O abuso sexual contra
crianças e adolescentes é uma realidade absoluta em todo o mundo. É um erro
grave, porém comum, acreditar que o abuso sexual infantil seja um evento raro
perpetrado contra meninas por estranhos masculinos apenas em áreas pobres da
cidade. Pelo contrário, é um tipo de violência muito comum em comunidades
grandes e pequenas e numa variedade de culturas e contextos socioeconômicos. O
abuso contra crianças é realizado por vários tipos de infratores, incluindo
homens e mulheres, estranhos, amigos ou familiares confiáveis e pessoas de
todas as orientações sexuais, classes socioeconômicas e origens culturais.
O abuso sexual infantil tem
um efeito devastador sobre as vítimas, as quais tentam inúmeros esforços para
fugir psicologicamente da experiência traumática através de evitações,
tentativas de repressão da memória, distrações, comportamentos viciantes, etc.
Crianças que são vítimas de abuso sexual não só sofrem o trauma, como também
tornam-se suscetíveis de sofrer uma sintomatologia negativa como resultado
dessa violência. Trata-se de uma violência que transmite a horrível informação
às vítimas de que seus corpos não são realmente seus.
Meninas ou meninos
abusados pelo pai, tio, irmão, avô ou algum amigo ou amigo de confiança da
família certamente terão uma visão negativa do mundo e dos relacionamentos
interpessoais, sendo que, em função das mensagens que ouvem após a descoberta
do abuso, frequentemente crescem com a autoestima muito diminuída pois passam a
crer que são pessoas que não possuem valor. O abuso sexual infantil, portanto,
dá à menina e/ou ao menino, informações equivocadas sobre como deve ser o
relacionamento humano, já que a confiança e o amor que tinham por alguém foram
traídos. É compreensível que tenham dificuldades para confiar em alguém quando
crescerem, gerando, portanto, problemas importantes em seus relacionamentos
sociais e sexuais na vida adulta.
Alguns dos sintomas psicológicos que as
pessoas que sofreram abuso sexual apresentam são:
- Depressão:
a perda de autonomia corporal é difícil de se lidar. Isso pode criar
sentimentos de desesperança, desânimo e levar a uma diminuição da
autoestima. Esses sentimentos levam a depressão que pode variar de leve e
passageira a intensa e debilitante, inclusive com pensamentos suicidas.
- Ansiedade: para muitas pessoas ansiosas, as emoções e os sentimentos não têm uma fonte clara, mas para as vítimas de abuso sexual, a perda de autonomia corporal, juntamente com o medo de que o ataque possa ocorrer de novo, pode causar uma intensa ansiedade. Alguns podem desenvolver agorafobia (medo de lugares abertos e de sentir-se me pânico) e ficam com muito medo quando saem de suas casas. Outros sofrem ataques de pânico, sintomas de alta ansiedade ou um medo crônico relacionado com o tipo físico da pessoa que os agrediu. Alguém que foi estuprado por um homem alto e de cabelos encaracolados com olhos castanhos e nariz proeminente pode defensivamente não gostar, desconfiar ou ter medo de todos os homens encontrados que combinem com essa descrição.
- Estresse
pós-traumático: o estresse pós-traumático neste caso traz a ansiedade,
depressão e memórias intensas do abuso como marcas principais. Por causa
do trauma, a pessoa pode até ter episódios de desconexão com realidade e
perder o controle sobre si mesmo. Há um medo crônico do abandono e
eventualmente dissociações de personalidade.
- Transtornos
de personalidade: algumas evidências sugerem que alguns
transtornos de personalidade, às vezes, podem ser o resultado de
abuso sexual. O comportamento associado a esses transtornos pode ser
realmente uma adaptação ao abuso. Por exemplo, uma característica da
personalidade borderline é o medo do abandono. Embora esse medo não tenha
sentido na idade adulta, evitar o abandono pode ter sido o que protegeu
alguém do abuso infantil.
- Formação
insuficiente de vínculos: pode ser um desafio, particularmente em crianças
que foram abusadas, manter vínculos saudáveis com outras pessoas. Os
adultos que foram abusados quando crianças podem se sentir inseguras em
seus relacionamentos, ir contra várias formas de intimidade ou ficar
ansiosos ao surgirem pessoas com as quais podem ter novos vínculos.
- Drogadicção:
pesquisas sugerem que sobreviventes de abuso são 26 vezes mais propensos a
usar drogas. Drogas e álcool podem ajudar a entorpecer a dor do abuso,
mas, muitas vezes, o abuso de substâncias pode levar ao desenvolvimento de
novos problemas psicossociais.
- Gatilhos:
são estímulos que trazem à memória, flashes da experiência traumática que
sofreram. Uma vítima de estupro cujo atacante mascava chiclete de hortelã
pode ter um repentino flashback pelo cheiro de hortelã, por exemplo.
Embora os gatilhos variem amplamente, a violência, o abuso subsequente e
as intensas discussões sobre o abuso estão entre os gatilhos mais comuns.
Essas vítimas, com elevada
frequência, relatam sentimentos como vergonha e culpa, como fossem os
agressores e não os agredidos. Além disso, muitos acabam desenvolvendo
dificuldades para obterem conquistas profissionais, podem sofrer de impotência
sexual, frigidez, transtornos alimentares, psicossomatizações e outros.

Os efeitos psicológicos do abuso
sexual infantil geralmente ocorrem independentemente da extensão específica do
trauma que a criança experimentou durante o abuso. Muitos são os fatores que
determinam a extensão do impacto negativo do trauma sexual na infância. As
crianças são mais propensas a sofrer em maior medida se o agressor for um
parente próximo, como um pai, irmão mais velho ou um tio próximo. O abuso
sexual pode ocorrer num único episódio ou pode ter continuado ao longo de
vários meses ou anos. Mesmo que uma criança possa não ser verdadeiramente
consciente do que está ocorrendo sexualmente, ela ainda pode, infelizmente,
experimentar as consequências psicológicas negativas citadas anteriormente.
Embora o abuso sexual seja uma
experiência traumática e que altera a vida de uma pessoa, a recuperação é muito
possível. Um psicoterapeuta compreensivo e compassivo, que saiba o que é um
trauma sexual e seus efeitos, poderá ajudar aqueles que sofreram várias formas
deste tipo de abuso. Pesquisas mostram consistentemente que a relação entre o
psicólogo e a vítima dão o prognóstico mais significativo da recuperação. Assim
é que a essas pessoas recomenda-se a psicoterapia, para que resgatem a
autoestima positiva, eliminem a culpa e vergonha que foram forçadas a sentir, e
também para que percebam que não são pessoas más ou sujas. A psicoterapia
também vai ajudar a resolver o problema do medo (às vezes, pânico) de sofrer um
novo abuso. Ela ajuda e muito na recuperação das vítimas de abuso sexual
infantil. Constitui-se num intenso (e, às vezes, no primeiro) modelo de uma
relação saudável para muitas vítimas.
Este imprescindível tratamento (psicoterapia) oferece um relacionamento
curativo e nutritivo, onde o paciente pode redescobrir a experiência de
autoconfiança e de confiança no mundo. A psicoterapia fornece ao cliente a
oportunidade de retrabalhar o trauma em um sentido mais saudável de si mesmo. A
maneira pela qual os indivíduos processam emocionalmente e cognitivamente uma
experiência traumática contribui para o alívio e resolução do trauma,
minimizando significativamente a sensação e percepção de uma ameaça contínua,
mesmo quando o trauma ocorreu no passado distante.
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Um abraço,
- Psicólogo Paulo Cesar
- Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
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