de que o vínculo humano pode ser tão delicado quanto o “orvalho” que repousa sobre o Monte Hermon. É significativo que o Salmo utilize o “orvalho” como metáfora: ele não cai com violência, não se anuncia, não altera a paisagem abruptamente. Ele sustenta a vida com suavidade. A verdadeira “união” também age assim: discretamente, sustentando o que não aparece.

Quando o Salmo 133 ressoa dentro do Templo, mesmo que não seja lido, ele cria uma moldura invisível na qual os irmãos se reconhecem como participantes de uma obra comum. Não uma obra externa, mas uma obra interior. O rito não apenas conduz o maçom: ele o afina. Ele o coloca em uma frequência onde virtudes como paciência, escuta, cooperação e presença podem emergir com menos resistência.

E é precisamente essa frequência que Davi captou quando escreveu o Salmo. Ele não estava descrevendo um ideal utópico; estava descrevendo uma realidade possível - porém frágil - que só se sustenta quando há consciência do esforço necessário para mantê-la viva.

Assim, este texto inicial se volta ao coração do rito não para explicá-lo, mas para revelar que há um portal simbólico que antecede tudo. Antes de qualquer grau, antes de qualquer luz, antes de qualquer viagem, existe a necessidade de atravessar o estado interior que o Salmo 133 evoca. Ele é o limiar entre o homem que adentra o Templo e o homem que sai dele transformado, mesmo que de forma sutil.

A Maçonaria não adota o Salmo 133 como enfeite ou citação honrosa: ela o respira. E quando o maçom se permite entrar nessa respiração, o rito se torna não apenas um caminho de instrução, mas um caminho de “união” consigo, com o outro e com aquilo que transcende ambos.

Mas esse estado de consciência não se sustenta apenas no abstrato; ele é forjado em memória, gesto e ancestralidade. Antes de respirarmos o Salmo com a alma, precisamos honrá-lo em sua raiz concreta, compreendendo o que significavam o “óleo” e o “orvalho” para o homem que o escreveu e o que significam os gestos que o maçom reencena no Templo. É a partir dessa fundação histórica e mitológica que o símbolo se liberta para se tornar ferramenta psicológica.

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