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UMA VISÃO PSICOSSOMÁTICA DA INFERTILIDADE

A definição de "infertilidade" refere-se à incapacidade de um casal conceber após um ano de vida sexual “normal”. Não há como negar que há um “sem número” de casais em idade fértil enfrentando infertilidade.

Nos tempos idos, a infertilidade era geralmente vista como um problema feminino. Isso foi revisto e agora prefere-se considerar que o casal é infértil, pois sabe-se que as causas da infertilidade podem ocorrer tanto em homens como em mulheres. Cada vez mais aumenta o conhecimento sobre essas causas, porém ainda existe o que é chamado de “infertilidade inexplicável”, responsável por significativo percentual do grupo de casais inférteis.

De fato, a procura por tratamento de infertilidade está aumentando dia a dia. Muitas novas tecnologias de tratamento de infertilidade estão sendo desenvolvidas, tais como inseminação artificial, fertilização in vitro, implantação espermatozoides, óvulos e embriões. No entanto, é necessário cuidar do impacto e do ajustamento psicológico das pessoas que pretendem alcançar a meta de ter uma família com filhos.

Será que os exames e o tratamento da infertilidade podem compor uma crise emocional para os casais? Creio que seja possível que, ao tomarem conhecimento dos pormenores da infertilidade, esses pacientes experimentem uma variedade de sentimentos e choques emocionais, os quais podem incluir a surpresa inicial e sua negação, a raiva, um isolamento, a culpa e a tristeza. É certo que alguns superam tais sentimentos e emoções, muitos com suporte psicoterápico, mas outros casais podem ficar presos em qualquer desses estágios. Além disso, sabemos que a “infertilidade” impacta a qualidade do casamento (mesmo não tendo sido identificados os fatores de risco que afetarão o relacionamento conjugal). Por exemplo, quanto mais tempo a infertilidade masculina for a causa e quanto maior for o tempo para iniciar o tratamento, maior será o impacto no relacionamento conjugal.

Deve-se considerar, também, que durante os procedimentos, o casal enfrenta um significativo teste, pois para cooperar com o tratamento da infertilidade, precisam se submeter a muitos exames médicos e devem ter uma vida sexual planejada, o que pode levá-los a uma diminuição da função, do desejo e do prazer sexual, alguns podem sentir impotência e incapacidade de atingir o orgasmo, ou mesmo, perceberem a confirmação da infertilidade.

A infertilidade gera muito estresse para um casal, sendo que, por óbvio, as mulheres sofrem mais. Um importante percentual delas acredita que a infertilidade é o que de mais infeliz aconteceu em suas vidas, enquanto apenas um pequeno grupo de homens pensa assim. O nível de estresse enfrentado pelos casais inférteis também muda com as diferentes fases do tratamento; a ansiedade e alguma hostilidade são mais comuns no início da avaliação e do exame. À medida que o tratamento começa, a ansiedade aumentará gradualmente, mas por outro lado, as expectativas e esperanças de um tratamento bem-sucedido também aumentarão. Num estado emocional tão misto de ansiedade e esperança, estes casais inférteis estão cheios de conflitos e lutas. É bem comum a paciente apresentar sintomas de melancolia, podendo evoluir a uma depressão, especialmente se menstruar representando uma falha de todo o procedimento. Estudos mostram que após falha no tratamento de fertilização in vitro, 25% das mulheres foram classificadas como deprimidas leves a moderadas (usando a Escala de Depressão de Aaron T. Beck), enquanto cerca de 10% dos homens foram classificados como levemente deprimidos.

Além do impacto emocional das opiniões socioculturais sobre a infertilidade bem como das emoções internas e externas da família, o custo do tratamento é também um encargo financeiro óbvio e uma das fontes de estresse - preparações hormonais, medicamentos orais e outros. Os medicamentos hormonais podem produzir efeitos colaterais como aumento do estresse, insônia e mau humor. Quanto à depressão, às vezes é difícil de distinguir se é causada por medicamentos, conflitos internos, estresse ou pressão familiar, mas qualquer que seja o motivo, é algo que deve ser levado à sério, merecendo o tratamento adequado, o que pode incluir tratamento medicamentoso e psicoterapia. 

Considerando o estresse e os problemas mentais e emocionais enfrentados pelos casais inférteis, os médicos desempenham um papel importante explicando detalhadamente as possíveis causas da infertilidade, a avaliação do processo de tratamento, possíveis dificuldades, efeitos colaterais dos medicamentos e probabilidade de sucesso. Em consequência, os pacientes terão menos preocupações e medos em relação ao tratamento e a ansiedade poderá ser minimizada. É realmente importante que esses médicos compreendam e avaliem o estado mental da paciente e façam o encaminhamento ao psicólogo ou psiquiatra sempre que necessário.

O tratamento da saúde mental dos casais inférteis centra-se principalmente na consulta para avaliação psicológica e na psicoterapia, em primeiro lugar, ficando o tratamento com medicamentos em segundo plano. Isto porque há a preocupação (de pacientes e médicos) com os efeitos colaterais das drogas recomendadas. O lado bom é que aquelas cujos sintomas não são graves respondem bem à psicoterapia ou ao aconselhamento psicológico.

Quanto ao tipo de tratamento psicológico recomendado, isto depende de uma avaliação completa dos sintomas, história pregressa e presente, avaliação da vida familiar e social, avaliação da vida sexual, etc. Com base nisso, decide-se que tipo de tratamento psicológico o paciente necessita: terapia conjugal, terapia sexual, psicoterapia individual de longo ou curto prazo, psicoterapia de grupo, etc. Além disso, pode ser de grande ajuda participar de grupos de autoajuda nas redes sociais, partilhando experiências, dores e pressões enfrentadas durante a jornada em busca de fertilidade, motivando um ao outro. 

Para muitos casais inférteis, é difícil contar aos seus parentes e amigos sobre o sofrimento interno e a pressão que estão enfrentando, porque a maioria das pessoas ao seu redor irá aconselhá-los apenas a relaxar e ter fé (de acordo com suas crenças religiosas), mas há a necessidade de compreender todos os detalhes do processo, por isso, os grupos de autoajuda se tornam um bom lugar para expressarem os seus sentimentos.

No final do tratamento, caso seja definitivamente incapaz de dar à luz um filho, o casal infértil se depara com uma decisão: aceitar que não pode ter um filho e assim continuar ou recorrer à adoção. Com certeza, essa é também uma escolha difícil. Um outro ponto de conflito é quando há uma decisão unilateral e o casal opta pela interrupção do tratamento, sendo muito frequente o autoquestionamento sobre se os esforços foram suficientes e se haverá futuro arrependimento. Numa fase, o foco da vida girava em torno de receber tratamento para infertilidade e dar à luz um filho, mas com a desistência, ajustar o foco da vida constituirá num novo desafio. Nessa situação, o papel do psicólogo inclui ajudar esses casais a esclarecer os seus pensamentos e ajustar as suas emoções, e a psicoterapia é uma boa via para essa ressignificação, e que terá, certamente, um bom impacto na qualidade de vida dessas pessoas.

Concluindo, os médicos possuem excelentes objetivos para o tratamento da infertilidade: primeiro, ajudar os pacientes a encontrar e tratar as causas da infertilidade, fornecer informações corretas e, finalmente, ajudar o casal a decidir quando interromper o tratamento. Os psicólogos também podem ajudá-los a se ajustarem e continuarem avançando quando confrontados com o impacto da infertilidade na vida. É um suporte relevante que os ajudará a superar o estresse e o estado emocional durante o processo de tratamento. No final, eles poderão ser capazes de dar à luz ou podem aceitar filhos adotados, além da possibilidade de ajudá-los a planejar e viver uma vida sem filhos.

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Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista existencial com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo e Psicologia Clínica.
  • Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
  • Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
  • Associado à Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida e à Associação Brasileira de Reprodução Assistida
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
  • Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.

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