Penso
que é um dom ser altamente sensível, mas isso também vem com desvantagens, como
a de ser particularmente suscetível a um
tipo de abuso psicológico que tem sido muito comum nos dias atuais, que é o gaslighting
- uma manipulação que faz com que a vítima duvide de si mesma, de seu
julgamento e de sua sensibilidade, e tudo isso com um agravante: por
padrão, as pessoas que estão sujeitas a esse abuso tem grandes dificuldades de
se defender e revidar.
Sem dúvidas, existem muitas razões pelas quais uma Pessoa
Altamente Sensível (“PAS”) se
mostra mais suscetível ao gaslighting, sendo uma das razões mais comuns o
fato de tenderem a não confiar em suas próprias intuições, o que favorece
que uma situação injusta ou abusiva continue por muito tempo. E dado que as Pessoas Altamente Sensíveis se inclinam a ver e sentir as coisas de
maneira diferente das outras, elas sentem uma pressão dos demais ao longo de suas vidas, pressão essa para que pensem, as “PAS”, que
estão reagindo de forma exagerada ou se comportando
de maneira questionável. As pessoas “PAS”, de certa forma, são condicionadas a desconfiar de si mesmas e do que pensam e sentem; por exemplo, mesmo
quando sentem ou percebem que algo está errado ou que estão num relacionamento desequilibrado, podem não se verem
como capazes de falar por si mesmas. Elas simplesmente dizem a si mesmas que estão imaginando coisas e tentam justificar
os comportamentos do agressor.
Uma
outra coisa com a qual as Pessoas
Altamente Sensíveis devem estar atentas é que por serem propensas
a pensar demais em situações interpessoais e a levar as coisas para o lado pessoal, acabam se
tornando mais propensas a
cair na manipulação de um gaslighter. Menciono, por
exemplo, que indivíduos narcisistas e dominadores facilmente são atraídos pelas
sensibilidades das “PAS’s”, o que contribui para a suscetibilidade de
sofrer um gaslighting.
- O manipulador costuma negar os fatos flagrantemente verdadeiros;
- além disso, os manipuladores afirmam que a vítima está inventando ou distorcendo o que ocorreu, convencendo-a de que a experiência é irreal.
- O gaslighter geralmente ignora ou minimiza os pensamentos, sentimentos ou experiências do outro;
- ou simplesmente o faz sentir-se como um bobo e finge que não entende o que a vítima está dizendo, inclusive criticando a sua linguagem ou expressão facial.
- É comum, também, o agressor fornecer informações falsas ou reter informações;
- e espalhar boatos sobre a pessoa que sofreu o abuso.
- O manipulador, muitas vezes, muda de assunto para desviar a atenção da verdade e/ou atribui seus comportamentos agressivos à vítima.
Há outras formas menos comuns
de gasligthing, mas creio que essas são as mais comuns.
No atendimento
psicoterapêutico de Pessoas Altamente Sensíveis, um dos pontos que mais
enfatizo (para a recuperação do gaslighting), é o
“aprender a acreditar em si mesmo”.
Como
“PAS”, sua intuição é normalmente precisa porque é uma
pessoa que capta uma ampla variedade de
sinais ao seu redor o tempo todo. Mas como citei, visto que suas intuições
nem sempre se alinham com o que aparece na superfície, a “PAS” tem a tendência de duvidar delas e rejeitar seus
palpites. Infelizmente, isso frequentemente resulta em más escolhas ou até
mesmo em perigo.
- Prestar atenção em como se sente em seu “interior físico”.
- Desenvolver a capacidade de prestar atenção às mensagens que vêm do corpo bem como das emoções, e não apenas do intelecto.
- Nunca ignorar algo só porque parece improvável ou ilógico.
- Mesmo que algumas das sensações sejam desagradáveis, elas ainda estão tentando se comunicar com a pessoa.
- Emoções são a linguagem da alma, logo a “PAS” deve reconhece-los e aprender a respeitá-los.
- Reservar um tempo todos os dias para relaxar. Sugiro, por exemplo, que se organize os espaços físicos e digitais pois isso possibilitará que a pessoa ouça a si mesmo, em vez do que é externo.
A
Pessoa Altamente Sensível pode aumentar sua autoconfiança aprendendo a
administrar suas emoções. Quando se sentir "desligada", estará
ciente de que algo está errado e mais tenderá a acreditar e olhar para os
sinais externos, em vez de ignorá-lo como sendo "uma de suas mudanças de
humor". Assim, se tornará menos suscetível à manipulação no futuro. Colocar as próprias emoções em palavras, mantendo uma espécie de diário ou discutir propositalmente
as emoções com alguém são práticas interessantes. Dar um nome aos sentimentos ajuda a se sentir mais no controle. Ademais,
é recomendável que se aprenda a aceitar os próprios sentimentos mais plenamente ao
invés de rejeitá-los. A resiliência emocional aumentará quanto mais a pessoa puder lidar com os sentimentos, em vez de lutar contra eles.
Assertividade é a capacidade de expressar os pensamentos e sentimentos de maneira respeitosa consigo e com as outras pessoas. Existem inúmeras
estratégias para aumentar a assertividade e uma delas é dizer “não” de maneira serena e
segura. Outra estratégia é expressar suas demandas e desejos com clareza,
mesmo que apenas para si mesmo.
Gaslighting é um abuso emocional que pode prejudicar seriamente a saúde mental. Essa experiência pode levá-lo a sentir que é culpado por tudo o que ocorre, mas não coloque a culpa em si mesmo... A autocompaixão é uma habilidade que pode ser adquirida e que exige trabalho para ser dominada. Veja, abaixo, as ações que podem ajudar no desenvolvimento da autocompaixão:
- Mantenha um diário para registrar suas ideias e emoções. Isso pode ajudá-lo a reconhecer quaisquer padrões no abuso e qualquer autocondenação ou pensamentos negativos que possa estar tendo. Em seguida, faça um esforço para enfrentá-los de maneira indulgente.
- Visualize-se falando como seu melhor amigo. Você seria solidário com eles ou os condenaria por serem maltratados?
- Desenvolva relacionamentos com pessoas que estimulem seu caminho em direção à autocompaixão e evite aqueles que o prejudicam.
As “PAS",
pessoas sensíveis e intensas, são frequentemente mal compreendidas. Elas
são percebidas como sendo muito emocionais ou que estão sendo difíceis por
escolha. As pessoas que exibem essas características freqüentemente sentem
que devem se desculpar por quem
são. Elas poderiam acreditar que, para se adequar às expectativas da
sociedade, deveriam mudar, todavia, não só isso é falso como também não é
possível dobrar suas qualidades inatas.
Concluindo, o gaslighting é
uma tática psicológica prejudicial. Isso pode fazer você se sentir
irracional, indigno e que está constantemente cometendo erros, porém, existem
maneiras de se curar desse trauma; primeiro, o que aconteceu com você não foi sua
culpa, isto é, você foi vítima do abuso de outra pessoa; em segundo
lugar, aceite o que já aconteceu: isso não significa permitir que o
abuso continue ou aprovar o abuso. O que aconteceu já aconteceu e não é
saudável negá-lo; você pode querer dar a si mesmo tempo e espaço para
lamentar tudo o mais que o relacionamento de gaslighting tirou de você. O
terceiro e mais importante passo é descobrir como apreciar todos os aspectos
positivos de ter um alto nível de sensibilidade; mesmo que você tenha
uma perspectiva diferente do mundo, a sua experiência é válida.
Você
pode prosperar ao criar um ambiente de apoio para si mesmo. Reserve um
tempo para o autocuidado e conheça seus sentimentos. Será também muito bom
desenvolver sua criatividade,
identificar sua vocação especial na vida e usar a sua profunda sensibilidade e
empatia para mudar o mundo.
Se
você puder realizar tudo o que foi mencionado acima, desenvolverá uma defesa
sólida contra qualquer tipo de “não-validação” e o gaslighting de
qualquer pessoa. A longo prazo, você pode se proteger e permanecer firme
em seu caminho de cura e para a prosperidade.
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar
- Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
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