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MULHER, PROCURE AJUDA SE SUA RELAÇÃO SEXUAL FOR DOLOROSA!

Desenvolvido por Paulo Cesar Teixeira Ribeiro, psicólogo clínico com pós-graduações em Sexualidade Humana, Psicologia Clínica e Autismo.

Supervisão de Dr. Jorge Haddad Filho, médico mestre e doutor em Morfologia (UNIFESP), Coordenador do Programa de Reprodução Assistida do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo - Sociedade Paulista para o Desenvolvimento da Medicina.
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Muitas mulheres perdem o interesse sexual por  sentirem dores em suas relações. Refiro-me à “dor sexual”, também conhecida como dispareunia, a qual pode resultar de qualquer forma de toque e não apenas da relação sexual.

Dispareunia é a dor genital que ocorre durante o sexo e que aflige um grande número de mulheres - acontece apenas quando há penetração profunda. Há, também, a vulvodinia ou vestibulite vulvar, que tem como sintoma principal uma dor na vulva que pode durar até três meses. É um incômodo e intensa dor que ocorre durante as relações sexuais ou quando a mulher fica sentada por longos períodos.

Quando a relação sexual é dolorosa, o que deve ser feito? Cabe a observação que esse tipo de dor não tem apenas causas físicas, havendo condições psicológicas que levam a esse sofrimento. Não sendo médico, comentarei "an passant" sobre alguns motivos físicos (os mais comuns), porém com a recomendação de que, ao sentirem sintomas, um médico deve ser consultado para uma avaliação detalhada. Os aspectos psicológicos serão aqui apresentados, mas com a mesma recomendação, ou seja, a de irem ao psicólogo para que entendam a complexidade psicoemocional do mal-estar que as acomete.

Como sexo doloroso é um problema sério com sintomas físicos e psicológicos, de que modo as mulheres podem se tratar? Quais são as suas opções? A evolução científica produziu muitas soluçãoes para esse sintoma, tanto do ponto de vista medicamentoso quanto psicossocial. Em tempos passados, muitos médicos descartavam a dor genital das mulheres (dispareunia ou vulvodinia) e as considerava como sendo “neuróticas”, o que deixava suas pacientes duplamente feridas: com dor e psicologicamente abatidas. Atualmente, a situação é bem diferente, com os especialistas compreendendo bem melhor o sofrimento físico e psicológico de suas pacientes e utilizando abordagens mais amplas para o tratamento.

A dor é uma vivência “mente-corpo” com componentes físicos e emocionais, e, havendo algum estresse, a ansiedade e a depressão agem agravando o sofrimento. Assim, é importante identificar os fatores físicos e psicológicos porque cada pessoa responde de modo diferente (ou singular) aos tratamentos, o que oferece a cura da maioria das aflições sexuais. É, sim, relevante que se diga que a dor não é apenas uma experiência física, não é apenas uma sensação, mas é, também, uma experiência emocional. À vista disso, é necessário abordar os fatores emocionais associados à dor, principalmente a dor crônica. No caso da dispareunia, sabe-se que processos comuns de sofrimento e evitação relacionados tanto com a dor quanto com o sexo/intimidade são, de modo significativo, associados à dor, ao sofrimento e à satisfação sexual. Isto levou os profissionais da Saúde Física e Mental a abordar essa doença também sob a ótica psicossocial. Depressão, ansiedade, catastrofização, dor/ansiedade, aceitação da dor, ansiedade de exposição corporal, atenção a sinais sexuais, hostilidade e solicitude do parceiro, autoeficácia e percepções de como está sendo a penetração são vistos, na abordagem psicossocial, como alvos de tratamento potencialmente importantes em casos de dispareunias provocadas.

A título de exemplo, há estudos mostrando que até 80% das mulheres sofrem de penetração dolorosa em algum momento de suas vidas. O agravante é o fato (de ordem psicossocial) de alguns homens, ainda hoje, não darem crédito às queixas de dores sexuais das mulheres, além de haver outros que descabidamente creem que o sexo deve, de alguma maneira, machucar as mulheres!! Atenção, homens: exceto na prática consensual de BDSM (“bondage”, disciplina+dominação, submissão+sadismo e masoquismo), as transas nunca devem doer. Infelizmente, vários homens ficam tão ansiosos ao iniciarem suas relações sexuais que acabam desconsiderando as dores de suas parceiras: isso é um enorme erro e desrespeito! Se o sexo machucar a sua parceira, ela terá dificuldades ou simplesmente não se excitará, o que significa uma péssima experiência para ambos.

Objetivamente, gostaria de dizer que a ocorrência de dor numa relação sexual tem uma infinidade de causas possíveis, entre elas vaginismo, relações sexuais apressadas, lubrificação insuficiente, endometriose, problemas no relacionamento, pílulas anticoncepcionais, irritação vulvar, vestibulite vulvar, irritação por oxalato, infecções sexualmente transmissíveis, história de trauma sexual e penetrações rápidas e profundas. 

Para as causas físicas, não hesite em passar por uma consulta com seu médico ginecologista. Por exemplo, às vezes, infecções vaginais podem contribuir para que o sexo seja doloroso, bem como infecções fúngicas e vaginose bacteriana; miomas, problemas na anatomia, doença inflamatória pélvica e a prática sexual logo após o parto também podem ser causas. Mas tudo isso pode ser facilmente tratado possibilitando uma experiência sexual mais confortável.

Diversas mulheres que relatam dor durante o sexo são fisicamente saudáveis. Entretanto, sofrem interferências psicológicas e emocionais que precisam ser tratadas pir muio de psicoterapia. Em outras palavras, muitas vezes, a causa da dor é estritamente psicológica. Dentre as causas psicológicas da dispareunia, podem ser citadas como mais recorrentes: medos, ansiedade, baixo desejo sexual, depressão, dificuldade de excitação, desentendimentos no casal, estresse, problemas no trabalho, luto e outras emoções negativas, violência sexual / abuso, educação ou crenças religiosas muito rígidas (“isso não posso, é sujo, é pecado”), sentimento de culpa, não querer engravidar, insegurança quanto ao corpo, falta de autoconhecimento (não compreender o que causa prazer e excita), baixa autoestima e várias outras. Sobre violências e/ou abuso sexual, essa é realmente uma causa importante para a dispareunia visto que é um trauma emocional e sexual que pode perdurar por muitos anos, de forma consciente ou incosciente. Com freqüência, há culpas ou vergonha, e é ai que a psicoterapia pode ser de enorme utilidade, contribuindo para uma vida mais saudável e feliz.

Ainda quanto aos aspectos físicos, o ato sexual pode ser doloroso quando a lubrificação não é suficiente e, mesmo que isso possa ser remediado com o uso de um lubrificante, é recomendável ir ao ginecologista. Muitas mulheres perfeitamente normais não produzem lubrificação vaginal suficiente, especialmente a partir do climatério. Sob a ótica da Psicologia da Sexualidade, sabe-se que o sexo oral ou a mudança do “script” sexual (incluindo mais beijos e preliminares mais demoradas) contribuem sobremaneira para que se tenha melhor excitação que, por consequência, completa a lubrificação vaginal natural antes da tentativa de sexo. De fato, o coito mal lubrificado é uma das principais causas de dor nas mulheres e qualquer uma que se sinta seca e irritada deve usar um gel lubrificante além de procurar um médico.

Fazer amor sem sensualidade não é bom fisicamente nem sob a perspectiva psicoemocional. Antes de poder desfrutar do ato sexual confortavelmente, a maioria das mulheres precisa de um tempo de aquecimento considerável. Se os homens iniciam o sexo antes das mulheres se sentirem receptivas, elas sentirão dor. Para evitar esse desconforto, seus parceiros podem fazer uma massagem prazerosa e divertida de corpo inteiro; eles não precisam ter pressa, a relação sexual pode esperar! Digo, com isso, que sempre há tempo para dar às mulheres o necessário para ficarem relaxadas, excitadas e receptivas. Os psicoterapeutas especializados em Sexualidade Humana recomendam pelo menos 30 minutos de beijos, abraços, massagens mútuas de corpo inteiro e sexo oral antes de tentar o intercurso sexual.

Como já mencionado, uma penetração muito rápida ou profunda pode não agradar. Mesmo que as mulheres estejam bem lubrificadas e se sintam bem excitadas, elas podem sentir dor se os homens fizerem a penetração com muita força. Não queira imitar atores de pornografia, afinal, a vagina não é um espaço oco: é um tecido muscular que relaxa quando as mulheres se aquecem para o sexo, e cede mais confortavelmente quando o pênis entra lentamente. A penetração profunda, especialmente se a posição for com o homem por trás, pode causar dor: assim, o casal deve treinar antes para evitar qualquer tipo de sofrimento.

Diversos especialistas dizem que os métodos contraceptivos hormonais são uma das principais causas de dor sexual das mulheres - pílulas, DIU, adesivos, implanon, tratamento com estrogênio, e podem causar diminuição da libido. Se diminuir, a mulher pode sentir dores porque não sente vontade de transar e porisso não se lubrifica. É algo que varia de mulher para mulher e, portanto, o melhor é passar por uma avaliação médica, oportunidade em que pode ser orientada quanto aos cuidados gerais como irritação causada por duchas higiênicas, depilação pubiana, queimaduras solares, alergia ao látex de preservativos ou dermatite de contato causada por sabonetes ásperos ou perfumados, produtos de higiene feminina ou roupas íntimas feitas de tecidos sintéticos. Se a vulva parecer vermelha ou irritada, não titubeie.

Não nos esqueçamos das doenças sexualmente transmissíveis pois todo o cuidado é pouco. Chlamydia, verrugas genitais e doença inflamatória pélvica podem causar dor durante a relação sexual. Não deixe de procurar o seu ginecologista, principalmente se a dor persistir apesar do aumento da sensualidade e lubrificação ou se houver o surgimento de outras infecções vaginais.

O vaginismo causa espasmos da musculatura pélvica, que fecham a vagina. Em casos leves, a relação sexual causa desconforto. Em casos graves, a penetração é impossível e as tentativas causam dor aguda. A mulher pode alcançar o orgasmo, mas existe a dificuldade de penetração. Há pesquisadores que dizem que mulheres com vaginismo geralmente são ansiosas, do tipo que precisam resolver as coisas imediatamente e com perfil psicológico de controladora. Evidentemente, no momento do sexo, isso não dá certo pois é preciso relaxar. O médico ginecologista é o profissional competente para fazer o diagnóstico de vaginismo cujo tratamento-ouro é realizado por equipe multidisciplinar, incluindo psicoterapeutas (fundamental para a melhora), fisioterapeutas e médicos. O tratamento inclui exercícios apropriados ao fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico, biofeedback (para medir respostas corporais) e o uso de dilatadores que gradualmente induzem a abertura da vagina.

Há, ainda, a vestibulite vulvar, uma inflamação das glândulas dentro da vagina, bem como o prolapso uterino que devem ser tratados pelo médico.

Uma mensagem para os homens: Se as mulheres se queixarem de dor genital/sexual, não as critique por não quererem transar. Em vez disso, vá com calma, use lubrificante, faça carícias sensuais e incite-a a consultar um médico. Se isso não resolver o problema, o casal ou a mulher devem consultar um psicoterapeuta.

Lembre-se que para um ótimo sexo, a relação sexual pode ser dispensada pois as pessoas podem desfrutar de prazer mútuo usando as mãos, línguas e brinquedos eróticos. As mulheres amam os homens que levam sua dor a sério, homens que são pacientes e que dão apoio durante sua avaliação e tratamento. Ao contrário, os problemas de relacionamento causam dores emocionais e psicológicas e, por conseguinte, o sexo pode desencadear dor física. Uma paciente de psicoterapia me disse, uma vez, que “conversar com o parceiro é só um detalhe, mas que faz 100% de diferença”, isto é, “quando a parceira é consultada para ver se ela quer continuar”A psicoterapia é muito indicada nesses casos, visto que, se as coisas não estiverem indo bem, a ansiedade e o medo do sexo fazem com que os músculos da vagina se contraiam, tornando o sexo desconfortáve ou muito doloroso. Já foi comentado acima que para o sexo ser confortável, a mulher deve estar relaxada. De fato, será muito bom falar sobre os problemas do casal fora do quarto para tentar encontrar uma solução e, se isso não der certo, é bom recorrer à psicoterapia ou aconselhamento psicológico.

A prática psicoterápica é muito importante e, normalmente, segue o seguinte roteiro: após a apresentação da queixa, encaminha-se a paciente para o diagnóstico médico; nessa fase, a psicoterapia deve apoiar as intervenções médicas e tratar os danos psicológicos e de relacionamento que foram causados; quando as relações passarem a ocorrer sem dor, o psicólogo deve atuar para reparar o dano que a relação sexual dolorosa causou ao longo de meses, anos ou mais, incluindo os danos no relacionamento com o parceiro; como há, agora, o interesse em encontrar prazer no sexo, a psicoterapia se volta para o aprimoramento sexual, melhoria da qualidade de vida e manutenção da saúde mental.

A dispareunia prejudica a saúde psicológica da mulher, principalmente em termos de baixa autoestima e senso de feminilidade e tem consequências negativas nos relacionamentos íntimos. A dor na relação sexual pode criar uma aversão ao sexo baseada no medo, o que, por sua vez, pode causar menor qualidade de vida, problemas em torno da intimidade e dos relacionamentos românticos. Mas você não precisa apenas fazer sexo ruim pelo resto da vida. Se você ou alguém que você ama está lutando contra relações sexuais dolorosas, procure ajuda pois isso não precisa ser assim. Não espere e não ignore - cuide-se! Quando o sexo é bom, é uma pequena parte da satisfação com o casamento ou relacionamento, mas quando o sexo é ruim, é uma grande parte da insatisfação na relação. Entre em contato com seu médico e/ou psicoterapeuta para obter ajuda, dicas e truques para recuperar aquele sentimento amoroso e trazer de volta o sexo prazeroso. Veja quantos benefícios a psicoterapia com foco em sexualidade oferece: ampliação do autoconhecimento, maior intimidade com o próprio corpo, ajuda a vencer medos e superar traumas, melhora a comunicação e conexão com o parceiro, desinibe, promove qualidade de vida ao desmistificar causas e sintomas de insatisfações sexuais, proporciona apoio e aconselhamento efetivo, desenvolve a autoestima e autoconfiança, repercutindo não apenas na vida sexual, mas no bem-estar como um todo. Mas é fundamental que esse processo seja com um profissional da psicologia, e será melhor se for com psicólogo especialista em Sexualidade Humana.

De modo algum, tente resolver a dispareunia por conta própria, e tampouco, não se trata de aprender a suportar ou acostumar-se à ela e guardá-la para si. As soluções existem e são variadas. O maior erro é tentar ignorar o que está acontecendo. Percebendo qualquer incômodo, expresse-o a seu parceiro. A sinceridade é importante também nessas horas e o diálogo sempre aproxima e fortalece a relação.

É imprescindível procurar ajuda especializada e eliminar todas as hipóteses de doenças ou problemas que os desconfortos podem sinalizar. Creio que com esse artigo, as principais dúvidas sobre as dores sexuais foram esclarecidas, logo, é hora de romper o tabu! Conhecer o problema é a forma mais eficaz de desmistificá-lo e você agora sabe que, independentemente da causa, existe tratamento. O errado é tentar ignorar a dor ou permitir que ela limite sua qualidade de vida.

Se você sente dor durante a atividade sexual e descobrir que a dor tem causas psicológicas, busque uma ajuda de um psicólogo: não há motivo para privar-se do prazer, quando uma psicoterapia focada em sexualidade está acessível e oferece soluções transformadoras.

Você pode conhecer o meu trabalho pelos conteúdos divulgados nesses locais:

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista existencial com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo e Psicologia Clínica.
  • Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
  • Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
  • Associado à Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida e à Associação Brasileira de Reprodução Assistida
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
  • Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.

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