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Daqui em diante, você encontrará muitos outros artigos sobre psicologia. A finalidade da Psicoterapia é entender o que está ocorrendo com o cliente, para ajudá-lo a viver melhor, sem sofrimentos emocionais, afetivos ou mentais. Aqui você encontrará respostas sobre a PSICOTERAPIA - para que serve e por que todos deveriam fazê-la. Enfim, você encontrará nesses artigos,informações sobre A PSICOLOGIA DO COTIDIANO DE NOSSAS VIDAS.

CONTROLE AS SUAS EMOÇÕES – ISSO É REALMENTE POSSÍVEL?

Certa vez, perguntei à minha neta, uma criança, se ela acreditava que as emoções, em geral, são controláveis. Ela me respondeu, com alguma relutância, com um sim, antes de confessar que prá ela, era a coisa mais difícil de fazer no mundo. E se houvesse um truque? insisti! – algo que facilitasse o controle das emoções? Ela poderia considerar, disse, mas que eu não deveria esperar que ela usasse o truque com muita frequência.

Deixando de lado os desafios de entender as emoções pré-adolescentes, penso que aprendi algo importante a respeito de suas crenças sobre as emoções:

  • que não só é possível estar no comando delas, mas que as emoções, em geral, não são ruins;
  • que há utilidade, às vezes até prazer, em “navegar” nas ondas emocionais em constante mudança - até mesmo nas emoções irritantes, como a frustração, e as ardentes, como a raiva.

Um novo fato é que, embora inúmeros estudos em psicologia tenham explorado a influência das emoções no bem-estar, pesquisas recentes sugerem que as crenças que mantemos sobre nossas emoções podem ter implicações importantes em nossa saúde psicológica.

Considere a crença sobre o controle das emoções. Você acredita que as emoções são controláveis ​​(moldadas e ajustadas de acordo com a nossa vontade) ou que são incontroláveis ​​(acontecem “sem serem convidadas” e por “conta própria”)? Por mais inócuas que possam parecer, pagamos um alto preço por essas crenças: elas não apenas podem se tornar fatores de risco para a depressão, mas também podem orientar os esquemas que usamos para gerenciar nossas emoções em nossa vida cotidiana.

Os sinais indicam que todos nós somos algo como estudiosos das emoções, decidindo por nós mesmos o que acreditamos sobre elas. Qual teoria da emoção devemos então tentar aderir para obter melhores resultados psicológicos?

A resposta parece clara: como regra, é benéfico acreditar que as emoções são experiências boas e úteis, e não experiências necessariamente prejudiciais e danosas; também é benéfico acreditar que as emoções são controláveis. Mas, certamente, não sendo muito rígidos visto que se pensarmos que as emoções são totalmente controláveis ​​o tempo todo, como isso deve ser estressante nos momentos em que não conseguirmos controlar nossas emoções. Fato é que não há como negar que seja surpreedente que o caminho para o bem-estar tenha muito mais nuances do que as pessoas possam pensar. Por exemplo, há contextos em que a raiva é a opção mais saudável assim como há ocasiões em que querer se sentir feliz pode sair pela culatra” – enfim, realmente, muito depende do contexto em que estamos sentindo a emoção.

Devemos também ponderar sobre a importância de nossas crenças sobre nossas emoções. O que você acredita sobre o mundo molda o jeito como você percebe e interage com esse mesmo mundo, então, o que você acredita sobre as emoções deve moldar a forma como você aborda e gerencia suas emoções. Por exemplo, se você crê que as emoções são ruins, o que vai acontecer quando você estiver chateado? Ou se você acha que as emoções são incontroláveis, o que vai acontecer quando você precisar administrá-las?

Nossas crenças exercem uma influência penetrante sobre nós, mesmo que não pensemos nelas em nosso dia-a-dia. Elas orientam o que queremos sentir e as estratégias que usamos para regular nossas emoções. Essas crenças, às vezes, vêm de fora com as pessoas nos dizendo como devemos nos sentir, tal qual nossos pais ao dizerem "Não chore" ou "Seja feliz". Quando observamos os outros, podemos vê-los lutando com suas emoções ou julgando-as. Em contrapartida, as crenças também podem vir de nossas próprias experiências. Se eu tivesse dificuldade em administrar minhas próprias emoções, poderia concluir que as emoções são relativamente incontroláveis. Ou, se muitas vezes tenho emoções angustiantes, posso desenvolver uma crença geral de que as emoções são particularmente ruins. No fim das contas, as nossas crenças sobre nossas emoções sempre afetam nosso bem-estar psicológico.

É claro que para que essas crenças abstratas - moldem a saúde e o bem-estar das pessoas, algum processo precisa acontecer. Um dos caminhos mais plausíveis é através regulação emocional (ou seja, os procedimentos que usamos para mudar emoções que temos e quando as temos). Exemplificando, se tenho inclinações a pensar que as emoções são um tanto incontroláveis, é menos provável que tente regulá-las em minha vida diária. Outro processo é a meta-emoção: sentir emoções sobre nossas emoções. Veja bem, se eu acho que as emoções são ruins ou prejudiciais, quando me sentir ansioso pode ser que me sinta mal por estar ansioso, o que me fará sentir pior ainda.

Afinal, quanto de nossas emoções estão realmente sob nosso controle?

Depende do que se defina com "emoção" e o que se quer dizer com "controle" (e o que você quer dizer "realmente"!). As emoções são experiências multi- facetadas e algumas dessas facetas podem ser mais fáceis de controlar do que outras. Por exemplo, mascarar a demonstração externa de emoção pode ser mais fácil em alguns contextos do que mudar como você se sente ou sua fisiologia. Pode depender da intensidade da emoção, onde emoções mais intensas são mais difíceis de controlar do que emoções menos intensas. Ironicamente, pode ser útil não tentar controlar nossas emoções. Se apenas aceitarmos nossas experiências emocionais e as deixarmos seguir seu curso natural, elas podem terminar mais rapidamente. É por isso que a aceitação emocional pode ser uma estratégia particularmente poderosa de regulação emocional - pode ajudá-lo a se sentir melhor, em parte porque você não perpetua suas emoções negativas. O objetivo não deve ser livrar-se ou sufocar todas as emoções, mas tentar tê-las no grau certo e no contexto certo e se recuperar mais rapidamente depois.

E as nossas crenças, podemos mudá-la? O que posso dizer é que as evidências de intervenções psicoterapêuticas mostram que é possível. Cito o caso em que a psicoterapia pode ajudar pessoas com transtorno ansiedade social a reduzir seus sintomas, ajudando-as a perceber e acreditar que sua ansiedade é mais controlável.

Um dos objetivos dos profissionais de saúde mental é ajudar seus clientes a mudar suas crenças desadaptativas. É importante ressaltar que mudar as crenças é apenas um primeiro passo – é crucial também dar às pessoas as ferramentas de que precisam para regular suas emoções. Todavia, convencer alguém de que pode controlar suas emoções é capaz de não ter um efeito muito benéfico se a pessoa também não tiver as ferramentas necessárias para realmente controlar suas emoções. Uma intervenção psicoterapêutica útil deve envolver a mudança de crenças e a aquisição de habilidades para usar formas eficazes de regulação emocional.

Um outro ponto é a forma como a cultura influencia nossas crenças. Bem, em parte, essas crenças vêm de nossa cultura, lembrando que certas emoções são mais valorizadas em algumas culturas do que em outras. Se vivemos em uma cultura que acredita que uma determinada emoção é valiosa, devemos ser mais propensos a valorizá-la - e mais propensos a tentar senti-la.

As crenças que mantemos mudam a forma como administramos nossas experiências do dia-a-dia. Se pudermos mudar modestamente nossas crenças, poderemos mudar a maneira como abordamos as experiências emocionais diárias que se acumulam e se tornam nossa sensação geral de bem-estar. Exempli gratia, se minha tendência é acreditar que as emoções negativas são ruins, sempre que ficar estressado no trabalho ou ter um conflito com minha esposa, sentirei possivelmente mais angústia. Se eu puder mudar para uma crença mais magnânima sobre as emoções - tentando ver minhas emoções com curiosidade em vez de julgamento - essas experiências do dia-a-dia poderão se tornar menos angustiantes. Com o tempo, mesmo pequenas mudanças podem se acumular e acabar movendo montanhas.

Uma dica” para ajudá-los a administrar suas emoções é a seguinte:

Quando você estiver tendo uma experiência intensa, tente sentar-se com a emoção e observe-a. Reconheça-a e não tente se livrar dela imediatamente ou julgá-la como bom ou ruim. Faça algumas respirações profundas. Sinta-a. Talvez consiga descrevê-la – arrisque entender de onde vem (“Acho que estou chateado ou fora de controle”). Tente descentrar evitando o entendimento de “Estou com tanta raiva!” para “Aqui está um momento de raiva”. Se você conseguir diminuir a intensidade de sua emoção, será mais viável repensar a situação e obter uma nova perspectiva. Contanto que você não esteja ruminando ou pensando sobre isso, a emoção acabará por desaparecer por conta própria. São coisas que tento fazer sozinho mas, claro, não nego, é sempre um desafio.

natural.

                                                                      \

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro

Psicoterapeuta de adolescentes, adultos, casais e gestantes – Presencial e Online.
Psicólogo clínico orientador parental
Psicólogo clínico de linha humanista existencial e de orientação das Psicologias Analítica (Carl Jung), Relacional e Budista.
Extensão e Certificação em Filosofia & Meditação (PUCRS), Certificação em Racismo e Psicanálise (Achille Mbembe), Pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo (Famart) e Psicologia Clínica (PUCRS).
Associado à ABRAP, SBRA e ABRA (Psicoterapia e Reprodução Assistida).
Colaborador do HSPMAIS – Saúde Suplementar e de Apoio à Pesquisa Clínica (Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina).
Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.

CONTROLE (OU REGULAÇÃO) EMOCIONAL

A vida exige de nós o mínimo de equilíbrio. Ao mesmo tempo, as emoções sinalizam ameaças e recompensas. Quer dizer, como uma bússola que nos guia na direção certa, as emoções têm o poder de nos guiar para as ações certas, logo, o controle emocional é uma das maiores conquistas que podemos alcançar. Mas atenção: tem que haver equilíbrio, sendo necessário estar com a cabeça tranquilaA inteligência emocional é uma habilidade cognitiva que nos permite conhecer e controlar as nossas emoções e é através dela que conseguimos regular as nossas emoções e construir relacionamentos mais saudáveis. Mas o que é Autocontrole (ou Regulação) Emocional?

Ter controle emocional é  a capacidade que o ser humano possui para compreender seus sentimentos e emoções e, dessa forma, agir de modo mais calculado e razoável, sem se deixar levar por impulsos, pensamentos “soltos” ou influências negativas. A inteligência emocional que nos dá condições de controlar melhor as emoções, ser hábil ao regular as próprias emoções em momentos intensos, sejam eles positivos ou negativos, adquirindo condições de se expressar de maneira adequada nas várias situações da vida.

Quando define-se o autocontrole ou regulação emocional, considera-se o processo pelo qual as pessoas influenciam as emoções que têm, quando as têm e como experimentam e expressam seus sentimentos. Isso pode ser automático ou controlado, consciente ou inconsciente, e pode ter efeitos em um ou mais pontos no processo de produção de emoções

Além disso, a definição de regulação emocional abrange sentimentos positivos e negativos, além de como se pode fortalecê-los, usá-los e controlá-los. Esse autocontrole envolve três componentes:

  • Iniciando ações desencadeadas por emoções.
  • Inibindo ações desencadeadas por emoções.
  • Respostas moduladoras desencadeadas por emoções.

Idealmente, o terceiro componente é a melhor maneira de aproveitar ao máximo os processos regulatórios.

Todos os dias, qualquer um de nós, enfrenta centenas de estímulos que provocam emoções, e a maioria deles requer alguma ação ou resposta de nossa parte. É natural que a mente seja fisgada em alguma contemplação negativa ou ignore as emoções inconscientemente depois de ser bombardeada com tantos estímulos todos os dias. A regulação emocional atua como modificadora, e isso nos ajuda a filtrar as informações mais importantes e nos motiva a prestar atenção a elas de uma forma que não evoque estresse ou medo.

Estudos sobre regulação emocional indicam que existe uma correlação positiva significativa entre regulação emocional e controle da depressão. Pessoas com níveis mais baixos de ansiedade apresentam maior controle emocional e inteligência socioemocional. Os estudos indicam que as emoções são respostas adaptativas que têm uma base profundamente enraizada na biologia evolutiva. A maneira como as sentimos e interpretamos afeta como pensamos, como decidimos e como coordenamos nossas ações no dia a dia. Por exemplo, uma pessoa que tem estratégias ruins de autocontrole ou regulação emocional tem maior probabilidade de ser vítima de variações de humor pois suas ações e padrões de comportamento estariam sempre à mercê de suas emoções. Diferentemente, uma pessoa com bom autocontrole terá um melhor equilíbrio e julgamento de seus sentimentos e ações. A regulação emocional nos permite julgar cuidadosamente quais resultados afetivos adotar e quais evitar. Quando confrontamos um estímulo provocador, a reação natural do cérebro é ativar a amígdala, um local do cérebro que regula as respostas de luta ou fuga. Os processos de regulação emocional nos permitem ganhar tempo antes de agirmos nos gatilhos de luta ou fuga.

Note que com a regulação emocional, podemos permitir que o surto inicial de emoções acalme-se e afaste-se da situação antes de reagir a ela. Em outras palavras, o aumento do intervalo de tempo entre o estímulo e a resposta restaura as faculdades mentais que envolvem o pensamento racional e o raciocínio. Como resultado, podemos nos salvar de colapsos emocionais repentinos ou esgotamento. A autorregulação é, então, uma pausa entre sentimentos e reações – ela nos encoraja a desacelerar um pouco e agir depois de avaliar objetivamente uma situação. Por exemplo, um aluno que grita com os outros e bate nos amigos por motivos mesquinhos certamente tem menos controle emocional do que uma criança que, antes de bater ou gritar, conta ao professor sobre seus problemas.

Outro grande aspecto da regulação emocional é o engajamento de valor. Quando reagimos impulsivamente sem prestar muita atenção ao que está acontecendo dentro de nós, muitas vezes podemos nos desviar de nossos valores fundamentais e agir de maneira oposta a eles. Com o autocontrole adequado, ganhamos o poder de manter a calma sob pressão, o que nos impede de agir contra nossos valores e ética fundamentais.

Creio que você já percebeu a importância da autorregulação emocional para o sucesso e felicidade na vida, e é por essa razão que publicarei alguns artigos sobre esse assunto. Esse que você está lendo pode ser considerando uma introdução.

Acredito que todos nós temos a capacidade de construir um repertório emocional robusto e evitar que nossa energia mental seja investida em negatividade. Podemos nos fortalecer olhando para dentro e praticando a autoconsciência ou podemos buscar ajuda externa, envolvendo-nos em uma comunicação positiva com os outros. Não há problema em consultar um psicoterapeuta quando nosso enfrentamento interno falha, talvez até seja esse, para alguns, a melhor solução; o foco principal é criar um escudo emocional positivo que possa canalizar nossas emoções para compor o melhor de nós.natural.

                                                                      \

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro

Psicoterapeuta de adolescentes, adultos, casais e gestantes – Presencial e Online.
Psicólogo clínico orientador parental
Psicólogo clínico de linha humanista existencial e de orientação das Psicologias Analítica (Carl Jung), Relacional e Budista.
Extensão e Certificação em Filosofia & Meditação (PUCRS), Certificação em Racismo e Psicanálise (Achille Mbembe), Pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo (Famart) e Psicologia Clínica (PUCRS).
Associado à ABRAP, SBRA e ABRA (Psicoterapia e Reprodução Assistida).
Colaborador do HSPMAIS – Saúde Suplementar e de Apoio à Pesquisa Clínica (Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina).
Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.

SERÁ QUE VOCÊ ESCOLHE SOFRER? SE VOCÊ FOR UM MASOQUISTA, VEJA O QUE FAZER PARA MELHORAR

Você é excessivamente rígido consigo mesmo? Você, secretamente, quer se vingar das pessoas que o menosprezaram, porém acaba se apegando ao ressentimento em vez de fazer algo a respeito? Ou ainda, você trabalha incansavelmente, até a exaustão? Pois saiba que esses comportamentos são considerados traços masoquistas - sendo que não me refiro ao sadomasoquismo sexual, onde um é dominante e o outro submisso. Nessa perspectiva psicológica que apresento, os comportamentos autodestrutivos que um masoquista suporta são muitas vezes cometidos pelo Eu para o Eu. Em outras palavras, os masoquistas infligem dor e humilhação a si mesmos e, por consequência, sofrem de angústia, ansiedade, e outros sintomas.

Aqueles que têm uma personalidade masoquista acreditam que só eles são os culpados pelos problemas, não apenas os problemas que surgem no ambiente dessa pessoa, mas também com aqueles com os quais ela não tem absolutamente nada a ver!!!

Certamente você também já passou por uma situação em que uma pessoa deixa a outra entender que alguém é culpado por alguma coisa. Nesse momento, as pessoas masoquistas pensam imediatamente em si mesmas, embora não sejam diretamente culpadas. O fato é que quando uma pessoa tem uma personalidade masoquista, ela sempre se sente culpada, cria situações nas quais ela é inevitavelmente a culpada, ou seja, essa pessoa está realmente procurando o sofrimento e acredita que o merece, mesmo quando isso não é verdade.

Com o objetivo de ajudar a compreensão das origens de uma estrutura de personalidade masoquista, gostaria de dizer que ela também é chamada de "personalidade autodestrutiva". As raízes dessa estrutura de personalidade vêm de uma batalha de vontades – a da criança em desenvolvimento versus a vontade de pais excessivamente controladores. Esses pais procuram manter o controle a todo custo. Eles exigem obediência em todos os momentos e não há espaço para a criança expressar suas próprias opiniões e necessidades. A condição para receber o amor é ser uma criança “boazinha”; levados ao extremo, os pais podem abusar, castigar e humilhar a criança, ameaçando abandoná-la ou puni-la se ela, a criança, não seguir essa linha. É claro que crescer assim pode ter um impacto profundo. Os filhos podem guardar suas mágoas, desejando se vingar dos pais, mas sem ter poder suficiente para isso. Qualquer tentativa de vingança é feita, então, de forma furtiva ou passivamente agressiva. O comportamento intrusivo ou crítico dos pais pode se tornar a voz de um Crítico Interno de bullying. Os masoquistas, quando adultos, também podem se tornar incrivelmente complacentes, perdendo o contato com sua criatividade e escolhendo trabalhos que são exigentes, mas enfadonhos.

Você pode estar se perguntando se você, ou alguém próximo a você, tem uma personalidade masoquista. Não é exatamente fácil identificá-las, mas, com certeza, sabemos que os masoquistas carregam um forte sentimento de culpa e que, às vezes, outros se aproveitam disso para culpá-los injustamente por algo. Relacionei, abaixo, algumas características das pessoas masoquistas, isto é, os seus traços típicos, que você pode (espero que não) reconhecer em si mesmo ou nos outros:

  • Você trabalha até a exaustão sendo abusivo consigo mesmo, pois se esforça para ir além de seus limites.
  • Você se sente humilhado por dentro (mesmo sendo igual a todos!!) e nunca toma medidas para mostrar aos outros como você realmente se sente.
  • Você, muitas vezes, se sente atraído por relacionamentos abusivos, nos quais continua a ser humilhado e envergonhado. Suportar essa dor - e não mostrar que dói -  é a maneira masoquista de manter algum sentimento de orgulho de si mesmo.
  • Você se sente mal-amado no mundo: sempre teve que trabalhar um pouco mais para ser aceito pelas pessoas ao seu redor, mas isso nunca é suficiente.
  • Seu Crítico Interno ataca tudo o que você faz, levando-o a extremos para provar seu valor, ou seja, você se sacrifica para se sentir necessário.
  • Você acha impossível dizer “não” ou se afirmar. Em vez disso, tenta agradar, mesmo estando ressentido por dentro.
  • Você reclama de falta de sorte na vida, mas nunca faz nada a respeito, recusando até mesmo tentativas dos outros em ajudá-lo. Nesse sentido, as ações positivas de amigos, colegas e parentes são desconsideradas em vez de aproveitá-las.
  • Quando você está indo bem e está prestes a conseguir um bom resultado, se sabota, isto é, bloqueia-se e age para que o que está fazendo não acabe bem.
  • Você, inconscientemente ou não, busca o próprio sofrimento - o sentimento de dor e o insucesso sempre compõem o papel de vítima. Contudo, ao mesmo tempo, tem medo de que as coisas tenham sempre um final trágico.
  • Você se culpa por tudo e pensa o tempo todo: "a culpa é minha, eu mereço o castigo".
  • Você se sente preso a ciclos intermináveis ​​de autodestruição. Acredita que é impossível desfrutar do prazer sem a culpa ou vergonha que lhe acompanha. Você se sente sem esperança sobre o futuro.

Pessoas com personalidade masoquista sentem medo, insegurança e uma dependência absoluta dia após dia devido ao fato de que precisam de alguém para testemunhar suas dores e vitimizações. Esses que exibem tal personalidade sentem que suas vidas devem ser como a de um mártir - submeter-se e sacrificar-se pelos outros é o que lhes dá esperança para um novo dia, mas essa esperança é sempre destruída. Sua falta de egoísmo, pensamento constante nos outros e insegurança incessante a tornam uma pessoa muito insegura e constantemente buscando sofrimento, dor e culpa para se sentir bem. Cabe aqui, o que disse Frida Kahlo: “Agarrar-se ao próprio sofrimento significa correr o risco de se autodestruir por dentro".

E como ajudar a si mesmo, se você tiver traços de uma personalidade masoquista? Seguem algumas sugestões:

  • Procure um psicoterapeuta: A psicoterapia pode ajudá-lo a entender a história do seu passado a qual pode incluir elementos autodestrutivos. Através da consciência sobre o seu passado, você pode começar a fazer escolhas conscientes no seu presente, adquirindo cada vez mais consciência de seus gatilhos.
  • Cuide da sua ansiedade: Pode ser assustador quando você começa a fazer mudanças em sua vida. Depois de uma vida sem correr riscos, é capaz da ansiedade surgir quando você começa a fazer algo por si próprio. Um psicólogo certamente lhe ajudará com estratégias para conter a sua ansiedade, além de oferecer um espaço seguro onde você não será punido por falar a verdade.
  • Enfrente seu Crítico Interior: O que ele quer? Quando é acionado? De quem é a voz? Compreender o seu Crítico Interior pode ser o primeiro passo para gerenciá-lo e impedir que ele arruíne sua vida.
  • Assuma a responsabilidade pessoal: Você pode assumir o controle de suas emoções, sentimentos e ações sem culpar outras pessoas por eles. Isso inclui entrar em contato com sua raiva sobre o que lhe aconteceu quando criança e encontrar maneiras construtivas de expressá-la. Mais uma vez, seu psicoterapeuta pode ajudá-lo a encontrar um caminho.
  • Chore pelo que viveu: Você pode se sentir triste pelo amor dos pais que não lhe foi o bastante em sua infância. Trabalhar as feridas da infância e permitir que elas se curem é um trabalho incrivelmente doloroso, porém, com o apoio terapêutico, lamentar seu passado pode libertá-lo para viver uma vida de sua própria escolha.

Meu amigo, é necessário ser feliz... Se você finalmente descobriu que sofre por ser uma personalidade masoquista, agora é a hora de se perguntar se está realmente feliz com esse modo de pensar e agir. Claro, é verdade que ajudar os outros e se sacrificar faz você se sentir bem, mas se culpar por tudo? Você realmente deve sofrer para que os outros possam ser felizes?

Creio que você não está feliz assim, está? Em algum momento, você será apenas um monte de tristezas que não desejará mais ser e ninguém mais vai pensar em você. À medida que se apega ao seu sofrimento, os outros se aproveitarão para aumentá-lo. Se você não for o único preocupado com sua própria felicidade e bem-estar, ninguém mais o será, logo, deve cuidar de si mesmo e perceber que nunca será feliz num papel de mártir. Pense em você por um momento. Seja um pouco egoísta, pensando em si mesmo, e verá que se sentirá melhor e até perceberá a realidade que você mesmo criou.

Você não é uma pessoa ruim. Quando sofre, se submete, dá tudo de si, por que se sentir culpado? Liberte-se dessa culpa que está ancorada tão profundamente dentro de você e assuma que você, e mais ninguém, é o único responsável por esse sentimento de culpa e por permitir que isso aconteça.

Todos nós buscamos a felicidade, incluindo você. Sempre haverá momentos em que sentiremos tristeza, mas isso não acontece todos os dias! Como disse, seja um pouco egoísta de vez em quando, não se esqueça de si mesmo e seja uma pessoa autoconfiante. Você não pode se culpar por tudo, pensar que é uma pessoa má se não der tudo o que tem aos outros. Você é valioso e tem que pensar em si mesmo também! Você caminha nesta terra para ser feliz e não para sofrer.

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Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista.
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana. Atendimento de segunda-feira aos sábados.
  • Atendimentos presenciais e por internet.
  • Marcação de consultas pelo tel. e whatsapp 11.94111-3637

É CARNAVAL! DIVIRTA-SE! PREPARE-SE PARA O FUTURO!

Ó, abre alas, que eu quero passar! Mamãe, eu quero mamar! Você pensa que cachaça é água? Daqui não saio, daqui ninguém me tira! Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu!

Carnaval, dias de irreverência e descontração, em que as pessoas se liberam e adotam posturas e atitudes mais desprendidas e despudoradas, extravasando suas vontades e desejos sem o medo dos julgamentos.

Não é uma festa brasileira e sim, uma festa pagã grega, que servia para comemorar as colheitas. Aos poucos, foram acrescentadas as bebidas, as práticas sexuais, a igreja tentou reprimir, mas a “turma” gostava e se identificava demais com os festejos..., e assim o carnaval ficou até hoje.

A compreensão do fenômeno “carnaval” é ampla, mas vou lhe contar apenas alguns sobre os aspectos sociais e psicológicos.

Há um "negócio" psicológico conhecida por “desindividualização”, entendido como um efeito de massa (portanto, algo coletivo), que é quando a pessoa vai perdendo a autoconsciência e o medo do julgamento alheio. Claro que isso pode ter consequências negativas ou positivas.

Penso que a maioria das pessoas, inclusive você, leitor, já esteve num grupo agindo de um modo diferente do que usualmente agiria se estivesse sozinho. O “lance” é que as pessoas em grupos tendem a perder parte de próprio autoconhecimento e autocontenção – Oba, chegando no carnaval!!!

De certa maneira, as pessoas acabam por fazer coisas quando estão em grupos (ou bandos, diriam os mais críticos) que não fariam sozinhas - porque elas se sentem menos responsáveis ​​por suas ações como um indivíduo. E este processo de “desindividualização” pode ter efeitos poderosos. Por exemplo, numa guerra, os soldados que matam outros seres humanos dizem que não são monstros: apenas estavam em grupo cumprindo ordens e não eram os únicos a fazê-lo. Muitos são envolvidos em atos hediondos de violência por causa da “desindividualização”. Claro que isso é uma consequência negativa do processo, porém, ao "desinvidualizar-se", uma pessoa pode participar de atos festivos mais picantes do que os atos numa festa, digamos, sob controles. Você está imaginando o que pode fazer numa festa como o carnaval? Bem, as pessoas se soltam e acabam, por exemplo, beijando um monte de gente, “plantando bananeiras” ou expondo seus corpos mais do que o habitual, afinal, não se preocupam com o olhar e julgamento dos outros.

É justamente pela “desindividualização” que as pessoas se sentem mais livres (ou menos reprimidas) durante o Carnaval. Cabe a cada um aproveitar os festejos com responsabilidade, entendendo que o limite para a sua felicidade é o seu bem-estar.

Além do mencionado, uma coisa muito importante que ocorre no carnaval é que essa gigantesca reunião com outras pessoas pode ampliar as possibilidades de futuro, ajudar também a enxergar outras escolhas a serem feitas, celebrar a diversidade de caminhos existentes e reforçar a esperança de uma vida diferente daquela que se tem, o que, indiscutivelmente, pode contribuir para o bem-estar emocional. Não significa negar a realidade – pelo contrário. É poder buscar apoio e formas de encarar a existência, a vida, entendendo que, ainda que haja percalços e necessidade de redirecionamentos, a alegria é possível - principalmente, se cada um buscar renovar suas esperanças em um futuro que está sempre por ser construído. Ademais, é compartilhar alegrias – assim como as tristezas. É amparar-se em quem se oferece para estar ao seu lado, para que a esperança se renove e não deixe de existir em cada novo dia.

Divirta-se! É carnaval!!

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 Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar T. Ribeiro

Psicoterapeuta de adolescentes, adultos, casais e gestantes – Presencial e Online.
Psicólogo clínico de linha humanista existencial e de orientação das Psicologias Analítica (Carl Jung), Relacional e Budista.
Extensão e Certificação em Filosofia & Meditação (PUCRS), Certificação em Racismo e Psicanálise (Achille Mbembe), Pós-graduações em Sexualidade Humana, Autismo (Famart) e Psicologia Clínica (PUCRS).
Associado à ABRAP, SBRA e ABRA (Psicoterapia e Reprodução Assistida).
Colaborador do HSPMAIS – Saúde Suplementar e de Apoio à Pesquisa Clínica (Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina).
Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.

COMO O CASAL PODE REENCONTRAR A UNIÃO?

"Os melhores momentos da vida juntos são quando você está sozinho", disseram por aí, mas essa é uma afirmação que não é necessariamente uma opinião amplamente compartilhada! Depois de passar a fase de convergência dos cônjuges e da união amorosa, às vezes surge um sentimento de solidão. Nesta fase, é comum o abandono das estratégias de sedução e o relacionamento é dado como certo e garantido. Isso acontece com mais frequência algumas décadas depois, quando os filhos saem para “ganhar o mundo” e o pai ou a mãe se sente sozinho, o que caracteriza a Síndrome do Ninho Vazio.

Uma paciente (58 anos) de psicoterapia assim falou: "De minha parte, foi quando o meu marido foi nomeado diretor do departamento de TI de sua empresa que comecei a me sentir sozinha". Ela continua: “Meus dias eram mais longos e, mesmo em casa, parecia que eu estava em outro lugar”. Observe que narrativa, está implícita que a vida do casal passou e ter menos trocas e pouca cumplicidade. Creio que seja interessante comentar sobre o que desencadeia este sentimento de isolamento. Ele está ligado ao sentimento do casal de as partes não mais estão unidos em seu mundo interior, nas suas emoções, e também por não se unirem um ao outro pois os interesses e as sensibilidades estão diferentes: sendo duas direções, cada um segue seu próprio caminho sem que se cruzem.

Esse novo sentimento dá indícios sobre a situação do casal e faz um alerta de que há algum distanciamento entre os esposos. Portanto, sob a ótica psicoterapêutica, é importante que conversem sobre isso para que melhorem a comunicação. É certo que frente a ausência de diálogo (o que propicia estar com a impressão de estar só), uma reconexão representa o primeiro passo para uma mudança positiva. Podemos, então, descobrir que o outro compartilha dos mesmos sentimentos. Veja o que narra a paciente acima mencionada: "Quando contei ao meu marido sobre meu sentimento de solidão e de vazio, ele respondeu que também sentia a mesma coisa porque tinha a impressão de que eu não queria ouvi-lo falar sobre sua nova experiência profissional e que ele havia parado de falar comigo sobre isso quando era apaixonado por isso. Reconheço que ele não estava errado. Eu já achava seu trabalho muito intrusivo e não queria que ele ocupasse nossas conversas noturnas ou de fim de semana”.

Aqui devemos realçar a importância da partilha. O casal tem que falar das suas emoções, dos seus sentimentos, sair de atividades puramente paralelas para, assim, encontrar interesses comuns, ver amigos juntos, etc. Dependendo das preferências de ambos, podem ler os mesmos livros, ver exposições juntos, passear ou viajar também juntos. Quer dizer, o casal sempre tem que buscar alternativas juntos e encontrar um terreno comum e o desejo de compartilhar.

Mas por outra perspectiva, o relacionamento com o cônjuge tem seus limites. Algumas pessoas exigem muito dele e os motivos, muitas vezes, vêm de muito longe. Se lhe faltou carinho na infância, por exemplo, você pode ser amparado pelo seu companheiro, mas ele não vai conseguir resolver tudo ou preencher tudo. Há, outrossim, uma solidão inerente à nossa condição humana - todos se deparam com esse sentimento existencial. É essencial ser consciente de que um não pode viver a experiência do outro, isto é, não podemos fazer tudo pelo outro, nem ele por nós: precisamos encontrar espaços para estarmos juntos, mas não podem ser todos os espaços, afinal, não é possível encontrar a fusão amorosa original, aquela que vivenciamos com nossos pais. Então? Prontos para um novo começo?

Uma sugestão é considerar o que o casal construiu estando juntos, relembrar a segurança e o carinho que foi dada um ao outro, as alegrias compartilhadas e as dificuldades que passaram, os valores comuns, etc. Considerem igualmente o afeto, a cumplicidade, a confiança, a intimidade, as conversas, o fato de terem sido um para o outro o “porto seguro”..., enfim, há tantos elementos aos quais, muitas vezes, não prestam atenção simplesmente porque ele os constitui. Redescobrir os sentimentos e a paixão inicial não significa que a relação deva ser congelada. Se o projeto de criar os filhos já não existe e ajudar a cuidar dos netos nem sempre é suficiente, é importante ter novos objetivos e desejos comuns a curto e médio prazo, como organizar viagens, associar-se a novos lugares e grupos e assim por diante. Para alguns, essa projeção para o futuro passa por uma casa, adquirindo-a ou reformando-a, afinal de contas, trata-se do ninho onde passarão os “velhos tempos” juntos.

Mas esse “olhar para trás” e falar sobre a própria história do casal talvez seja uma excelente maneira de continuar caminhando lado a lado por muito tempo. Essa rememoração pode levar a saborear o que está acontecendo e motivar a melhorar o resto. Tanto você, leitor(a) como eu sabemos que à volta de uma boa mesa ou num fim-de-semana a dois, olhar pelo retrovisor e recordar o que se construiu e conquistou juntos (exemplo: família, viagens, amizades) é algo maravilhoso e benéfico para “curtir” o presente.

Você pode conhecer o meu trabalho pelos conteúdos divulgados nesses locais:

Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais.
  • Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana, budista e pós-graduações em Sexualidade Humana, Psicologia Clínica (graduando) e Autismo.
  • Voluntário no Serviço de Reprodução Humana da Escola Paulista de Medicina.
  • Psicólogo colaborador da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
  • Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
  • Consultório próximo à estação de metrô Vila Mariana em São Paulo, SP.
  • Atendimentos (presenciais e por internet) de segunda-feira a sexta-feira.

PESSOAS ALTAMENTE SENSÍVEIS E "GASLIGHTING"

Existem pessoas que possuem um alto grau de sensibilidade e que reagem de forma mais intensa às situações do que os demais, demonstrando muito mais empatia; são pessoas delicadas e hipersensíveis, que demonstram ter um grau de compromisso extremamente alto com todas as coisas que realizam. São as Pessoas Altamente Sensíveis – “PAS” e sobre elas, escrevi um artigo que pode ser acessado clicando AQUINo artigo que trago hoje, quero alertar que, se você for uma “PAS” (Pessoal Altamente Sensível), pode facilmente ser vítima de um dos abusos que, infelizmente, tem se tornado muito frequente.

Penso que é um dom ser altamente sensível, mas isso também vem com desvantagens, como a de ser particularmente suscetível a um tipo de abuso psicológico que tem sido muito comum nos dias atuais, que é o gaslighting - uma manipulação que faz com que a vítima duvide de si mesma, de seu julgamento e de sua sensibilidade, e tudo isso com um agravante: por padrão, as pessoas que estão sujeitas a esse abuso tem grandes dificuldades de se defender e revidar.

Sem dúvidas, existem muitas razões pelas quais uma Pessoa Altamente Sensível (“PAS”) se mostra mais suscetível ao gaslighting, sendo uma das razões mais comuns o fato de tenderem a não confiar em suas próprias intuições, o que favorece que uma situação injusta ou abusiva continue por muito tempo. E dado que as Pessoas Altamente Sensíveis se inclinam a ver e sentir as coisas de maneira diferente das outras, elas sentem uma pressão dos demais ao longo de suas vidas, pressão essa para que pensem, as “PAS”, que estão reagindo de forma exagerada ou se comportando de maneira questionável. As pessoas “PAS”, de certa forma, são condicionadas a desconfiar de si mesmas e do que pensam e sentem; por exemplo, mesmo quando sentem ou percebem que algo está errado ou que estão num relacionamento desequilibrado, podem não se verem como capazes de falar por si mesmas. Elas simplesmente dizem a si mesmas que estão imaginando coisas e tentam justificar os comportamentos do agressor.

Uma outra coisa com a qual as Pessoas Altamente Sensíveis devem estar atentas é que por serem propensas a pensar demais em situações interpessoais e a levar as coisas para o lado pessoal, acabam se tornando mais propensas a cair na manipulação de um gaslighter. Menciono, por exemplo, que indivíduos narcisistas e dominadores facilmente são atraídos pelas sensibilidades das “PAS’s”, o que contribui para a suscetibilidade de sofrer um gaslighting.

Para as Pessoas Altamente Sensíveis, o gaslighting pode ser especialmente prejudicial porque as faz duvidar de sua própria sanidade e realidade, corroendo sua autoestima e afetando sua capacidade de prosperar. Saiba que são várias as maneiras que os gaslighters usam para manipular umaPAS”; e aqui destaco algumas – as mais comuns:

  • O manipulador costuma negar os fatos flagrantemente verdadeiros;
  • além disso, os manipuladores afirmam que a vítima está inventando ou distorcendo o que ocorreu, convencendo-a de que a experiência é irreal.
  • O gaslighter geralmente ignora ou minimiza os pensamentos, sentimentos ou experiências do outro;
  • ou simplesmente o faz sentir-se como um bobo e finge que não entende o que a vítima está dizendo, inclusive criticando a sua linguagem ou expressão facial.
  • É comum, também, o agressor fornecer informações falsas ou reter informações;
  • e espalhar boatos sobre a pessoa que sofreu o abuso.
  • O manipulador, muitas vezes, muda de assunto para desviar a atenção da verdade e/ou atribui seus comportamentos agressivos à vítima.

Há outras formas menos comuns de gasligthing, mas creio que essas são as mais comuns.

No atendimento psicoterapêutico de Pessoas Altamente Sensíveis, um dos pontos que mais enfatizo (para a recuperação do gaslighting), é o “aprender a acreditar em si mesmo”.

Como “PAS”, sua intuição é normalmente precisa porque é uma pessoa que capta uma ampla variedade de sinais ao seu redor o tempo todo. Mas como citei, visto que suas intuições nem sempre se alinham com o que aparece na superfície, a “PAS” tem a tendência de duvidar delas e rejeitar seus palpites. Infelizmente, isso frequentemente resulta em más escolhas ou até mesmo em perigo.

Constantemente a “PAS” sente que está agindo de forma irracional por causa do modo como as outras pessoas respondem ao que diz ou sente. Recuperar-se do gaslighting, portanto, exige o desenvolvimento da autoconfiança e fé no que o corpo e sentimentos estão tentando dizer. Veja algumas dicas sobre como acreditar em seus próprios instintos:

  • Prestar atenção em como se sente em seu “interior físico”.
  • Desenvolver a capacidade de prestar atenção às mensagens que vêm do corpo bem como das emoções, e não apenas do intelecto.
  • Nunca ignorar algo só porque parece improvável ou ilógico.
  • Mesmo que algumas das sensações sejam desagradáveis, elas ainda estão tentando se comunicar com a pessoa.
  • Emoções são a linguagem da alma, logo a “PAS” deve reconhece-los e aprender a respeitá-los.
  • Reservar um tempo todos os dias para relaxar. Sugiro, por exemplo, que se organize os espaços físicos e digitais pois isso possibilitará que a pessoa ouça a si mesmo, em vez do que é externo.

A Pessoa Altamente Sensível pode aumentar sua autoconfiança aprendendo a administrar suas emoções. Quando se sentir "desligada", estará ciente de que algo está errado e mais tenderá a acreditar e olhar para os sinais externos, em vez de ignorá-lo como sendo "uma de suas mudanças de humor". Assim, se tornará menos suscetível à manipulação no futuro. Colocar as próprias emoções em palavras, mantendo uma espécie de diário ou discutir propositalmente as emoções com alguém são práticas interessantes. Dar um nome aos sentimentos ajuda a se sentir mais no controle. Ademais, é recomendável que se aprenda a aceitar os próprios sentimentos mais plenamente ao invés de rejeitá-los. A resiliência emocional aumentará quanto mais a pessoa puder lidar com os sentimentos, em vez de lutar contra eles.

Assertividade é a capacidade de expressar os pensamentos e sentimentos de maneira respeitosa consigo e com as outras pessoas. Existem inúmeras estratégias para aumentar a assertividade e uma delas é dizer “não” de maneira serena e segura. Outra estratégia é expressar suas demandas e desejos com clareza, mesmo que apenas para si mesmo.

Gaslighting é um abuso emocional que pode prejudicar seriamente a saúde mental. Essa experiência pode levá-lo a sentir que é culpado por tudo o que ocorre, mas não coloque a culpa em si mesmo... A autocompaixão é uma habilidade que pode ser adquirida e que exige trabalho para ser dominada. Veja, abaixo, as ações que podem ajudar no desenvolvimento da autocompaixão:

  • Mantenha um diário para registrar suas ideias e emoções. Isso pode ajudá-lo a reconhecer quaisquer padrões no abuso e qualquer autocondenação ou pensamentos negativos que possa estar tendo. Em seguida, faça um esforço para enfrentá-los de maneira indulgente.
  • Visualize-se falando como seu melhor amigo. Você seria solidário com eles ou os condenaria por serem maltratados?
  • Desenvolva relacionamentos com pessoas que estimulem seu caminho em direção à autocompaixão e evite aqueles que o prejudicam.

As “PAS", pessoas sensíveis e intensas, são frequentemente mal compreendidas. Elas são percebidas como sendo muito emocionais ou que estão sendo difíceis por escolha. As pessoas que exibem essas características freqüentemente sentem que devem se desculpar por quem são. Elas poderiam acreditar que, para se adequar às expectativas da sociedade, deveriam mudar, todavia, não só isso é falso como também não é possível dobrar suas qualidades inatas.

Pessoas intensas e sensíveis têm muito a dar ao mundo. A neurodiversidade vem na forma de grande sensibilidade. Você está conectado de maneira diferente, o que pode ocasionalmente tornar a vida difícil, mas não é uma doença e não deve ser denegrido ou ignorado. Ser diferente e acreditar que suas peculiaridades o tornam excepcional são coisas perfeitamente aceitáveis. Há muitos benefícios em ser altamente sensível - você pode ser mais imaginativo e compreensivo do que outras pessoas e pode ser mais capaz de compreender o sofrimento dos outros, então, use seu talento o máximo que puder. Por exemplo, você pode usar sua sensibilidade para criar algo que agregue valor para você e para os outros.

Concluindo, o gaslighting é uma tática psicológica prejudicial. Isso pode fazer você se sentir irracional, indigno e que está constantemente cometendo erros, porém, existem maneiras de se curar desse trauma; primeiro, o que aconteceu com você não foi sua culpa, isto é, você foi vítima do abuso de outra pessoa; em segundo lugar, aceite o que já aconteceu: isso não significa permitir que o abuso continue ou aprovar o abuso. O que aconteceu já aconteceu e não é saudável negá-lo; você pode querer dar a si mesmo tempo e espaço para lamentar tudo o mais que o relacionamento de gaslighting tirou de você. O terceiro e mais importante passo é descobrir como apreciar todos os aspectos positivos de ter um alto nível de sensibilidade; mesmo que você tenha uma perspectiva diferente do mundo, a sua experiência é válida.

Você pode prosperar ao criar um ambiente de apoio para si mesmo. Reserve um tempo para o autocuidado e conheça seus sentimentos. Será também muito bom desenvolver sua criatividade, identificar sua vocação especial na vida e usar a sua profunda sensibilidade e empatia para mudar o mundo.

Se você puder realizar tudo o que foi mencionado acima, desenvolverá uma defesa sólida contra qualquer tipo de “não-validação” e o gaslighting de qualquer pessoa. A longo prazo, você pode se proteger e permanecer firme em seu caminho de cura e para a prosperidade.

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Um abraço,

Psicólogo Paulo Cesar

  • Psicoterapeuta de adolescentes, adultos e casais. Psicólogo de linha humanista com acentuada orientação junguiana e budista. Palestrante sobre temas ligados ao comportamento humano no ambiente social e empresarial.
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