Levando em conta que ainda
existem resistências e desconhecimento sobre a psicoterapia, de tempos em
tempos, eu divulgo informações, por escrito ou por vídeo, sobre a importância
do processo psicoterapêutico. O que é e prá que serve a psicoterapia? Essa é uma
pergunta que sempre me fazem e é sobre isso que abordarei nesse artigo.
O que é psicoterapia? Na origem
da psicoterapia está a aspiração do ser humano em viver melhor. É
um caminho de encontro consigo mesmo, com o seu ser profundo, um
verdadeiro processo de mudança, na maioria das vezes motivada por algum
sofrimento geralmente desencadeado por um evento importante como separação,
luto, nascimento, doença, trauma, etc. A psicoterapia também responde a
uma busca pelo Eu, uma busca por significado e consciência pois ajuda a
pessoa a conhecer-se melhor, reencontrar-se, libertar-se, amar-se melhor e
realizar todas as potencialidades do seu ser.
A psicoterapia
visa tratar o mal-estar que todo mundo pode sofrer em algum dia na
vida e que, dependendo da pessoa e das circunstâncias, pode se manifestar no
domínio psicológico, existencial, afetivo, sexual, relacional ou social. A
título de exemplo, observe que todos somos levados a controlar, alguns mais e
outros menos, as emoções. No entanto, quando elas são expressas livremente
a criatividade se desenvolve e encontramos o que chamamos de “realização
emocional”. Por outro lado, quando as emoções são reprimidas, elas se
voltam de forma destrutiva contra a própria pessoa ou contra os outros sem
sempre percebermos. O trabalho do psicoterapeuta consiste em propor à pessoa,
de acordo com a sua situação específica e o seu desejo de mudança, meios que
lhe permitam evoluir para um estado de bem-estar desejado. Quer dizer, a
psicoterapia cria um espaço onde as emoções podem se expressar livremente e um dos
papéis do psicólogo é identificar as emoções reprimidas e criar uma estrutura
que conduza à sua expressão. Como segundo exemplo, destaquemos que, exceto em
casos de doença física, o sofrimento é, muitas vezes, um sinal de conflito
psicológico que divide uma pessoa. Ela pode sentir que diferentes
"partes" estão lutando entre si, cada uma com razões muito boas e
inconscientes para manter suas armas. Por causa dessa luta interna, a
pessoa não consegue ser inteiro ou fazer as escolhas "certas",
sentindo-se muito perdido. O acolhimento e a escuta sem julgamentos por parte
do psicoterapeuta, permitirá à pessoa, antes de tudo, colocar em palavras o seu
sofrimento e diminuir o seu "transbordamento" emocional, diminuindo
assim a pressão. O apoio do psicólogo irá sensibilizar o cliente e ajudará
a compreender o que cada uma destas "partes" quer de "bom"
para a pessoa; depois, poderá atualizar as velhas estratégias que foram postas
em prática no passado e que não são mais apropriados para a situação ou a
pessoa no momento atual. Finalmente, durante a psicoterapia, serão
consideradas novas estratégias e um novo modo de operação.
Muito raramente mencionada, a
psicoterapia também pode ser um apoio valioso para pessoas que auxiliam seus
entes queridos em suas dificuldades, sejam físicas ou
psicológicas. Esses cuidadores não profissionais são
frequentemente negligenciados nos caminhos da saúde. Carregando sozinho nos
ombros o peso do suporte diário ao seu ente querido doente ou dependente, a
terapia acaba sendo uma câmara de descompressão saudável para lidar
melhor com essas situações.
Iniciar uma terapia sempre
traz uma promessa preciosa que fazemos a nós mesmos. Libertar-se, revelar-se,
afirmar-se, amar-se, encontrar-se, conhecer-se, descobrir-se, apropriar-se de
si mesmo, viver a própria vida, ser feliz, passar por uma prova, responder a
uma pergunta existencial que se faz, para encontrar a paz em si mesmo, para
encontrar o gosto de viver. O melhor de tudo é que a psicoterapia é dirigida a
todos e o psicoterapeuta está lá para apoiar os momentos difíceis e estimular a
energia vital, possibilitando que seu cliente se torne a melhor versão de
si mesmo.
A experiência mostra que conhecendo-se
a si mesmo, a pessoa aprende a entender melhor as diferenças e dificuldades dos
outros. Isso significa que o processo psicoterápico não só é uma forma de
compreender a si mesmo, mas também de expressar as próprias emoções diante dos
outros, na busca de uma convivência justa e harmoniosa. Ou seja, a
psicoterapia desenvolve a empatia, constrói a paz e capacita a todos para suas
escolhas e ações. Isso tudo sem mencionar que a psicoterapia, em
transtornos mentais mais graves, consiste em estreita colaboração com o
psiquiatra, representando uma essencial alavanca durante o tratamento.
O funcionamento da mente
muitas vezes assume um aspecto misterioso. Na verdade, todo comportamento
humano obedece a uma lógica precisa, inclusive aqueles que nos parecem os mais
loucos. O problema surge quando nos falta a chave para entender essa
lógica! Nesse sentido, uma outra função essencial do psicoterapeuta é interpretar aquilo
que escapa ao paciente, nele mesmo e nos outros. É possível explorar o
próprio inconsciente, essa parte oculta de nós mesmos que contém a chave para
muitos mistérios. Por que sofremos repetidos fracassos em determinadas
áreas, quando fazemos de tudo para ter sucesso? Por que somos
irresistivelmente atraídos por certas pessoas, enquanto há outras que odiamos à
primeira vista? Por que temos ideias ou comportamentos que nos parecem
estranhos? Aprofundando-se no inconsciente, encontra-se a causa de muitos problemas,
possibilitando, assim, que os resolva de forma eficaz.
Por fim, é conhecendo a si
mesmo que uma pessoa passa a entender melhor os outros. O que não se
entende nos outros é muitas vezes o que o indivíduo deixa de lado em si próprio. Ao
nos entendermos melhor, entendemos melhor o que está funcionando ou não em
nossos relacionamentos com os outros, tornando-nos menos vulneráveis às
suas reações. Assim, esta pode ser uma oportunidade para estabelecer uma
melhor comunicação, ou, inversamente, ter forças para nos livrarmos de relações
nocivas. Durante nossa existência, adotamos todos os tipos de hábitos, dos mais
úteis aos mais prejudiciais. Porém, se adquirimos um hábito que não
tínhamos no início, também é possível perdê-lo e adquirir novos. A psicoterapia
é um processo de mudança mas, sem sombra de dúvidas, mudar comportamentos
e atitudes que estão profundamente ancorados em nós exige que dediquemos um
mínimo de tempo a isso. Certamente acontecem “lançamentos” espetaculares
em uma única sessão, mas cuidado: esses não são necessariamente os mais
frequentes ou os mais duradouros, principalmente entre os adultos.
Creio que a essa altura, você
pode estar convencido das vantagens de se fazer psicoterapia, que, afinal, é
uma das melhores maneira de curar distúrbios psicológicos e emocionais. E para
quem não tem patologias mentais, é uma forma muito eficaz de trabalhar os
problemas da vida quotidiana que geram um estado de estresse recorrente.
Tenho que frisar que não há
absolutamente nada de vergonhoso em ir à terapia. Todo mundo passa por momentos
de estresse ou depressão, e, quando esses sentimentos nos dominam, a terapia,
com certeza, ajuda a recuperar o controle. Não há absolutamente nada de
vergonhoso em pedir ajuda - mesmo as pessoas que parecem ser completamente
equilibradas, às vezes, precisam de uma ajudinha. Conversar com um psicólogo
pode proporcionar alívio. Não precisa estar em mau estado, pois a escuta
do psicólogo é feita sem julgamento e visa amenizar o seu sofrimento, fazer
você virar a página de um acontecimento, orientá-lo em uma reflexão profunda,
ajudá-lo a se descobrir, e muito mais!
Como insinuei no início desse
artigo, o tema do apoio psicológico ainda não é unanimidade entre o grande
público, pairando ainda vários preconceitos ou tabus sobre o fato de recorrer a
ajuda psicológica: Vão pensar que estou louco? Sou fraco e preciso de suporte
psicológico? Vou remexer no passado e reviver velhas lembranças à toa? Além
de ser perguntas equivocadas, convém lembrar que nada é mais valioso do que o
seu bem estar e saúde mental. Á guisa de conclusão do artigo, apresento, abaixo,
algumas boas razões para iniciar uma psicoterapia:
Ter passado por um trauma: Seja
na vida pessoal ou profissional, todos nos deparamos com situações que podem
nos chocar. Um trauma nem sempre significa uma situação extrema (morte, assalto,
acidente, etc.), às vezes, é um acontecimento perturbador que pode ter um
impacto particular numa pessoa, mas não necessariamente em seu
próximo. Doença, acidente de trabalho, agressão verbal, certos atos e
gestos podem ser inócuos para uma pessoa, mas para outra revelam lembranças
dolorosas! O apoio psicológico rápido após um choque pode fazer toda a
diferença, a curto, médio e longo prazo. Lembre-se: nem todos somos iguais
diante de um trauma, nem todos desenvolvemos os mesmos mecanismos de
enfrentamento, mas isso não significa que somos fracos!
Sofrer ou pensar que sofre de
um distúrbio: Alcoolismo, ansiedade, bipolaridade, anorexia, depressão,
vício... Você sente sofrimento, mas não consegue definir os termos exatos de
sua situação ou o que fazer para se acalmar e reconstruir você mesmo.
Doenças físicas inexplicáveis: dores
de estômago, dores de cabeça, tonturas, palpitações... Doenças físicas que não
podem ser explicadas por uma infecção temporária e seu médico não viu nada de
anormal em seus resultados; talvez seja a manifestação de um mal-estar psicológico,
e seu corpo pode estar lhe enviando uma mensagem que você precisa de ajuda para
decodificá-la!
Fazer um balanço da sua vida
pessoal ou profissional: Você precisa ser ouvido, mas não tem escutas imparciais
ao seu lado, então, conversar com um psicólogo pode proporcionar um grande alívio. Não
precisa estar péssimo, mas a escuta do psicólogo é sem julgamento e visa
amenizar o sofrimento do cliente; é uma escuta que faz com que se vire a página
de um acontecimento para assim, entrar numa reflexão profunda e se descobrir.
Questionar suas falhas ou os
relacionamentos prejudiciais repetitivos: Suas falhas pessoais se
sucedem? Você costuma cair no mesmo tipo de padrão romântico ou
profissional? Talvez seja hora de fazer um balanço e encontrar um ponto de
partida para essas ações recorrentes que parecem não ter
saída. Encontrar-se sistematicamente em situações de conflito ou repetir
constantemente os mesmos erros como casal são bons motivos para consultar um
profissional.
Sugiro
a leitura de outros dois artigos. Clique no título para acessar o conteúdo:
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar
- Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
- Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista.
- Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
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