Os anos dedicados à psicologia
com atividades em consultório e em empresas (contribuições em Seleção e em
T&D), foram intensos o bastante para que eu sinta uma confortável segurança
para afirmar que uma das melhores inspirações ao trabalhar a favor do
crescimento profissional das pessoas é a Fenomenologia. Por que digo isso?
Simplesmente por acreditar que desenvolvimento é sinônimo de expansão de
consciência, e essa, por sua vez, nos conduz à percepção imediata e de modo
claro do que se passa dentro de nós e fora da gente. Ressalto, entretanto, que o aspecto mais
relevante é estabelecer sempre com clareza que a concepção de expansão da
consciência visa alcançar a intuição das essências, ou seja, o conteúdo
inteligível e ideal dos fenômenos, apreendido de forma instantânea. Essa
realidade implica que uma abordagem eficaz numa palestra, por exemplo, é aquela
que exige a concentração da consciência em diversas direções e deve,
necessariamente, "atuar" na percepção, na imaginação, na especulação,
na volição, na paixão, entre outros, de modo que a intencionalidade de cada
indivíduo se manifeste e que o compromisso das pessoas consigo mesmas e com os
outros (colegas, amigos, parentes, etc.) seja evidenciado.
Existem determinados
tópicos que despertam maior interesse, como os relacionados à
"Liderança" e à "Melhoria das Relações Interpessoais e
Profissionais". Quando uma organização me contrata para, por meio de uma
palestra, estimular a implementação de mudanças na empresa e nos seus
colaboradores, uma das observações que faço é que toda consciência é sempre
"consciência de alguma coisa"; assim, a transformação somente será
viável se houver a promoção da ampliação da consciência dos colaboradores na
direção requerida. A consciência não é uma substância, mas sim uma atividade
formada por ações que almejam um objetivo. Portanto, reitero que a simples
percepção ou ampliação da consciência, em si, é suficiente para que os
indivíduos realizem, em seus próprios tempos, as mudanças necessárias,
almejadas e relevantes ao contexto e às peculiaridades da organização à qual
pertencem.
Existem, igualmente, opções que visam promover o desenvolvimento pessoal, uma vez que há uma quantidade considerável de livros a respeito e numerosos gestores optam por recomendar as mudanças sem que ele mesmo se engaje no esforço correspondente. Esses livros apresentam um monte de sugestões de como mudar, mas quando se tenta mudar seguindo essas sugestões, as pessoas se manipulam e se torturam, ficando divididas entre uma parte que quer mudar e outra que resiste. Mesmo que se consiga mudar dessa forma, o preço é o conflito, confusão e incerteza. Quanto mais se tenta mudar, pior se torna a situação. Por esta razão, a nossa abordagem recomenda que é mais útil se tornar mais consciente de si próprio como você é agora - antes de tentar se modificar, impedir ou evitar algo que não gosta de si mesmo; é mais efetivo tentar conservar isto, e se tornar mais consciente do que existe, ou seja, aumentar a percepção do que realmente é presente.
É impossível
aprimorar sua própria maneira de agir; pode somente interferir, distorcendo-a
ou disfarçando-a. Só quando se encontra realmente em contato com a própria
experimentação, se descobre que a mudança ocorre, sem esforço ou planejamento. Com
consciência total, é possível deixar acontecer o que tiver de acontecer,
nutrindo a confiança de que o resultado será positivo. É possível desenvolver a
capacidade de se desapegar, viver e fluir o que com ocorre e aquilo que se experimenta,
sem frustrar-se com as exigências de ser diferente. Toda a energia mobilizada
na batalha entre tentar mudar e resistir à mudança pode ser usada na
participação ativa ou passiva do que acontece na vida da pessoa. Isto o ajudará
a descobrir sua própria realidade, sua própria existência, sua própria
humanidade e se sentir bem com ela, independentemente do modo que os outros
acham que deveria ser.
Enfim, gostaria de
dizer que se muitos de nós entrarmos em contato com a nossa própria realidade
humana através da expansão de consciência, é possível que possamos construir
uma sociedade que reflita quem realmente somos, em vez de atender a um ideal
sobre o que deveríamos ser.
Schopenhauer disse: “Não toma os limites de seu próprio campo de visão como sendo os limites do mundo”.
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Um abraço,
Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro