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Daqui em diante, você encontrará muitos outros artigos sobre psicologia. A finalidade da Psicoterapia é entender o que está ocorrendo com o cliente, para ajudá-lo a viver melhor, sem sofrimentos emocionais, afetivos ou mentais. Aqui você encontrará respostas sobre a PSICOTERAPIA - para que serve e por que todos deveriam fazê-la. Enfim, você encontrará nesses artigos,informações sobre A PSICOLOGIA DO COTIDIANO DE NOSSAS VIDAS.

SERÁ QUE VOCÊ ESCOLHE SOFRER? SE VOCÊ FOR UM MASOQUISTA, VEJA O QUE FAZER PARA MELHORAR

Você é excessivamente rígido consigo mesmo? Você, secretamente, quer se vingar das pessoas que o menosprezaram, porém acaba se apegando ao ressentimento em vez de fazer algo a respeito? Ou ainda, você trabalha incansavelmente, até a exaustão? Pois saiba que esses comportamentos são considerados traços masoquistas - sendo que não me refiro ao sadomasoquismo sexual, onde um é dominante e o outro submisso. Nessa perspectiva psicológica que apresento, os comportamentos autodestrutivos que um masoquista suporta são muitas vezes cometidos pelo Eu para o Eu. Em outras palavras, os masoquistas infligem dor e humilhação a si mesmos e, por consequência, sofrem de angústia, ansiedade, e outros sintomas.

Aqueles que têm uma personalidade masoquista acreditam que só eles são os culpados pelos problemas, não apenas os problemas que surgem no ambiente dessa pessoa, mas também com aqueles com os quais ela não tem absolutamente nada a ver!!!

Certamente você também já passou por uma situação em que uma pessoa deixa a outra entender que alguém é culpado por alguma coisa. Nesse momento, as pessoas masoquistas pensam imediatamente em si mesmas, embora não sejam diretamente culpadas. O fato é que quando uma pessoa tem uma personalidade masoquista, ela sempre se sente culpada, cria situações nas quais ela é inevitavelmente a culpada, ou seja, essa pessoa está realmente procurando o sofrimento e acredita que o merece, mesmo quando isso não é verdade.

Com o objetivo de ajudar a compreensão das origens de uma estrutura de personalidade masoquista, gostaria de dizer que ela também é chamada de "personalidade autodestrutiva". As raízes dessa estrutura de personalidade vêm de uma batalha de vontades – a da criança em desenvolvimento versus a vontade de pais excessivamente controladores. Esses pais procuram manter o controle a todo custo. Eles exigem obediência em todos os momentos e não há espaço para a criança expressar suas próprias opiniões e necessidades. A condição para receber o amor é ser uma criança “boazinha”; levados ao extremo, os pais podem abusar, castigar e humilhar a criança, ameaçando abandoná-la ou puni-la se ela, a criança, não seguir essa linha. É claro que crescer assim pode ter um impacto profundo. Os filhos podem guardar suas mágoas, desejando se vingar dos pais, mas sem ter poder suficiente para isso. Qualquer tentativa de vingança é feita, então, de forma furtiva ou passivamente agressiva. O comportamento intrusivo ou crítico dos pais pode se tornar a voz de um Crítico Interno de bullying. Os masoquistas, quando adultos, também podem se tornar incrivelmente complacentes, perdendo o contato com sua criatividade e escolhendo trabalhos que são exigentes, mas enfadonhos.

Você pode estar se perguntando se você, ou alguém próximo a você, tem uma personalidade masoquista. Não é exatamente fácil identificá-las, mas, com certeza, sabemos que os masoquistas carregam um forte sentimento de culpa e que, às vezes, outros se aproveitam disso para culpá-los injustamente por algo. Relacionei, abaixo, algumas características das pessoas masoquistas, isto é, os seus traços típicos, que você pode (espero que não) reconhecer em si mesmo ou nos outros:

  • Você trabalha até a exaustão sendo abusivo consigo mesmo, pois se esforça para ir além de seus limites.
  • Você se sente humilhado por dentro (mesmo sendo igual a todos!!) e nunca toma medidas para mostrar aos outros como você realmente se sente.
  • Você, muitas vezes, se sente atraído por relacionamentos abusivos, nos quais continua a ser humilhado e envergonhado. Suportar essa dor - e não mostrar que dói -  é a maneira masoquista de manter algum sentimento de orgulho de si mesmo.
  • Você se sente mal-amado no mundo: sempre teve que trabalhar um pouco mais para ser aceito pelas pessoas ao seu redor, mas isso nunca é suficiente.
  • Seu Crítico Interno ataca tudo o que você faz, levando-o a extremos para provar seu valor, ou seja, você se sacrifica para se sentir necessário.
  • Você acha impossível dizer “não” ou se afirmar. Em vez disso, tenta agradar, mesmo estando ressentido por dentro.
  • Você reclama de falta de sorte na vida, mas nunca faz nada a respeito, recusando até mesmo tentativas dos outros em ajudá-lo. Nesse sentido, as ações positivas de amigos, colegas e parentes são desconsideradas em vez de aproveitá-las.
  • Quando você está indo bem e está prestes a conseguir um bom resultado, se sabota, isto é, bloqueia-se e age para que o que está fazendo não acabe bem.
  • Você, inconscientemente ou não, busca o próprio sofrimento - o sentimento de dor e o insucesso sempre compõem o papel de vítima. Contudo, ao mesmo tempo, tem medo de que as coisas tenham sempre um final trágico.
  • Você se culpa por tudo e pensa o tempo todo: "a culpa é minha, eu mereço o castigo".
  • Você se sente preso a ciclos intermináveis ​​de autodestruição. Acredita que é impossível desfrutar do prazer sem a culpa ou vergonha que lhe acompanha. Você se sente sem esperança sobre o futuro.

Pessoas com personalidade masoquista sentem medo, insegurança e uma dependência absoluta dia após dia devido ao fato de que precisam de alguém para testemunhar suas dores e vitimizações. Esses que exibem tal personalidade sentem que suas vidas devem ser como a de um mártir - submeter-se e sacrificar-se pelos outros é o que lhes dá esperança para um novo dia, mas essa esperança é sempre destruída. Sua falta de egoísmo, pensamento constante nos outros e insegurança incessante a tornam uma pessoa muito insegura e constantemente buscando sofrimento, dor e culpa para se sentir bem. Cabe aqui, o que disse Frida Kahlo: “Agarrar-se ao próprio sofrimento significa correr o risco de se autodestruir por dentro".

E como ajudar a si mesmo, se você tiver traços de uma personalidade masoquista? Seguem algumas sugestões:

  • Procure um psicoterapeuta: A psicoterapia pode ajudá-lo a entender a história do seu passado a qual pode incluir elementos autodestrutivos. Através da consciência sobre o seu passado, você pode começar a fazer escolhas conscientes no seu presente, adquirindo cada vez mais consciência de seus gatilhos.
  • Cuide da sua ansiedade: Pode ser assustador quando você começa a fazer mudanças em sua vida. Depois de uma vida sem correr riscos, é capaz da ansiedade surgir quando você começa a fazer algo por si próprio. Um psicólogo certamente lhe ajudará com estratégias para conter a sua ansiedade, além de oferecer um espaço seguro onde você não será punido por falar a verdade.
  • Enfrente seu Crítico Interior: O que ele quer? Quando é acionado? De quem é a voz? Compreender o seu Crítico Interior pode ser o primeiro passo para gerenciá-lo e impedir que ele arruíne sua vida.
  • Assuma a responsabilidade pessoal: Você pode assumir o controle de suas emoções, sentimentos e ações sem culpar outras pessoas por eles. Isso inclui entrar em contato com sua raiva sobre o que lhe aconteceu quando criança e encontrar maneiras construtivas de expressá-la. Mais uma vez, seu psicoterapeuta pode ajudá-lo a encontrar um caminho.
  • Chore pelo que viveu: Você pode se sentir triste pelo amor dos pais que não lhe foi o bastante em sua infância. Trabalhar as feridas da infância e permitir que elas se curem é um trabalho incrivelmente doloroso, porém, com o apoio terapêutico, lamentar seu passado pode libertá-lo para viver uma vida de sua própria escolha.

Meu amigo, é necessário ser feliz... Se você finalmente descobriu que sofre por ser uma personalidade masoquista, agora é a hora de se perguntar se está realmente feliz com esse modo de pensar e agir. Claro, é verdade que ajudar os outros e se sacrificar faz você se sentir bem, mas se culpar por tudo? Você realmente deve sofrer para que os outros possam ser felizes?

Creio que você não está feliz assim, está? Em algum momento, você será apenas um monte de tristezas que não desejará mais ser e ninguém mais vai pensar em você. À medida que se apega ao seu sofrimento, os outros se aproveitarão para aumentá-lo. Se você não for o único preocupado com sua própria felicidade e bem-estar, ninguém mais o será, logo, deve cuidar de si mesmo e perceber que nunca será feliz num papel de mártir. Pense em você por um momento. Seja um pouco egoísta, pensando em si mesmo, e verá que se sentirá melhor e até perceberá a realidade que você mesmo criou.

Você não é uma pessoa ruim. Quando sofre, se submete, dá tudo de si, por que se sentir culpado? Liberte-se dessa culpa que está ancorada tão profundamente dentro de você e assuma que você, e mais ninguém, é o único responsável por esse sentimento de culpa e por permitir que isso aconteça.

Todos nós buscamos a felicidade, incluindo você. Sempre haverá momentos em que sentiremos tristeza, mas isso não acontece todos os dias! Como disse, seja um pouco egoísta de vez em quando, não se esqueça de si mesmo e seja uma pessoa autoconfiante. Você não pode se culpar por tudo, pensar que é uma pessoa má se não der tudo o que tem aos outros. Você é valioso e tem que pensar em si mesmo também! Você caminha nesta terra para ser feliz e não para sofrer.

Acesse meus conteúdos nesses locais:

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista.
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana. Atendimento de segunda-feira aos sábados.
  • Atendimentos presenciais e por internet.
  • Marcação de consultas pelo tel. e whatsapp 11.94111-3637

É CARNAVAL! DIVIRTA-SE! PREPARE-SE PARA O FUTURO!

Ó, abre alas, que eu quero passar! Mamãe, eu quero mamar! Você pensa que cachaça é água? Daqui não saio, daqui ninguém me tira! Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu!

Carnaval, dias de irreverência e descontração, em que as pessoas se liberam e adotam posturas e atitudes mais desprendidas e despudoradas, extravasando suas vontades e desejos sem o medo dos julgamentos.

Não é uma festa brasileira e sim, uma festa pagã grega, que servia para comemorar as colheitas. Aos poucos, foram acrescentadas as bebidas, as práticas sexuais, a igreja tentou reprimir, mas a “turma” gostava e se identificava demais com os festejos..., e assim o carnaval ficou até hoje.

A compreensão do fenômeno “carnaval” é ampla, mas vou lhe contar apenas alguns sobre os aspectos sociais e psicológicos.

Há um "negócio" psicológico conhecida por “desindividualização”, entendido como um efeito de massa (portanto, algo coletivo), que é quando a pessoa vai perdendo a autoconsciência e o medo do julgamento alheio. Claro que isso pode ter consequências negativas ou positivas.

Penso que a maioria das pessoas, inclusive você, leitor, já esteve num grupo agindo de um modo diferente do que usualmente agiria se estivesse sozinho. O “lance” é que as pessoas em grupos tendem a perder parte de próprio autoconhecimento e autocontenção – Oba, chegando no carnaval!!!

De certa maneira, as pessoas acabam por fazer coisas quando estão em grupos (ou bandos, diriam os mais críticos) que não fariam sozinhas - porque elas se sentem menos responsáveis ​​por suas ações como um indivíduo. E este processo de “desindividualização” pode ter efeitos poderosos. Por exemplo, numa guerra, os soldados que matam outros seres humanos dizem que não são monstros: apenas estavam em grupo cumprindo ordens e não eram os únicos a fazê-lo. Muitos são envolvidos em atos hediondos de violência por causa da “desindividualização”. Claro que isso é uma consequência negativa do processo, porém, ao "desinvidualizar-se", uma pessoa pode participar de atos festivos mais picantes do que os atos numa festa, digamos, sob controles. Você está imaginando o que pode fazer numa festa como o carnaval? Bem, as pessoas se soltam e acabam, por exemplo, beijando um monte de gente, “plantando bananeiras” ou expondo seus corpos mais do que o habitual, afinal, não se preocupam com o olhar e julgamento dos outros.

É justamente pela “desindividualização” que as pessoas se sentem mais livres (ou menos reprimidas) durante o Carnaval. Cabe a cada um aproveitar os festejos com responsabilidade, entendendo que o limite para a sua felicidade é o seu bem-estar.

Além do mencionado, uma coisa muito importante que ocorre no carnaval é que essa gigantesca reunião com outras pessoas pode ampliar as possibilidades de futuro, ajudar também a enxergar outras escolhas a serem feitas, celebrar a diversidade de caminhos existentes e reforçar a esperança de uma vida diferente daquela que se tem, o que, indiscutivelmente, pode contribuir para o bem-estar emocional. Não significa negar a realidade – pelo contrário. É poder buscar apoio e formas de encarar a existência, a vida, entendendo que, ainda que haja percalços e necessidade de redirecionamentos, a alegria é possível - principalmente, se cada um buscar renovar suas esperanças em um futuro que está sempre por ser construído. Ademais, é compartilhar alegrias – assim como as tristezas. É amparar-se em quem se oferece para estar ao seu lado, para que a esperança se renove e não deixe de existir em cada novo dia.

Divirta-se! É carnaval!!

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 Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro

Psicoterapeuta de adolescentes, adultos, casais e gestantes – Presencial e Online.
Psicólogo clínico de linha humanista existencial e de orientação das Psicologias Analítica (Carl Jung), Relacional e Budista.
Extensão e Certificação em Filosofia & Meditação (PUCRS), Certificação em Racismo e Psicanálise (Achille Mbembe), Pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo (Famart) e Psicologia Clínica (PUCRS).
Associado à ABRAP, SBRA e ABRA (Psicoterapia e Reprodução Assistida).
Colaborador do HSPMAIS – Saúde Suplementar e de Apoio à Pesquisa Clínica (Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina).
Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.

COMO O CASAL PODE REENCONTRAR A UNIÃO?

"Os melhores momentos da vida juntos são quando você está sozinho", disseram por aí, mas essa é uma afirmação que não é necessariamente uma opinião amplamente compartilhada! Depois de passar a fase de convergência dos cônjuges e da união amorosa, às vezes surge um sentimento de solidão. Nesta fase, é comum o abandono das estratégias de sedução e o relacionamento é dado como certo e garantido. Isso acontece com mais frequência algumas décadas depois, quando os filhos saem para “ganhar o mundo” e o pai ou a mãe se sente sozinho, o que caracteriza a Síndrome do Ninho Vazio.

Uma paciente (58 anos) de psicoterapia assim falou: "De minha parte, foi quando o meu marido foi nomeado diretor do departamento de TI de sua empresa que comecei a me sentir sozinha". Ela continua: “Meus dias eram mais longos e, mesmo em casa, parecia que eu estava em outro lugar”. Observe que narrativa, está implícita que a vida do casal passou e ter menos trocas e pouca cumplicidade. Creio que seja interessante comentar sobre o que desencadeia este sentimento de isolamento. Ele está ligado ao sentimento do casal de as partes não mais estão unidos em seu mundo interior, nas suas emoções, e também por não se unirem um ao outro pois os interesses e as sensibilidades estão diferentes: sendo duas direções, cada um segue seu próprio caminho sem que se cruzem.

Esse novo sentimento dá indícios sobre a situação do casal e faz um alerta de que há algum distanciamento entre os esposos. Portanto, sob a ótica psicoterapêutica, é importante que conversem sobre isso para que melhorem a comunicação. É certo que frente a ausência de diálogo (o que propicia estar com a impressão de estar só), uma reconexão representa o primeiro passo para uma mudança positiva. Podemos, então, descobrir que o outro compartilha dos mesmos sentimentos. Veja o que narra a paciente acima mencionada: "Quando contei ao meu marido sobre meu sentimento de solidão e de vazio, ele respondeu que também sentia a mesma coisa porque tinha a impressão de que eu não queria ouvi-lo falar sobre sua nova experiência profissional e que ele havia parado de falar comigo sobre isso quando era apaixonado por isso. Reconheço que ele não estava errado. Eu já achava seu trabalho muito intrusivo e não queria que ele ocupasse nossas conversas noturnas ou de fim de semana”.

Aqui devemos realçar a importância da partilha. O casal tem que falar das suas emoções, dos seus sentimentos, sair de atividades puramente paralelas para, assim, encontrar interesses comuns, ver amigos juntos, etc. Dependendo das preferências de ambos, podem ler os mesmos livros, ver exposições juntos, passear ou viajar também juntos. Quer dizer, o casal sempre tem que buscar alternativas juntos e encontrar um terreno comum e o desejo de compartilhar.

Mas por outra perspectiva, o relacionamento com o cônjuge tem seus limites. Algumas pessoas exigem muito dele e os motivos, muitas vezes, vêm de muito longe. Se lhe faltou carinho na infância, por exemplo, você pode ser amparado pelo seu companheiro, mas ele não vai conseguir resolver tudo ou preencher tudo. Há, outrossim, uma solidão inerente à nossa condição humana - todos se deparam com esse sentimento existencial. É essencial ser consciente de que um não pode viver a experiência do outro, isto é, não podemos fazer tudo pelo outro, nem ele por nós: precisamos encontrar espaços para estarmos juntos, mas não podem ser todos os espaços, afinal, não é possível encontrar a fusão amorosa original, aquela que vivenciamos com nossos pais. Então? Prontos para um novo começo?

Uma sugestão é considerar o que o casal construiu estando juntos, relembrar a segurança e o carinho que foi dada um ao outro, as alegrias compartilhadas e as dificuldades que passaram, os valores comuns, etc. Considerem igualmente o afeto, a cumplicidade, a confiança, a intimidade, as conversas, o fato de terem sido um para o outro o “porto seguro”..., enfim, há tantos elementos aos quais, muitas vezes, não prestam atenção simplesmente porque ele os constitui. Redescobrir os sentimentos e a paixão inicial não significa que a relação deva ser congelada. Se o projeto de criar os filhos já não existe e ajudar a cuidar dos netos nem sempre é suficiente, é importante ter novos objetivos e desejos comuns a curto e médio prazo, como organizar viagens, associar-se a novos lugares e grupos e assim por diante. Para alguns, essa projeção para o futuro passa por uma casa, adquirindo-a ou reformando-a, afinal de contas, trata-se do ninho onde passarão os “velhos tempos” juntos.

Mas esse “olhar para trás” e falar sobre a própria história do casal talvez seja uma excelente maneira de continuar caminhando lado a lado por muito tempo. Essa rememoração pode levar a saborear o que está acontecendo e motivar a melhorar o resto. Tanto você, leitor(a) como eu sabemos que à volta de uma boa mesa ou num fim-de-semana a dois, olhar pelo retrovisor e recordar o que se construiu e conquistou juntos (exemplo: família, viagens, amizades) é algo maravilhoso e benéfico para “curtir” o presente.

Você pode conhecer o meu trabalho pelos conteúdos divulgados nesses locais:

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Psicologia Clínica (graduando) e Autismo.
  • Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
  • Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
  • Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.

PESSOAS ALTAMENTE SENSÍVEIS E "GASLIGHTING"

Existem pessoas que possuem um alto grau de sensibilidade e que reagem de forma mais intensa às situações do que os demais, demonstrando muito mais empatia; são pessoas delicadas e hipersensíveis, que demonstram ter um grau de compromisso extremamente alto com todas as coisas que realizam. São as Pessoas Altamente Sensíveis – “PAS” e sobre elas, escrevi um artigo que pode ser acessado clicando AQUINo artigo que trago hoje, quero alertar que, se você for uma “PAS” (Pessoal Altamente Sensível), pode facilmente ser vítima de um dos abusos que, infelizmente, tem se tornado muito frequente.

Penso que é um dom ser altamente sensível, mas isso também vem com desvantagens, como a de ser particularmente suscetível a um tipo de abuso psicológico que tem sido muito comum nos dias atuais, que é o gaslighting - uma manipulação que faz com que a vítima duvide de si mesma, de seu julgamento e de sua sensibilidade, e tudo isso com um agravante: por padrão, as pessoas que estão sujeitas a esse abuso tem grandes dificuldades de se defender e revidar.

Sem dúvidas, existem muitas razões pelas quais uma Pessoa Altamente Sensível (“PAS”) se mostra mais suscetível ao gaslighting, sendo uma das razões mais comuns o fato de tenderem a não confiar em suas próprias intuições, o que favorece que uma situação injusta ou abusiva continue por muito tempo. E dado que as Pessoas Altamente Sensíveis se inclinam a ver e sentir as coisas de maneira diferente das outras, elas sentem uma pressão dos demais ao longo de suas vidas, pressão essa para que pensem, as “PAS”, que estão reagindo de forma exagerada ou se comportando de maneira questionável. As pessoas “PAS”, de certa forma, são condicionadas a desconfiar de si mesmas e do que pensam e sentem; por exemplo, mesmo quando sentem ou percebem que algo está errado ou que estão num relacionamento desequilibrado, podem não se verem como capazes de falar por si mesmas. Elas simplesmente dizem a si mesmas que estão imaginando coisas e tentam justificar os comportamentos do agressor.

Uma outra coisa com a qual as Pessoas Altamente Sensíveis devem estar atentas é que por serem propensas a pensar demais em situações interpessoais e a levar as coisas para o lado pessoal, acabam se tornando mais propensas a cair na manipulação de um gaslighter. Menciono, por exemplo, que indivíduos narcisistas e dominadores facilmente são atraídos pelas sensibilidades das “PAS’s”, o que contribui para a suscetibilidade de sofrer um gaslighting.

Para as Pessoas Altamente Sensíveis, o gaslighting pode ser especialmente prejudicial porque as faz duvidar de sua própria sanidade e realidade, corroendo sua autoestima e afetando sua capacidade de prosperar. Saiba que são várias as maneiras que os gaslighters usam para manipular umaPAS”; e aqui destaco algumas – as mais comuns:

  • O manipulador costuma negar os fatos flagrantemente verdadeiros;
  • além disso, os manipuladores afirmam que a vítima está inventando ou distorcendo o que ocorreu, convencendo-a de que a experiência é irreal.
  • O gaslighter geralmente ignora ou minimiza os pensamentos, sentimentos ou experiências do outro;
  • ou simplesmente o faz sentir-se como um bobo e finge que não entende o que a vítima está dizendo, inclusive criticando a sua linguagem ou expressão facial.
  • É comum, também, o agressor fornecer informações falsas ou reter informações;
  • e espalhar boatos sobre a pessoa que sofreu o abuso.
  • O manipulador, muitas vezes, muda de assunto para desviar a atenção da verdade e/ou atribui seus comportamentos agressivos à vítima.

Há outras formas menos comuns de gasligthing, mas creio que essas são as mais comuns.

No atendimento psicoterapêutico de Pessoas Altamente Sensíveis, um dos pontos que mais enfatizo (para a recuperação do gaslighting), é o “aprender a acreditar em si mesmo”.

Como “PAS”, sua intuição é normalmente precisa porque é uma pessoa que capta uma ampla variedade de sinais ao seu redor o tempo todo. Mas como citei, visto que suas intuições nem sempre se alinham com o que aparece na superfície, a “PAS” tem a tendência de duvidar delas e rejeitar seus palpites. Infelizmente, isso frequentemente resulta em más escolhas ou até mesmo em perigo.

Constantemente a “PAS” sente que está agindo de forma irracional por causa do modo como as outras pessoas respondem ao que diz ou sente. Recuperar-se do gaslighting, portanto, exige o desenvolvimento da autoconfiança e fé no que o corpo e sentimentos estão tentando dizer. Veja algumas dicas sobre como acreditar em seus próprios instintos:

  • Prestar atenção em como se sente em seu “interior físico”.
  • Desenvolver a capacidade de prestar atenção às mensagens que vêm do corpo bem como das emoções, e não apenas do intelecto.
  • Nunca ignorar algo só porque parece improvável ou ilógico.
  • Mesmo que algumas das sensações sejam desagradáveis, elas ainda estão tentando se comunicar com a pessoa.
  • Emoções são a linguagem da alma, logo a “PAS” deve reconhece-los e aprender a respeitá-los.
  • Reservar um tempo todos os dias para relaxar. Sugiro, por exemplo, que se organize os espaços físicos e digitais pois isso possibilitará que a pessoa ouça a si mesmo, em vez do que é externo.

A Pessoa Altamente Sensível pode aumentar sua autoconfiança aprendendo a administrar suas emoções. Quando se sentir "desligada", estará ciente de que algo está errado e mais tenderá a acreditar e olhar para os sinais externos, em vez de ignorá-lo como sendo "uma de suas mudanças de humor". Assim, se tornará menos suscetível à manipulação no futuro. Colocar as próprias emoções em palavras, mantendo uma espécie de diário ou discutir propositalmente as emoções com alguém são práticas interessantes. Dar um nome aos sentimentos ajuda a se sentir mais no controle. Ademais, é recomendável que se aprenda a aceitar os próprios sentimentos mais plenamente ao invés de rejeitá-los. A resiliência emocional aumentará quanto mais a pessoa puder lidar com os sentimentos, em vez de lutar contra eles.

Assertividade é a capacidade de expressar os pensamentos e sentimentos de maneira respeitosa consigo e com as outras pessoas. Existem inúmeras estratégias para aumentar a assertividade e uma delas é dizer “não” de maneira serena e segura. Outra estratégia é expressar suas demandas e desejos com clareza, mesmo que apenas para si mesmo.

Gaslighting é um abuso emocional que pode prejudicar seriamente a saúde mental. Essa experiência pode levá-lo a sentir que é culpado por tudo o que ocorre, mas não coloque a culpa em si mesmo... A autocompaixão é uma habilidade que pode ser adquirida e que exige trabalho para ser dominada. Veja, abaixo, as ações que podem ajudar no desenvolvimento da autocompaixão:

  • Mantenha um diário para registrar suas ideias e emoções. Isso pode ajudá-lo a reconhecer quaisquer padrões no abuso e qualquer autocondenação ou pensamentos negativos que possa estar tendo. Em seguida, faça um esforço para enfrentá-los de maneira indulgente.
  • Visualize-se falando como seu melhor amigo. Você seria solidário com eles ou os condenaria por serem maltratados?
  • Desenvolva relacionamentos com pessoas que estimulem seu caminho em direção à autocompaixão e evite aqueles que o prejudicam.

As “PAS", pessoas sensíveis e intensas, são frequentemente mal compreendidas. Elas são percebidas como sendo muito emocionais ou que estão sendo difíceis por escolha. As pessoas que exibem essas características freqüentemente sentem que devem se desculpar por quem são. Elas poderiam acreditar que, para se adequar às expectativas da sociedade, deveriam mudar, todavia, não só isso é falso como também não é possível dobrar suas qualidades inatas.

Pessoas intensas e sensíveis têm muito a dar ao mundo. A neurodiversidade vem na forma de grande sensibilidade. Você está conectado de maneira diferente, o que pode ocasionalmente tornar a vida difícil, mas não é uma doença e não deve ser denegrido ou ignorado. Ser diferente e acreditar que suas peculiaridades o tornam excepcional são coisas perfeitamente aceitáveis. Há muitos benefícios em ser altamente sensível - você pode ser mais imaginativo e compreensivo do que outras pessoas e pode ser mais capaz de compreender o sofrimento dos outros, então, use seu talento o máximo que puder. Por exemplo, você pode usar sua sensibilidade para criar algo que agregue valor para você e para os outros.

Concluindo, o gaslighting é uma tática psicológica prejudicial. Isso pode fazer você se sentir irracional, indigno e que está constantemente cometendo erros, porém, existem maneiras de se curar desse trauma; primeiro, o que aconteceu com você não foi sua culpa, isto é, você foi vítima do abuso de outra pessoa; em segundo lugar, aceite o que já aconteceu: isso não significa permitir que o abuso continue ou aprovar o abuso. O que aconteceu já aconteceu e não é saudável negá-lo; você pode querer dar a si mesmo tempo e espaço para lamentar tudo o mais que o relacionamento de gaslighting tirou de você. O terceiro e mais importante passo é descobrir como apreciar todos os aspectos positivos de ter um alto nível de sensibilidade; mesmo que você tenha uma perspectiva diferente do mundo, a sua experiência é válida.

Você pode prosperar ao criar um ambiente de apoio para si mesmo. Reserve um tempo para o autocuidado e conheça seus sentimentos. Será também muito bom desenvolver sua criatividade, identificar sua vocação especial na vida e usar a sua profunda sensibilidade e empatia para mudar o mundo.

Se você puder realizar tudo o que foi mencionado acima, desenvolverá uma defesa sólida contra qualquer tipo de “não-validação” e o gaslighting de qualquer pessoa. A longo prazo, você pode se proteger e permanecer firme em seu caminho de cura e para a prosperidade.

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Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana. Atendimento de segunda-feira aos sábados.
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REDES SOCIAIS PODEM PREJUDICAR A SAÚDE MENTAL

A pessoa verifica o Facebook enquanto está na fila do supermercado. Quando o carro pára num semáforo, ela checa o Twitter. Chega no restaurante e imediatamente acessa o Instagram. Enquanto trabalha em seu computador, alertas de mídias sociais aparecem no canto da tela. Você conhece alguém assim?

Claro que sim! A rede social é uma presença constante nas vidas de bilhões de pessoas em todo o mundo. Só o Facebook, por exemplo, possui mais de 1,8 bilhão de usuários. É praticamente inevitável a ocorrencia de fatos diversos e aquisição de novos hábitos. Veja esses exemplos: o indivíduo ao acordar, ainda sem sair da cama, checa suas redes sociais: Instagram, WhatsApp, Facebook, Youtube, Twitter, Tik Tok; ao longo do dia, essa verificação será repetida inúmeras vezes automaticamente; uma nova necessidade se instala que é a de se expor em fotos, stories e outras ferramentas digitais; também começa a se sentir irritado, preocupado, ansioso ou inquieto se acontece de perder o acesso aos seus aplicativos, o que configura uma síndrome de abstinência; vive se comparando com o que vê “acontecer” com outras pessoas também expostas na internet, no que se refere ao que veste, aonde vai, prá onde viaja, que lugares frequenta, etc., com grande risco de se sentir inferiorizado... Quer dizer, a pessoa praticamente busca a felicidade em sua timeline e não na vida real. Vale um alerta: agir dessa maneira implica que a pessoa tem uma presença excessiva nas redes sociais, o que pode trazer depressão, ansiedade e vários outros problemas psicológicos. O problema é que à medida que essa tendência se expande, uma pergunta vem ganhando força: Como a mídia social afeta os usuários em sua saúde mental?

Psicólogos e psiquiatras já perceberam que há uma importante conexão entre rede social, depressão e outros transtornos. Sim, vários estudos apontam muito mais para os sintomas de depressão em usuários das redes sociais e bem menos para os efeitos positivos na saúde mental - como um exemplo do que acontece!

Sabe-se que os pacientes que usam redes sociais e que estão ou estiveram deprimidos eram mais propensos quando passavam o tempo se comparando com os outros nas redes sociais. Essa prática de comparar-se os leva à “ruminação”, isto é, a pensar continuamente sobre interações sociais negativas. A depressão (e outros transtornos mentais), na maioria dos casos, se instala quando:

  • A pessoa sente inveja porque deu muita atenção – e despertou desejos com as coisas que viu - às postagens de outras pessoas nas redes sociais.
  • Há diminuição importante das relações sociais presenciais.
  • Ex’s namorados(as) ou maridos(esposas) são aceitos como amigos em diversas redes sociais e o assinante do aplicativo não é.
  • Surgem sentimentos autodepreciativos.
  • Há uma irresistível necessidade de autoexposição.
  • É negativamente mencionado nas mídias sociais, especialmente quando as atualizações são frequentes.
  • Em consequencia de alguma informação, há ansiedade e perda de interesse com a vida.
  • É obcecado por sua identidade virtual.
  • O mundo “online” determina as ações na vida real.

É importante dizer que não é nenhuma surpresa que as pessoas tenham maior probabilidade de desenvolver depressão ao se compararem com outras pessoas nas redes sociais do que quando fazem comparações na vida real. Isso ocorre porque é mais fácil apresentar uma versão mais glamourizada e irreal de sua vida numa foto bem “produzida” ou em frases de um pequeno texto. Pense numa pessoa que publica uma foto de uma refeição difícil de preparar e uma mesa lindamente posta. Que vê essa postagem não vê que fora do quadro está uma pilha de pratos e panelas sujas e alguns ingredientes desperdiçados.

Mas sejamos justos: os estudos destacam evidências, apesar de não serem muitas, de que as plataformas de mídia social podem ajudar algumas pessoas a melhorar a saúde mental, aprimorando suas redes de apoio social e também por fazerem parte de grupos de ajuda e aconselhamento como AAA, NA, Al-Anom. DASA, MADA, e vários outros.

É importante usar as redes sociais de maneira positiva. Num mundo saturado pela tecnologia de comunicação, comparar sua “vida offline” com o que acha que pode ver sobre a “vida online” e perfeita de outras pessoas é problemático, Preocupar-se excessivamente com sua aparência online tornou-se cada vez mais normal, então, é bom avaliar se o excesso não está prejudicando de alguma maneira.

Visto isso, ajudar as pessoas a reconhecer essa tendência e redirecionar o tempo gasto navegando em redes sociais para melhorar o próprio bem-estar é uma habilidade crítica para psicólogos e outros profissionais da Saúde Mental bem como para pais e educadores. Se o adulto tem dificuldade de lidar com isso - um ambiente em que vê apenas pessoas felizes e bem-sucedidas - os mais jovens, por sua vez, tendem a pensar que a vida dessas pessoas é a vida perfeita, e podem acabar por transformar tudo o que vêem na internet em parâmetros para a própria vida - mas esse embate entre a expectativa e a frustração leva ao prejuízo da saúde mental. Cuidemos principalmente das crianças e adolescente!

O ponto principal é que os riscos e benefícios do uso da mídia social dependem de como a pessoa interage online. Usar o Instagram e/ou o Facebook para manter contato com ex-colegas ou colegas de escola espalhados pelo mundo pode agregar valor à sua vida, mas comparar-se constantemente com os outros ou ir a extremos para melhorar sua imagem na internet provavelmente afetará sua saúde mental.

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Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro

Psicoterapeuta de adolescentes, adultos, casais e gestantes – Presencial e Online.

Psicólogo clínico de linha humanista existencial e de orientação das Psicologias Analítica (Carl Jung), Relacional e Budista.
Extensão e Certificação em Filosofia & Meditação (PUCRS), Certificação em Racismo e Psicanálise (Achille Mbembe), Pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo (Famart) e Psicologia Clínica (PUCRS).
Associado à ABRAP, SBRA e ABRA (Psicoterapia e Reprodução Assistida).
Colaborador do HSPMAIS – Saúde Suplementar e de Apoio à Pesquisa Clínica (Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina).
Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.

VOCÊ QUER MELHORAR A SUA CAPACIDADE DE SER EMPÁTICO?

Veja essas frases: “Você nunca tem paciência apenas para sentar e ouvir!. Tudo o que você quer fazer é tentar consertar as coisas!.
Você simplesmente não entende o quanto doeu quando você disse isso!.
Você simplesmente não entende!"...

Julgamentos como os citados acima e inúmeros outros, ​​no contexto das relações interpessoais, muitas vezes apontam para um problema popular: a falta de empatia pelo outro! E num mundo onde poucos estão conectados “de verdade” aos outros, dar e receber empatia é mais importante do que nunca, afinal, a maioria das pessoas normais e saudáveis anseiam por ser realmente ouvidas e compreendidas. Felizmente, demonstrar empatia é uma habilidade que pode ser aprendida e praticada, considerando principalmente que quando somos empáticos com alguém, a outra pessoa fica com a certeza de que seus sentimentos são importantes e que recebe preciosos “presentes”: a conexão e a validação.

Ser empático significa estar no mesmo nível das outras pessoas. Implica, também, em focar intensamente os sentimentos que o outro está expressando. Trata-se de colocar-se no lugar do outro, reagir às suas emoções com ternura e validar quem ele é e como se sente – você está, numa determinada situação, com essa pessoa tentando entender o que ela está lhe dizendo e como ela está se sentindo.

A empatia é uma condição das relações interpessoais funcionais. Em contextos pessoais, incluindo casamentos, parcerias, amizades e relacionamentos familiares (com filhos, netos, primos, tios, etc.) bem como em contextos profissionais (por exemplo: relacionamentos gerenciais, entre profissionais e clientes, entre médicos, psicólogos e outros profissionais da Saúde e seus pacientes, entre alunos e professores e colegas, e nos vários relacionamentos da vida), ser empático pode promover confiança mútua, levando a uma comunicação aberta e honesta com as pessoas, facilitando assim a resolução de conflitos interpessoais e mudanças construtivas. Podemos, inclusive, considerar que a Inteligência Emocional de uma pessoa (o quociente emocional tem a empatia como componente central) pode, com frequência, ser mais importante do que o quociente de inteligência (QI), mesmo sabendo que a empatia envolve componentes afetivos / emocionais e cognitivos / racionais!

Há uma diferença entre simpatia ou empatia. Receber simpatia pode parecer que alguém sente pena de você ou o coloca numa posição inferior, como se estivesse dizendo: “Coitado, sinto pena de você!”. Empatia, por sua vez, é ouvir e compreender autenticamente a outra pessoa - sem tentar resolver um problema, dizer a ela o que fazer ou contar uma história semelhante sobre você. Quando se está realmente sintonizado com o outro e ouvindo-o com empatia, o foco permanece nele, não em você, que também não precisa concordar com o que ele está dizendo - você está lá para ouvi-lo e se preocupar com o bem-estar dele.

Penso que ser empático é uma virtude, porém, antes de tudo, é importante distinguir entre empatia como um estado de espírito e empatia como um traço de caráter ou disposição. Veja que, nesse caso, o primeiro está relacionado ao segundo na medida em que aqueles que tem a empatia como um de seus traços de caráter tendem a experimentar estados de empatia ao se relacionarem com as dificuldades dos outros. Como um estado de espírito, a empatia envolve a ressonância com o que está acontecendo no mundo subjetivo do outro. Vamos chamar a pessoa com quem você simpatiza de “alvo de sua empatia”. Agora, quando você tem empatia por alguém, não só sabe o que o “alvo” está passando como também sente, embora, como diria o psicólogo Carl Rogers, sem perder a qualidade do “como se”, ou seja, sem perder a objetividade como um observador. 

O filósofo Aristóteles sustentava que a virtude é alcançada através da prática. Assim como as pessoas aprendem a ser verdadeiras, corajosas e justas dizendo a verdade, fazendo coisas corajosas e tratando os outros com justiça, da mesma forma, ser empático requer prática. Para se tornar empático (ou seja, cultivar a virtude da empatia), é preciso praticar. Logo, a questão é: como você pode alcançar a virtude da empatia? Menciono, a seguir, algumas sugestões extraídas da jornada de minha vida pessoal e profissional como psicólogo clínico.

A comunicação é importante para ser uma pessoa empática, então, ouça com atenção não apenas o que está sendo dito, mas principalmente os sentimentos que estão sendo expressos. Durante a conversa, repita para a pessoa o que você a ouviu dizer, para ter certeza de que a está entendendo. Você pode dizer algo como: “Ouvi dizer que você está se sentindo (triste, zangado ou confuso) sobre (seja qual for a situação)”. E é importante fazer isso porque muitas vezes fazemos suposições erradas sobre os demais com base em nossos próprios problemas ou experiências, em vez de ouvir profundamente o que a outra pessoa nos diz. Ainda sobre comunicação, a pessoa que está falando com você pode informar se você a ouviu corretamente. Se isso não ocorrer, peça-lhe gentilmente que repita o que ela quer que você saiba e mostre que deseja entendê-la. Quando você reprisar com precisão o que está ouvindo, reconheça os sentimentos da pessoa evidenciando que acolhe e compreende esses sentimentos. Você pode dizer algo como: “Vejo que você está sofrendo e se sentindo triste, e sei que isso não é bom”. Ou: “Entendo que esta situação o deixa com raiva e frustrado. Apenas saiba que estou aqui com você.”. Quando a pessoa se sentir ouvida, você pode pensar em soluções se ela pedir, mas, por experiência, digo que a maioria das pessoas não quer que você diga o que fazer. Elas só querem que você as ouça e entenda. É possível que você se surpreenda se eu lhe disser que, muitas vezes, a empatia pode ser expressa de maneira muito simples com apenas algumas palavras como: “Caramba, isso é terrível.” Ou, “Uau, isso deve doer.” Ou, “Você deve estar se sentindo realmente traído.”

Um outro macete é concentrar a sua atenção no bem-estar, interesses e necessidades dos outros, e introduzir os valores humanos compartilhados para isso, o que exige alguma capacidade de assumir a perspectiva de valor da outra pessoa. De igual valia é a sugestão de suspender, temporariamente, seus próprios julgamentos e críticas visto que pronunciamentos e clichês sobre superação e como seguir em frente não o aproximarão do mundo subjetivo da pessoa que quer ajudar, o seu “alvo”. Você não sentirá a dor ou angústia dele nem a tensão em seus próprios músculos. Em vista disso, é melhor dispensar suas próprias análises e críticas, evitando concentrar-se em como consertar as coisas. Nesse sentido, podemos dizer que a empatia é “antipragmática”. 

Há um outro dispositivo que pode promover com eficácia a compreensão empática: a reflexão. Sendo uma forma de expressar compreensão empática no contexto de um aconselhamento - exempli gratia -, a reflexão envolve a tentativa de esclarecer o que o outro está dizendo, reflexionando (e não repetindo) o que o “alvo” está pensando ou sentindo: “Parece que você está se sentindo muito desapontado por não ter recebido um aumento”, “Então, parece que você está pensando que os outros o estão julgando negativamente quando você comete um erro”. Isso não só facilita o desenvolvimento da narrativa do “alvo” como também demonstra que ele está sendo ouvido, além de promover maior clareza e compreensão da narrativa. Um costumeiro efeito é aumentar o potencial de “conectar” e “entrar” no mundo subjetivo do outro, em vez de vê-lo de um ponto de vista externo.

A reflexão visa melhorar a própria compreensão do “alvo” ao inserir significados e implicações mais profundas embutidas em sua narrativa. Mas isso tem que ser feito com cuidado para não alterar os significados propostos. Por exemplo, dizer “Parece que você não gosta do seu pai” para alguém que acabou de dizer “Eu odeio aquele filho da puta!” não traz nada para a mesa, seja cognitiva ou emocionalmente. Em contraste, a resposta “Parece que você sente que seu pai não estava ao seu lado quando você precisou dele” pode abrir novos caminhos para expandir a narrativa. De fato, mesmo que a reflexão seja errônea, ela ainda assim pode ajudar a esclarecer as coisas. Entretanto, muitas reflexões imprecisas podem, de outro modo, destruir as perspectivas de empatia com a “pessoa-alvo”. Considere igualmente que se você tem o hábito de falar ou dar sermões aos outros em vez de ouvi-los, provavelmente não será empático, a menos que faça um esforço concentrado para superar esse hábito.

Uma maneira de não ouvir com atenção (e perder algum “potencial de empatia”) é gastar seu tempo falando sobre si mesmo. Na verdade, os outros provavelmente não se abrirão nem compartilharão seus mundos subjetivos pessoais se forem poucas as oportunidades de discussão / debate e, ademais, se pensarem que você está mais interessado em si mesmo do que neles. No entanto, a autorrevelação (falar sobre si mesmo) pode ser uma forma útil e poderosa de se conectar com valores compartilhados quando é relevante e não excessiva. Com efeito, a autorrevelação que aproxima seu próprio mundo subjetivo do mundo do “alvo” pode, por certo, embelezar e aumentar a empatia: “Lembro-me de quando meu pai me disse que eu nunca chegaria a nada; eu sei o quanto isso me fez sentir mal!”. Aqui, a autorrevelação de suas próprias experiências pode ajudar a iluminar a angústia de um amigo ou um paciente por ter sido rejeitado pelo pai.

Digamos que você tenha passado por uma confusão e divórcio e agora está ouvindo um amigo que está vivendo algo semelhante. Se você começar a ver a narrativa de seu amigo como sendo sua e começar a projetar nela as suas próprias emoções e angústias, então o mundo subjetivo de seu amigo se tornará o seu! Perceba que em consequência você não terá mais condições de se relacionar construtivamente com a situação de seu amigo porque agora é sua também! Você, então, vai se perder naquele mundo, nele se afogando ineptamente junto com seu amigo. Por outro lado, se você chegar ao apuro de seu amigo com um frio "supere isso!" e, assim, não conseguir conectar-se com ele, você estará, destarte, muito longe do mundo subjetivo de seu amigo para lhe ser útil. E qual é a distância adequada e como chegar lá?

A recomendação é de não se envolver muito pessoalmente e tampouco se relacionar com isso de maneira muito impessoal. Há de se encontrar, para um bom equilíbrio, a “distância psicológica”, algo que leve à diminuição máxima da reserva sem que ela desapareça. Por exemplo, sua filha adulta conta como ela é infeliz no casamento e como seu marido é egocêntrico e insensível; e conforme ela desenvolve sua narrativa, você se vê ficando cada vez mais irado e prestes a dizer a ela para se divorciar do “idiota”. Mas, em vez disso, você muda sua perspectiva para ressoar com uma apreciação mais profunda dos sentimentos de sua filha - seu sentimento de desesperança, desamparo, negligência e desilusão. Dessa forma, você transforma sua indignação, afastando-a de sua preocupação prática para se concentrar e se conectar com os valores humanos compartilhados que estão em jogo. Como tal, a experiência permanece altamente carregada emocionalmente, mas as distrações práticas – a condenação e o julgamento sobre como resolver o problema são “filtradas”.

Você realmente quer melhorar a sua capacidade de ser empático? Então pratique! É claro que quando emoções fortes são acionadas, nem sempre é fácil praticar com esses filtros que citei, mas é exatamente por isso que a empatia requer prática e perseverança a fim de cultivar o hábito certo - É também por isso que a empatia é uma virtude ou uma excelência do ser humano.

Embora oferecer empatia possa parecer fácil e direto, há, como disse no início desse artigo, uma surpreendente falta dela na cultura atual. Aprender a se tornar mais empático ajudará a aprofundar suas conexões com seus filhos, parceiros, familiares, amigos, clientes e outros. É uma condição verdadeiramente inestimável. Então, eu recomendo que você pratique as sugestões acima quando um amigo, membro da família, colega, cliente ou outro relacionamento seu quiser – apenas - alguém com quem conversar. Uma vez que não é difícil encontrar tais contextos na corrente principal da vida, posso afirmar que é bastante fácil encontrar ocasiões para praticar a empatia. Isso não o tornará perfeito porque ninguém é perfeito, mas pode, de fato, ajudar a torná-lo mais empático, e isso pode, por sua vez, ser de valor inestimável para melhorar a qualidade de seus relacionamentos interpessoais bem como a vida de muitas pessoas de seu círculo de relacionamentos.

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Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana. Atendimento de segunda-feira aos sábados.
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