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FAKE NEWS AFETAM A SAÚDE MENTAL

 VÍDEO

(Leia o artigo FAKE NEWS AFETAM A SAÚDE MENTAL abaixo desse vídeo)


ARTIGO: FAKE NEWS AFETAM A SAÚDE MENTAL

As “Fake News” e as desinformações estão tornando a vida mais complicada e sendo responsáveis pela ida de muita gente aos consultórios de psicólogos clínicos, já que podem exacerbar os problemas de saúde mental que temos, aumentando os sintomas e tornando mais difícil a cura ou a maneira de lidar com eles. Essas manifestações nas mídias sociais representam, realmente, uma séria ameaça à estabilidade social e à saúde mental. Levam a novos problemas psicológicos que se desenvolvem devido à dificuldade em lidar com essa falsa realidade, a qual apresenta condições que podem facilmente desencadear ataques de pânico, fobias, ansiedade, desesperança, desespero, tristeza e TOC. Para algumas pessoas as “Fake News” e desinformações alimentam sentimentos negativos e podem até impedi-las de continuar com seu estilo de vida normal por estarem sintonizadas no ciclo de falsas notícias 24 horas por dia. 

A verdade é que a exposição a informações imprecisas desse tipo pode levar à confusão sobre o que é verdadeiro e real, endossando ideias incorretas e fomentando a disposição de compartilhar as informações imprecisas. De fato, é difícil se aventurar de modo online hoje em dia – ou ligar qualquer emissora de televisão – sem se deparar com acaloradas discussões ou propagações de “notícias falsas.  Para muitos consumidores de mídia, pode parecer que estamos vivendo uma era distópica totalmente nova, com cada ciclo de notícias ou coletivas de imprensa nos enviando ainda mais para o fundo do poço. Isso é muito entristecedor e um verdadeiro retrocesso psicossocial.

Na psicologia, acredita-se que as crenças epistêmicas (do conhecimento real e verdadeiro) se desenvolvem e se solidificam durante a infância e a adolescência. Para as crianças, há apenas preto ou branco em muitas questões: uma ideia é boa ou ruim, uma proposição verdadeira ou falsa. Mais tarde, elas aprendem a diferenciar: se alguém gosta de Beethoven ou gosta de músicas pop é uma questão de gosto. Durante esse período, elas tendem a ver opiniões diferentes como iguais – mesmo aquelas sobre questões como as mudanças climáticas causadas por humanos. Em algum momento, aprendemos a avaliar diferentes posições; por exemplo: sim, há opiniões diferentes, mas algumas mais apoiadas em evidências do que outras. Mas nem todos parecem dar esse passo, ficando para o emocional um papel preponderante na qualificação das informações recebidas. Uma vez que “Fake News” (falsas, incompletas ou enganosas) visam manipular as opiniões alheias, elas são projetadas para provocar uma resposta emocional de um leitor/espectador, sendo, muitas vezes, de natureza inflamatória e que podem provocar sentimentos de raiva, suspeita, ansiedade e até depressão, distorcendo nossos pensamentos. 

Mas não é só isso! Reconhecer ou perceber que são notícias falsas também pode provocar sentimentos de raiva e frustração, especialmente se o receptor se sentir impotente diante das tentativas de manipular a opinião pública por meio de “Fake News”. Então, e o que acontece quando encontramos esse tipo de informação? Podemos passar a “pensar” com nosso “cérebro emocional” em oposição ao nosso “cérebro racional”. Assim, tornar-se consciente de que tipo de mídia desencadeia o pensamento emocional e aprender a empregar o pensamento racional pode ajudar. 

Felizmente, os psicólogos conseguiram identificar um tipo de personalidade que não apenas é mais propenso a compartilhar “Fake News” como inclusive não se intimida em compartilhá-las, mesmo depois de ser avisado de que pode ser falso.

Conscienciosidade refere-se à disposição de uma pessoa em ser diligente, confiável, obediente, cautelosa, controlar seus impulsos e seguir as normas sociais. A consciência, portanto, tem papel significativa nesses casos, exceto para esse tipo de personalidade, o qual tem interesse exclusivo na auto-satisfação.

A consciência é um dos traços que compõem a personalidade humana, sendo a conscientização (processo de tornar-se consciente) fundamental quando se trata de identificar o que é informação correta e o que não é. Acontece que essas pessoas compartilham informações  errôneas parece ser motivadas pelo desejo de criar caos. Lamentavelmente, esse desejo não é reduzido mesmo quando o indivíduo viu um aviso de que a história que estava compartilhando pode ser falsa. À vista disso, uma questão crítica para o futuro é que se há algo que possa ajudar a reduzir esse comportamento, talvez seja abordando o desejo de caos desses indivíduos.

As pessoas que negam a existência de fatos acreditam em “Fake News” com mais frequência. São aqueles que chamamos de “pessoas com traços de personalidade sombrios”, ou seja, são as pessoas que sempre colocam seu próprio benefício em primeiro lugar.

Algumas pessoas acreditam em “Fake News” mesmo quando os fatos científicos claramente as contradizem. Essa característica é chamada de "fator obscuro da personalidade" e leva em conta vários traços de personalidade sombrios, como narcisismo, psicopatia ou maquiavelismo. Pode se dizer que "todo mundo é egoísta até certo ponto", no entanto, é problemático quando as pessoas se concentram em seu próprio bem-estar com tanta força que os interesses de seus semelhantes não desempenham mais nenhum papel.

Como citei, as pessoas com traços de personalidade sombrios distorcem a realidade de acordo com seu próprio benefício e quanto menos eles acreditam na existência dos fatos, mais difícil é para que se separe as afirmações verdadeiras das falsas. Além disso, quanto mais forte é o "fator obscuro da personalidade", ou seja, quanto mais acentuado seu interesse próprio em detrimento dos outros, mais eles duvidam que haja diferença entre as descobertas científicas e meras opiniões. Quer dizer, essas pessoas só acreditam no que parece verdadeiro para elas, consequentemente, acham difícil distinguir declarações verdadeiras de falsas; deste modo, possuem predisposição e desimpedimento para acreditar que notícias falsas são verdadeiras - pessoas com traços de personalidade sombrios dobram a realidade ao seu próprio gosto.

Mas existem algumas maneiras de se proteger dos efeitos das notícias falsas:

  1. Mantenha-se informado usando fontes confiáveis.
  2. Converse com amigos ou familiares que estejam interessados ​​em se manter bem informados.
  3. Não acredite em tudo que lê nas redes sociais ou vê na TV.
  4. Questione:
    • Onde está publicado?
    • Que tipo de conteúdo é esse?
    • Quem se beneficia da minha crença em sua veracidade?
  5. Considere que os traços de personalidade que melhor descrevem os consumidores de notícias falsas são histrionismo (emocionalidade excessiva e busca de atenção), esquizotipia (capacidade de estabelecer vínculos afetivos devido a distorções da realidade e comportamentos excêntricos), paranóia e narcisismo.
  6. Considere que indivíduos com tendências de sugestionabilidade e busca de emoções correm mais risco de não detectar notícias falsas corretamente.
  7. Os vieses cognitivos (como o Efeito Barnum) são variáveis ​​que estimulam o consumo de notícias falsas (O Efeito Barnum é um tipo de viés cognitivo significando que ele faz parte de um enorme conjunto de erros cometidos pelo cérebro, que, ao processar as informações recebidas do mundo à nossa volta, toma conclusões equivocadas como corretas. Assim, essas pessoas conseguem dar muito sentido às coisas à primeira vista e, até certo ponto, isso basta para entender o seu contexto e sobreviver).
  8. Intervenções psicológicas baseadas no pensamento crítico podem ser úteis para prevenir o consumo de notícias falsas.

Espero que tenha gostado desse artigo. Há vários outros artigos no Blog do Psicólogo (www.blogdopsicologo.com.br) - acesse-os!

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.

Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana. Atendimento de segunda-feira aos sábados.

Atendimentos presenciais e por internet.

Marcação de consultas pelo tel. e whatsapp 11.94111-3637.

O GRAVE PROBLEMA DA REJEIÇÃO



Qualquer um que tenha passado pelas aulas de ginástica no colégio conhece a ansiedade de ser o último a ser escolhido para o time de futebol ou de queimada. Se não for escolhido, sentirá a mesma mágoa de quando é excluído do almoço com os amigos e depois ver fotos do evento nas mídias sociais, ou quando não consegue o emprego após a entrevista ou é abandonado pela namorada. Sim, a rejeição dói e todos nós já experimentamos essa dor.

Mas, o que é a rejeição? Sentimo-nos rejeitados quando não somos incluídos, aceitos ou aprovados. Envolve a perda de algo que tínhamos ou queríamos, e, como o abandono, nos faz sentir indesejados e não bons o suficiente.

 

Posso dizer sem medo que para algumas pessoas, a dor de ser excluído não é tão diferente da dor de uma lesão física. A rejeição também tem sérias implicações para o estado psicológico de um indivíduo e para a sociedade em geral. A rejeição social pode influenciar a emoção, a capacidade de aprender e até a saúde física. Além disso, as pessoas ostracizadas às vezes se tornam agressivas e podem recorrer à violência.

 

Os seres humanos têm uma necessidade fundamental de “pertencer”. Assim como temos necessidades de comida e água, também temos necessidades de relacionamentos positivos e duradouros. Essa necessidade está profundamente enraizada em nossa história evolutiva e tem todos os tipos de consequências para os processos psicológicos modernos. Nas interações sociais, a rejeição social ocorre quando uma pessoa é excluída da relação, podendo ser rejeição interpessoal e rejeição romântica.

 

Uma pessoa pode ser rejeitada individualmente ou por um grupo inteiro de pessoas por bullying, provocação, ridicularização, por ignorar uma pessoa ou dar “um gelo” (tratamento de silêncio). Algum nível de rejeição é inevitável na vida, mas pode se tornar um problema quando é prolongada, quando o relacionamento é importante ou quando o indivíduo é altamente sensível à rejeição. A rejeição por parte de um grupo de pessoas pode ter efeitos especialmente negativos, principalmente quando resulta em isolamento.

A experiência de rejeição pode levar a uma série de consequências psicológicas adversas, como solidão, diminuição da autoestima, agressividade e depressão. Também pode levar a sentimentos de insegurança e uma maior sensibilidade à rejeição futura. Imagino que a maioria das pessoas reconhecem que a necessidade de amor e pertencimento é uma motivação fundamental e que mesmo os introvertidos precisam ser capazes de dar e receber afeto para serem psicologicamente saudáveis. O simples contato com outras pessoas não é suficiente para suprir essa necessidade. Em vez disso, as pessoas têm um forte impulso motivacional para formar e manter relacionamentos interpessoais atenciosos. As pessoas precisam tanto de relacionamentos estáveis ​​quanto de interações satisfatórias com os outros nesses relacionamentos. Se algum desses dois ingredientes estiver faltando, as pessoas começarão a se sentir solitárias e infelizes. Realmente, a rejeição é uma ameaça significativa. 

Ser membro de um grupo também é importante para a identidade social e autoconceito. Talvez o principal objetivo da autoestima seja monitorar as relações sociais e detectar a rejeição social. Nessa visão, a autoestima é um sociômetro que ativa emoções negativas quando aparecem sinais de exclusão.

Estudos mostram que a maioria das crianças rejeitadas por seus colegas apresenta um ou mais dos seguintes padrões de comportamento: baixas taxas de comportamento “pró-social”, por exemplo, revezando, compartilhando, altas taxas de comportamento agressivo, altas taxas de comportamento desatento, imaturo ou impulsivo, e altas taxas de ansiedade social. Por outro lado, as crianças queridas mostram habilidade social e sabem quando e como participar das brincadeiras dos grupos. Aquelas que correm o risco de rejeição são mais propensas a se sentirem incomodadas ou a ficar para trás sem participar. Crianças de minorias, crianças com deficiência ou com características ou comportamentos incomuns podem enfrentar maiores riscos de rejeição. Crianças que são menos extrovertidas ou simplesmente preferem brincadeiras solitárias são menos propensas a serem rejeitadas do que crianças que são socialmente inibidas e mostram sinais de insegurança ou ansiedade. Crianças rejeitadas são mais propensas a sofrer bullying na escola e nos playgrounds e tendem a ter baixa autoestima, além de maior risco de internalizar problemas como a depressão. Por último, cito que algumas crianças rejeitadas exibem comportamento impulsivo e mostram agressividade em vez de depressão. 

Quanto à rejeição romântica, sabe-se que tanto em adolescentes quanto em adultos, ela ocorre quando uma pessoa recusa os avanços românticos de outra ou termina unilateralmente um relaciona-mento existente. O amor não correspondido é uma experiência comum na juventude, mas o amor mútuo torna-se mais típico à medida que as pessoas envelhecem.

A rejeição romântica é uma experiência emocional dolorosa que faz com que os indivíduos rejeitados experimentem uma série de emoções negativas, incluindo frustração, raiva intensa e, eventualmente, resignação e desespero.

Você experimentou alguma dessas rejeições comuns na infância ou adolescência?

  • Ser intimidado
  • Tentar jogar num time e não conseguir
  • Não ter ninguém com quem almoçar
  • Ser último escolhido e ouvir frases do tipo “só restou o fulano”
  • Não ser convidado, assim como os amigos, para uma festa
  • Viver a traição de alguém ou o término de um relacionamento

Infelizmente, algumas crianças também sofrem rejeição em casa, o que adiciona uma outra camada de dor. A rejeição dos pais ou familiares pode incluir:

  • Ser criticado, dizer que você não é bom o suficiente ou ser chamado de nomes depreciativos
  • Ser abusado, negligenciado ou abandonado
  • Ser ignorado
  • Ouvir que seus sentimentos, ideias ou crenças estão errados ou não importam
  • Perceber os pais favorecendo o irmão
  • Ser mandado embora porque você era “difícil” ou “problemático”
  • Ser dito que você não é talentoso e deve desistir de seus objetivos e sonhos
  • Falta de apoio ou desaprovação de sua orientação sexual ou identidade de gênero

Tudo isso é muito ruim, e quanto maior a frequência e quanto mais jovem é a pessoa rejeitada, mais impactante é. As crianças pequenas estão ainda desenvolvendo seu autoconceito e autoestima, por isso são especialmente vulneráveis. Mesmo que as pessoas não lhe digam abertamente que ela é inadequada ou não amada, poderá ter essa conclusão porque as crianças pequenas não têm as habilidades de raciocínio e experiências de vida para entender completamente todas as razões possíveis da rejeição.

Como a rejeição é tão dolorosa, naturalmente queremos nos proteger de futuras rejeições. Fazemos isso erguendo paredes emocionais. Acreditamos falsamente que isso aliviará a dor da rejeição - como se manter as pessoas à distância nos impedisse de nos apegarmos ou nos apaixonarmos, ou que a rejeição não seria tão dolorosa se a outra pessoa não nos conhecesse profundamente. Levantar muros emocionais e rejeitar prematuramente os outros não nos ajuda a criar relacionamentos satisfatórios e não nos protege da dor da rejeição.

Enfim, e repetindo, a rejeição dói. Você pode até reconhecer essa dor mas não se culpe. Ao contrário, fortaleça a sua resiliência. A rejeição é, de fato, uma pílula amarga para engolir e a maioria de nós já teve uma boa dose disso. 

Não importa o quanto você queira ver o lado bom disso, mas a rejeição não constrói o caráter. É algo que quebra corações, traz lágrimas e levanta medos, e esse medo pode ficar e se tornar uma mancha difícil de remover. Aqui, um alerta especial pois o medo da rejeição, pode tornar-se um obstáculo ao sucesso e à felicidade. Em suma, a rejeição não é boa, mas deixar o medo da rejeição ditar o que você realizará em sua vida pode lhe fará sentir-se ainda pior no futuro. Faça psicoterapia, pois é um, senão o único recurso capaz de reverter essa situação.

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Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana. Atendimento de segunda-feira aos sábados.
  • Atendimentos presenciais e por internet.
  • Marcação de consultas pelo tel. e whatsapp 11.94111-3637.

O PROBLEMA DO VÍCIO EM DROGAS

O PROBLEMA DO VÍCIO EM DROGAS

Uma pessoa com drogadicçao ou viciada em drogas usa uma substância na qual os efeitos recompensadores fornecem um incentivo convincente para repetir a atividade, apesar das consequências prejudiciais. O vício pode envolver o uso de substâncias como álcool, inalantes, opióides, cocaína, nicotina e vários outros tipos de tóxicos.

Há evidências de que os comportamentos viciantes compartilham características neurobiológicas importantes: eles envolvem intensamente as vias cerebrais de recompensa e reforço, que envolvem o neurotransmissor dopamina. E, de acordo com outros estados altamente motivados, eles levam à poda de sinapses no córtex pré-frontal, lar das funções mais altas do cérebro, de modo que a atenção é altamente focada em pistas relacionadas à substância ou atividade-alvo. É importante saber que tais alterações cerebrais são reversíveis após a interrupção do uso da substância.

Os transtornos por uso de substâncias têm maior probabilidade de serem acompanhados por condições de saúde mental, como depressão e ansiedade, ou outros problemas pré-existentes.

O uso de substâncias é uma condição complexa que afeta os sistemas de recompensa, reforço, motivação e memória do cérebro. É caracterizado por controle prejudicado sobre o uso; prejuízo social, envolvendo a ruptura das atividades e relacionamentos cotidianos; e desejo. O uso contínuo é tipicamente prejudicial aos relacionamentos, bem como às obrigações no trabalho ou na escola.

Outra característica distintiva dos vícios é que os indivíduos continuam a exercer a atividade apesar do dano físico ou psicológico que incorre, mesmo que o dano seja exacerbado pelo uso repetido. Normalmente, a tolerância a uma substância aumenta à medida que o corpo se adapta à sua presença.

Como o vício afeta as funções executivas do cérebro, centradas no córtex pré-frontal, os indivíduos que desenvolvem um vício podem não estar cientes de que seu comportamento está causando problemas para si e para os outros. Com o tempo, a busca dos efeitos prazerosos da substância pode dominar as atividades de um indivíduo.

Todos os vícios têm a capacidade de induzir uma sensação de desesperança e sentimentos de fracasso, assim como vergonha e culpa, mas pesquisas documentam que a recuperação é a regra e não a exceção. Existem muitos caminhos para a recuperação. Os indivíduos podem alcançar um melhor funcionamento físico, psicológico e social por conta própria – a chamada recuperação natural. Outros se beneficiam do apoio de redes comunitárias ou baseadas em pares. E outros ainda optam pela recuperação clínica através dos serviços de profissionais especializados.

O caminho para a recuperação raramente é reto: a recaída, ou recorrência do uso de substâncias, é comum – mas definitivamente não é o fim do caminho. Para aqueles que alcançam a remissão de um distúrbio de dependência por cinco anos, a probabilidade de recaída não é maior do que entre a população em geral. Os neurocientistas relatam que a densidade sináptica é gradualmente restaurada.

MITOS SOBRE O VÍCIO


Os processos que dão origem ao comportamento viciante resistem a uma explicação simplista. Não há apenas uma causa: embora fatores genéticos ou outros fatores biológicos possam contribuir para a vulnerabilidade de uma pessoa à condição, muitos fatores sociais, psicológicos e ambientais também têm uma influência poderosa no uso de substâncias.

Algumas características, como a falta de capacidade de tolerar angústia ou outros sentimentos fortes, têm sido associadas ao vício, mas não há um tipo de “personalidade viciante” que preveja claramente se uma pessoa enfrentará problemas com o vício.

SINTOMAS DO VÍCIO

O uso recorrente de uma substância que leva ao prejuízo ou sofrimento, é o cerne dos transtornos de dependência. O diagnóstico clínico de um vício é baseado na presença de pelo menos duas de uma série de características:

  • A droga é usada em quantidades maiores ou por um período de tempo mais longo do que o pretendido.
  • Há um desejo de reduzir o uso ou esforços malsucedidos para fazê-lo.
  • A busca da droga ou a recuperação de seu uso, consome uma quantidade significativa de tempo.
  • Há um desejo ou forte desejo de usar a droga.
  • O uso da droga interrompe as obrigações no trabalho, na escola ou em casa.
  • O uso da droga continua apesar dos problemas sociais ou interpessoais que ela causa.
  • A participação em atividades sociais, de trabalho ou recreativas importantes diminui ou é interrompida.
  • O uso continuo apesar de saber que está causando ou agravando problemas físicos ou psicológicos.
  • Ocorre tolerância, indicada pela necessidade de quantidades acentuadamente aumentadas da droga para atingir o efeito desejado ou efeito acentuadamente diminuído da mesma quantidade de substância.
  • A abstinência ocorre, manifestada na presença de sintomas fisiológicos de abstinência ou na ingestão de uma droga relacionada para bloqueá-los.

A gravidade da condição é avaliada pelo número de sintomas presentes. A presença de dois a três sintomas geralmente indica uma condição leve; quatro a cinco sintomas indicam um distúrbio moderado. Quando seis ou mais sintomas estão presentes, a condição é considerada grave.

CAUSAS DO VÍCIO

Não há como prever quem desenvolverá o uso compulsivo de drogas.  O vício é uma condição multifacetada, decorrente da confluência de muitos elementos – incluindo, é claro, a exposição a um agente viciante. É mais correto pensar em fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos de abuso de drogas, em vez de causas diretas. (Há também fatores que protegem os indivíduos contra o vício.)

  • Fatores biológicos
  1. Genes: As estimativas variam, mas os cientistas descobriram que os fatores genéticos contribuem com cerca de metade do risco de desenvolver um transtorno por uso de drogas. Por exemplo, um fator ligado à vulnerabilidade é a variação em um gene que determina a composição dos receptores cerebrais para o neurotransmissor dopamina. Outro fator parece ser a natureza da resposta hormonal do corpo ao estresse.
  2. Fatores fisiológicos: Variações nas enzimas hepáticas que metabolizam substâncias são conhecidas por influenciar o risco de transtorno por uso de álcool.
  3. Gênero: Os homens são mais propensos a desenvolver transtorno por uso de drogas do que as mulheres, embora a chamada diferença de gênero possa estar diminuindo para o transtorno por uso de álcool, e as mulheres estão mais sujeitas aos efeitos da intoxicação em doses mais baixas de álcool.


  • Fatores psicológicos
  1. Fatores de personalidade: A impulsividade e a busca de sensações têm sido associadas ao uso de drogas, sendo que a impulsividade pode estar particularmente relacionada ao risco de recaída.
  2. Traumas e abusos: A exposição precoce a experiências adversas significativas pode contribuir para o desenvolvimento de transtornos por uso de drogas, sobrecarregando a capacidade de enfrentamento de um indivíduo, talvez sensibilizando as vias cerebrais de alarme/sofrimento ou aumentando a carga de estresse.
  3. Fatores de saúde mental: Condições como depressão, ansiedade, tratamento de défict de atenção e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) aumentam o risco de dependência. Dificuldades em gerenciar emoções fortes também estão ligadas ao uso de substâncias.

  • Fatores Ambientais
  • Fatores familiares: Embora relacionamentos familiares fortes tenham demonstrado proteger contra transtornos por uso de drogas, vários aspectos do funcionamento ou circunstâncias familiares podem contribuir para o risco de dependência. Ter um pai ou irmão com um transtorno de dependência aumenta o risco, assim como a falta de supervisão ou apoio dos pais. Relações pais-filhos de má qualidade ou problemáticas e rupturas familiares, como o divórcio, também aumentam o risco, assim como o abuso sexual, físico ou emocional. Pesquisas mostram que um bom casamento e as responsabilidades de criar os filhos reduzem o risco de dependência.
  • Fatores de acessibilidade: A fácil disponibilidade de álcool ou outras substâncias em casa, na escola ou no trabalho, ou na comunidade aumenta o risco de uso repetido.
  • Situação de emprego: Ter um emprego e desenvolver as habilidades para o emprego exerce pressão pela estabilidade e fornece recompensas financeiras e psicológicas que reduzem o risco de dependência.

TRATAMENTO DO VÍCIO

O uso de drogas é uma condição tratável e a remissão completa é totalmente possível. A recuperação, no entanto, geralmente é um processo de longo prazo que pode envolver várias tentativas. A recaída é agora considerada como parte do processo, e regimes de tratamento eficazes abordam a prevenção e o manejo do uso recorrente.

Como o sucesso tende a não ocorrer de uma só vez, quaisquer melhorias são consideradas importantes sinais de progresso. Cada vez mais, há programas para ajudar aqueles que reconhecem que têm um problema de uso de substâncias, mas não estão prontos para a abstinência completa.

Como o vício afeta muitas facetas do funcionamento de um indivíduo – da capacidade de tolerar a frustração ao estabelecimento e manutenção de um papel produtivo na sociedade – o bom tratamento se concentra em muitas dimensões da vida, incluindo papéis familiares e habilidades de trabalho, bem como saúde mental.

O tratamento pode incluir qualquer um dos vários componentes, que geralmente são implantados em combinação e provavelmente mudarão ao longo da recuperação:

  • A desintoxicação, realizada sob supervisão médica, pode ser necessária, mas é apenas a primeira etapa do tratamento.
  • Medicamentos que reduzem ou combatem o uso de substâncias ilícitas são adequados para alguns indivíduos, ou medicamentos podem ser usados ​​para tratar distúrbios concomitantes, como ansiedade e depressão.
  • Entrevista motivacional, que é um processo de aconselhamento de curto prazo para ajudar uma pessoa a resolver a ambivalência sobre o tratamento e encontrar e manter incentivos para a mudança.
  • A psicoterapia pode ajudar uma pessoa a reconhecer e lidar com situações que desencadeiam o desejo de usar drogas.
  • A terapia familiar ajuda os indivíduos a reparar qualquer dano causado às relações familiares e a estabelecer relações mais favoráveis.
  • O treinamento de habilidades para a vida, incluindo habilidades de empregabilidade, pode fazer parte do plano de tratamento de um indivíduo.


O tratamento está disponível em uma variedade de ambientes, desde um consultório médico, consultório psicológico, ambulatório ou instalações residenciais de longo prazo. Nenhuma maneira será certa para todos, e há evidências de que o compromisso de uma pessoa com a mudança é mais importante do que o tipo de programa de tratamento que ela seleciona. Seja qual for o tratamento em consideração, dizem os estudiosos, há vários recursos a serem observados para identificar um programa eficaz:

  • Os pacientes passam por uma triagem médica e psicológica abrangente.
  • O tratamento aborda as necessidades individuais, incluindo condições concomitantes, como dor crônica, ansiedade ou hepatite.
  • As famílias estão envolvidas no tratamento.
  • Há continuidade do cuidado por meio de vínculos ativos com recursos nas fases subsequentes de recuperação.
  • O ambiente mantém um ambiente respeitoso.
  • Os funcionários devem ser licenciados e certificados nas disciplinas que praticam.

TRANSTORNOS POR USO DE DROGAS

Os transtornos por uso de drogas são vistos de acordo com a classe da substância usada, sempre compartilhando as características definidoras do vício: eles envolvem direta e intensamente os sistemas de recompensa e reforço do cérebro, estimulando o uso compulsivo que normalmente leva à negligência das atividades normais e às consequências negativas. Com alguma variação, eles também compartilham sintomas comuns, embora os sintomas de abstinência diferem significativamente entre eles e não ocorrem para algumas classes de drogas, como alucinógenos e inalantes.

  • Transtorno por uso de álcool: O álcool é um depressor cerebral e o transtorno por uso de álcool é comum, embora mais entre homens adultos (12,4%) do que mulheres (4,9%), embora as taxas estejam aumentando entre as mulheres. Afeta homens e mulheres de forma diferente; as mulheres parecem ser mais suscetíveis a alguns dos efeitos prejudiciais do álcool, descobriram os pesquisadores. Mais comumente, o distúrbio se desenvolve bem antes dos 40 anos.
  • Intoxicação por Cafeína: Consequência de doses muito altas de consumo de cafeína, a intoxicação por cafeína é marcada por sintomas que incluem inquietação, nervosismo, insônia, face ruborizada, distúrbios gastrointestinais, espasmos musculares, pensamentos e fala desconexos, distúrbios do ritmo cardíaco, períodos de inexauribilidade e distúrbios psicomotores. agitação.
  • Transtorno por uso de cannabis: o transtorno por uso de cannabis é mais alto entre os 18 a 29 anos de idade (4,8%) e a prevalência do transtorno diminui com a idade.
  • Outros Transtornos por Uso de Alucinógenos: Essas substâncias alteram a percepção e produz sentimentos de separação da mente do corpo.
  • Transtorno por uso de inalantes: As substâncias inalantes são hidrocarbonetos voláteis – gases tóxicos que são liberados de colas, combustíveis, tintas e outros compostos voláteis e têm efeitos psicoativos. O distúrbio ocorre principalmente entre as idades de 12 a 17 anos.
  • Transtorno por uso de opióides: As drogas opióides incluem a droga ilícita heroína e analgésicos prescritos, como oxicodona, codeína, morfina entre outros. As overdoses relacionadas a opióides são agora uma importante causa de morte em indivíduos com menos de 50 anos de idade. 
  • Transtorno por uso de sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos: o vício em pílulas para dormir e medicamentos anti-ansiedade se enquadra nessa categoria. Como o álcool, esses agentes são depressores do cérebro. As taxas do transtorno são mais altas entre os jovens de 18 a 29 anos.
  • Transtorno por Uso de Estimulantes: As substâncias neste grupo incluem anfetaminas; metilfenidato, mais conhecido com o nome Ritalina; e cocaína. Drogas estimulantes são comumente prescritas para o tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e narcolepsia. O uso de cocaína é maior entre os 18 a 25 anos.
  • Transtorno por uso de tabaco: A nicotina no tabaco atua como um estimulante do sistema nervoso central . Estudos mostram que 68% dos fumantes adultos querem parar e 50% já tentaram parar.
  • Transtorno por Uso de Outras Substâncias, substâncias que variam de anti-histamínicos e cortisol a esteróides também podem ter efeitos no sistema nervoso central que levam ao uso compulsivo, causando sérios problemas.

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