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Daqui em diante, você encontrará muitos outros artigos sobre psicologia. A finalidade da Psicoterapia é entender o que está ocorrendo com o cliente, para ajudá-lo a viver melhor, sem sofrimentos emocionais, afetivos ou mentais. Aqui você encontrará respostas sobre a PSICOTERAPIA - para que serve e por que todos deveriam fazê-la. Enfim, você encontrará nesses artigos,informações sobre A PSICOLOGIA DO COTIDIANO DE NOSSAS VIDAS.

PESSOAS ALTAMENTE SENSÍVEIS DEVEM FAZER PSICOTERAPIA

Se seus amigos, familiares ou colegas já lhe disseram que você é muito sensível, confira os itens abaixo:
  • Você é reage rapidamente a coisas como luzes brilhantes, cheiros fortes, tecidos grosseiros ou sirenes por perto?
  • Você fica abalado quando tem muito o que fazer em pouco tempo?
  • Você evita filmes e programas de TV violentos?
  • Você precisa se retirar, durante os dias mais ocupados, para um quarto escuro, banheiro, para a cama ou algum outro lugar onde possa ter privacidade e sentir-se mais aliviado?
  • Você prioriza a organização de sua vida para evitar situações perturbadoras ou desagradáveis?
  • Você percebe ou aprecia aromas, gostos, sons ou obras de arte delicados ou finos?
  • Você tem uma vida interior rica e complexa?
  • Quando você era criança, seus pais ou professores o viam como uma pessoa sensível ou tímida?
Se você se identificou com alguns dos tópicos acima, você pode ser uma Pessoa Altamente Sensível (sigla PAS). Mas não se preocupe pois isso não significa que há algo errado com você.

O Que Significa Ser Uma Pessoa Altamente Sensível (PAS)?

Ser uma PAS (pessoa altamente sensível) é ser uma alguém que possui uma característica completamente normal (ocorre em 15-20% da população), logo não se trata de um distúrbio, tanto que não há referências a isso no Manual de Diagnóstico, que é o recurso profissional para diagnosticar problemas de saúde mental. Em vez disso, a sensibilidade está se tornando cada vez mais reconhecida como um traço de personalidade e como parte do temperamento inato de uma pessoa, como se fosse naturalmente extrovertida, confiável ou independente. Embora essa característica de sensibilidade possa parecer um pouco diferente para todos, ela inclui alguns elementos fundamentais. PAS’s captam muito mais que os demais sobre o mundo ao seu redor, incluindo os 5 sentidos (desfrutando / saboreando e às vezes sendo excessivamente estimulados pela luz, som, cheiro, tato / textura e sabor), emoções fortes (um PAS pode sentir, de forma abundante, alegria ou excitação e pode ser igualmente superado pela tristeza ou decepção), outras pessoas (PAS’s costumam estar especialmente sintonizados com o clima de uma sala, com os sentimentos dos outros ou até com as mudanças sutis em um amigo ou colega de trabalho, como reconhecer seu sorriso tímido ou ombros caídos, indicando que estão tendo um dia difícil), perfeccionismo (podem ser perfeccionistas e podem se preocupar um pouco com o desempenho ou em não decepcionar os outros. Curiosamente, os PAS’s tendem a ter um desempenho mais fraco quando estão sendo observados de perto devido à sua maior sensibilidade a essa observação).

A PAS costuma ser única e possui suas próprias áreas de sensibilidade, entretanto, quatro características que são comuns a todas as pessoas altamente sensíveis:

Profundidade do processamento: o cérebro de PAS’s são mais ativados que o cérebro de pessoas não altamente sensíveis, significando uma maior profundidade de processamento da mesma informação.
Estimulação: Os sensíveis podem ser mais suscetíveis à superestimulação e sobrecarregar suas mentes, pois coletam muito mais informações e processam mais profundamente.
Emocionalmente responsivo: As PAS’s sentem profundamente e reagem mais fortemente a experiências emocionais - tanto positivas quanto negativas. O que isso significa é que, para eles, o ambiente é muito importante, porque são mais impactados (pessoas e lugares) do que por outros. As PAS’s também são mais capazes de se relacionar com as emoções de outras pessoas, o que significa que possuem maior capacidade de empatia.
Sutilezas da sensibilidade: As PAS’s conseguem captar detalhes sutis que outras pessoas não percebem (como pequenas mudanças em nosso ambiente ou sugestões não verbais de outras pessoas etc.). 

A expressão “Altamente sensível” às vezes pode ter uma conotação negativa em nossa sociedade, mas isso não significa que a pessoa seja fraca nem que precise "endurecer". O indivíduo altamente sensível simplesmente têm um sistema nervoso mais refinado do que o resto da população, permitindo-o captar e processar profundamente informações / estímulos que nem sequer são registrados para a maioria das pessoas. Na verdade, isso pode ser até um presente, existindo muitos benefícios em ser altamente sensível, já que tende a ser:
  • Inteligente, intuitivo e perspicaz, muitas vezes percebendo nuances que outros sentem falta.
  • Altamente empático, compassivo e atencioso com os sentimentos dos outros.
  • Funcionário / estudante consciente e comprometido.
  • Criativo em uma ou mais áreas da vida (arte, música, escrita, resolução de problemas etc.).
  • Profundamente movido pela arte ou natureza e conectado aos animais.
  • Aprendiz rápido e pensador profundo
É realmente como um superpoder, depois que aprende como aproveitar essas características. Então, se você é altamente sensível, não se preocupe, isso não é ruim: ser altamente sensível é uma dádiva!

Se por um lado, essas características podem adicionar tanta riqueza e complexidade à vida, por outro lado, podem criar sentimentos de opressão e desejo de se esconder do mundo. Se você está cansado de se sentir sobrecarregado e frustrado consigo mesmo, seria muito bom considerar  o apoio de um psicoterapeuta que possa lhe ajudar a compreender-se e a desenvolver novas habilidades e entendimento do mundo.

Se você acha que é uma pessoa altamente sensível, reflita: e se você pudesse ...
  • Aprender a gerenciar suas emoções fortes sem ficar sobrecarregado ou ter que abandonar tudo?
  • Sair da montanha-russa emocional e manter a calma mesmo quando as coisas parecerem intensas?
  • Parar de se preocupar e se sentir estressado para que sua inteligência natural possa brilhar?
  • Escolher quando quer deixar algo de lado para que você possa adormecer mais facilmente ou relaxar?arar de sentir que é fraco, sem ter que esconder sua sensibilidade ou "endurecer?
  • Aprender a trabalhar com sua sensibilidade para melhorar seus relacionamentos?
  • Abraçar a sua sensibilidade e encontrar seus talentos / pontos fortes exclusivos para que eles possam trabalhar para você?
A psicoterapia ajuda a tornar melhor a vida das pessoas muito sensíveis. Muitas vezes clientes assim me procuram dizendo que são "diferentes" ou que há "algo errado com eles". Portanto, aprender sobre o que realmente significa ser uma PAS dissipará muitas dúvidas e mentiras que a sociedade alimenta sobre a sensibilidade.

Realmente pode haver algumas áreas da vida de uma pessoa altamente sensível em que não saber como controlar a sensibilidade poderá atrapalhar. Isso é muito comum porque a sociedade não ajuda quando se trata de compreender essas pessoas, muito menos ensinar a lidar com suas características. Aprender a lidar com sua sensibilidade pode assumir várias formas, e o psicólogo deve lhe ajudar a saber quais são as melhores para você. Práticas de conscientização, por exemplo, ajudarão a chegar a uma melhor compreensão de emoções e padrões nas vidas dessas pessoas, padrões, inclusive, que podem não estar funcionando muito bem. O psicoterapeuta poderá, ainda, ensinar habilidades e técnicas para lidar com as coisas de maneira mais eficaz. Coisas assim começas a acontecer com a psicoterapia: gostar mais da vida, sentir-se mais relaxado, sentir-se mais próximo de seus amigos e entes queridos, sentir-se feliz, calmo e consciente a maior parte do tempo, concentrar-se em seus objetivos e saber que você é bom o suficiente, capaz e completo.

De modo geral, podemos dizer que o objetivo da psicoterapia é ajudá-lo a saber que você é íntegro - e que permite que você se sinta mais confiante, contente, alegre, amado e conectado, focado, acolhedor e confortável do jeito que você é. O psicoterapeuta deve trabalhar em sintonia com você ajudando-o a se tornar mais do que você deseja ser, para continuar sua jornada sabendo que você é merecedor, capaz e bom o suficiente.

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Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista.
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana. Atendimento de segunda-feira aos sábados.
  • Atendimentos presenciais e por internet.
  • Marcação de consultas pelo tel. e whatsapp 11.94111-3637

CRESÇA E AMADUREÇA! SER EMOCIONALMENTE MADURO É ESSENCIAL


Iniciarei esse artigo sobre esse interessante tema criando uma situação que certamente muitos já viveram. Imaginem que é sexta-feira de manhã e Paula e Alice chegam ao trabalho e logo o chefe avisa que será necessário que ambas trabalhem até tarde para que seja possível terminar uma proposta para segunda-feira de manhã. Isso significa que ambas terão que cancelar seus programas para sexta-feira à noite.

As duas colegas de trabalho passam algum tempo comiserando e reclamando. Paula então passa a focar no trabalho e a sua decepção vai desaparecendo enquanto se concentra em concluí-lo. Alice, por outro lado, continua furiosa e se sente perseguida pelo seu chefe. Ela telefona para uma amiga para reclamar um pouco mais e acha difícil se concentrar em seu trabalho, querendo retaliar o seu chefe fazendo um trabalho medíocre.

Diante do desapontamento, Paula mostrou resiliência, enquanto Alice não. Ser capaz de lidar com os altos e baixos da vida sem exagerar é uma marca registrada da maturidade emocional: quero dizer que as coisas podem acontecer em sua vida e certamente terão um impacto sobre a sua rotina, mas não lhe atingirá como pessoa. Dessa forma, você continuará tendo uma boa fé com relação às pessoas, a si mesmo e com um bom sentimento sobre o mundo, e estará sendo resiliente com elevadas chances de se recuperar das coisas que acontecerem em sua vida. Por outro lado, se você for uma pessoa imatura, reagirá às dificuldades com amargura, ressentimento, desespero ou raiva - a recuperação será demorada, e você se sentirá vitimizado, sem poder e sem privilégios, podendo até deixar seus sonhos de lado e desistir - você poderá superar as decepções, mas certamente vai perder muito tempo prá isso.

A Personalidade Madura

Podemos definir a maturidade psicológica como "ser capaz de aceitar a realidade das pessoas e das coisas como elas são, sem precisar que elas sejam diferentes do que são". É algo como já lí por ai que refere-se à “arte de viver em paz com aquilo que não podemos mudar, a coragem de mudar aquilo que deve ser mudado, não importa o que for necessário, e a sabedoria de saber a diferença". Juntamente com essa atitude realista em relação à vida, as pessoas maduras também possuem esses saudáveis traços de caráter:
  • Capacidade de saber o que você quer e a capacidade de fazer isso acontecer
  • Autocontrole e pensamento antes de agir
  • Autoconfiança e capacidade de assumir responsabilidade por sua vida e ações
  • Paciência
  • A capacidade de manter relacionamentos íntimos e estabelecer conexões positivas com os outros
  • Generosidade e desejo de dar e estar lá para os outros
  • Integridade
  • Um senso de equilíbrio e equanimidade ao lidar com o estresse
  • Perseverança
  • Capacidade de tomar decisões
  • Humildade e capacidade de admitir quando você está errado

A maturidade começa em casa

Se muitos não atingem esses atributos nobres, é porque cresceram em circunstâncias não favoráveis a isso. Ninguém nasce maduro, sendo o desenvolvimento emocional moldado pelos pais e experiências de vida. Pais maduros que reconhecem, validam, amam e aceitam seus filhos, e que são plenos em suas próprias vidas, criam filhos maduros. Ou seja, pais que foram capazes de encontrar e realizar seus próprios sonhos são os melhores pais de todos, desde que o sonho deles inclua a compreensão e o amor aos seus próprios filhos.

Uma criança que experimenta o êxito ao lidar com fracassos, decepções e mágoas desenvolverá melhor maturidade do que aquela que é mimada e que teve as dificuldades resolvidas pelos pais. Durante a infância, há tarefas de desenvolvimento a serem aprendidas, como fazer amigos e desenvolver autonomia e independência. Ao concluir a maioria das tarefas sem estresse, conflito ou dificuldades, a criança pode se tornar um adulto maduro.

Um alto QI (quociente de inteligência), boa aparência e saúde física - embora sejam aspectos muito bons - não contribuem para a maturidade emocional. Muitas pessoas nascem e crescem com menos QI, beleza ou saúde mas se tornam adultos maduros e muito bem ajustados. A maturidade emocional está, no entanto, intimamente relacionada ao conceito popular de inteligência emocional, no qual as pessoas são hábeis em lidar com os próprios sentimentos e os dos outros.

Melhor Maturidade

Se você não está se sentindo seguro com a sua própria maturidade, saiba que nunca é tarde para cultivar as qualidades maduras que lhe faltam. Psicoterapia, novas atividades e trabalho voluntário são três maneiras que podem lhe ajudar muito.

Psicoterapia: A psicoterapia pode ser muito útil para resolver problemas da infância e adolescência e para obter mais aceitação de seus pais e de si mesmo. Ao fazer as pazes com o seu passado, você muda-se para um lugar de serenidade e aceitação interior e não passa mais tempo lutando, sofrendo e lutando. Vou dar um exemplo disso:

Rebeca  iniciou sua psicoterapia aos 30 anos, sentindo-se infeliz com a vida. Ela odiava seu trabalho como enfermeira num hospital psiquiátrico, tinha poucos amigos, nenhum relacionamento romântico, problemas financeiros e problemas crônicos de saúde. Em resumo, Rebeca estava deprimida e com raiva. Ela teve um relacionamento ruim com os pais, a quem via com frequência, ainda buscando a aprovação que nunca obtivera quando criança. No curso da psicoterapia, ela trabalhou bastante nesse relacionamento e gradualmente reconheceu os limites de seus pais, aceitando o fato de que eles não podiam atender às necessidades dela e, ao fazer isso, conseguiu desenvolver mais autonomia. Hoje Rebeca certamente poderia ser considerada uma adulta madura e autorrealizada. Ela tem uma carreira de sucesso como analista financeiro, muitos amigos, uma vida social e uma natureza mais gentil e atenciosa.

Atividades: As experiências de vida também são valiosas no desenvolvimento da maturidade. As atividades em grupo que estimulam a criatividade, a colaboração e o empoderamento podem ser muito transformadoras. Estar envolvido em esportes, por exemplo, pode ajudá-lo a ganhar confiança, desenvolver novas habilidades e aprender a trabalhar em cooperação com os outros.

Trabalho voluntário: Ajudar os outros é uma maneira consagrada de transcender suas próprias dificuldades e experimentar a satisfação do servir humanitariamente. Ser um irmão ou irmã mais velho ou voluntário em um local de desenvolvimento humano ou de suporte às pessoas pode ser uma experiência valiosa de crescimento. Ir além de si mesmo é um passo para obter a perspectiva que leva à atitude de aceitação de um adulto maduro.

Espero que tenha gostado desse artigo. Lembre-se que a maturidade emocional deve ser uma prática constante e consciente. Nem todos acertamos 100% do tempo. Desenvolver a inteligência emocional para ver como estamos, e a maturidade para lidar com as coisas da vida adequadamente é o verdadeiro sinal de crescimento. Há vários outros artigos no Blog do Psicólogo (www.blogdopsicologo.com.br) - acesse-os! CLIQUE AQUI para ler algumas dicas sobre como melhorar a autoestima!

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar
Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana. Atendimento de segunda-feira aos sábados. Marcação de consultas pelo tel. 11.94111-3637 ou pelo whatsapp 11.98199-5612.

BULLYING


O bullying é um prática de um comportamento voltado a prejudicar e humilhar outras pessoas, especificamente aquelas que são de alguma forma, menores, mais fracas, mais jovens ou, de alguma maneira, mais vulneráveis ​​que o agressor.

Infelizmente, é um estilo comportamental duradouro, principalmente porque os agressores conseguem o que querem - pelo menos a princípio. É importante dizer que os agressores são feitos, não nascem assim, e isso acontece em tenra idade.

Entre 1 em cada 3 estudantes no Brasil relatam sofrer ou ter sofrido bullying na escola ou em outros locais. Agora surgiu, também, o bullying eletrônico ou cyberbullying, que se tornou um problema significativo. A onipresença de dispositivos portáteis e outros dispositivos oferece aos agressores acesso constante a suas presas, e o assédio geralmente pode ser realizado de forma anônima.

Quem é um valentão-agressor?

Os estudos mostram que os agressores não têm comportamento pró-social, não se incomodam com a ansiedade e não entendem os sentimentos dos outros. Eles interpretam mal as intenções dos outros, geralmente imputando hostilidade em situações neutras. Eles geralmente se olha de modo bastante positivo. Essas pessoas que intimidam cronicamente frequentemente têm um relacionamento tenso com pais e colegas.

Os valentões não poderiam existir sem vítimas, e eles não escolhem ninguém; as vítimas carecem de assertividade mesmo em situações não ameaçadoras e aparentam estar com medo muito antes de encontrarem um valentão. Ao lado disso, observa-se que cada vez mais, as crianças crescem sem os tipos de experiências lúdicas nas quais desenvolvem habilidades sociais e aprendem a resolver problemas sociais.

Como lidar com um valentão-agressor?

A primeira linha de defesa contra um agressor é evitar. É sabedoria, não uma fraqueza, se afastar de um valentão. Uma segunda linha de defesa é andar sempre com um companheiro pois os agressores tendem a não agredir as pessoas que estão cercadas por amigos.

Os adultos têm um papel a desempenhar para tornar seus filhos à prova de intimidação: fortalecendo suas autoconfianças. Também é recomendável perguntar regularmente aos filhos como os colegas os tratam. Com demasiada frequência, as crianças têm vergonha de contar aos pais sobre serem intimidadas. Além de modelar a assertividade em casa e garantir que seus filhos saibam como, e se sintam à vontade para falar por si mesmos, os pais podem matricular as crianças em grupos que reforçam jovens em habilidades sociais. Uma psicoterapia de autoconhecimento ou para situações pós-traumáticas também é uma excelente solução.

Espero que tenha gostado desse artigo. Há vários outros artigos no Blog do Psicólogo (www.blogdopsicologo.com.br) - acesse-os! CLIQUE AQUI para ler a prática da psicoterapia!

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
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PSICOTERAPIA E ESPIRITUALIDADE

Decidi abordar um tema ainda polêmico e muito rodeado de preconceitos e convencionalismos. Espero causar reflexões pelo bem de todos e não situações de intolerância ou preconceitos.

Psicologicamente falando, as religiões são concebidas, criadas e perpetuadas por praticamente todas as culturas ao longo da história para fornecer significado, conforto e socorro diante dos fatos existenciais da vida, fatos esses perturbadores, geradores de ansiedade, sofrimento, infortúnio, falta de sentido, isolamento, insegurança, doenças, males, perdas e, finalmente, a morte. A impressionante longevidade, onipresença e tenacidade da religião nos assuntos humanos atesta sua relativa eficácia a esse respeito.

A religião pode ainda ser entendida como um meio de procurar reconhecer, compreender e honrar os aspectos "numinosos" da existência, tais como destino, mistérios, maravilhas, beleza ou reverência, os poderes irreprimíveis da natureza, a percepção de algum grande "design inteligente" e amoroso no universo, a inter-relação entre todas as coisas e pessoas, a insignificância e impermanência do ego pessoal, a imensidão transcendente do reino cósmico, transpessoal ou espiritual (além do ego e da realidade material), e a experiência subjetiva e inefável, porém transformadora, da unidade com o cosmos e a com sacralidade. O fato é que a religião tradicionalmente fornece um recipiente, linguagem, simbolismo e estrutura para essas experiências espirituais arquetípicas.

Do lado negativo, a religião, como Freud reconheceu corretamente, pode ser um meio de neurotizar ou, às vezes, psicotizar, por conta das evitações, negações ou defesas dogmáticas das realidades primárias da existência, e também pela recusa das pessoas a assumir total responsabilidade pelos próprios pensamentos, desejos, sentimentos, impulsos, escolhas e ações. Essa forma de religiosidade equivocada, infantilizante, rígida e ilusória, frequentemente encontrada no fundamentalismo, pode ser extremamente perigosa, pois gera a projeção psicológica de poder, responsabilidade, de bem e mal em alguma entidade externa, seja Deus, Satanás, demônios ou inimigos demonizados em nome de Deus. Poucos teólogos hoje negariam que, ao longo da história, a religião organizada tenha sido a fonte divisória de uma infinidade de males: da crucificação à inquisição, à recente erupção de terrorismo radical envolvido de maneira assassina com esse fervor religioso em nome de Alá – para mim uma usurpação de uma referência religiosa para justificar ações não divinas e totalmente humanas, num ambiente de neurose coletiva.

Hoje, tendemos a diferenciar entre religião organizada e espiritualidade. Quando perguntados se são religiosos, muitos dizem que são espiritualistas, mas não religiosos no sentido tradicional. Mas o que é espiritualidade?

Para começar, a espiritualidade não é somente doçura e luz. É um assunto sério. A maioria dos diletantes espirituais pós-modernos da Nova Era evita lidar com o lado sombrio de si ou dos outros: nossos demônios metafóricos, o “daimônico”, a sombra inconsciente, usando o termo junguiano. Eles procuram o êxtase transcendente, a bem-aventurança ou a alegria da prática espiritual, sem a necessária descida ao submundo. Eles querem o céu sem ter que passar pelo inferno. Querem eliminar o negativo percebido e se concentrar apenas no positivo. Desejam conhecer os anjos, mas desprezam os demônios. Mas a questão é que reconhecer, honrar, abraçar e trazer à luz esse lado escuro está no cerne da verdadeira espiritualidade.

A espiritualidade pode ser melhor caracterizada por crescimento psicológico, criatividade, consciência e maturação emocional. Nesse sentido, a espiritualidade é a antítese da pseudoinocência: a ingênua negação da destrutividade em nós e nos outros. A espiritualidade implica na capacidade de ver a vida como ela é – total, irrestrita e incluindo as realidades existenciais trágicas do mal, do sofrimento, da morte e do “daimônico”, bem como a capacidade de amar a vida, apesar de tudo. Esse amor ao destino, diria Friedrich Nietzsche, é uma conquista espiritual da mais alta magnitude, pois a afirmação do ser essencial de alguém, apesar de desejos e ansiedades, cria alegria e traz a felicidade de uma alma que é elevada acima de todas as circunstâncias – a alegria é a expressão emocional do corajoso “Sim” ao verdadeiro ser humano.

A espiritualidade também está misteriosamente conectada à criatividade. Significa uma abordagem positiva, uma aceitação e até uma atitude amorosa em relação à vida, sofrimento e morte. A criatividade pode ser uma solução espiritual profunda para os problemas da vida - a presença requintada dessa atitude favorável à vida é claramente palpável em obras de Beethoven, compostas alegremente pouco antes de sua morte, apesar de sua total surdez, isolamento e intenso sofrimento físico. Claramente, Beethoven havia chegado criativamente a alguma conciliação sublime com seus demônios, com sua vida difícil, trágica, solitária e com sua própria mortalidade.

Cada um de nós enfrenta essencialmente a mesma tarefa: afirmar-se assertiva e construtivamente a nós mesmos e à nossa vida, aceitando o destino humano e pessoal, o que implica em reunir coragem para enfrentar a existência e aceitar - e até abraçar - a vida em seus próprios termos, incluindo as tendências “daimônicas” intrínsecas próprias e das outras pessoas... e, sem dúvida, o mais difícil de tudo, que é perdoando a nós mesmos e aos outros por atos egoístas, ofensivos e destrutivos. Em nenhum lugar da literatura religiosa esse princípio espiritual de aceitar o sofrimento da vida e aderir ao destino divino é mais dramático, comovente e elegantemente ilustrado do que na Crucificação: "Perdoa-os, Pai, porque eles não sabem o que fazem" demonstra poderosamente a compaixão de Cristo crucificado, pela fragilidade humana - por ignorância, por inconsciência, pela condição humana em que todos participamos. O budismo, em seus ensinamentos, transmite essa mesma mensagem espiritual.

Diferindo de Freud, os psicólogos Carl Jung e Rollo May adotaram uma visão bem menos pesada da religião, reconhecendo a espiritualidade como uma potencialidade arquetípica e uma necessidade psicológica essencial. Jung foi um dos primeiros a perceber que, apesar da desilusão e rejeição da religião organizada, muitos dos problemas de seus pacientes eram de natureza religiosa, exigindo o desenvolvimento de sua própria perspectiva espiritual pessoal durante o processo de cura pelos métodos psicoterapêuticos. Nesse sentido, a psicoterapia, podemos pensar que quando praticada adequadamente, é um empreendimento inerentemente espiritual; portanto, psicologia e espiritualidade não precisam ser distintas, ainda que possa ser útil fazer distinções entre elas, a fim de entender a função primária de cada uma em relação à outra.

Há um grande debate e, em muitos casos, uma acentuada divisão entre os praticantes da psicologia e os da espiritualidade. Em um extremo do espectro, a maior parte da psicologia convencional não se preocupa com questões de espírito e rejeita o que não é cientificamente quantificável. Por outro lado, muitas tradições espirituais contemporâneas veem a psique como uma construção irreal. Mas entre esses polos, existe uma variedade de abordagens que levam em conta os aspectos pessoais e impessoais da experiência humana, validando alguns aspectos enquanto outros permanecem misteriosos, todavia igualmente "reais". Enquanto isso, muitos psicoterapeutas tradicionais e seus clientes continuam perdendo os benefícios da sabedoria espiritual, e muitos professores e estudantes da espiritualidade ocidental cometem graves erros ao rejeitar o domínio psicológico e, assim, não cultivam habilidades e práticas para trabalhar com ele de maneira eficaz.

Podemos então descobrir como essas abordagens se complementam e se apoiam, formando juntas uma abordagem mais completa da compreensão humana do que qualquer uma delas pode fornecer isoladamente. A compreensão espiritual vem da percepção direta de uma maior inteligência, força ou poder. Algumas pessoas chamam isso de não-dualidade; outros chamam de Cristo, Alá, espírito ou Deus. As tecnologias espirituais nos ajudam a acessar uma experiência da própria consciência, e a prática espiritual sustentada nos ajuda a aprender a nos ancorar em um sentido mais permanente dessa realidade maior. Enquanto isso, o trabalho psicológico ajuda a desvendar as complexas vertentes que constituem nossa psique pessoal - padrões e feridas que, se não tratadas, podem impedir nosso crescimento e bloquear nossa percepção das realidades espirituais. Considero, inclusive, que muitas escolas de psicologia convencional falharam rotineiramente em levar em conta uma perspectiva espiritual mais ampla, frequentemente reduzindo insights espirituais profundos a fantasias neuróticas, regressões infantis e projeções idealizadas da infância, etc.

Concluindo, penso que atualmente, compreender a psicologia da espiritualidade é de tremenda importância para a psicoterapia. Em última análise, a tarefa da psicoterapia e da espiritualidade é aceitar e resgatar, em vez de evitar, negar, expulsar, erradicar ou exorcizar nossos demônios e demônios. Ao enfrentar corajosamente nossos "demônios" internos - simbolizando aqueles complexos assustadores, vergonhosos, primitivos, incivilizados, irracionais, inconscientes, emoções, paixões e tendências das quais tememos, fugimos e pelos quais somos obcecados ou assombrados - nós os transmutamos em aliados espirituais úteis. Durante esse processo “alquímico”, descobrimos que o mesmo diabo que foge com tanta retidão e é, desde há muito, rejeitado, acaba sendo a fonte redentora de vitalidade renovada, criatividade e espiritualidade autêntica.

Não se reprima: curta a sua espiritualidade assim como os mitos e ritos de suas escolhas religiosas e espirituais.

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Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
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ANSIEDADE DO VESTIBULAR - 1ª PARTE

Esse é o primeiro, de dois artigos sobre a Ansiedade do Vestibular.

De repente, a mente “trava” durante a preparação para o vestibular, o coração bate mais rapidamente ou a respiração fica curta. O estudante pensa que não é capaz de ter sucesso nas provas! É a ansiedade do vestibular se manifestando...
A maioria das pessoas fica ansiosa ao fazer um exame, mas há muitos indivíduos que são mais propensos a sofrer de ansiedade nas provas do que outros. Por que isso acontece? O que você pode fazer se para acalmar?
Chamo de Ansiedade do Vestibular o sentimento intenso de medo ou pânico antes e/ou durante as provas do vestibular. De modo geral, existem dois tipos de ansiedade – a baixa e a alta ansiedade. Veja o que acontece:
  • os estudantes que sofrem de baixa ansiedade podem ficar um pouco nervosos com a proximidade do exame, mas ainda conseguem concentrar a atenção em seus estudos ou nas questões da prova. Normalmente, esses estudantes não são atingidos por pensamentos intrusivos e não se sentem debilitados pelo exame.
  • os estudantes que sofrem de alta ansiedade mostram uma reação intensa e imediata quando expostos à uma situação que temem, nesse caso, as provas do vestibular. Acredite que muitos até tentam evitar esse sofrimento não indo à prova, ou podem tentar realizá-la, porém com medo extremo. Essa ansiedade elevada pode levar alguns desses estudantes a uma sensação de pânico e desespero!
Nesse artigo, o meu foco é ajudar esses jovens a lidar com a ansiedade de modo que seus desempenhos durante o vestibular sejam tranquilos e com o mínimo de estresse e ansiedade. Mais importante ainda, é que reconheçam os sinais de ansiedade e que saibam como evitar os sintomas que diminuem a capacidade de concluir a prova. Alguns sinais são fáceis de detectar como o coração acelerado, mãos úmidas, respiração rápida e enjôos. São próprios da reação a altos níveis de ansiedade, pois é assim que os corpos respondem a uma ameaça - e, embora desconfortável, não é prejudicial.
A ansiedade pode ser útil em determinadas situações; por exemplo, numa situação de perigo como pulando de um carro em movimento. Mas também ajuda a aumentar a nossa atenção para o evento ameaçador, melhorando a nossa prontidão para resposta. Contudo, a ansiedade não é tão útil quando a ameaça que enfrentamos é cognitiva, como um exame de vestibular. Os pensamentos envolvidos na ansiedade do vestibular geralmente incluem o pensamento negativo sobre o próprio desempenho e/ou a reação física a pensamentos sobre um exame em data futura - "Eu vou falhar", "eu não vou aguentar", "Meu coração já está saindo pela boca e nem não consigo me concentrar".
Altos níveis de ansiedade nos exames podem ter levar a desempenho ruim pois o estudante tende a crer que os exames são ameaçadores; assim, responde com intensas reações emocionais, ficando difícil concentrar-se na tarefa em questão. Ser avaliado evoca respostas ansiógenas que interferem no desempenho efetivo em tarefas cognitivas e intelectuais. Evidentemente isso impacta as chances da pessoa fazer o seu melhor no exame. Fica, assim, a pergunta: “o que você pode fazer contra a ansiedade do vestibular?” Bem, se você identificar uma grande ansiedade em si mesmo, poderá aprender maneiras de evitar que influencie negativamente o seu desempenho no vestibular. Se você fica super ansioso antes de um exame, então tem que cuidar muito bem de si mesmo, dormindo bem durante a noite, se alimentando de forma nutritiva, exercitando-se e fazendo algumas rotinas de relaxamento.
Como psicólogo, sei muito bem do valor do relaxamento para ajudar a controlar a ansiedade. Assim, recomendo aprender algo que lhe faça relaxar. Além disso, é importante entender a natureza da sua ansiedade para que possa lidar com mais eficácia em futuras situações de avaliação. Dentre as técnicas de relaxamento, minhas preferidas são o treinamento autógeno e a atenção plena. O treinamento autógeno é baseado na autossugestão, e a atenção plena leva o estudante a tentar se concentrar no momento presente enquanto reconhece e aceita calmamente seus sentimentos, pensamentos e reações físicas ansiosas.
O relaxamento pode ser usado ao lado de um processo de dessensibilização sistemática, estimulando-lhe a visualizar uma cena completamente relaxado enquanto mentalmente evoca alguns sentimentos da cena real. A ideia é que se você aprender a relaxar enquanto visualiza-se fazendo o exame, você também pode aprender a relaxar enquanto faz o realiza também.
Alguns alunos são tão ansiosos e com risco de manifestarem transtorno do pânico que o melhor seria se fizessem psicoterapia; assim, entenderiam como “funcionam” psico-emocionalmente e como controlar-se em situações de alta ansiedade. Isso poderá ter uma série de efeitos positivos, incluindo melhor desempenho acadêmico, redução do estresse e angústia, aumento do senso de controle e confiança e diminuição da frustração.
Concluindo, seguem algumas dicas para lidar com a ansiedade do vestibular. Nos próximos artigos sobre esse tema, aprofundarei as informações. Fique ligado, siga o Blog do Psicólogo para não perder os futuros artigos.
Ao se preparar para exames de vestibular, tente:
  • Preparar-se com antecedência estudando de forma sistemática a cada dia.
  • Usar provas de vestibulares anteriores como uma oportunidade para administrar a ansiedade.
  • Perceber quando está iniciando a ansiedade, observando suas reações físicas.
  • Substituir os pensamentos inúteis por uma conversa direta consigo próprio que seja mais encorajadora, desafiando seus pensamentos pessimistas e negativos.
  • Praticar a concentração de sua atenção na tarefa em questão (atenção plena), em vez de se enredar em sua ansiedade e pensar no "e se?"
  • Aprender algumas técnicas de relaxamento para reduzir suas reações físicas de ansiedade.
Lembre-se de adotar hábitos saudáveis: preste atenção ao seu sono, nutrição, exercício, rotinas de relaxamento e apoio social.
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar
Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana. Atendimento de segunda-feira aos sábados. Marcação de consultas pelo tel. 11.94111-3637 ou pelo whatsapp 11.98199-5612


SOMOS ESCRAVOS CANSADOS NUMA CULTURA DE POSITIVIDADE

Enfim, mais uma vez subjugados: as pessoas transformaram-se em escravos cansados numa cultura de positividade!

Ao assistir uma palestra sobre como arquitetamos as formas de viver, fiz um comentário de que necessitamos sempre pensar em soluções não apenas de abrangência social como também de âmbito psicológico para que o ser humano tenha uma melhor qualidade e possibilidade de reação. Ao término da palestra, “meu Sensei” falou, num misto de vibração, energia e determinação, que estamos vivendo a “sociedade do cansaço” e que era importante que eu lesse a tese do filósofo coreano Byung-Chul Han sobre isso para pensar nas soluções as quais me referi. Bem, como obediente aprendiz, fiz isso e aqui quero apresentar algumas conclusões a respeito, agradecendo ao Sensei Prof. Dr. e Irmão Ricardo Mário Gonçalves por mais essa orientação.
Vivemos em uma era de exaustão e fadiga, causada por uma incessante compulsão em executar. Esse é um dos pontos centrais da “Sociedade do Cansaço”. Metaforicamente, pode-se dizer que o século XX foi uma era "imunológica". Cabe essa expressão porque infecções por vírus e bactérias que provocaram respostas imunes estavam entre as principais causas de doenças e morte e porque o surgimento de vacinas e antibióticos ajudou a vencer essas ameaças. Mas essa metáfora pode ser estendida a eventos políticos e sociais: assim como o sistema imunológico reconhece bactérias e vírus como "estranhos" que precisam ser eliminados para proteger o "eu", as guerras mundiais e a guerra fria também foram caracterizadas por uma definição clara de "nós" versus "eles". O século XXI, por outro lado, é uma era "psicológica / mental" caracterizada por doenças como depressão, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), síndrome de Burnout, transtorno de personalidade limítrofe e outras. Diferentemente das doenças da era imunológica - onde havia uma clara distinção entre os micróbios inimigos (os estranhos) que precisavam ser eliminados e o eu - essas doenças da psique dificultam a atribuição de um status inimigo. Quem são os "inimigos" da síndrome de burnout ou da depressão? O nosso ambiente? Os nossos empregadores? As nossas próprias decisões e escolhas de vida? Estamos em guerra conosco nessas condições "psicológicas / mentais"? Segundo Byung-Chul Han, essa mudança nas doenças é refletida por uma mudança política de um mundo globalizado, onde é cada vez mais difícil definir o "eu" e o "outro / estranho". Podemos tentar atribuir um status de “mocinho” e “bandido” para navegar no século XXI, mas temos que aceitar que estamos tão interconectados que essas abordagens do século XX não são mais aplicáveis.
É verdade que o combate bem-sucedido contra as doenças infecciosas é uma das grandes vitórias na área da saúde no século XX, mas essas batalhas estão longe de terminar. O recente medo do vírus Ebola, a persistência da resistência à malária, o insuficiente tratamento do HIV e o surgimento de bactérias resistentes a vários medicamentos indicam que a imunologia e as doenças infecciosas desempenharão papéis centrais nas pesquisas biomédicas do século XXI. A visão de que o sistema imunológico claramente distingue entre "eu" e "estranho" também é excessivamente simplista porque ignora que doenças autoimunes - muitas das quais estão em ascensão e para as quais ainda temos opções de tratamento muito limitadas - são exemplos imunológicos de onde o "eu" se destrói. Embora a neuropsicologia  (ou neurociência)  venha a ser, provavelmente, o foco da pesquisa biomédica, parece uma escolha estranha selecionar algumas doenças psiquiátricas como representando o século XXI, ignorando doenças neurodegenerativas importantes como demência de Alzheimer, derrame ou Parkinson. Ele também confunde doenças psiquiátricas específicas com o aumento generalizado da fadiga e exaustão percebidas.
Ainda sobre o século XXI, a razão pela qual tantas vezes nos sentimos exaustos e cansados ​​é porque estamos cercados por uma cultura de positividade. No trabalho, assistindo TV em casa ou navegando na Internet, somos inundados por mensagens não tão sutis do que podemos fazer. Por exemplo, lembremo-nos do slogan "Sim, podemos" (Yes, we can) da campanha presidencial de Obama nos EUA. A expressão "Sim, podemos" exala positividade, sugerindo que tudo o que precisamos fazer é nos esforçarmos mais e que pode não haver limites para o que queremos alcançar. O mesmo se aplica ao slogan da Nike “Just Do It” (em tradução livre, “simplesmente faça”) e aos milhares de livros de autoajuda publicados a cada ano, que reforçam o imperativo de pensamento positivo e ações positivas.
Sobre o pensamento de Byung-Chul Han, para mim ficou claro que aqui está o cerne da tese de Han: "Sim, podemos" soa como um slogan “empoderador”, indicando nossa liberdade e potencial ilimitado. Mas essa é uma liberdade ilusória, porque a mensagem incluída em "Sim, podemos" é "Sim, devemos". Em vez de viver em uma sociedade disciplinar do passado, onde nosso comportamento era claramente regulado por proibições e mandamentos da sociedade, agora vivemos em uma sociedade da conquista na qual sucumbimos voluntariamente à pressão de sermos sempre conquistadores e vencedores. A sociedade da conquista não é menos restritiva que a sociedade disciplinar. Não estamos mais sujeitos a proibições que vem de fora de cada um de nós, mas internalizamos os mandatos de conquista, sempre nos esforçando para fazer mais. Nós nos tornamos escravos da cultura da positividade, subjugados pelo imperativo "Sim, deveríamos". Em vez de considerar cuidadosamente se devemos ou não buscar uma meta, o mero conhecimento de que poderíamos alcançá-la nos obriga a lutar por essa meta. A adoção da cultura "Sim, podemos" acorrenta-nos a uma vida de auto-exploração e tornamo-nos cegos pela paixão e pela determinação... até entrarmos em colapso! Han usa a triste expressão “exaustão, fadiga e asfixia" para descrever o impacto que um excesso de positividade tem, uma vez que renunciamos à nossa capacidade de dizer "não" às demandas da sociedade por conquistas. Continuamos até nossas mentes e corpos se exaurirem e “encolherem” e é por isso que vivemos em um estado contínuo de exaustão e fadiga. O multitarefismo não é um sinal de progresso civilizacional; é, na verdade, um indicador de regressão, pois resulta em um estado de atenção amplo, mas bastante superficial, e, portanto, impede a verdadeira contemplação da vida.
Pensemos nesse conceito no ambiente de trabalho. Os trabalhadores, com uma atitude de "poder fazer", são elogiados, mas não há uma placa enaltecendo e comemorando a atitude de "poder contemplar" dos funcionários. Em uma sociedade de realizações, os empregadores não precisam mais nos explorar porque assumimos voluntariamente mais e mais tarefas para provar nossa própria autoestima.
Isso faz lembrar Bertrand Russell (em Um Elogio da Ociosidade), no qual ele propõe a redução da carga de trabalho para apenas quatro horas por dia: num mundo em que ninguém é obrigado a trabalhar mais de quatro horas por dia, todas as pessoas que possuem curiosidade científica poderão satisfazê-la, e todo pintor poderá pintar sem passar fome, quaisquer que sejam os seus quadros. Os jovens escritores não serão obrigados a chamar a atenção para si mesmos com o objetivo de adquirir a independência econômica necessária para obras monumentais, pelas quais, quando chegar a hora, perderão o gosto e a capacidade. Homens que, em seu trabalho profissional, se interessaram por alguma fase da economia ou do governo, serão capazes de desenvolver suas idéias sem o distanciamento acadêmico que faz com que o trabalho dos economistas universitários pareça frequentemente inexistente. Os médicos terão tempo para aprender sobre o progresso da medicina; os professores não terão muita dificuldade para ensinar, por métodos rotineiros, coisas que aprenderam em sua juventude, que podem, no intervalo, provar ser falsas. Acima de tudo, haverá felicidade e alegria de viver, em vez de nervos desgastados, cansaço e gastrite. O trabalho exigido será suficiente para se tornar um lazer
agradável, mas não o suficiente para produzir exaustão. Como os homens não se cansam no tempo livre, eles não exigem apenas divertimentos passivos e insípidos. Provavelmente pelo menos um por cento dedicará o tempo não gasto em trabalho profissional a atividades de alguma importância pública e, como não dependerão dessas atividades para sua subsistência, sua originalidade não será impedida e não haverá necessidade de se adequar aos padrões estabelecidos por especialistas idosos. Mas não é apenas nesses casos excepcionais que as vantagens do lazer aparecerão. Homens e mulheres comuns, tendo a oportunidade de uma vida feliz, tornar-se-ão mais gentis, menos perseguidores e menos inclinados a ver os outros como suspeitos.
Enquanto Russell propõe a redução das horas de trabalho como uma solução, a crítica de Byung-Chul Han à sociedade de realizações, seu impacto na fadiga e mal-estar generalizados não se limita ao nosso local de trabalho. Ao aceitar o mandato de conquista e hiperatividade contínuas, aplicamos essa abordagem também ao nosso tempo de lazer. Seja contando os passos que seguimos com nossos rastreadores de atividades físicas ou acumulando visitas de museus como turistas de forma competitiva, nossa obsessão por conquistas permeia todos os aspectos de nossas vidas.
Existe ciclo vicioso de excesso de positividade e exaustão persistente?
Sim!, precisamos estar atentos ao nosso direito de recusar. Em vez de acumular tarefas para nós mesmos durante o trabalho e o lazer, precisamos reconhecer o valor e a força de dizer "não". A solução talvez seja aceitar as formas de geração de cansaço consequentes das oportunidades de descanso e regeneração. Os dias de fim de semana podem ser vistos como dias reservados para tarefas domésticas e de lazer que não podemos realizar durante os dias de trabalho regulares. Ressuscitando o fim de semana como tempo para descanso, ociosidade e contemplação, podemos escapar do ciclo de exaustão. Em adição, penso que será imprescindível que as pessoas saiam do sobreviver histérico e deixem de ser zumbis do desempenho, da cirurgia plástica e do botox. Viver o belo real e autêntico é viver o sagrado que há em cada um de nós, uma experiencia que nos remete a uma condição em que podíamos ver a vida como uma festa com e para os Deuses. A mudança é dramática porém fundamental: temos que desacelerar! E nesse sentido, permito-me ser bastante simplista nessas sugestões finais:
Tenha uma orientação filosófica em sua vida: as pessoas são bem sucedidas (verdadeiramente) na vida, não devido ao seu comportamento ajustado à sociedade neoliberal - muito pelo contrário! Um princípio fundamental e que nunca deveria ser esquecido é que o impulso da energia criativa será sempre enfraquecida pela execução repetitiva, inconsciente e compulsiva. O impulso da vida com felicidade não precisa ter um ritmo frenético para adquirir mais coisas no menor tempo possível: é saber lidar com o tempo com um calendário e não controlá-lo com um cronômetro.
Mude o padrão de seu comportamento: nunca é tarde para se mudar um estilo de vida. Muitos indivíduos vacilam ao começarem a mudar seus padrões de comportamento, não por acharem impossível a tarefa, mas por temerem que, sem este padrão, encontrarão a ruína econômica e profissional. Este medo, contudo, é absurdo e desnecessário.
Reavalie a sua autoestima: para se alcançar um estado de calma e serenidade é necessário, ao indivíduo acometido pela busca incessante de novas conquistas, efetuar uma acurada autoavaliação de suas capacidades e deficiências como indivíduos.
Recupere sua personalidade global: antes de mais nada, é preciso uma profunda reflexão. Reserve algumas horas do dia para atividades que nada tenham a ver com sua vocação normal, amplie suas esferas de interesses e prazer, seus horizontes culturais e intelectuais. Além disso, abra-se o máximo possível a novas amizades, principalmente a aquelas que reforçarem seus novos interesses. Viva e aproveite os momentos de prazer, enquanto estes estiverem ocorrendo. Depois guarde-os mentalmente e procure lembrar-se deles nas horas vagas. Em resumo, introduza um elemento de imprevisibilidade em sua vida.
Estabeleça objetivos para a vida: de um modo geral, estabeleça dois grupos de objetivos. O primeiro, seus objetivos profissionais. O segundo, os que deseja realizar em sua vida particular. Estes últimos são responsáveis não somente para dar significação e prazer, mas também para impedí-lo a ter uma hiperatividade sem controle, na vida profissional.
Entre mais em contato com o mito, o rito e a tradição: é importante tentar resgatar o prazer e a alegria existente em reuniões de família, datas de comemorações, em pequenos atos como ir ao teatro com amigos, comemorações anuais diversas, etc. É muito comum em pessoas da sociedade do cansaço ficarem irritados em tais ocasiões, por as considerarem uma perda de tempo. Mas não se sinta obrigado a participar de tudo.
Deixe os meios justificarem o fim: não pense que todo o seu esforço e trabalho será recompensado no “fim” de sua vida. Ao contrário, é importante viver e tentar sentir prazer nas pequenas coisas cotidianas, mesmo que elas possam num primeiro instante, parecer ridículas.
Cure-se da “Doença da Pressa”: em primeiro lugar, é importante revisar o programa diário de atividades, com a finalidade de se eliminar todos os eventos e atividades possíveis que não contribuam diretamente para seu bem-estar. Além disso, aumente em alguns minutos, os pequenos hábitos do dia-a-dia: tomar café, o almoço, etc.
Procure estar só: para começar a pensar, meditar e filosofar de maneira diferente, é necessário estar só, sem interferência da família, amigos, telefone, etc. Procure organizar melhor, e diminuir o rítmo de suas tarefas, deixando assim algum tempo para estar só, o que certamente ajudá-lo-á na sua autoanálise.
Reestruture-se para atingir algo “Digno de Ser”: é importante manter-se livre de opiniões pré-concebidas; julgue-as quando muito, como sendo provisoriamente corretas. Examine-as criticamente, e não se envergonhe em abandoná-las caso venham a ser comprovadamente falsas ou se não lhe dizem respeito. Consolide amizades e conhecimentos, principalmente extra-trabalho. Guarde algum tempo para leituras, idas ao cinema, teatro, etc., além de tempo para recordar-se de momentos de prazer no passado.
Enfim, é mister que seja realizada uma revisão do modo de viver. Temos que saber e poder dar um passo atrás e praticar o "não fazer". O conceito de "não fazer" se assemelha a elementos do taoísmo e da atenção plena, na medida em que enfatiza que não precisamos fazer coisas constantemente. Em vez disso, o “não fazer” permite que as coisas se desenvolvam no seu próprio ritmo. Num mundo em que pausas e pausas são cada vez mais curtas, se houver, precisamos considerar a importância de recuar e a necessidade de desenvolver a capacidade de resistir à multidão de atrações disponíveis. Somente quando admitimos a importância da perspectiva, do tédio e da capacidade de rejeitar essas muitas atrações que o mundo moderno oferece é que poderemos desfrutar de um cansaço bem merecido, em vez de uma fadiga exaustiva. Enfim, temos que aprender a “não fazer” num mundo obcecado por “fazer” e ser economicamente produtivo.

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Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista existencial com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo e Psicologia Clínica.
  • Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
  • Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
  • Associado à SBRA - Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida e à ABRA - Associação Brasileira de Reprodução Assistida
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
  • Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.