
Recentemente recebi um convite que me deixou muito feliz, convite esse para escrever
um artigo para um conhecido veículo de divulgação. Apesar disso, logo me preocupei
com a minha falta de tempo e, claro, por isso tive dúvidas sobre ser capaz de enviar
novos textos numa frequência razoável. Muitas pessoas passam pela mesma situação, a
de ter que produzir algo e não conseguir, “cobrando-se” depois por uma solução para
essa dificuldade. Talvez você, passe por uma situação similar algum dia. Muitas vezes
podem surgir dores de cabeça, de estômago, queda de cabelos, vontade de chorar,
hipertensão e incontáveis problemas de pele, mas antes que esses sintomas o levem a
gastar muito dinheiro com dezenas de médicos especialistas, saiba que eles têm uma
causa comum: o estresse, uma reação natural do organismo contra estímulos externos
que o amedrontam, excita ou mesmo o faz feliz. Seu grau inicial, chamado “alerta” é
benéfico e quem está nesta fase produz mais e até o desempenho sexual melhora. O
estresse só passa a ser danoso quando constante e em níveis elevados.
O estresse relaciona-se com a produtividade (ou qualquer outro parâmetro - felicidade,
por exemplo) através de uma curva em forma de sino. A fase ascendente é a do alerta.
O perigo dos pontos mais altos dessa fase é que a pessoa vê em sua produtividade uma
“eterna ascensão”. Mas a partir de um ponto máximo (variável entre os indivíduos),
começa a resistência. Manter-se equilibrado nessa etapa exige técnica. O organismo
precisa de uma folga para não entrar em exaustão. É fácil identificar as fontes externas,
sendo que a intensidade varia com o indivíduo.
Os sintomas da fale de “alerta” decorrem do aumento da adrenalina circulante no
organismo. É um preparo para lutar ou fugir de um inimigo. Se o estímulo desaparece, a
tendência é voltar ao estado inicial. Prosseguindo o estímulo, começa a fase de
“resistência”, quando mudam os sintomas. Tomadas as providências, nada de mau
acontece. Se o tratamento é negligente, chega à fase de “exaustão”, que é muito
perigosa. A pessoa fica seriamente doente e
está sujeita a um infarto, problemas renais
ou de hipertensão arterial, queda de cabelos
e problemas dermatológicos.

Quando a pessoa se depara com um
possível estressor, o corpo reage. O sistema
nervoso central excita uma parte do sistema
nervoso periférico denominado simpático
(cuja mensageira é a adrenalina) e faz aumentar os batimentos cardíacos, melhorar a eficiência da respiração, dilatar a pupila,
etc. A pessoa fica lívida, não sente fome ou sono. A questão é de sobrevivência. O
hipotálamo (área do sistema nervoso central) determina que a hipófise libere hormônios
atuantes nas adrenais, fazendo-as produzir mais corticosteroides. Estes atuam no fígado
(aumenta a síntese de glicose) e sobre outros tecidos (consomem menos glicose).
Resultado: mais açúcar (energia) no sangue. Estas ações visam preparar o organismo e
impedir os efeitos danosos sobre seu metabolismo.
Mas a excitação desse mecanismo não pode ser permanente. Em casos em que não se
elimina a fonte de estresse ou não se consegue recuperar o estado de equilíbrio interno,
vem a fase de “resistência”. O organismo tenta recuperar seu equilíbrio interno. Começa
a sensação geral de desgaste. Sem controle, abre-se o caminho para a “exaustão”.
Tratamento Preventivo - Controle dos Sintomas
São raras as pessoas que se propõem a fazer um tratamento preventivo do estresse. Ele
pode ensinar você a reconhecer sua curva de estresse, seus limites e suas fontes
internas e externas. Quem procura ajuda já “estressado” também aprende tudo isso, só
que já deve ter agredido muito o seu organismo. Se você se encaixar na categoria dos
que só procuram ajuda quando atingiram a fase de “exaustão”, o tratamento deverá ser
acompanhado por outros especialistas que se ocuparão das doenças já instaladas e do
acompanhamento psicoterápico específico, no caso de você ter algum problema
psicológico sério que esteja funcionando como fonte interna permanente de estresse.
Se você já estiver na fase de “exaustão”, é bom que procure ajuda porque será muito
difícil que consiga sair dela sozinho. O tratamento feito exclusivamente com calmantes
pode durar alguns anos, que podem ser diminuídos para até seis meses se você se
submeter ao tratamento específico do estresse, que consiste em um tipo de terapia para
que você aprenda o controle dos fatores estressantes.

O trabalho de controle do estresse é feito em 4
frentes. A primeira delas é o atendimento
psicológico. Este visa fazer com que você
desenvolva uma visão positiva da vida, tenha
calma para enfrentar os problemas, tenha maior
tolerância a mudanças, evite exagerar as
expectativas em relação ao seu desempenho e de
pessoas que o cercam, elimine a afobação,
características de comportamento comuns a
pessoas classificadas pelos psicólogos como
“pessoas do tipo A”. São aquelas pessoas
agitadas, que estão sempre olhando no relógio, que tentam desenvolver várias
atividades ao mesmo tempo. São as pessoas mais sujeitas a sofrerem estresse. O tipo
oposto de pessoa é aquele conhecido como “tipo B”, que são calmas, falam devagar e
estão menos sujeitas ao estresse.
A segunda frente de combate ao estresse é o relaxamento, uma vez que a tensão
muscular costuma acompanhar o estresse. A eliminação da tensão vai ajudá-lo a
enfrentar melhor o estresse. Durante um tratamento específico de estresse, você pode
aprender algumas técnicas de relaxamento para empregar nas horas em que se sentir “estressado”. Entretanto, qualquer técnica de relaxamento é boa, desde que você se
identifique com ela. Pode ser, até simplesmente, ver televisão. Você vai precisar
também aprender a estabelecer uma rotina de recreação e de lazer. Tentar relaxar
tomando calmantes é um erro porque eles apenas mascaram o problema. A pessoa
precisa aprender a lidar com seu estresse e não apenas fugir dele.

A terceira frente é o exercício físico. Além
dele ser positivo para as pessoas menos
“estressadas”, ele tem uma razão de ser para
os “estressados”. A partir de um certo nível de
exercício, o organismo produz beta-endorfinas,
substâncias que funcionam como antiestressantes. Elas são encontradas no cérebro
e em outros tecidos e podem controlar a
sensação normal de dor, além de participar da
regulação da temperatura e do apetite, e de
ser capaz de melhorar também o sonho e o humor. Os atletas, por exemplo, conseguem
continuar sua atividade depois de uma contusão grave devido ao efeito anestésico
dessas substâncias. O exercício físico é recomendado para qualquer pessoa, desde que
sejam respeitadas suas limitações físicas e de saúde.
Você também tem de ter uma boa alimentação (quarta frente) para poder dar
combate ao estresse. Ela é importante porque o organismo esgota suas fontes de
vitaminas e nutrientes para conseguir se recuperar do estresse. Isso acaba fazendo com
que o organismo fique mais sujeito a ter doenças oportunistas como infecções e viroses.
Portanto, é necessário repor, regularmente, esses nutrientes através de uma
alimentação rica.

Meus caros(as) amigos(as), frente a uma situação
problemática, dê uma folga a si mesmo antes de
enfrentá-la. Esfrie a cabeça, distraia-se da forma
que lhe for mais agradável. A solução do seu
problema será mais fácil e menos “estressante”.
Não crie expectativas exageradas em relação às
atitudes ou ao desempenho seu e de outras
pessoas. Cada um tem seu ritmo próprio, que
precisa ser respeitado. Procure desempenhar
tarefas que combinem com ele. Não espere que
seu organismo vá aguentar sempre “só mais um
pouquinho”. Não aceite tarefas em excesso nem adie seus períodos de descanso.
Controle-se ao sentir os primeiros sinais da fase de resistência do estresse e, finalmente,
como já vimos, mantenha sempre uma alimentação equilibrada. A recuperação natural
do estresse depende da reposição de nutrientes como o cálcio, magnésio, ferro e
vitaminas. Eles são gastos pelo organismo durante a fase de resistência. Os exercícios
físicos são fundamentais pois a partir de um certo nível de exercício, o organismo passa
a fabricar as endorfinas, substâncias que participam do controle da dor, do humor, do
sonho e do apetite.
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar
- Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
- Psicólogo de linha humanista existencial com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo e Psicologia Clínica.
- Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
- Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
- Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
- Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
- Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.