Ser empático significa estar no mesmo nível das outras pessoas. Implica, também, em focar
intensamente os sentimentos que o
outro está expressando. Trata-se
de colocar-se no lugar do
outro, reagir às suas emoções com ternura e validar quem ele é e como se sente – você está,
numa determinada situação, com essa pessoa tentando entender o que ela está
lhe dizendo e como ela está se sentindo.
A empatia é uma condição das relações interpessoais
funcionais. Em contextos pessoais, incluindo casamentos, parcerias,
amizades e relacionamentos familiares
(com filhos, netos, primos, tios, etc.) bem como em contextos profissionais (por exemplo: relacionamentos
gerenciais, entre profissionais e clientes, entre médicos, psicólogos e outros
profissionais da Saúde e seus pacientes, entre alunos e professores e colegas, e
nos vários relacionamentos da vida), ser
empático pode promover confiança mútua, levando a uma comunicação aberta e honesta com
as pessoas, facilitando assim a resolução de conflitos interpessoais e mudanças
construtivas. Podemos, inclusive, considerar que a Inteligência Emocional de uma pessoa
(o quociente emocional tem a empatia como componente central) pode, com frequência, ser mais importante do que o quociente de inteligência (QI), mesmo
sabendo que a empatia envolve componentes afetivos / emocionais e cognitivos /
racionais!
Há uma diferença entre simpatia ou empatia. Receber
simpatia pode parecer que alguém sente pena de você ou o coloca numa posição inferior, como se estivesse dizendo: “Coitado,
sinto pena de você!”. Empatia, por sua vez, é ouvir e
compreender autenticamente a outra pessoa - sem tentar resolver um problema,
dizer a ela o que fazer ou contar uma história semelhante sobre
você. Quando se está
realmente sintonizado com o outro e ouvindo-o com empatia, o foco permanece nele,
não em você, que também não precisa
concordar com o que ele está
dizendo - você está lá para ouvi-lo e se preocupar com o
bem-estar dele.
Penso
que ser empático é uma virtude, porém, antes de tudo, é importante
distinguir entre empatia como um estado de espírito e empatia como um traço de caráter ou
disposição. Veja que,
nesse caso, o primeiro está
relacionado ao segundo na medida em que aqueles que tem a empatia como um de
seus traços de caráter tendem a experimentar estados de empatia ao se
relacionarem com as dificuldades dos outros. Como um estado de espírito, a empatia envolve a
ressonância com o que está acontecendo no mundo subjetivo do outro. Vamos
chamar a pessoa com quem você simpatiza
de “alvo de sua empatia”. Agora,
quando você tem empatia por alguém, não só sabe o que o “alvo” está passando
como também sente, embora, como diria o
psicólogo Carl Rogers, sem perder a qualidade do “como se”, ou seja, sem perder a
objetividade como um observador.
A
comunicação é importante para ser uma pessoa empática, então, ouça com
atenção não apenas o
que está sendo dito, mas principalmente os sentimentos que estão sendo
expressos. Durante a
conversa, repita para a pessoa o que você a ouviu dizer, para ter certeza de que a
está entendendo. Você pode dizer algo como: “Ouvi dizer que você está
se sentindo (triste, zangado ou confuso) sobre (seja qual for a situação)”. E
é importante fazer isso porque muitas vezes fazemos suposições erradas sobre os demais com base em nossos próprios
problemas ou experiências, em vez de ouvir profundamente o que a outra pessoa
nos diz. Ainda sobre
comunicação, a pessoa que está falando com você pode informar se você a ouviu
corretamente. Se isso não ocorrer, peça-lhe gentilmente que repita o que
ela quer que você saiba e mostre que deseja entendê-la. Quando você reprisar com precisão o que está
ouvindo, reconheça os sentimentos da pessoa evidenciando que acolhe e
compreende esses sentimentos. Você pode dizer algo como: “Vejo que você
está sofrendo e se sentindo triste, e sei que isso não é bom”. Ou: “Entendo
que esta situação o deixa com raiva e frustrado. Apenas saiba que estou
aqui com você.”. Quando a
pessoa se sentir ouvida, você pode pensar em soluções se ela pedir, mas,
por experiência, digo que a maioria das pessoas não quer que você diga o que
fazer. Elas só querem que você as ouça e entenda. É possível que você se surpreenda se eu
lhe disser que, muitas vezes, a empatia pode ser expressa de maneira muito
simples com apenas algumas palavras como: “Caramba, isso é terrível.” Ou,
“Uau, isso deve doer.” Ou, “Você deve estar se sentindo
realmente traído.”
Um outro macete é concentrar a sua atenção no
bem-estar, interesses e necessidades dos outros, e introduzir os valores humanos compartilhados para isso, o que exige alguma capacidade de assumir a
perspectiva de valor da outra pessoa.
De igual valia é a sugestão de suspender, temporariamente, seus próprios
julgamentos e críticas visto
que pronunciamentos e clichês sobre superação
e
como seguir em
frente não o aproximarão do mundo subjetivo da pessoa que quer ajudar, o seu “alvo”. Você
não sentirá a dor ou angústia dele nem a tensão em seus próprios
músculos. Em vista disso, é melhor dispensar suas próprias análises e
críticas, evitando concentrar-se em como consertar as coisas. Nesse sentido, podemos
dizer que a empatia é “antipragmática”.
Há um outro dispositivo que pode promover com
eficácia a compreensão empática: a
reflexão. Sendo uma forma de expressar
compreensão empática no contexto de um aconselhamento - exempli gratia -,
a reflexão envolve a tentativa de esclarecer o que o outro está dizendo, reflexionando
(e não
repetindo) o que o “alvo” está pensando ou sentindo: “Parece que você está se
sentindo muito desapontado por não ter recebido um aumento”, “Então,
parece que você está pensando que os outros o estão julgando negativamente
quando você comete um erro”. Isso não só facilita o
desenvolvimento da narrativa do “alvo” como também demonstra que ele está sendo
ouvido, além de promover maior clareza
e compreensão da narrativa. Um costumeiro efeito é aumentar o potencial de
“conectar” e “entrar” no mundo subjetivo do outro, em vez de vê-lo de um ponto
de vista externo.
A reflexão visa melhorar a própria compreensão do “alvo”
ao inserir significados e implicações mais profundas embutidas em sua narrativa. Mas isso tem que ser feito com cuidado
para não alterar os significados propostos. Por exemplo, dizer “Parece
que você não gosta do seu pai” para alguém que acabou de dizer “Eu odeio
aquele filho da puta!” não traz nada para a mesa, seja cognitiva ou
emocionalmente. Em contraste, a resposta “Parece que você sente que seu
pai não estava ao seu lado quando você precisou dele” pode abrir novos
caminhos para expandir a narrativa. De fato, mesmo que a reflexão seja
errônea, ela ainda assim pode ajudar a esclarecer as coisas. Entretanto, muitas
reflexões imprecisas podem, de outro modo, destruir as perspectivas de empatia
com a “pessoa-alvo”. Considere
igualmente que se você tem o hábito de falar ou dar sermões aos outros em vez de
ouvi-los, provavelmente não será empático,
a
menos que faça um esforço concentrado para superar esse hábito.
Digamos que você tenha passado por uma confusão e
divórcio e agora está ouvindo um amigo que está vivendo algo semelhante. Se
você começar a ver a narrativa de seu amigo como sendo sua e começar a projetar
nela as suas próprias emoções e angústias, então o mundo subjetivo de seu amigo
se tornará o seu! Perceba que em consequência você não terá mais condições
de se relacionar construtivamente com a situação de seu amigo porque agora é
sua também! Você, então, vai se perder naquele mundo, nele se afogando
ineptamente junto com seu amigo. Por outro lado, se você chegar ao apuro
de seu amigo com um frio "supere isso!" e, assim, não
conseguir conectar-se com ele, você estará, destarte, muito longe do mundo
subjetivo de seu amigo para lhe ser útil. E qual é a distância adequada e
como chegar lá?
A recomendação é de não se envolver muito
pessoalmente e tampouco se relacionar com isso de maneira muito
impessoal. Há de se encontrar, para um bom equilíbrio, a “distância
psicológica”, algo que leve à diminuição máxima da reserva sem que ela
desapareça. Por exemplo, sua filha adulta conta como ela é infeliz no
casamento e como seu marido é egocêntrico e insensível; e conforme ela desenvolve
sua narrativa, você se vê ficando cada vez mais irado e prestes a dizer a ela
para se divorciar do “idiota”. Mas, em vez disso, você muda sua
perspectiva para ressoar com uma apreciação mais profunda dos sentimentos de sua
filha - seu sentimento de desesperança, desamparo, negligência e
desilusão. Dessa forma, você transforma sua indignação, afastando-a de sua
preocupação prática para se concentrar e se conectar com os valores humanos
compartilhados que estão em jogo. Como tal, a experiência permanece
altamente carregada emocionalmente, mas as distrações práticas – a condenação e
o julgamento sobre como resolver o problema são “filtradas”.
Você realmente quer melhorar a sua capacidade de
ser empático? Então pratique!
É
claro que quando emoções fortes são acionadas, nem sempre é fácil praticar com
esses filtros que citei, mas é exatamente por isso que a empatia requer prática
e perseverança a fim de cultivar o hábito certo - É também por isso que a
empatia é uma virtude ou uma excelência do ser humano.
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar
- Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
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